sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

COISA DE PROFISSIONAIS

Coisa de profissionais

Não é preciso ser especialista para perceber que as tentativas de atentados terroristas, ainda que frustradas, são coisa de profissionais. Pior: há evidências de que há apoio de detentores de salários polpudos ligados ao inominável.

Pessoas simples, mas atentas, começam a ter certeza de que os paus-mandados que estão sendo levados ao xadrez não passam de idiotas adestrados pelos ‘assessores’ do inominável, incapazes de um raciocínio lógico e, por tabela, sem condições de algo mais complexo, como adquirir material explosivo, armar e plantar bombas em lugares-chave da capital federal.

A mensagem derradeira do inominável, de quase uma hora, em que mistura a hipócrita narrativa do incompreendido e a malandragem do perverso travestido de inocente, deixa clara essa obsessão antes de sua partida com contornos eloquentes de fuga covarde que tenta dissimular uma perversidade plantada em sua retirada. Ele e seus mentecaptos serviçais, que fazem jus a esta falta de caráter coletiva, nada mais fazem que repetir as fugas cinematográficas de facínoras como Fulgencio Batista, Anastacio Somoza, Jeanine Áñez e Nguyen Van Thieu, outro fantoche estadunidense, quando da Libertação de Saigon pela guerrilha norte-vietnamita, seguida da ‘Operação Vento Constante’, a maior evacuação com helicópteros já vista, vergonha, aliás, que o império decadente jamais poderá esquecer.

O dever de investigar, elucidar, prender e colocá-los nas barras dos tribunais é do atual governo, cujos prepostos acintosamente se omitem. Mais que isso: instigam, atiçam, estimulam, masturbam e levam ao orgasmo ‘cívico’ as hordas insanas que se aglomeram nas imediações dos quartéis. Além da familícia, que já deu evidências de estar fugindo para os domínios de seus amos e senhores, nos EUA, onde logo haverá o encontro, segundo o Amigo-Irmão-Companheiro-Camarada Erisvaldo Batista Ajala, entre o Pateta e o Pato Donald (Trump), dois meliantes que ameaçaram as instituições democráticas em seus respectivos países e que inevitavelmente terão um fim muito parecido a Jeanine Áñez.

O que acontece com funcionários públicos, detentores de salários polpudos, muito bem remunerados e que gozam de um status cujos cargos lhes conferem uma sensação de impunidade aparente, perante as hordas insanas atiçadas pelo inominável antes de fugir para a terra de seus amos e senhores?

Seja disseminando fakenews ou planejando, montando, armando e espalhando bombas, da mesma forma, criminosa e terroristicamente, os facínoras terão que se ver diante da lei, pois eles não estão acima da legislação e das instituições do Estado Democrático de Direito. Ao contrário, não têm álibi, nada a seu favor: enquanto pessoas humildes caem como patinhos em suas mentiras, esses canalhas haverão, sim, de responder pelos seus atos, isto é, crimes hediondos e imprescritíveis.

Diferentemente do que foi na década de 1980, quando seus iguais se explodiram no ‘acidente de trabalho’ no Riocentro, atearam bombas incendiárias em bancas que vendiam exemplares de jornais alternativos como O Pasquim, Movimento, Opinião, Versus, Voz da Unidade etc e enviaram cartas-bomba às entidades como a OAB (em cuja sede nacional a secretária Dona Lyda Monteiro acabou morta) por articularem o fim do regime de 1964, a adoção de Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, a convocação da Assembleia Nacional Constituinte e a garantia das liberdades democráticas.

O jurista Walter Mayerovitch já elencou uma sucessão de crimes cometidos em série por esses indivíduos, tão responsáveis quanto o seu ‘mito’. Se os seus assemelhados foram poupados ao final de 1985, quando a Nova República, sob o comando do vice-presidente que havia integrado as forças de sustentação do regime ditatorial, fez vista grossa e deixou tudo como está, não há mais clima para ‘jogar tudo debaixo do tapete’. Primeiro, porque tudo é grande e monstruoso e, segundo, porque é tão recente que não dá como ignorar e relevar. Esses canalhas vão pagar, tintim por tintim, por tudo o que fizeram, cientes de sua perversidade.

Qual o indício de que esses facínoras pagarão por suas perversidades?

O melhor indício é a troca do futuro comando do Exército, por conta da acintosa quebra de hierarquia do atual comandante, teoricamente indicado pelo futuro governo mas nomeado pelo fujão que já está em espaço aéreo internacional, ao não retirar as hordas insanas a produzir terroristas da pior estirpe (porque um misto de meliante, miliciano e traficante) diante do quartel general de Brasília. Não importa o que acha o general, ele sabe que deve obediência e não pode fugir à disciplina, e, portanto, se curvar às ordens legais, legítimas e constitucionais de que os tonton macoutes saiam imediatamente das imediações dos quartéis em todo do território nacional.

Simples assim. O Brasil é maior que as hordas mefistofélicas que ameaçam a Democracia e a Vida no País. Seu fujão já foi à confraternização dos fascistas nas terras dos amos e senhores do Pateta e do Pato Donald (Trump). Cabe às forças democráticas a dura tarefa de pacificar, organizar, reconstruir e resgatar o Brasil para o Povo Brasileiro. Fora disso não há prioridade. Fora disso não há ‘patriotismo’. E os facínoras que voltem para o lixo, de onde jamais deveriam ter saído. Felizes e transformadores 2023, 2024, 2025, 2026, 2027, 2028, 2029, 2030, 2031, 2032...

Ahmad Schabib Hany

PELÉ, A PARTIDA PARA A ETERNIDADE

Pelé, a partida para a eternidade

Edson Arantes do Nascimento, o menino pobre, talentoso e cheio de sonhos que se tornou majestade do futebol, fez sua partida derradeira antes da chegada de 2023.

29 de dezembro de 2022. Data da convocação de Pelé para a eterna seleção dos bambas da humanidade. Após passar os últimos meses entre idas e vindas ao hospital, Edson Arantes do Nascimento, o menino pobre, talentoso e cheio de sonhos que se tornou o eterno o rei, a majestade do futebol, fez a partida derradeira para a eternidade.

Um Amigo da Família convencera o Pai que trocasse o ofício de engraxate em sua Bauru do coração (e do Santos, seu eterno time) pelo emancipador ofício de jogador de futebol, vocação igual à paterna. Não só abriu os horizontes do ídolo para o mundo como Pelé revelou o Brasil para toda a humanidade.

O menino de Três Corações (na verdade de oito bilhões de corações), de Minas Gerais de Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves, ensinou à humanidade não apenas a arte e o ofício (porque ele foi de um profissionalismo ímpar) como tornou o esporte (particularmente o futebol) instrumento de pacificação e harmonia, e fez do Brasil um país admirado e amado por todos os povos.

Na África, na Europa e indiretamente no Oriente Médio, Pelé foi pivô de raros momentos de armistício e concórdia, episódios que ficaram para a história. Se em Vida ele fez proezas como essas, com sua eternização sua Família resgatou essa vocação inata: para não concorrer com o momento de congraçamento da democracia com a posse do Presidente Lula, seu velório e sepultamento serão realizados depois da instalação do novo governo. Até como forma de união, de pacificação nacional, para arrefecer a animosidade que ainda teima em atacar o Estado de Direito.

É curioso que pessoas de origem humilde que galgam posições de sucesso em nossa sociedade eivada de exclusão, hipocrisia, discriminação e intolerância deem sobejos exemplos de dignidade, generosidade e empatia. Ao contrário dos beócios membros da casa grande que teimam em apequenar a grandeza do Povo Brasileiro (com maiúsculas, por favor!), quando não conspiram contra o porvir deste país-continente em cujas entranhas se encontram milhares, senão milhões, de pessoas com igual talento, generosidade e capacidade de realização como Pelé e Lula, brasileiros que venceram a adversidade e, cada um ao seu modo, contribui para um mundo melhor.

