quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Alberto Cortez - Sabra y Chatila

SOLIDARIEDADE CORUMBAENSE, 47 ANOS ATRÁS

Solidariedade corumbaense, 47 anos atrás

Cosmopolita secular, Corumbá (Ladário também) protagoniza desde o início da Nakba, na década de 1940, a solidariedade ao Povo Palestino, formalizada em 1987 com a criação do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino Jadallah Safa.

Nesta quarta-feira, 27 de novembro, transcorrem os 47 anos de criação do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino Jadallah Safa -- como passou a se denominar depois da eternização em São Paulo, em novembro de 2023, por AVC durante a primeira manifestação pró-palestina após o início do genocídio a Gaza, do querido e incansável ativista palestino que residiu em Corumbá nos anos 1980. Não por acaso, a década de 1980 foi fértil para a Causa Palestina no coração do Pantanal e da América do Sul: o Camarada Jadallah, sempre presente, era ativista incansável, além de grande articulador, a tornar Corumbá conhecida no Mundo pelos eventos feitos com sua imprescindível participação.

O à época presidente da Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira em Corumbá, Najeh Abdel Hamid Mohd Mustafa, assim que assumiu a entidade, constituiu uma equipe para tratar do planejamento e realização da Primeira Mostra da Cultura Árabe-Palestina, que levou dois meses para ser preparada e outros 60 dias em exposição ao público, nas dependências da Biblioteca Pública Estadual Dr. Gabriel Vandoni de Barros, sob gestão da Biblioteconomista e Professora Elenir Machado de Mello. O diretor da Casa de Cultura Luiz de Albuquerque, saudoso Doutor Lécio Gomes de Souza, aprovou de imediato a realização do evento, tendo disponibilizados três funcionários da instituição -- os queridos Carlos Augusto Canavarros, Dona Regina Siqueira e Dona Therezinha Silva, além do apoio de seu assessor, o saudoso e querido Poeta Rubens de Castro, o popular Baiano.

Naquela época não havia internet e o acesso à vasta cultura árabe-palestina estava restrito ao acervo de algumas famílias de imigrantes árabes. Daí por que levou tanto tempo para ser preparada, eis que documentos, fotos, livros, telas, esculturas, artesanato, utensílios domésticos, indumentária e peças emblemáticas da milenar cultura palestina precisavam ser literalmente garimpados, família por família, inclusive sírias, libanesas e jordanianas. Além de Najeh e Jadallah, os Irmãos Nasser e Munther Safa, o Amigo Yahya Mohamad Omar e seu saudoso Tio, Seu Khamis Abdallah Suleiman, deram importante apoio, corroborado pelos saudosos Seu Soubhi Issa Ahmad e Seu Mahoma Hossen Schabib, meu querido Pai.

Sem dúvida, a dedicação, experiência e disciplina da querida Lena Machado de Mello foi determinante para a consecução do intrincado quebra-cabeça, como foi a preparação dos objetos domésticos e pessoais para virarem peças da mostra cultural. Seu conhecimento de docente e pesquisadora universitária (interrompera seu doutorado na Universidade de São Carlos, no interior de São Paulo, para assumir sua função de biblioteconomista no ILA) propiciou a concretização do projeto, em que todo final de expediente era checado ponto por ponto, a fim de não faltarem dados pormenorizados. Para completar a diversidade da mostra, foram requisitadas do Escritório de Representação da OLP em Brasília algumas peças de um acervo de que dispunham para eventos do gênero, em sua quase totalidade peças em madre pérola que tão logo encerrou a mostra foram devolvidas para Brasília, conforme orientação recebida no ato do empréstimo desse acervo.

Para a elaboração de cada etiqueta de identificação de objeto/peça, foi necessária uma pesquisa detalhada, inclusive consultando a memória dos mais velhos. Além de idoso, meu Pai tinha uma biblioteca em árabe bastante diversa e representativa das diferentes culturas que compõem a complexa e rica cultura árabe. Para atender a todos os quesitos estabelecidos por Lena foi preciso muito estudo, paciência e persistência -- o que tornou aquela equipe mais integrada e confiante. Aquilo que não fosse possível verificar naquele momento, ficava como ‘tarefa de casa’ a pesquisa a parentes ou até pessoas de outros países, que por telefone se prestavam a essa colaboração.

À exceção do governador Marcelo Miranda e seu vice George Takimoto, que estavam na data em Brasília, participaram da solenidade de abertura o prefeito Fadah Scaff Gattass, o secretário de Estado da Cultura Humberto Espíndola e o então diretor-executivo da Fundação de Cultura de MS Cândido Alberto da Fonseca, a diretora do Centro Universitário de Corumbá Professora Gisela Levatti Alexandre e o representante da Câmara Municipal Professor Valmir Batista Corrêa, acompanhado da Professora Lúcia Salsa Corrêa, então coordenadora do Curso de História. Os então secretários de Estado de Justiça, Doutor Roberto Moaccar Orro, e de Trabalho, Doutor Carmelino de Arruda Rezende, foram representados, respectivamente, pela Jornalista Margarida Gomes Marques e pelo Professor Maurício Lopo Vieira e Sindicalista Manoel do Carmo Vitório.

Esse convívio fraternal e bastante produtivo permitiu que, ao se encerrarem as atividades da Primeira Mostra da Cultura Árabe-Palestina de Corumbá, entre uma palestra e outra, fossem dadas as condições para a criação do primeiro comitê de solidariedade ao povo palestino em Mato Grosso do Sul. Com a importante ajuda do Sindicalista Manoel do Carmo Vitório e do Professor Maurício Lopo Vieira, entre setembro e novembro foram articuladas várias entidades e personalidades do Brasil e da América Latina. Assim, foi escolhido o dia 27 de novembro de 1987 e como local o anfiteatro do Centro Universitário de Corumbá para sediar o ato de lançamento do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino, que 46 anos depois ganhou o nome de um dos fundadores, o saudoso Camarada Jadallah Safa como seu Patrono póstumo.

SABRA E CHATILA

“¿A dónde estaba el sol cuando sonaron / los ecos desatados de la ira? / ¿No será que las sombras lo apagaron / en Sabra y Chatila? / ¿A dónde estaba Dios, cuando la gente / fue sometida a hielo en las pupilas? / ¿No será que se ha vuelto indiferente / en Sabra y Chatila? / ¿A dónde estaba yo, en qué galaxia, / insensible leyendo la noticia? / ¿No seré uno más en la falacia / de Sabra y Chatila? / ¿A dónde estabas tú, con tu arrogancia, / poderoso señor que en la mochila / llevas todo el cadáver de la infancia / de Sabra y Chatila? / ¿A dónde está la voz del abogado / fiscal de la razón y la justicia? / ¿No será que sus leyes derogaron / en Sabra y Chatila? / ¿A dónde está el orgullo de los hombres, / o acaso hay que decir "hipocresía"? / ¿Por qué tanto dolor no tiene nombre / en Sabra y Chatila? / ¿De qué me estás hablando amigo mío? / ¿No ves que mi conciencia está tranquila? / ¿Qué tengo yo que ver con lo ocurrido / en Sabra y Chatila? / ¿O acaso estaba yo con los soldados / metido a la distancia, entre sus filas / aceptando los hechos consumados / en Sabra y Chatila? / Es tiempo de dictar comunicados / que limen lo espinoso de la espina. / ¿Qué harán para ocultar lo que ha pasado / en Sabra y Chatila? / ¿Qué harán para que amengüe la condena / histérica, total y colectiva? / ¿Qué harán para que cese la gangrena / de Sabra y Chatila? / Aunque yo siga ausente en mi galaxia / comentando en canciones la noticia, / el ángel del horror sigue su marcha / en Sabra y Chatila. / Deambula por Beirut y en otras lunas, / reptando sin parar, como una anguila. / Insaciable y cegado por la gula / de Sabra y Chatila. / Tal vez quiera llegar hasta mi puerta. / Quizá ya esté a la vuelta de la esquina. / Ya fue abierta la herida y sigue abierta / en Sabra y Chatila.” (Alberto Cortez, ‘Sabra y Chatila’, 1983.)

A gravação da emblemática canção do compositor argentino Alberto Cortez ecoava no anfiteatro do CEUC tão logo foi composta a mesa da solenidade. Coube ao Poeta Rubens de Castro, com sua voz potente, fazer a abertura com a declamação da versão em português, feita pouco antes do evento, como forma de homenagear as vítimas inocentes de Sabra e Chatila, um campo de palestinos refugiados na periferia de Beirute, Líbano, nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 1982, então sob ocupação pelo exército sanguinário sionista, aliado às forças da Falange Libanesa, em que foram cruelmente assassinados milhares de crianças, mulheres e idosos desarmados e indefesos.

Compuseram a mesa de honra o Doutor Roberto Orro, secretário de Estado de Justiça; o Professor Ussema Khader, do Comitê Palestina Democrática; a Jornalista Margarida Gomes Marques, do Sindicato de Jornalistas Profissionais de MS; a Jornalista Maria Helena Brancher, do Grupo de Apoio aos Povos Indígenas (GAIN-MS); o Professor Valmir Batista Corrêa, representando a Câmara Municipal de Corumbá; a Professora Gisela Levatti Alexandre, diretora do Centro Universitário de Corumbá; o Doutor Lécio Gomes de Souza, diretor da Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (ILA), representando o Artista Plástico Humberto Espíndola; o Poeta Rubens de Castro, representando a Academia de Letras de Corumbá; a Professora Elenir Lena Machado de Mello, biblioteconomista da Biblioteca Pública Estadual Dr. Gabriel Vandoni de Barros, representando o cineasta Cândido Alberto da Fonseca, diretor-executivo da Fundação de Cultura de MS; o Professor Maurício Lopo Vieira, chefe da Unidade Regional do Trabalho, representando o Doutor Carmelino de Arruda Rezende, secretário de Estado do Trabalho, e Najeh Abdel Hamid Mohd Mustafa, presidente da Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira em Corumbá. O Sindicalista Manoel do Carmo Vitório foi conduzido à função de coordenador da comissão colegiada do Comitê, tendo sido responsável por todos os encaminhamentos durante três anos de mandato.

Sob a consigna “A paz mundial começa na Palestina!”, o Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino desenvolve, ininterruptamente, atividades em prol da paz e da concórdia para o desenvolvimento da cultura da paz, além de vários tipos de palestra e ato público voltados para todos os públicos. Em 2002, 2005 e 2008, sobretudo, foram realizadas importantes passeatas massivas, que contaram com diversos segmentos sociais, no contexto de uma articulação conhecida por Comitê Corumbá Pela Paz, sob sua direção, participativa e protagonista da sociedade civil local. Em 2015 foi realizada, no Auditório Professor Salomão Baruki, uma atividade emblemática da qual o saudoso Jadallah Safa foi palestrante e em que foram importantes protagonistas os estudantes dos cursos superiores de três universidades com campus em Corumbá.

Ahmad Schabib Hany

sábado, 23 de novembro de 2024

PARA LEMBRAR O LÍBANO E A PALESTINA

Para lembrar o Líbano e a Palestina

Em 1977, no dia 22 de novembro, Mahoma Hossen Schabib escreveu uma emocionada crônica em que, a uma só vez, homenageava o Líbano, sob intenso bombardeio pelas forças entreguistas da Falange Libanesa, e a Palestina, ao som da saudosa cantora Fairouz e sua emblemática ‘Jerusalém’, em árabe ‘Al Quds’.