Em janeiro de 1984 ouvi perplexo um depoimento desconcertante do célebre Jornalista Lorenzo Carri (Joelmir Betting do Jornalismo boliviano cujo começo se deu nos esportes), argentino declaradamente admirador incondicional de Pelé, na época editor de esportes do diário de maior circulação da Bolívia, o jornal Presencia: em 1959, quando o rei do futebol fora a La Paz jogar pelo Santos, Carri se iniciava no ofício de repórter esportivo e, trêmulo e hesitante ante uma estrela em ascensão, deparou-se com um atleta cordial, afetuoso e generoso (nas palavras de Carri), como que percebesse a importância dessa reportagem para a vida do jovem principiante.

Graças à emblemática reportagem, Lorenzo Carri conquista reconhecimento como jornalista esportivo na Bolívia, status que, segundo o próprio Carri, deve integralmente à generosidade de Pelé, gratidão que guardou até 2011, ano em que eternizou, onze anos antes de seu entrevistado. Gestos inusitados como o revelado pelo Jornalista que editou jornais e telejornais diários na Bolívia a majestade do futebol que o Brasil ofereceu para a humanidade decerto se multiplicaram pelos quatro cantos do Planeta.

Pelé se despede do mundo sem poder comemorar a frustrada vitória da seleção Canarinho em 2022. Mas com seu legado, da dimensão de seu grande talento, gigante personalidade e imensa alma, torna a humanidade mais excelsa e os brasileiros mais generosos e solidários.

Até sempre, Edson Arantes do Nascimento, grande e único Pelé! Agradeço por tido o privilégio de testemunhar o reconhecimento de um grande Jornalista cuja iniciação se deveu a um gesto espontâneo de empatia de um menino pobre, talentoso e cheio de sonhos saído do interior do Brasil e que se tornou majestade em sua arte para fazer o Planeta mais meigo, afetuoso e fraterno, a despeito de suas limitações inerentes à condição humana e decorrentes de nossa sociedade mesquinha e desigual.

Ahmad Schabib Hany

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

SILÊNCIO TERRORISTA

Silêncio terrorista

Que o inominável desde sempre foi chegado ao extremismo, isso não é novidade. Contudo, como chefe do Executivo, seu silêncio, criminoso até duas semanas, atingiu agora o nível de terrorismo. Por quê? Não só está prevaricando (por omissão e cumplicidade), como está estimulando suas hordas a atos insanos, como o flagrado no sábado, véspera de Natal. Que ‘cristãos’ são esses?

Não é nenhuma novidade que o inominável sempre foi um cultor do extremismo. Como é mesmo que ele ganhou notoriedade quando ainda estava na caserna?

Ora, ameaçando pôr abaixo uma das adutoras do Rio de Janeiro, anúncio estampado na revista Veja, no início da Nova República, o que lhe custou a carreira e um intrincado processo na Justiça Militar. Graças à generosidade do general Leônidas Pires Gonçalves, então ministro do Exército indicado por Tancredo Neves, livrou-se do risco de se ver na melancólica condição de desertor, e assim pôde galgar uma carreira política, embora medíocre, que atingiu o topo, mesmo sem qualquer mérito.

Amoral por natureza, nunca se redimiu do plano de explodir a maior adutora do Rio de Janeiro e alguns quartéis do Exército sediados na antiga capital federal, o que poderia ter custado inúmeras vidas. Justificou-se então que tudo aquilo seria feito com uma pequena quantidade de explosivos, “só pra assustar, não pra matar”. Motivado, segundo sua ‘lógica’ rasa, apenas e tão somente pelo afã mesquinho e nada patriótico de mostrar que o então ministro do Exército não gozava da simpatia da tropa.

Pois, o silêncio do inominável hoje ante o pipocar de tentativas de atos terroristas não só revela sua covardia como sua falta de caráter, ainda que os mercadores da fé o tinjam de ‘messias’ (minúscula), representante da ‘moral e dos bons costumes’. O quê, aliás, esse desalmado e mau-caráter faz desde que a dura realidade o obrigou a se submeter ao mundo real, fora das mentiras engendradas e mal paridas pelas milícias digitais acochadas no Palácio do Planalto desde o maldito dia em que adentrou graças às atitudes insanas dos canalhas travestidos de ‘patriotas’, quando sequer honram a sua condição de servidores públicos detentores dos maiores salários da República?

Não se surpreenda, leitor/a. Todo fascista, além de mentiroso, é covarde. Só sabe agir em bando e traiçoeiramente, feito hiena. A história, que eles temem como o diabo da cruz, traz milhares de fatos, inclusive no Brasil. Como a se convencer, eles recorrem a frases de efeito (mas simples, pois seus cérebros rasos não conseguem processar muita coisa), tipo “Deus, Pátria e Família”, “Alemanha [é assim originalmente] acima de tudo, Deus acima de todos”, “Uma mentira contada mil vezes torna-se uma verdade”, “Nossa bandeira nunca será vermelha” etc.

Desde o dia em que os fatos mostraram que suas mentiras, ainda que aos milhões, não mudavam a realidade (diferentemente do que seu ‘tio’ Joseph Goebbels lhe ensinara nos ‘catecismos’ para iniciantes do nazifascismo), o inominável não faz outra coisa que um verdadeiramente cristão não faria: maldades. Na noite em que apareceu às suas hordas, dia 12 de dezembro, como mefistofélico que é, masturbou e açodou as taras dos tonton macoutes para incendiar Brasília. Não satisfeito, enviou suas mensagens ‘codificadas’ (é tão raso de imaginação, que qualquer iniciante decifra suas ‘mal traçadas linhas’) e hoje nos deparamos de uma série de tentativas de atos de sabotagem nada inocentes: como a se passar por justiceiros de meia pataca, estão afoitos a manchar com sangue inocente o dia da posse do estadista que o Brasil levou 500 anos para revelar para a humanidade.

Perversidades. É o que consegue produzir e reproduzir essa caixa craniana atrofiada, destituída de qualquer senso lógico. Uma total falta de caráter, carência de empatia, profundidade de raciocínio (e aí ele não está sozinho, tem muito marmanjo canalha que o acompanha). Desde o início de sua juventude, contam os seus contemporâneos libertos de qualquer recalque compulsivo, seu atormentado cérebro de psicopata contém sórdidos pensamentos, de pura maldade, pura insanidade. Só gente de baixa qualidade humana, como ele, para ter investido em sua candidatura em 2018. Eis por que muitos de seus primeiros apoiadores saíram de cena (em todos os sentidos: uns por não suportar tanta desfaçatez, outros porque precisaram deixar-lhe o caminho livre).

O que mesmo fez o inominável em quatro anos de desgoverno para merecer continuar? Fez tudo, menos governar.

Prevaricou, perseguiu, ameaçou, desdenhou, mentiu, surtou, ‘motociatou’ (carregando na garupa sempre um gajo tipo guarda-roupa, bem torneado, no seu cangote), ‘sentiu clima’, ‘imbrochou’, ‘causou’ (vexame à nação) e, sobretudo, atentou incessantemente contra a República: desmontou órgãos de Estado, destruiu políticas públicas, imiscuiu-se na gestão de cargos de carreira de Estado, atiçou com fakenews suas hordas, ‘blindou’ suas milícias das sanções do Estado, fragilizou e contribuiu para a morte de servidores honrados e protegeu/empoderou líderes reconhecidamente criminosos de quadrilhas de garimpeiros, madeireiros, sonegadores, traficantes, contrabandistas, desertores, viúvos da (mal)ditadura, armeiros, ‘caminhoneiros’, ‘mineradores’ e ‘empresários’.

Há, no entanto, o estudo consistente e digno de respeito do Jornalista e Pesquisador (maiúsculas, por favor) Helder Prior, que tive a honra de conhecer pessoalmente este ano, que mostra como a extrema-direita brasileira cresceu à sombra do integralismo, se nutriu nos tempos do regime de 1964, se revigorou à sombra do aparentemente inocente e caricato Enéas Carneiro (do PRONA), se radicalizou sob o discurso ‘nacionalista’ de Levy Fidélix (do PRTB) -- estes dois baluartes da direita falecidos para felicidade dos seguidores do ‘mito’ (a partir daqui opinião minha) -- e se renovou na onda ‘bolso...ista’ internacionalizada graças à ajuda de Olavo de Carvalho (pseudointelectual recém-falecido nos EUA) e Steve Bannon, expressão maior da equipe de milicianos digitais do pato Donald Trump, a um passo de ver a sua bisonha carreira política proscrita por atentar contra a democracia.