Não há como não deixar de observar o 22 de novembro sem me lembrar de meu saudoso e querido Pai Mahoma Hossen Schabib e sua inesgotável capacidade de manifestar poética e politicamente sua indignação pela traição de expressiva parcela de governantes árabes que, na trilha do nefasto Anwar Sadat, deixaram a um só tempo os povos irmãos palestino e libanês à sanha perversa do sionismo e de seus associados hachemitas e falangistas, os responsáveis diretos e indiretos pela súbita eternização de Gamal Abdel Nasser em 1970.

Assim como o Diário de Corumbá, da Família do saudoso Jornalista Carlos Paulo Pereira, a Rádio Clube de Corumbá, à época sob a direção da Odontóloga Laurita Anache, Amiga de meu Pai, divulgavam suas crônicas de forma generosa e fraternal. Em 22 de novembro de 1977, às pressas, levou sua crônica, por mim datilografada, para ser lida no programa do saudoso Joãozinho Gente Boa, JGB (João de Oliveira Neves), período vespertino. Três anos depois da súbita eternização de meu saudoso Irmão Mohamed e um ano do trágico massacre de Rásen-Hache (em que meu Pai perdera 36 familiares na frente setentrional da guerra civil instigada pelo Estado sionista liderado por Golda Meir e Moshe Dayan, no afã de expulsar a OLP, Organização para a Libertação da Palestina, do território libanês).

Seriam 14h30m, aproximadamente. Lá estava ele tocando a campainha do consultório da Doutora Laurita Anache, a uns 60 metros do estúdio da emissora. O original datilografado da crônica sobre o Líbano e o LP da amada Fairouz intitulado ‘Al-Quds’ [Jerusalém, em árabe], faixa que ele escolhera como trilha sonora de sua crônica. Para evitar eventuais erros, Doutora Laurita pedira ao jovem radialista João de Oliveira Neves que gravasse no ‘Estúdio B’ para depois levar ao ar. Entramos juntos ao moderno estúdio, cheio de recursos [até então eu só conhecia o velho estúdio da Rádio Difusora Mato-grossense, ciceroneado pelo querido Amigo Juvenal Ávila de Oliveira, então diretor musical da Pioneira]. Primeiro JGB fizera rápida leitura do texto, por conta de alguns termos árabes. Depois ouvira com atenção a faixa do LP de Fairouz, ‘Al-Quds’, e pedira ao sonoplasta que deixasse a parte inicial, instrumental, para preâmbulo de sua leitura, mais ou menos 1m30s, e com seu profissionalismo emblemático, deu ênfase ao tom emocionado da crônica.

Como ‘Al-Quds’ no dia da Independência do Líbano? Primeiro, naquele tempo não havia o acesso digital à discografia dos grandes cantores e cantoras árabes, em sua maioria fãs e discípulos de Gamal Abdel Nasser. Ele comprara, em uma de suas viagens a São Paulo, um LP de Fairouz intitulado ‘Al-Quds’, em homenagem ao heroico povo palestino. Também como forma de, ao mesmo tempo, homenagear a Palestina e seu povo milenar, igualmente vítimas da sordidez do colonialismo, que traíra acordos anteriores pactuados por meio de Thomas Edward Lawrence [o famigerado Lawrence da Arábia] com a coroa britânica para combater ao lado dos britânicos o império turco-otomano, também europeu, que desde o século XVI colonizava tiranicamente toda a Arábia, inclusive a Palestina.

Como a maioria de seus contemporâneos, meu saudoso Pai era um pan-arabista, isto é, seguidor do Movimento pela Reunificação da Arábia, em contraposição à maldita herança colonial franco-britânica e o funesto Acordo Sykes-Picot, de dividir a Arábia em mandatos e protetorados [eufemismos para colonizar, em pleno século XX, mais da metade da África e um-terço da Ásia], de olho nas riquezas naturais e, sobretudo, na posição geopolítica do imenso território árabe. M. H. Schabib, como assinava seus artigos em vários idiomas, dizia sempre que não se faz acordo com algozes de outros povos, pois o mesmo farão com o seu, e foi isso que o Reino Unido fez com os líderes árabes que se aliaram ao ocidente para se livrar do jugo turco-otomano em 1914.

PATRIOTAS E ‘PATRIOTAS’...

“La patria no está en las promesas que nunca cumplí, / conciencia de hombres que nunca juraron verdad. / La patria está en niños que vagan por mundos ajenos, / hambrientos de besos y no son como aquellos que solo nacieron para hacer maldad. / La patria está en manos callosas de hombres mineros, / que muestran senderos y son los primeros que mueren por otros llevando una cruz, / llevando una cruz.” (Luis Rico, ‘La Patria’, 1967)

Patriota de verdade [nada a ver com a patriotaria latino-americana, na qual a brasileira está inserida, cínica lambe-botas dos parasitas que saqueiam a riqueza, a vida e a cultura dos povos originários do Planeta], M. H. Schabib reverenciava todas as datas cívicas, mas sempre explicando que se tratava de civismo, e não de convicção política. Porque o Líbano fora ‘tornado independente’ da Síria em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, com o único afã de provocar uma cisão entre os árabes do oeste da Ásia. Tão artificial quanto o Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Jordânia, o Líbano foi fruto daquilo que os colonizadores franceses chamaram de ‘Pacto Libanês’, em que forjaram uma ‘democracia’ segmentada, em que a maioria não é protagonista, razão da revolução libanesa de 1958 e da guerra civil de 1975-1996.

Em 1975, quando criamos o Clarim Estudantil, M. H. Schabib nos dera uma entrevista em que afirmava ‘sou libanês, infelizmente’, que usamos como título, e em duas laudas explicávamos a razão dessa afirmação: por conta do secessão territorial árabe, que levara a governos fantoches em todos os Estados criados pelo ente colonial, que aos poucos foram sendo emancipados pelo povo. Naquele momento começava a guerra civil que destruiria o Líbano, seu progresso e seu porvir, pois as maiores vítimas foram as novas gerações, cuja expressiva parcela se envolveu em quadrilhas organizadas de tráfico de armas, drogas e alta tecnologia. Meu Pai já não estava entre nós quando a tragédia iniciada em agosto de 1975 com um atentado sionista contra um ônibus com refugiados palestinos levara pelos ares corpos de inocentes e o porvir de dois povos irmãos vitimados pela cobiça incessável do maldito sionismo travestido de ‘fé’, não muito diferente do que ocorre em nossos dias.

Ante a omissão sórdida dos governantes árabes é que, com a vitória da revolução iraniana de 1978, aos poucos as forças de resistência tanto palestinas quanto libanesas se articulam e viram os ‘monstros terroristas dos coitadinhos sionistas’: Hizbullah, Hamas e Jihad, entre outros. O chamado Eixo da Resistência, com a participação da Síria [e por isso perseguida pelos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e o Estado sionista inominável, por meio da ‘primavera árabe’ ou de ‘revoluções coloridas’, década passada], são hoje a única resistência contra o neocolonialismo travestido de ‘democracia ocidental’, protagonizado pelo império decadente cujo fim está próximo, leve o tempo que levar [não há império que resista à falta de dinheiro, drama do Tesouro dos EUA, que tem em dívidas três vezes mais que o PIB estadunidense], e que vê com desespero nova ordem econômica vir à tona, sob a sigla BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul].

Mas o servilismo, o chamado ‘complexo de vira-latas’, de lambe-botas dos colonizadores de olhos azuis, faz com que parte das elites econômicas latino-americanas (e brasileiras) -- afinal, por que a Leva Jeito de dois semianalfabetos, Esterco Mor(d)o e Anal Urinol, foi tão eficaz para destruir o Estado Democrático de Direito e toda a infraestrutura industrial de vanguarda brasileira (construção civil, naval, petroleira, mineira etc), representada por empresas cem-por-cento nacionais como a Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Mendes Junior, Affonseca, A. Gaspar etc, dilapidadas para beneficiar as concorrentes estrangeiras -- o que põe por terra o falso patriotismo desses serviçais do império da cobiça.

Lembre-se, Amigo/a leitor/a: enquanto houver cidadãos altivos e resistentes na face da Terra -- entre os quais árabes ou latino-americanos --, os fantoches e serviçais do império não encontrarão sossego nem passividade. Porque o porvir da humanidade está no Sul Global, como ficou patente neste G20. Daí por que devemos proteger o Estadista do século XXI, o Presidente Lula, a despeito de eventuais diferenças pontuais com ele e sua equipe. Avanti, Popolo!

Ahmad Schabib Hany

https://www.youtube.com/watch?v=M4EYQVcRY-E - "Al-Quds" ["Jerusalém"] - Fairouz

https://www.youtube.com/watch?v=tVOx0-jS3hk - "La Patria" - Luis Rico

Fairouz - Al Quds “Jerusalem” فيروز القدس

"La Patria", de Luis Rico

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

"As águas como caminho. Mato Grosso como destino", lançamento em Campo Grande

‘As águas como caminho. Mato Grosso como destino’, lançamento em Campo Grande

O Professor Gilberto Luiz Alves, pioneiro da docência universitária e da pesquisa histórica em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, lança seu livro de memórias na livraria do Shopping Campo Grande, nesta sexta-feira, dia 22 de novembro, às 19 horas.

As águas como caminho. Mato Grosso como destino. Com esse sugestivo (e poético) título, o livro de memórias do Professor Gilberto Luiz Alves será lançado nesta sexta-feira, dia 22, às 19 horas, na livraria do Shopping Campo Grande, na capital de Mato Grosso do Sul. Pioneiro na docência universitária e na pesquisa histórica, Alves é referência, ao lado de Dermeval Saviani, de História da Educação, na linha histórico-crítica.

Também ao lado dos pioneiros da pesquisa histórica regional, Professor Valmir Batista Corrêa e Professora Lúcia Salsa Corrêa, o Professor Gilberto foi coautor da pesquisa que fundamentou o tombamento do Casario do Porto de Corumbá em 1985. A publicação foi feita pelo Senado, a pedido do Doutor Wilson Barbosa Martins, entusiástico do preservação e conservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Corumbá, que, além de democrata de fortes convicções sociais, foi também responsável pelo início da luta pela conservação do Pantanal, a partir do Rio Paraguai.

Entre 1971 e 1986 o Professor Gilberto foi docente e pesquisador do curso de Pedagogia do então Centro Universitário de Corumbá, da UFMS. Na flor da juventude e com os ideais a impulsionar sua vocação para a Educação, sob o regime de 1964, construiu uma carreira acadêmica profícua e consistente. Em tempos de patrulhamento ideológico, quando as salas de aulas eram infestadas de ‘alunos profissionais’ pagos com dinheiro público para espionar e coagir quem ousasse falar a verdade, com coragem e convicção, foi envolvido em todo tipo de polêmicas, tendo sido um verdadeiro sobrevivente dos anos de chumbo.

Tive a honra de conhecê-lo por puro acaso, em Campo Grande, na saudosa e emblemática Livraria Guató, do querido e saudoso Amigo-Camarada Manoel Sebastião da Costa Lima, o livreiro generoso e mais socialista que conheci na Vida. Início da década de 1980, fazíamos atividades formativas no Centro de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (CEPES), aos fundos da livraria, e o Professor Gilberto estava comprando livros com a Amiga Vera Lúcia, que ao me chamar pelo sobrenome, o fez aproximar-se de mim, pois ele conhecera meu saudoso Irmão Mohamed e, anos depois, fora docente de minha Irmã caçula, depois sua colega de docência no CEUC/UFMS.