Lugar de terrorista é na cadeia. Já passou da hora de tratar fascista como terrorista. Os atos, recentes (as tentativas frustradas de atentados a partir da véspera do Natal) e antigos (vergonhosamente escamoteados pelos derradeiros feitores do regime de 1964, quando ocorreram o acidente ‘de trabalho’ do Riocentro, as cartas-bomba endereçadas a diversas entidades que reivindicavam o fim ditadura -- e que matou a secretária da sede nacional da OAB, Dona Lyda Monteiro -- e os atentados incendiários contra bancas que vendiam jornais alternativos como O Pasquim, Movimento, Opinião, Versus, Voz da Unidade etc -- são atentados terroristas, portanto, crimes imprescritíveis, cujos autores e mandantes devem ser levados às barras dos tribunais, sem qualquer condescendência.

Como cantou o eterno Atahualpa Yupanqui (1908-1992): “Le tengo rabia al silencio / por todo lo que perdí. / Que no se quede callado / quien quiera vivir feliz.” (‘Le tengo rabia al silencio’, Atahualpa Yupanqui, Don Ata ou Héctor Roberto Chavero, 1968)

Ahmad Schabib Hany

domingo, 25 de dezembro de 2022

"SERIA UMA TRAGÉDIA JAMAIS VISTA", DIZ DIRETOR DA POLÍCIA APÓS PRENDER B...

O NATAL E O ARMISTÍCIO

O Natal e o armistício

Primeiramente, feliz Natal de Luz, Vida, Esperança e Confiança (para citar o querido e exemplar Jornalista Mino Carta)! Enquanto muito(a)s entusiastas querem retomar bandeiras neste momento extemporâneas, facínoras do inominável continuam, cada vez com maior ousadia, a atentar contra a vida das pessoas e o Estado de Direito.

Em tempos de globalização, o Natal, emblemática data da cristandade, ganhou caráter mais que universal, é, de fato e de direito, momento de armistício, de desarmamento e de concórdia entre o antagonismo beligerante que teima impor sua lógica insana sobre a humanidade, desejosa de Justiça, Paz e Progresso.

Ora, que ‘cristãos’ são esses que se deixam levar por um ódio desumano, injustificável, a tal ponto de, em pleno clima natalino, preparar um ato terrorista em Brasília, como denunciou a PM do Distrito Federal no sábado, véspera do Natal?

Não fosse de causar perplexidade e pavor, o caminhão bomba do Aeroporto Internacional de Brasília teria sido mais um caso ilustrativo da total desfaçatez que tomou conta de seres aparentemente normais, inebriados, seduzidos, embriagados, contaminados pelo fascismo, aqui ingenuamente chamado bolsonarismo. É terrorismo puro, produzido pela insanidade psicótica de um inominável e seu grupo de sociopatas que tomaram de assalto os destinos da nação.

Vivemos, sim, tempos de concórdia e pacificação, mas não há cabida para a impunidade: esse indivíduo cujo nome não merece ser grafado (até porque sua família não merece constrangimento ainda maior) não agiu sozinho. Segundo confissão veiculada na mídia, o objetivo era que o episódio levasse à decretação de estado de sítio. Mais: ele foi insana e deliberadamente induzido a esse gesto pelo ‘bombardeio’ sistemático de mensagens das milícias digitais do inominável, remunerada com dinheiro público e mantida em local privilegiado do Palácio do Planalto sob o ignóbil nome de ‘gabinete do ódio’ (e que deve entrar para os anais da Justiça e da História como o ‘gabinete do crime’).

As autoridades policiais e judiciais não podem nem devem deixar seus autores (porque é coisa de uma quadrilha, não um ‘lobo solitário’) impunes. Mais: têm que elucidar os elos existentes entre a prática do crime de terrorismo e toda a narrativa sórdida, peçonhenta e maldita desses canalhas que, ao longo de pelo menos quatro anos, permaneceram em seus cargos sobejamente remunerados para disseminar ódio, intolerância, inimizade e, sobretudo, soberba e sanha de pretensos ‘cristãos’, ‘moralistas’, ‘conservadores’ (de quê? Eis que destruíram tudo em vez de conservar, até para fazer jus ao adjetivo que se autoconferiram).

Além dos mais, é inevitável que este episódio nos remeta ao famigerado Caso Riocentro, de abril de 1980, em que um sargento morreu e tenente ficou gravemente ferido com a explosão acidental de uma bomba que estava sendo transportada para um lugar daquele espaço cultural, no momento lotado por causa de um show de MPB com a participação de vários cantores de vanguarda, como Chico Buarque e Milton Nascimento. Embora as autoridades militares de então não tenham feito a devida elucidação, toda a imprensa da época mostrou as evidências de se tratar de um ‘acidente de trabalho’ (sic) feito por incompetentes agentes de sabotagem da chamada ‘linha-dura’ do regime de 1964, já em processo de exaustão e total rejeição pela grande maioria da sociedade, a clamar por liberdades democráticas, tema, aliás, do show alusivo ao Primeiro de Maio.

Mas, por que todo fascista, todo ser não necessariamente humano que milita na extrema direita, tem um fetiche mórbido por atentados terroristas, esquartejamentos e torturas indescritíveis que nos remetem às praticas da Idade Média, a era do obscurantismo, das superstições, da intolerância e dos sortilégios?

A predileção pela necropolítica ficou patente nos últimos anos, em que facínoras saíram do ‘armário’ para atentar acintosamente contra inofensivos e indefesos cidadãos negros, indígenas, mulheres, lgbtqia+, umbandistas ou de qualquer outra fé de matriz africana ou originária. A violência desproporcional em atentados como o que tirou a vereadora Marielle Franco de nosso convívio é recorrente, e o maior estímulo a esses absurdos foi, sem lugar a dúvidas, o discurso incendiário da hoje maior autoridade do Brasil.

O fascismo, decerto a doutrina com o maior acervo de atrocidades já perpetradas contra a humanidade, traz em sua gênese a insólita violência com requintes de crueldade. Fruto da inteligência perversa, a mais desumana das ações premeditadas, que incluem a tortura mental, com morbidez inusitada, é a eloquente expressão de seres bizarros que praticam a doutrina da barbárie maquiada de ideologia. Pois saibam que não é ideologia nem linha política: é perversão criminosa, sadismo puro, recalque travestido de doutrina canhestra.

Talvez por ingenuidade ou por falta de fundamentação histórica, muito(a)s querido(a)s ativistas sociais são tentados a cair nessa provocação, recorrendo ao discurso raso da luta de classes, como se ela apenas existisse na narrativa. A Alemanha nazista é a maior e mais trágica demonstração de que o acirramento extemporâneo de determinada pauta classista abriu o caminho sem volta para uma das maiores (senão a maior) tragédias que a humanidade conheceu e em que, aliás, a própria esquerda perdeu quadros da estatura de Rosa Luxemburgo. A hora é de um governo de reconstrução nacional, fora disso só há lugar para aventuras para saciar o sádico apetite das hienas fascistas.

Neste clima de congraçamento e pacificação das famílias e da sociedade civil, devemos comprometer-nos a iniciar uma campanha permanente de fortalecimento de valores que vêm balizando as sociedades contemporâneas, sobretudo depois do desmascaramento da tragédia humana produzida pela insanidade do fascismo e do nazismo e seus tentáculos, como o salazarismo, franquismo, integralismo, sionismo, stroessnerismo, pinochetismo e banzerismo, cuja cínica e patética apologia está na narrativa do inominável e de seus parasitas, felizmente incompetentes, mas nem por isso devem ser poupados de pagar por seus crimes.

As hordas fascistas estão assanhadas pelo fétido aroma de um (des)governo natimorto e insepulto. Mais que zelo, precisamos ter comedimento e precaução inesgotável. Não nos descuidemos, não nos dispersemos, não deixemos de dar-nos a mão: nosso compromisso com a História, com a própria Vida, nos cobra racionalidade e prudência. Os fascistas haverão de retornar para o lixo da história, de onde jamais deveriam ter saído.

Ahmad Schabib Hany

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O ESTADISTA E A RECONSTRUÇÃO NACIONAL

O Estadista e a Reconstrução Nacional

A ansiedade e o desespero de importantes aliados do Presidente Lula diante da composição de sua equipe ministerial são atitudes que em nada contribuem para o êxito do projeto de Reconstrução Nacional necessário e inadiável.

Há algumas semanas temos lido, ouvido, visto e assistido a demonstrações de um pueril amadorismo que em nada contribuem para um retumbante sucesso da gestão do projeto de Reconstrução Nacional com o qual o Presidente Lula, um estadista experimentado, não só venceu o representante do fascismo com toda a máquina administrativa na mão, mas, sobretudo, chamou para si os principais estadistas do concerto das nações.

Não é demasiado lembrar que Lula ainda sequer assinou qualquer ato administrativo, de modo que esse desespero e essa ansiedade, demonstração inequívoca de amadorismo em sua mais pueril manifestação, são inconvenientes, desnecessários e, sobretudo, inúteis. Tanto a Senadora Simone Tebet, em fim de mandato, a Deputada Federal eleita Marina Silva, e o Deputado Federal André Janones, cujo protagonismo no embate ao fascismo no segundo-turno é inegável e precisa ser reconhecido em vez de ser amesquinhado com os lastimáveis lobbies de amadores com seu inoportuno mantra ‘cadê fulana/o?’.

Até as milícias digitais do inominável vêm se dedicando a disseminar essa turbulência com o único afã de desgastar, de início, a composição do futuro governo, que, diante da flagrante incompetência, má-vontade e omissão dos ‘patriotas’ de ocasião (muito bem remunerados, diga-se de passagem) que dizem estar nos postos-chave do governo federal, mas não movem uma palha para fazer frente às inadiáveis ações de Estado no momento em que as mudanças climáticas desabam em forma de temporal nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil e a população mais vulnerável não tem qualquer apoio da Defesa Civil do Planalto.

Não percamos o foco. O momento é de compor um governo de Reconstrução Nacional. O que é isso? É uma montagem delicada, igual à de um quebra-cabeça. Experiente e hábil, Lula não quer escorregar nem ser induzido ao erro. Portanto, os/as verdadeiros/as e leais apoiadores/as do futuro presidente da República precisam colaborar, contendo sua compulsão por ver ‘fulana’, ‘beltrana’ e ‘cicrano’ nos principais cargos do governo Lula. Para começar, não há principal quando não há sintonia com o projeto de governo e de Estado referendado nas urnas na figura do presidente eleito.

Todas/os elas/es já conhecem a composição de um governo de alianças para erigir uma inadiável Reconstrução Nacional. O Vice-Presidente Geraldo Alckmin sabe disso: além de ter sido governador por quatro mandatos, foi Vice-Governador de ninguém menos que do saudoso Democrata e Estadista Mário Covas (PMDB na luta contra a ditadura e PSDB no processo de consolidação do Estado de Direito). O Presidente Tancredo Neves, que não pôde tomar posse por motivos de saúde em 1985, deu provas inequívocas dessa vocação, não deixando ninguém de fora, mas ele tomando as rédeas do primeiro governo da Aliança Democrática, ou melhor, da Nova República. Sarney, que era o Vice-Presidente, aprendeu ‘no grito’, com o ‘trem da História em movimento’.

Em 1982, depois de ter ganhado de forma acachapante do candidato de Pedrossian e de Leitão de Abreu (na verdade, da ditadura), o Doutor Wilson Barbosa Martins, outro Democrata e Estadista (e que tinha o então pouco expressivo deputado estadual Ramez Tebet de vice), permitiu-se o direito de permanecer em silêncio por mais de 50 dias para compor o primeiro governo democrático de Mato Grosso do Sul, tanto é que nem Ramez teve acesso às articulações de bastidores feitas em seu escritório profissional, em pleno centro de Campo Grande. Não cedeu às pressões do fisiologismo e colocou em postos-chave quem ele confiava. O pai de Simone aprendeu com esse gigante da política que ninguém tira o protagonismo de um estadista que se preste.

Lula, o Estadista que o Brasil levou mais de 500 anos para reverenciar a grandeza de seu altivo Povo (com maiúscula, por favor), tem consciência que seu compromisso primeiro é com as amplas camadas relegadas historicamente. Por isso os ministérios estratégicos, como o Desenvolvimento Social (antigo Ministério de Assistência Social), Educação e Saúde, a tríade das políticas sociais de Estado, têm que ser geridos por quem atua nessa seara desde antes do início de seu primeiro governo, em 2003.

Porque Simone, Marina e Janones não são mesquinhos, não estão à procura de moeda de troca. Seu protagonismo no segundo turno foi consequência da consciência do valor que tem a Democracia, da importância de deter imediatamente o fascismo. Competentes e coerentes com suas convicções, o que os tornam referências ilibadas na política, esses agentes públicos não serão levados à vala comum do centrão pelos sórdidos milicianos digitais e de carne e osso do inominável, que em vez de trabalhar vive a atrapalhar os que teimam em acreditar neste país-continente e trabalham diuturnamente em favor do soerguimento do País, da reconstrução nacional.

Ao se iniciar um novo capítulo da História, cuja protagonista é a população, por meio de sua sociedade civil, constituída de diferentes segmentos com seus respectivos interesses legítimos ainda que porventura conflitantes, precisamos ter maturidade política e óbvio compromisso com as próximas gerações para assegurarmos sucesso pleno ao futuro governo, que não é nem será uma colcha de retalhos ou um condomínio de interesses escusos, em que uns estão para delinquir, outros para fazer o pré-lançamento de sua campanha à Presidência e outros ainda para simplesmente se locupletar, flagrantes atos de desvio de função -- como ocorreu com o inominável e seus ‘patriotas’ de araque, cujo rescaldo teremos que empreender com a máxima urgência, sob pena de naufragarmos em tragédias humanas em pleno século XXI.

Ahmad Schabib Hany

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

MIGUEL HERNÁNDEZ E 'LAS NANAS DE LA CEBOLLA'


Miguel Hernández e ‘Las nanas de la cebolla’

O rastro de sangue e destruição do fascismo (ou o nome que tiver a extrema-direita na época ou no país em questão) costuma ser funesto e doloroso. Na Espanha de Franco, o Poeta Miguel Hernández não só perdeu um filho ainda bebê como a própria Vida e, sobretudo, o reconhecimento por décadas de uma obra tão ou mais significativa de muitos contemporâneos da chamada Geração de 1927, cuja maior expressão é o eterno Federico García Lorca.

Nas minhas extenuantes idas e vindas entre Campo Grande e Corumbá em 2022, graças à generosidade sem fim do Professor Masao Uetanabaro, querido Amigo e Cunhado, que, além de me franquear seu lar durante o tempo em que permaneço na capital, costuma me oferecer agradáveis caronas com a sua gentil e fraternal companhia, sempre ao som de uma trilha sonora enciclopédica e restauradora, delicadamente selecionada por ele, o que nos serve de assunto para conversas ilustrativas e relaxantes ao longo de horas de viagem pelo encantador Pantanal (sul) Mato-grossense, o laboratório de pesquisas desde sua chegada ao então Mato Grosso, quase 50 anos atrás.

Pois é a ele que devo mais esta importante descoberta. Durante a viagem de retorno a Corumbá, me pergunta se conhecia o autor de um poema musicado por Alberto Cortez e interpretado pela voz marcante de Joan Manuel Serrat, intitulado ‘Las nanas de la cebolla’. Fiquei atônito com o nome e o tema (‘cebolla’, isso mesmo: a cebola nossa de todos os temperos!), em vez de responder, lhe fiz outra pergunta, afinal, que raios tem a cebola para ser tema de poema, décadas depois musicado por Cortez e interpretado por ninguém menos que Serrat?

Sábio e didático, primeiro me fez ouvir a encantadora e triste canção, e percebendo o meu encanto voltou a tocá-la duas vezes mais. Então é que me conta a história por trás da composição e o nome do autor, o até então desconhecido Poeta Miguel Hernández, autor de poemas inspiradíssimos, e grande lutador pela República e contra o fascismo, razão pela qual foi perseguido e preso até morrer num desumano cárcere fascista na Espanha submetida à tirania do general Francisco Franco com a ajuda de Adolf Hitler e militares de elite nazistas sobre a resistência republicana espanhola.