A partir de 1981, os Professores Gilberto Alves e Valmir Corrêa eram nossos ‘medalhões’ em todas as Semanas de História, promovidas pelo saudoso Diretório Acadêmico Félix Zavattaro (DAFEZ) e depois da derrota da chapa Debate & Ação, liderada pelo querido Amigo-Camarada Professor Tito Carlos Machado de Oliveira, por nós alunos do curso de História, pelo menos até 1984, quando saímos da FADAFI/FUCMT. Em 1983, início do governo democrático do Doutor Wilson Martins, a Fundação de Cultura, presidida pelo saudoso advogado e ativista cultural José Octávio Guizzo, também realizou atividades das quais os Professores Gilberto e Valmir foram destacados palestrantes/pesquisadores.

22 de novembro para os descendentes de libaneses tem um sentido nostálgico, sobretudo nestes tempos em que a Miletos de Tales, milênios atrás, e o Monte Líbano de Gibran, há um século apenas, hoje é alvo do ódio do facínora sanguinário Benjamin Netanyahu, com o cínico apoio dos autoproclamados paladinos da ‘civilização’, capitaneados pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

E mais: no mesmo dia em que a imprensa divulga em manchetes o indiciamento do núcleo de poder do desgoverno fascista que tratou com desdém as vítimas da covid-19 e atentou contra o Estado Democrático de Direito depois do ‘golpe branco’ contra a primeira mulher eleita e reeleita Presidenta da República. Certos da impunidade, tramaram o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral).

A história, como a Vida segue, a despeito do desvario dos viúvos e órfãos da (mal)ditadura que tentam sofregamente nos submeter às mesmas trevas em que o nefasto Sílvio Frota e seus asseclas impingiram seres iluminados como o Professor Anísio Teixeira (cujo corpo foi achado, depois de torturado até a morte, no poço do elevador no edifício em que morava) e o Deputado Rubens Paiva (líder do MDB, sequestrado dentro da própria casa, torturado e morto, cujo corpo até hoje não foi encontrado, enquanto muitos de seus atuais ‘correligionários’ se aliam cinicamente aos cultores e seguidores dos chefes de seus torturadores e matadores covardes).

Escolas, em vez de cadeias. Livros, em vez de armas. Inteligência, em vez de prepotência. Liberdade, em vez de opressão. Eis a generosidade de cidadãs e cidadãos como Gilberto Luiz Alves e sua geração, que como luz nas trevas abrem caminhos para o conhecimento, a ciência, as letras e as artes, tão temidas por quem vive no lúgubre lixo da história, onde ratazanas e vermes disputam com os abutres nada mais que resíduos fétidos descartados no devir da História, da Vida.

Parabéns, Professor Gilberto, pela generosidade intelectual e, sobretudo, pelo sólido compromisso com a História, a Educação e a transformação de nossa sociedade!

Ahmad Schabib Hany

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

PUNIÇÃO AOS TERRORISTAS JÁ!

Punição aos terroristas já!

O recrudescimento, no Brasil, de atentados terroristas depois da fala do inominável de ‘dedicar a vida’ ao que ele chama de causa libertária é fruto da sensação de impunidade dos participantes de 8 de janeiro de 2023. É preciso punir para acabar com essa afronta.

Mesmo aparentando se tratar de lobo solitário, o terrorista que morreu ao tentar cometer atentado a bomba contra os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) não perpetrou ato isolado. Francisco Wanderley Luís, o catarinense ‘Tiu França’, ex-candidato a vereador pelo PL em 2024, também não tinha nada de homem-bomba. Cometera erro fatal quando arremessava um artefato explosivo contra o prédio do Poder Judiciário.

O atentado malogrado no início da noite de 13 de novembro à sede da Corte Suprema, enquanto os ministros ainda estavam em seu interior trabalhando, é mais um alerta para que o Governo Federal tome medidas mais rigorosas na segurança institucional. Depois do resultado das eleições municipais em que o PT e demais partidos de esquerda tiveram um refluxo em relação ao processo eleitoral de 2020, o Presidente Lula vem dando sinais de fraqueza, indecisão e, pior, inação.

O indivíduo que enveredou pelo ecossistema contaminado de ódio e mentiras, instrumento usado pela extrema-direita em sua liturgia política, era, até antes de conhecer o manual do inominável, um cidadão pacato em sua bucólica cidade. Aos poucos, emprenhado pelo ouvido com aberrações delirantes e bravatas tresloucadas de um péssimo soldado que por pura sorte foi poupado pelo ministro do Exército Pires Gonçalves de ir para o olho da rua depois de publicar croquis na Veja da década de 1980, em uma demonstração de pouco apreço pelas vidas humanas ao pretender explodir a adutora do Rio de Janeiro para obter aumento do soldo para seus colegas de farda.

É preciso saber por que, sem a presença do então secretário-executivo do Ministério da Justiça Ricardo Capelli, o esquema de segurança da Praça dos Três Poderes anda extrema e perigosamente desguarnecida. Lula não pode brincar com a sua segurança e muito menos com a de seus ministros e a dos membros dos demais Poderes da República. As hordas de palermas endiabrados ficaram ouriçadas pelos resultados das urnas em outubro deste ano e da vitória do fanta laranja na Casa Branca. Eles creem piamente que seu delinquente em série, o inominável e agora inelegível, será ungido pela vontade do futuro imperador do planeta ameaçado por delirantes como eles.

Sem titubeio e muita determinação, o Governo Federal precisa dizer a que veio. Corajosa e diferentemente da postura de Joe Biden, que entregou o cargo mais cobiçado de seu país ao verdugo da democracia, passou da hora de Lula dizer a que veio. Em vez de ficar escondido e protelando importantes decisões domésticas e dar as costas aos governos que ousaram dar um basta aos autoproclamados ‘donos do mundo’, nosso Estadista precisa restabelecer sua diplomacia altiva e ativa, sem a qual os países soberanos que afrontaram o império decadente vão se afastar da área de influência brasileira, conquistada nos primeiros mandatos de Lula.