‘Las nanas de la cebolla’ (‘O ninar da cebola’) foi escrito em 1939 por Miguel Hernández depois de receber a carta de sua Companheira, Josefina Manresa, que desabafara sobre a dureza daqueles tempos, pois ela, que amamentava seu filho de oito meses de Vida, só conseguia comer pão e cebola. Eles haviam perdido o primogênito por esse então, também bebê. A resposta àquela carta angustiante foi esse poema que não só denuncia aqueles tempos de opressão e fome como revela a capacidade criativa de um incansável republicano, revolucionário antifascista, ainda que sob o jugo fascista e a condenação à pena capital, mais tarde comutada a 30 anos e um dia, mas que em nada muda seu destino, pois falece em consequência de doenças contraídas no cárcere (tifo e tuberculose) em 1942, antes de completar 32 anos de idade.

“A cebola é geada / Fechada e pobre. / Geada de teus dias / E de minhas noites. / Fome e cebola, / Gelo preto e geada, / Grande e redonda.” É assim como Miguel Hernández inicia o poema cujo título, segundo estudiosos, foi dado por um amigo do poeta quando de sua publicação póstuma em uma revista literária de 1946: ‘La nana de mi hijo’ (‘O ninar de meu filho’), mas nos livros publicados pouco depois, ganhou o título definitivo, com o qual um público maior ao ser musicado por Alberto Cortez e gravado por Joan Manuel Serrat, em meados da década de 1970.

E segue Hernández: “No berço da fome / Meu menino estava / Com sangue de cebola / Se amamentava / Mas teu sangue / Coberto de açúcar, / Cebola e fome. / Uma mulher morena / Resoluta em lua / Se derrama em fio a fio / Sobre o berço. / Ri-te, menino / Que te trago a lua / Quando é preciso. / Teu riso me faz livre / Me põe asas. / Solidões me tomam, / Cárcere me arranca / Boca que voa, / Coração que em teus lábios / Relampejam. / É teu riso a espada / Mais vitoriosa / Vencedor das flores / E meiguices / Rival do sol / Porvir de meus ossos / E de meu amor.”

Filho de camponeses, Hernández foi pastor de cabras em sua Horihuela (província de Alicante) e leitor compulsivo de literatura, artes e da cultura de seu país, ainda criança. Quando saía para pastorear levava consigo um dos livros emprestados da congregação católica vizinha, que mantinha um colégio para os filhos das famílias endinheiradas da região. Estudara numa escola sem paredes nem teto mantida por voluntárias católicas. Era a forma como as famílias de trabalhadores conseguiam alfabetizar os seus filhos, em poucos anos, apenas para ‘preparar-se’ para o trabalho.

O cônego do colégio ao lado, pelo contrário, lhe franqueou o acesso ao ser conquistado pelo garoto inquieto de ideia fixa: mostrava-lhe poesias e desenhos ao dizer que queria ser um poeta conhecido, tanto que foi o mecenas do primeiro livro de Miguel, bastante jovem, contendo algumas poesias inocentemente eróticas, que não foram censuradas pelo sacerdote. Mais tarde, Bispo de León (importante diocese da Espanha franquista), essa amizade lhe custa caro: mesmo casado em cartório com Josefina Manresa, a poucos dias de falecer, Hernández precisou se casar novamente, apenas para atender a uma exigência do velho amigo, já ligado ao franquismo, para demonstrar uma conversão que sequer estava em questão.

Eis a verdadeira face do fascismo. O mesmo que ronda nossos dias e noites. Como hienas furibundas, assediam nossas Vidas sem qualquer comiseração, humanidade ou civilidade. Que o garoto irrequieto, talentoso e sonhador (sobretudo tomado pela generosa utopia de deixar um mundo melhor para as gerações futuras) chamado Miguel Hernández, neste emblemático final de 2022, nos comova e inspire para renovar nossas esperanças e lutas por uma sociedade mais humana, justa, solidária e livre. Conhecendo algo dele não há como não nos reportarmos a cidadãos com a mesma grandeza, como os saudosos Herbert de Souza (o Betinho da Ação da Cidadania), Padre Pasquale Forin e Doutor Ricardo Brandão, entre tantos outros, como atualmente o querido Padre Júlio Lancelotti e o não menos inspirador (ex-frei) Leonardo Boff. Feliz Natal e um transformador Ano Novo!

Ahmad Schabib Hany

O PARTO DA MONTANHA

O parto da montanha

As ridículas aglomerações de alienados abduzidos pelo universo paralelo do inominável evidenciam a decadência de um natimorto projeto fascista de poder. Apodreceu ainda na sua funesta concepção. Só as suas hordas insanas não se aperceberam disso.

Não é que a ‘montanha’ pariu um rato?

Pois bem, em pleno século XXI, a fábula atribuída por Horácio a Esopo (escravo grego fabulista que viveu no início do século VI antes de Cristo e fez centenas de fábulas, isto é, contos com sua respectiva moral) -- mas há quem diga que a autoria é de Fedro, outro gênio fabulista, do início da era cristã --, surpreende a todos, sobretudo aos mais incrédulos, ante tantas barbáries cometidas nestes últimos anos.

Depois de tantos ‘abalos sísmicos’ e ameaças abertas contra tudo e todas as instituições e pessoas centradas, os tonton macoutes e seus respectivos feitores e amos e senhores (desde as diversas metrópoles: Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Hungria e Ucrânia) aparentam acovardamento, especialmente depois de que o inominável demonstrou ter amarelado e pelo menos dois caminhões de mudanças foram vistos diante do Palácio das Trevas (o ex e futuro Palácio da Alvorada) embarcando objetos desse ser abjeto e seus dependentes mais próximos.

O fato é que a ‘montanha’ pariu um rato, muito embora fatos recém revelados façam outra leitura: há muito mais roedores figurados que nas ruas das cidades medievais da Europa, que com a chegada da matéria-prima das colônias então saqueadas elevou sua qualidade de vida (em especial a dos membros das cortes e as burguesias em ascensão). Em outras palavras, o inominável parece ter amarelado, como é de seu feitio desde os tempos em que serviu em Nioaque (MS), quando um respeitado professor e ex-prefeito da oposição à ditadura pôde testemunhar sua personalidade instável, talvez insana.

Curiosa mania de causar catarse e depois decepção (melhor dizendo, vergonha)...

Que ser maldito seria capaz de causar um delirium tremens insano, cafajeste, perverso? O inominável é incompetente demais para tanto. Isso é coisa para um grupelho metido a esperto, mas covarde, disperso em vários lugares, inclusive fora deste país-continente. E sua gênese, pasme leitor/a, é o fascismo, ou nazifascismo (recauchutado, retemperado, com o sionismo sanguinário que aprisiona, mata e expulsa a população palestina de seu território milenar).

Isso y otras cositas más, aliás, o/a leitor/a percebeu há muito, desde as primeiras cenas em que o inominável saía com suas hordas bem perfumadinhas, mas de alma podre, pelo Brasil profundo, abandonado há décadas -- isto é, séculos -- pelas elites peçonhentas, as mesmas que fazem deste ser bizarro seu fantoche, tanto que as bolsas viveram em céu de brigadeiro todos estes quatro anos, inclusive nos mais dramáticos dias da pandemia, só em alta, no lucro, na mamata...

Só não dá para sentir pena desses idiotas que o seguem como teleguiados porque eles, também, são igualmente perversos, embora se ancorem num ‘patriotismo’ em que o bolso fala mais alto (pergunte a algum deles se aceita, em benefício do Brasil, rever esses privilégios vergonhosos em que duas gerações usufruem de um polpudo salário sem qualquer constrangimento?) e um falso cristianismo em que o ódio fundamentalista é a sua base indelével, sem caridade, empatia ou solidariedade.

E, o pior, é que essa doença coletiva, mais corrosiva, mais letal que qualquer epidemia, levará décadas para ser mitigada e, com muita sorte, extinta, debelada.