Por seu turno, as forças vivas da nação, isto é, sociedade civil e instituições republicanas, precisam rejeitar qualquer iniciativa de anistia pelo Congresso Nacional às hordas de participantes, dirigentes e financiadores do vergonhoso ato terrorista de 8 jan. de 2023. Basta lembrar que a impunidade de maus soldados envolvidos em atos terroristas e tortura durante a ditadura de 1964 ocorreu quando, em nome da pacificação nacional, em 15 de dezembro de 1979, a sociedade civil aceitou a inclusão de torturadores e congêneres da estrutura da repressão no projeto de lei da Anistia, como passo importante para conquistar o Estado Democrático de Direito.

É hora que as forças democráticas e progressistas vão às ruas manifestar seu veemente repúdio à onda de terror com a qual os fascistoides pretendem criar clima desfavorável ao Governo de Reconstrução Nacional presidido por Lula e promover onda de terrorismo endiabrado pelos quatro cantos do País. Que fique claro: não foi ‘lobo solitário’ o infeliz desmiolado que acabou, por erro fatal, tirando sua própria vida quando atentava contra a sede do STF em pleno horário de trabalho. Punição exemplar para todos os terroristas envolvidos nos atentados de dezembro de 2022, janeiro de 2023 e os cometidos no mês de novembro, até como forma de dissuasão do STF e do governo de Lula para reabilitar a condição política do inominável e a liberdade de seus comparsas de alta patente. Ou faz agora sua mais urgente punição, ou não sabe a quem está ajudando a entregar o próximo mandato presidencial.

Ahmad Schabib Hany

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

CIDADÃOS EM TODO O BRASIL APOIAM CRIAÇÃO DA UFPANTANAL

Cidadãos em todo o Brasil apoiam criação da UFPantanal

Com mais de 5.500 adesões em menos de duas semanas, cresce o surpreendente apoio ao movimento pela criação da UFPantanal em todo o Brasil. Em apenas um dia (13 de novembro) 3.266 pessoas subscreveram a petição.

O Movimento UFPantanal, iniciado no fim de julho a propósito da vinda do Presidente Lula a Corumbá com a entrega do manifesto pela criação de universidade inovadora, inclusiva e integradora no coração do Pantanal e da América do Sul, vem ganhando surpreendente adesão depois do lançamento de abaixo-assinado em plataforma digital. Em pouco mais de 10 dias no ar, a petição passou de 5.500 subscrições no dia 13, quando foi realizada a Audiência Pública da Assembleia Legislativa, por iniciativa da Deputada Gleice Jane, sobre o surto de incêndios na região e um dia depois da celebração do Dia do Pantanal.

O seu caráter inovador, inclusivo e integrador, em consonância com a filosofia do governo federal no tocante às universidades federais a serem criadas neste mandato do Presidente Lula, é um trunfo determinante para a aceitação do projeto da UFPantanal. Assessores próximos do presidente da República sinalizaram afirmativamente para alguns critérios específicos da futura Universidade Federal do Pantanal, de cujo projeto preliminar consta a ênfase à necessidade do desenvolvimento voltado para amplas camadas da população, que vêm sendo forçadas a migrar a centros urbanos maiores por falta de perspectivas para as novas gerações e de sobrevivência com dignidade aos adultos de todas as faixas etárias.

EDUCAÇÃO LIBERTA, TRANSFORMA E SALVA

Uma fonte em Brasília revelou a satisfação de ver o crescimento vertiginoso do apoio à iniciativa popular pela criação de um centro de excelência em estudos, pesquisas, ensino e extensão em Corumbá, o maior município em território pantaneiro. Analista experiente, declarou-se surpreendido pelo grau de aceitação da proposta mantida discreta durante os três primeiros meses para não ser confundida com a campanha eleitoral em curso, que, se mal conduzida, poderia ter comprometido sua idoneidade.

A iniciativa de criação da UFPantanal vem ao encontro da ação de importantes cientistas ligados ao emblemático Movimento da Reforma Sanitária que na Constituinte de 1987-8 celebrou a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) e hoje, depois do desmonte de políticas públicas consignadas na Constituição de 1988, vê-se ameaçado ante propostas como a ‘saúde única, sistema híbrido’. Participantes do controle social na área da Saúde já assumiram o compromisso de fortalecer a luta em defesa do SUS com base na formação continuada de conselheiros não governamentais com intervenção qualificada.

A demanda popular por Hospital Universitário no coração do Pantanal -- que pressupõe a implantação do curso de Medicina em Corumbá -- e a instalação do Centro Farmacológico e Fitoterápico do Pantanal, propostas pelo superintendente do Ministério da Saúde em MS, Ronaldo de Souza Costa, há poucos dias, foram assumidas por membros do Movimento UFPantanal, que pretendem promover seminário participativo sobre propostas inovadoras para a população de usuários e de trabalhadores do SUS em toda a superfície territorial de Corumbá, que tem o tamanho do território do estado de Sergipe e os povos originários, como os Guató, e tradicionais, como ribeirinhos e quilombolas, não são atendidos em seus direitos em políticas de Saúde, Educação, Assistência Social, Direitos Humanos etc.

Conhecido de muitos interlocutores do Movimento UFPantanal, essa fonte tem convicção de que a Universidade Federal do Pantanal -- efetivando hospital universitário e centro farmacológico -- poderá estar implantada na região, até como uma resposta de governo às demandas por soluções consistentes para a grave questão das urgências decorrentes dos eventos extremos pelas mudanças climáticas. “O Presidente Lula sabe que não dá para ficar enxugando gelo: as ações emergenciais, de combate a incêndios, são imprescindíveis, mas é momento do conjunto de serviços, programas e políticas de Estado de prevenção; e, o mais importante, a Educação, a Ciência & Tecnologia e a Saúde estarão caminhando juntas nesse front -- daí que a UFPantanal é fundamental nesse processo de transformação dessa realidade insólita e perversa.”

INOVAÇÃO, INCLUSÃO, INTEGRAÇÃO

Elaborado a muitas mãos e com rigoroso critério acadêmico, o conjunto de propostas que fundamentam o eixo-motriz da nova universidade federal em construção leva em conta: a) relevância do Bioma Pantanal em risco por causa das mudanças climáticas e do aumento dos incêndios em seu território; b) a urgência de pesquisas científicas para prevenir e conservar a sociobiodiversidade existente em toda a região, cuja peculiaridade exige um conjunto de medidas em sintonia com os saberes das populações originárias e tradicionais; c) adoção de um modelo de desenvolvimento local e regional que leve em conta a formação dos jovens que moram no Pantanal e sua legítima busca de sobrevivência digna no contexto de uma região preterida nas últimas décadas; d) o urgente investimento em um projeto inovador, inclusivo e integrador em região estratégica para a conexão de duas, três nações que dividem os mesmos anseios e cuidados com o Bioma Pantanal, e, e) a adoção dos Espaços Comuns de Educação, conforme ensinado pelo Presidente Pepe Mujica em seu legado de governo na República Oriental do Uruguai.

O processo de construção do projeto da UFPantanal, a exemplo da mobilização, tem sido meticuloso, para assegurar uma participação efetiva de amplos segmentos da sociedade, historicamente não consultados. A tradição brasileira na criação de universidades, até por efeito da Lei da Reforma Universitária de 1968, tem uma característica padrão, que muitas vezes leva à exclusão de importantes atores sociais em sua construção. Por tal razão, com base em estudos exaustivos, depois de definidos os parâmetros gerais, o pré-projeto segue seu processo participativo, por meio de comissões temáticas, até ser concluído, de forma aberta e democrática.

Fruto de demanda histórica e da iniciativa popular, o processo de construção das bases do projeto da UFPantanal é rigorosamente democrático e participativo: o momento oportuno de ser enriquecido, fortalecido e aprimorado será por meio de comissões temáticas, cujos integrantes são os protagonistas de sua realização, a sociedade organizada e a sociedade científica. Essa, aliás, é a gênese das universidades contemporâneas nos países em que a vanguarda científica produz as bases transformadoras das condições fundamentais para o desenvolvimento efetivo de toda a população, sem exclusão e com protagonismo cidadão.

Ahmad Schabib Hany

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Cidade Dom Bosco realiza 3ª Feira das Profissões nesta quarta, dia 13

Cidade Dom Bosco realiza 3ª Feira das Profissões nesta quarta, dia 13

Nesta quarta-feira, dia 13 de novembro, a partir das 18 horas, realiza-se a 3ª Feira das Profissões, na sede da Cidade Dom Bosco, rua Dom Aquino Corrêa, 2462, bairro Dom Bosco, em Corumbá. A abertura contará com a participação da banda de música do VI Distrito Naval de Ladário, que executará uma série de temas de seu repertório.

É objetivo do projeto ajudar na escolha profissional dos jovens por meio de um evento comunitário, em que discentes apresentam os trabalhos desenvolvidos ao longo das aulas. A Feira conta com oficinas de carreiras, dinâmicas de grupo, estandes para apresentação dos cursos e exposição de diversos segmentos externos relacionados ao empreendedorismo e profissões, ofícios, serviços e atividades.

Oportuniza aos estudantes da Escola Estadual Dom Bosco organizar, promover e participar da 3ª Feira das Profissões, além de contribuir para a organização de um evento cultural e de extensão à comunidade, apresentando aos visitantes profissões, ofícios, serviços e atividades que poderão ser exercidas mediante cursos da instituição de origem.

A Feira das Profissões é um evento que possui como principal característica a exposição, geralmente de projetos e serviços, feita pelos chamados expositores, em que um público variado pode visitar e ter contato com esses projetos ou serviços, abrindo uma gama de oportunidades para diversas ações, serviços e projetos, além de geração de parcerias e colaboradores no eixo relacionado ao mercado de trabalho.

Cada profissão, serviço, ofício ou atividade visará criar a forma de apresentar as atividades realizadas em seu campo de atuação, desenvolvendo mecanismos e estratégias que serão apresentados aos alunos e à comunidade externa. Serão usadas palestras, oficinas, apresentação de vídeos, slides, atividades recreativas, entre outras estratégias, que expliquem o universo das profissões, serviços, ofícios, atividades, com foco central nas modalidades de sua atuação profissional para o mercado de trabalho, vendas, serviços e representação.

Cada apresentação tem duração de no máximo 50 minutos, por etapas em salas, destinadas para a realização da estratégia, sala de tecnologia, projeto de vida, auditório de vídeo, tablado externo do pátio e mostra em estandes ou barracas de exposição. Cada professor ficará responsável de acompanhar, direcionar e manter a ordem nos locais de apresentação, das chamadas das participações dos alunos e frequências, além do registo em vídeo e fotos para posterior relatório simplificado da parte sob sua responsabilidade.

O projeto será avaliado por meio de somatório e de modo formativo, por meio do desenvolvimento das atividades elaboradas e produzidas tanto em grupos ou de forma individual, sendo atribuídas as notas máximas da seguinte forma: 2 pontos para oralidade; 2 pontos para participação; 2 pontos para escrita (trabalho); 2 pontos para prática – ao final, totalizando 10 pontos.

A expectativa dos organizadores é de uma participação proativa e generosa, com o único intuito de proporcionar um porvir sadio e próspero às próximas gerações de corumbaenses, ladarenses e pantaneiros dos dois lados desta fronteira irmanada pelos anseios de integração e progresso.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Abaixo assinado pró-UFPantanal surpreende pela adesão massiva

Abaixo assinado pró-UFPantanal surpreende pela adesão massiva

Abaixo assinado virtual recém-lançado ganhou adesão surpreendente nos últimos dias. Durante as campanhas eleitorais municipais e institucionais, o Movimento pela Universidade Federal do Pantanal permaneceu discreto, em respeito à diversidade de candidaturas, para não confundir eleitores e candidatos.