Basta ver como ocorreu na Itália e Alemanha pós-1945. Foi preciso um conjunto de ações para, primeiro, arrefecer o sentimento fascista/nazista impregnado na medula de cada ser contaminado. Além do emblemático Tribunal Penal de Nuremberg, em que foram condenados indistintamente mandantes e executores, foram promulgadas leis rigorosas que consideraram crimes imprescritíveis a militância e a manifestação de simpatia pela doutrina fascista/nazista. Ao mesmo tempo, foi adotada uma educação humanista, por meio da qual os valores humanistas foram reintroduzidos às disciplinas nos currículos e atividades extraclasses em todos os níveis da educação formal, não formal e informal. Isso tudo junto a projetos sociais consistentes, de médio e longo prazo, para formar os novos cidadãos libertos do jugo nazifascista e revigorar-lhes os sentimentos de empatia, solidariedade, compaixão e caridade.

Isso será essencial no Brasil pós-milicianismo (mais que o inominável, o fundamentalismo neopentecostal descaradamente mercantil e as concepções nazifascistas difundidas ao longo deste maldito mandato em que canalhas e farsantes inocularam a pior doutrina e a prática mais perversa que a humanidade já experimentou): com base nas prerrogativas constitucionais, que nitidamente condenam e proscrevem o nazismo, o fascismo e suas variantes camufladas (como o integralismo, o salazarismo, o franquismo, o banzerismo, o stroesnnerismo e o pinochetismo), serão necessárias operações de desmantelamento e rigorosa punição de toda apologia às ideias do ódio e da intolerância cuja perversidade foi conhecida com a sua derrota política e militar em 1945.

Um trabalho delicado, ininterrupto, complexo. Mas terá que ser feito. Os malefícios e as aberrações disseminadas na alma das pessoas são a mais perversa das heranças malditas desse monstro e de seus amos e senhores, que mamaram (e não amaram) o Brasil. Assim como a conversa de que é preciso ‘armar’, ‘mamar’ foi a outra consigna desses covardes fariseus que não honram sequer os polpudos salários granjeados na calada da noite, em vez de promover a qualidade de vida de uma população laboriosa, honesta, hospitaleira e incansavelmente esperançosa como é a brasileira.

Mas nada como um dia depois do outro. E, como diziam nossos ancestrais, não há mal que dure cem anos. Nem com fakenews, nem com fakeada. A construção do amanhã é fruto de nossas (boas) ações o tempo todo, e essa é uma tarefa inadiável e inesgotável. Vida que segue: feliz Natal e próspero Ano Novo!

Ahmad Schabib Hany

José Luis Ferris conferencia Miguel Hernández

Miguel Hernández: Entrevista a José Luis Vicente Ferris

Miguel Hernández (AC/E)

domingo, 18 de dezembro de 2022

Las nanas de la cebolla: un poema con historia


Las nanas de la cebolla: un poema con historia





Fue aquí, en la esquina de la calle del Conde de Peñalver con la calle Juan Bravo que Miguel Hernández escribió uno de los poemas más hermosos de la historia de la poesía: Las nanas de la cebolla. Fue en esta esquina donde estuvo la cárcel de Torrijos en la que el poeta le dio sentido lírico universal a la cebolla. No la cebolla con que se homenajeaba al dios Socar o Sokar en la mitología egipcia, en los festivales que se celebraban en su honor en Menfis, sino a la cebolla humilde, esa de “contigo pan y cebolla” que en los amantes simboliza el amor eterno aun en la pobreza por sobre la riqueza: “La cebolla es escarcha / cerrada y pobre: / escarcha de tus días / y de mis noches”. La cebolla que vuelve como la aurora y el ocaso siempre repleta de lágrimas. Fue el año 1939, tres años antes de su muerte en la enfermería de la prisión de Alicante en 1942, cuando el poema se clavó en el corazón de la gente con la fuerza y pureza de su de su lirismo cotidiano, envolvente y desgarrador: “En la cuna del hambre / mi niño estaba. / Con sangre de cebolla / se amamantaba”.

El poema es una canción de cuna. Una nana. Las nanas, como se les conoce en España, “tienen un valor testimonial […] al desnudar un aspecto de las madres o arrulladoras: preocupación social, sus quehaceres, sus preocupaciones por causas diversas, alegrías y temores” (Enriqueta Morera de Horn, Canciones de cuna. Apertura interdisciplinaria / Las nanas de la cebolla. Crítica filológica, Concepción de Uruguay – Entre Ríos, Ediciones El Mirador, 1983). Estas temáticas que comprenden las nanas fueron minuciosamente analizadas por Federico García Lorca en Las nanas infantiles, conferencia dictada en la Residencia de Estudiantes de Madrid el 13 de diciembre de 1928, que retratan la vida de la mujer humilde de su época y sus miserias para alimentar a sus hijos. La belleza de España, nos dice, “no es serena, dulce, reposada, sino ardiente, quemada, excesiva, a veces sin órbita” y en esta España de “belleza sin luz”, la mujer consuela a su hijo con sus canciones de arrullo que llevan su propia desesperación: “No debemos olvidar que la canción de cuna está inventada (y sus textos lo expresan) por las pobres mujeres cuyos niños son para ellas una carga, una cruz pesada con la cual muchas veces no pueden”. Son estas mismas mujeres pobres quienes llevan estas nanas a los niños ricos, nos dice Lorca: “Son las pobres mujeres las que dan a los hijos este pan melancólico y son ellas las que lo llevan a las casas ricas. El niño rico tiene la nana de la mujer pobre, que le da al mismo tiempo, en su cándida leche silvestre, la médula del país”.

Pero Josefina Manresa Marhuenda, novia, esposa y viuda de Miguel Hernández le lleva a su hijo Manuel Miguel el pan melancólico compuesto por el poeta, cuya temática de cárcel, dolor y hambre, lo hacen un poema único en su especie. El origen epistolario del poema comienza con una foto del niño recién nacido que Josefina le envía al poeta, y que el encarcelado padre comenta con estas palabras: “No pasa un momento sin que lo mire y me ría, por muy serio que me encuentre, viendo esa risa tan hermosa que le sale delante de los cortinones y encima del catafalco ese en que está sentado. Esa risa suya es mi mejor compañía aquí y cuanto más la miro más encuentro que se parece a la tuya” (Silvia Serret, Josefina Manresa, la esposa de Miguel Hernández en Actualidad Literaria). El comentario de la foto de su hijo Miguel Manuel, contiene larvariamente pasajes del famoso poema: “Tu risa me hace libre, / me pone alas. / Soledades me quita, / cárcel me arranca”. Poema que irá en una carta que el poeta escribe a su esposa el martes 12 de septiembre de 1939, como respuesta a las penurias vividas por Josefina que la obligan a comer solo pan y cebolla: “Estos días me los he pasado cavilando sobre tu situación, cada día más difícil. El olor de la cebolla que comes me llega hasta aquí, y mi niño se sentirá indignado de mamar y sacar zumo de cebolla en vez de leche. Para que lo consueles, te mando esas coplillas que le he hecho, ya que aquí no hay para mí otro quehacer que escribiros a vosotros y desesperarme”.

Una nana que es consuelo y liberación al mismo tiempo, y que a pesar de su escritura sin especulaciones canónicas, como corresponde a este tipo de composiciones poéticas que yacen en la conciencia folclórica, desgarra en su simpleza lírica el alma del poeta: “Tu risa me hace libre, / me pone alas. / Soledades me quita, / cárcel me arranca. / Boca que vuela, / corazón que en tus labios / relampaguea”. Las nanas de la cebolla es un poema que va más allá de “esas coplillas que le he hecho, ya que aquí no hay para mí otro quehacer que escribiros a vosotros y desesperarme”, pues para Miguel Hernández la escritura es otra de las formas de la libertad; una libertad simbólica que lo conecta con el mundo, su mujer y su hijo. El dramatismo del poema desnuda el alma del poeta en el hambre y el frío simbolizados en la humilde cebolla que tanto padecen él, Josefina y su hijo: “La cebolla es escarcha / cerrada y pobre. / Escarcha de tus días / y de mis noches. / Hambre y cebolla, / hielo negro y escarcha / grande y redonda”. Llama la atención en Las nanas de la cebolla la ausencia de la madre con su voz arrulladora, pues rompe con el modelo tradicional de estas canciones de cuna en que madre e hijo son los personajes esenciales. Pero en esta canción de cuna, tanto la figura de la madre como del hijo se hacen presente en los versos del poeta dirigidos a ellos: “Una mujer morena, / resuelta en luna, / se derrama hilo a hilo / sobre la cuna. / Ríete, niño, / que te tragas la luna / cuando es preciso”. La escritura, lo dijimos, es un acto de libertad simbólica para el poeta, que lo conecta con la realidad exterior, su mujer y su hijo.