Quer apoiar? Não pague nada. Caso apareça o pedido da plataforma, divulgue o seu apoio à UFPantanal. Acesse o link <https://www.change.org/p/pela-cria%C3%A7%C3%A3o-da-universidade-federal-do-pantanal-ufpantanal>.

O Movimento pela Universidade Federal do Pantanal -- Movimento UFPantanal -- lançou abaixo assinado online, que em menos de cinco dias chegou a quase mil assinaturas. Essa adesão surpreendeu os interlocutores do movimento, cuja estrutura dispensa burocracia e hierarquização, até para não engessar a mobilização. Esta é uma luta de todos e todas.

O Movimento UFPantanal teve início na véspera da chegada do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Corumbá, em fins de julho, quando recebeu a Carta da UFPantanal, em que se apresentaram as demandas e as razões para a criação de um centro de excelência focado num dos biomas mais castigados pelas mudanças climáticas, o Pantanal.

Constituído por interlocutores e articuladores, o Movimento UFPantanal teve importantes conquistas, inclusive em Brasília. Ainda em agosto, a deputada federal Camila Jara fez a indicação do Projeto Legislativo no plenário da Câmara Federal. Nesse ínterim, diferentes ministérios agendaram audiências para que nossa delegação -- membros da comunidade pantaneira, membros de diferentes segmentos universitários, sociais, econômicos e políticos e, óbvio, integrantes da sociedade científica -- seja ouvida em suas demandas.

Antes um sonho, hoje uma necessidade

Sob o lema “Universidade inovadora e inclusiva”, o projeto de criação da Universidade Federal do Pantanal, com sede em Corumbá, propõe um novo conceito de instituição de ensino, pesquisa, extensão e inovação, focado nas necessidades do Pantanal, quer seja do ponto de vista social, econômico, ambiental, cultural e científico.

A implementação de pesquisas e projetos de extensão focados na realidade pantaneira é uma urgência, sobretudo nesta quadra da história em que fenômenos extremos do tempo, por conta das mudanças climáticas, vêm ameaçando a sobrevivência e a existência dos habitantes do coração do Pantanal e da América do Sul.

Os gastos com as operações de resgate e salvamento emergenciais e de recuperação da fauna e da flora, bem como o apoio às comunidades tradicionais, não têm sido poucos. Os resultados, ainda que questionáveis para muitos, são os possíveis. Por isso é momento de contar com um centro de excelência sobre o Pantanal, que foque a sua gente, o bioma como um todo e defina estratégias de desenvolvimento a médio e longo prazos.

Hora de união pelo bem de todos

Mais que mero centro de altos estudos sobre o bioma, a UFPantanal representa iniciativa relevante do governo federal para potencializar o desenvolvimento sustentado, efetivo, consistente e sustentável da região, cuja história testemunha o protagonismo pioneiro do entreposto comercial cosmopolita do mais antigo centro urbano do sul de Mato Grosso. As promessas redentoras que nunca se concretizaram têm levado a juventude e as famílias com maiores condições de sobrevivência para outros municípios e até fora do estado.

A UFPantanal não só representa a qualificação das novas gerações, como a geração de um número de empregos diretos e indiretos de alto poder aquisitivo, cuja repercussão nos diferentes segmentos da economia local, em especial o comércio varejista, é efetiva. Em vez de corumbaenses e ladarenses se mudarem à procura de novos horizontes, Corumbá, com a UFPantanal, passará a ter condições de oferecer para jovens de todo o Brasil e dos países vizinhos a qualificação profissional tão necessária nestes tempos de crise.

Embora as novas gerações desconheçam, Corumbá foi, no início da década de 1970, uma cidade universitária pioneira, ainda no tempo de Mato Grosso uno. Universitários oriundos de países vizinhos e da África frequentaram até a graduação o então Centro Pedagógico. Na época eles eram chamados de estudantes-convênio, por causa do Convênio Cultural da época com diversos países lusófonos e de língua hispânica. Nessa mesma época, Corumbá sediava importantes certames literários, artísticos, musicais e até radiofônicos, que hoje estão na memória de todos.

Com a divisão de Mato Grosso, Corumbá perdeu esse status, mas Dourados, depois de muita luta, conseguiu emancipar o então Centro Universitário, que além de conseguir uma elevação da qualidade dos cursos universitários com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a população desfrutou de uma elevação de renda e qualidade de vida: aumento da massa salarial, da oferta de empregos, geração de trabalhos indiretos, tanto no comércio como na infraestrutura urbana regional.

Até por uma questão de sobrevivência, precisamos participar do Movimento UFPantanal, cujos benefícios contemplarão todos os setores: econômicos (comercial, turístico, serviços, agricultura familiar e agropecuário), culturais (artístico, literário, cênico, artesanal e audiovisual), sociais (volta de muitos corumbaenses e ladarenses que precisaram deixar sua cidade para tentar novos horizontes, além da vinda de pessoas de diferentes áreas de formação) e científico-tecnológicos (instalação de pequenas e médias iniciativas nas áreas científicas e tecnológicas, inclusive na saúde e alimentação, o que permitirá uma oferta de serviços mais diversificados em nossa região, tão carente de muitos serviços).

Enfim, cara leitora e caro leitor, é hora de sairmos da passividade a que nos impeliram de modo procrastinador: como disse o poeta, um mais um é mais que dois. E como insiste a sabedoria popular, tudo aquilo que faz bem a muitos, pode fazer bem para todos e todas. Não suma, some-se à UFPantanal, uma universidade inovadora, inclusiva e integradora. Do futuro dela dependerão as próximas gerações de corumbaenses e ladarenses. Ou quer continuar a chorar pelo leite derramado?

Ahmad Schabib Hany