Pero la historia de Las nanas de la cebolla trasciende su origen epistolario y se adentra en los a veces intrincados laberintos de las ediciones. Es el último poema de Cancionero y romancero de ausencias, libro que Miguel Hernández comienza a escribir en la cárcel en 1938. Así aparece en el cuaderno de 66 páginas y 79 composiciones, que el poeta lleva a Orihuela cuando sale de su primera etapa de encarcelamiento en septiembre de 1939. Sin embargo, en la edición de Obra Escogida (Aguilar, Madrid, 1952), el poema aparece en el apartado Poemas últimos. Por su parte, en las ediciones de Obras Completas de Editorial Losada de 1960 y 1973, Buenos Aires, no explican el nuevo orden dado a los 98 poemas del libro, conformados por los 66 de Obra Escogida más otros recuperados en nuevas lecturas del cuaderno y otros borradores. En estas ediciones, curiosamente, no aparece el poema que ahora estudiamos (todos los datos respecto de la publicación de Las nanas de la cebolla, así como los entretelones que envuelven su nombre, los obtuvimos de las notas introductoria a Cancionero y romancero de ausencias en Miguel Hernández. Obra Poética Completa, Editor digital Titivillus, ePub, 1976, y de la nota que lleva el propio poema).

Sí, Las nanas de la cebolla es un poema con historia. Una historia de amor, dolor y libertad que nace en una fotografía y permanece oculto algunos años hasta aparecer publicado con otro título por primera vez en la revista Halcón, N. 9, de Valladolid, en 1946: Nana a mi niño. Es importante aclarar ahora que el famoso poema no fue titulado por Miguel Hernández, como sí lo hizo con la mayoría de sus composiciones en su cuaderno de 66 páginas y 79 composiciones que mencionamos: “Sin embargo, el autor no lo tituló como hizo con la mayoría. Es el último que figura en la libreta a que hemos hecho referencia. Por supuesto que también fue añadida por mano ajena la indicación aclaratoria, asimismo conservada por nosotros, sobre la circunstancia que originó el motivo”. La publicación de la revista Halcón presenta, además, una serie de erratas que la edición de Obra Poética Completa corrige. En el verso 20 se lee: “que te traigo la luna”, pero debe decir: “que te tragas la luna”; por su parte el verso 27 dice: “que mi alma al oírte” en lugar de: “que en el alma al oírte”. El verso 45: “el vivir como nunca” está en vez de: “el niño como nunca”. Y en el verso 57 se lee: “Ser de vuelo tan lato” en lugar de: “Ser de vuelo tan alto”.

Otras erratas de esta primera publicación en la revista Halcón, y que se han repetido en varias ediciones, se relacionan con el orden de las estrofas 6 y 7, lo que no debe sorprender mayormente puesto que en el borrador de Miguel Hernández, la estrofa 6 se encuentra en el margen y ofrece, en consecuencia, dudas sobre su posición en el poema. En el último verso de la estrofa 7 se lee: “desde mi cuerpo”, cuando debe decir: “desde tu cuerpo”. Y en la estrofa 8 sustituye la primera palabra (Desperté) por puntos suspensivos, tal vez por encontrarla ilegible. Además, en los versos 59 y 60 de la estrofa 9 se encuentran las siguientes versiones: “que tu carne es el cielo / recién nacido” y “que tu carne parece / cielo cencido”. El adjetivo “cencido” que significa “no hollado”, es muy miguelhernandiano. Los editores de Obra Poética Completa han optado por la primera opción considerando la fuerza metafórica del verso.

La descripción que hemos hecho sobre los entretelones del poema respecto de su escritura y edición, y que pueden resultar agotadores para el lector, solo tienen el propósito de ilustrar las dificultades no solo del poeta para escribir sus textos en medio de una dolorosa vida encarcelada, consumida por los piojos y las enfermedades, como él mismo le escribe a Josefina en la carta del 12 de septiembre de 1939: “Todo se acabará a fuerza de uña y paciencia, o ellos, los piojos, acabarán conmigo. Pero son demasiada poca cosa para mí, tan valiente como siempre, y aunque fueran como elefantes esos bichos que quieren llevarse mi sangre, los haría desaparecer del mapa de mi cuerpo. ¡Pobre cuerpo! Entre sarna, piojos, chinches y toda clase de animales, sin libertad, sin ti, Josefina, y sin ti, Manolillo de mi alma, no sabe a ratos qué postura tomar, y al fin toma la de la esperanza que no se pierde nunca”, sino también las dificultades de sus biógrafos, historiadores e investigadores para armar una obra poética compuesta de cárcel en cárcel sin ninguna condición humana elemental siquiera para vivir la vida, menos aún para escribirla. Por eso, aunque no es conveniente para una legítima comprensión de la obra literaria asociar la vida del escritor con ella, en el caso de Miguel Hernández es fundamental hacerlo, porque ambas van de la mano y se complementan. La poesía que nace del frío, del hambre y la soledad de la cárcel no es más que la vida vivida por el poeta, escenificada en su obra. No es de extrañar, por lo mismo, las erratas de este poema-cuna que los primeros estudiosos de su obra cometieron, descifrando borradores que muchas veces se hacían ininteligibles.

Historia y literatura de la mano para recrear un poema maravilloso, escrito en una cárcel que fue la antesala de la muerte, y que le dio a las nanas otro sentido distinto al de los arrullos de las madres a sus hijos en la cuna, pues Las nanas de la cebolla son el arrullo de un poeta que desde la miseria, dolor y la soledad escribió a los suyos para sentirse más cerca de ellos: “Desperté de ser niño: / nunca despiertes. / Triste llevo la boca: / ríete siempre. / Siempre en la cuna, / defendiendo la risa / pluma por pluma”.

Miguel Hernández: hiciste eterna la poesía en la escarcha de una cebolla cerrada y pobre.


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Miguel Hernández el Poeta Antifascista

"Miguel Hernández: pasiones, cárcel y muerte de un poeta" de José Luis F...

Miguel Hernández, el Poeta del Pueblo

El Poeta Pastor: Miguel Hernández - Documental

Pasajes de la historia, Miguel Hernández el poeta del pueblo.1910 1942

las Tres Heridas de Miguel Hernandez

MIGUEL HERNÁNDEZ (Año 1910) Pasajes de la historia (La rosa de los vientos)

Acontece que no es poco | La muerte a destiempo de Miguel Hernández

Acontece que no es poco | Las dos bodas de Miguel Hernández

Entrevista de 1978 a Josefina Manresa, Viuda de Miguel Hernández.

Vida y tragedia de Miguel Hernández

Miguel Hernández, cárceles, proceso y muerte

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ENTREVISTA A Dª JOSEFINA MANRESA, VIUDA DE D. MIGUEL HERNÁNDEZ, POETA DE...

ISABEL RODRÍGUEZ - NANA DE LA CEBOLLA - CORAL POLIFÓNICA DE MONTORO

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Rojo Carmesí: Nanas de la cebolla (Del poema a la canción)

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Nanas de la cebolla

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Joan Manuel #Serrat: "Nanas de la cebolla", canción e introducción. 27 d...

nanas de la cebolla (Serrat)

SERRAT - NANAS DE LA CEBOLLA - CHILE 1990

Joan Manuel Serrat & Alberto Cortez - Las nanas de la cebolla

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

'TONTON MACOUTES' INCENDEIAM BRASÍLIA

Tonton Macoutes incendeiam Brasília

Tomada pelo ‘estouro da boiada’, Brasília foi incendiada como se fosse Porto Príncipe, capital do Haiti. O inominável em sua infinita perversidade, após o jogo fatídico em que o Brasil ficou fora da Copa do Mundo do Qatar, atiçou e acolheu no Palácio das Trevas seus teleguiados e sua ‘conja’ mandou comida como gesto de apoio ao ‘patriotismo’ delinquente estimulado por suas milícias digitais.

Sob a tirania desvairada desse sociopata, Brasília se viu sitiada, tomada pelos tonton macoutes que esse terrorista mau-caráter adestrou ao longo de seu maldito mandato. A noite de 12 de dezembro, sob pretexto de ‘protestar’ contra a detenção de um ‘cacique’ traficante e pau-mandado de criminosos fascistas, espalhou o terror na área central da capital federal, sob a conivência de seus feitores bajuladores, que nada fizeram para conter o ‘estouro da boiada’.

A propósito, leitor/a, já leu ou ouviu falar sobre os tonton macoutes, temida milícia de François Duvalier, o Papa Doc, tirano que inaugurou a dinastia sanguinária e criminosa do Haiti, responsável pela miséria e caos que até hoje desgraçam o povo haitiano?

Há um tempo venho insistindo que o inominável tem se inspirado nesse grande canalha para disseminar suas maldades pelos quatro cantos deste país-continente. Diferente da imagem de ‘bom cristão’ (sic), como os mercadores da fé que o rodeiam teimam bancar, esse sociopata amoral e despudorado, em vez de luz e generosidade, só dá lugar a trevas e perversidades, tanto que se deu ao desplante de, assim que a seleção brasileira ficou fora da Copa do Mundo do Qatar, ir até o cercadinho que mantém desde a sua posse para atiçar suas hordas insanas, seus tonton macoutes.

Até a ‘maledeta conja’, com sua falsa generosidade, enviou a lavagem do Palácio das Trevas (que em tempos de normalidade democrática se chama do Alvorada) para saciar a fome de suas hordas, como quem manda comida para porcos. Mais tarde, na virada do dia, foram conversar sobre como agir para levar o pânico à população brasileira, a partir do caos em Brasília. E como o Presidente Lula, o Vice-presidente Alckmin e ministros já anunciados se encontram hospedados em um hotel no centro brasiliense, tentaram levar tumulto e a possibilidade de atos terroristas até lá, mas imediatamente foram repelidos pelas forças legalistas.

O inominável teria sido escolhido por tais ‘qualidades cívicas’ pelos ‘patriotas’, aqueles que vestiam a camisa da seleção brasileira e se enrolavam na bandeira nacional como se fosse toalha de sauna? Em sã consciência, esses ‘patriotas’ não sentem, nem de longe, qualquer constrangimento, vergonha ou arrependimento por tão grosseira escolha? Como não enxergar a vocação golpista, tirânica, autoritária, obscurantista, delinquente e até ditatorial do inominável e o núcleo duro de seu gabinete?

Mais que a incompetência e total desapego pelos princípios republicanos, flagrantes, os principais assessores (e todos os membros de sua familícia) revelaram, sem qualquer hesitação, sua opção obsessiva por tudo que representa o oposto à vocação democrática e solidária da nação brasileira desde a segunda década do século XX, quando a afirmação dos princípios republicanos tornaram-se públicos e objeto de manifestações pelos líderes do Movimento Tenentista, da Coluna Prestes, da Semana da Arte Moderna e, inclusive, dos fundadores do primeiro partido de âmbito nacional, o velho Partidão (PCB), de cuja primeira bancada federal contou com o brilhantismo e laicismo do imortal Jorge Amado.

Para si e para os seus

O inominável, como sempre por meios escusos, conseguiu galgar ao poder, para deleite das elites retrógradas e segregacionistas. Tão incompetente e alienado da realidade, passou os quase quatro anos de mandato ‘brincando’ de onipotente, fazendo fakenews para suas hordas insanas, usando a máquina para si e os seus e desmontando o Estado, em vez de governar como gente grande.

É preciso ‘dissecar’ o comportamento do inominável antes que, contra a sua vontade de sociopata, tenha que passar a faixa ao estadista que o povo brasileiro levou 500 anos para generosamente oferecer para a humanidade. Sim, porque, a despeito da soberba de mobilizar as súcias que mantém entorpecidas com suas mentiras delirantes, ele irá para passar a faixa a seus sucessor constitucional, sim.

Por quê? Porque ele usou de seu ardiloso comportamento de ‘maníaco-depressivo’ (como até um tempo atrás se chamavam os ‘bipolares’ de hoje), fingiu de vítima inconsolável e atiçou o delirium-tremens de seus tonton macoutes espalhados pelo território nacional e pelos quatro cantos do mundo. Para quê? Barganhar uma saída honrosa pelos inúmeros crimes administrativos cometidos deliberadamente junto aos diversos Poderes: desde o STF (Supremo Tribunal Federal), TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Congresso Nacional e, inclusive, Ministério da Justiça e Procuradoria-Geral da República (PGR).

Depois de tanta incompetência e constatação da grave alienação de que padece, dá para acreditar que o inominável foi eleito por suas supostas qualidades?

Ora, quase quatro anos de total exposição, quando ficou nu perante o mundo, não dá para acreditar que naquela caixa craniana pudesse haver um cérebro brilhante. Sim, porque, numa democracia (e, ainda que muitos não gostem de admitir, o Brasil é a maior democracia do planeta), para conseguir conquistar a confiança da maioria de seus iguais, é preciso ser minimamente brilhante para ‘fazer a diferença’ e angariar os votos que irão torná-lo/a líder de mais de duas centenas de milhões de pessoas.

Só que não. O inominável foi eleito exatamente por ser a negação disso tudo. Coube àquele juiz de primeira instância de voz de marreco e que sequer consegue pronunciar palavras do vernáculo (a exemplo de ‘conje’ por cônjuge) ou do idioma de seus amos e senhores (como ‘massachutes’, por Massachusetts, uma das 50 unidades federativas dos EUA), pivô da prisão e exclusão do processo eleitoral de 2018 do hoje presidente eleito Lula (líder também nas pesquisas eleitorais de então), razão pela qual virou seu ministro da Justiça (além da promessa de indicá-lo para uma das vagas do Supremo Tribunal Federal, STF).

Apesar de todo o aparato montado com as milícias digitais de Steve Bannon, desde o exterior (confirmadas posteriormente, mas que não puderam anular sua eleição por não haver legislação anterior que proibisse o uso de fakenews em campanhas eleitorais), o candidato era tão ruim, que foi preciso que uma fakeada o livrasse dos debates, pois bastava ir a um para ele despencar nas pesquisas. Não por acaso, seu raciocínio primário considera toda eleição manipulável e, portanto, suspeita de fraude. É por experiência própria. Mas não por causa das urnas eletrônicas, cuja inviolabilidade está mais que comprovada.

Que ‘homem público’ é esse que não tem noção das responsabilidades do cargo e passa quase todo o seu mandato ‘brincando’ de todo-poderoso (a maior parte do tempo em alguma moto e sempre entre as pernas torneadas de algum gajo portentoso e diz que ‘pintou um clima’ ao ver adolescentes venezuelanas na periferia de Brasília), mandando fakenews para alimentar suas hordas insanas por meio das milícias digitais que mantém desde sua campanha, usando a máquina administrativa para fazer de tudo para si e os seus (daí o sigilo de cem anos) e, o mais grave, desmantelando todo o Estado (inclusive o Estado Democrático de Direito), em vez de governar como gente grande?

O lixo da história, decerto, se encarregará de levá-lo para as trevas, de onde jamais sairão ele e todos os seres bizarros com quem compartilhou as mais deprimentes cenas dos últimos anos, a menos que para um tribunal como de Nuremberg. Afinal, a História, nas sábias palavras de Chico Buarque e do saudoso Pablo Milanés, “é um carro alegre, cheio de um povo contente, que atropela indiferente todo aquele que a negue” (Canção para a Unidade da América Latina, 1972). Escrito e gravado há cinquenta anos, esse hino para a emancipação de nossos povos já anunciava que “o que brilha com luz própria ninguém pode apagar, seu brilho pode alcançar a escuridão de outras coisas”...

Ahmad Schabib Hany