terça-feira, 28 de novembro de 2023

Que ‘jornalismo profissional’ é esse?

Que ‘jornalismo profissional’ é esse?

Golpista desde sua gênese, o maior oligopólio midiático não teve escrúpulos para ‘entrevistar’ um mercenário sionista. Isso é sintomático, sinal de decadência, como a Abril dos Civita, que fugiram para uma ilha caribenha a fim de não pagar os direitos trabalhistas dos milhares de empregados que ficaram a ver navios.

O saudoso Leonel Brizola, de quem não tive a honra de ser correligionário, estava corretíssimo quando recomendou que, na dúvida, o brasileiro escolhesse estar do lado oposto ao que estiver a famiglia proprietária do maior oligopólio midiático em território nacional.

Aquela rede de televisão inominável, cuja famiglia sempre teve duas (ou talvez quatro) patas atoladas nos golpes (disfarçados ou acintosos), na lama do crime político brasileiro e internacional, não perdeu a oportunidade de faturar um "jabá" de seus parceiros de atividades de lesa-humanidade, para os quais rasteja pior que lesma.

Em plena campanha publicitária para reparar uma reputação inexistente, de que ela seria paladina do “jornalismo profissional” -- como assim?!, não foi ela a que encabeçou o golpe de 2016, ao lado do nefasto Eduardo Cunha, Aéreo Never e da quadrilha da ‘Leva Jeito’? --, eis que aquela reporterzinha de meia pataca envolvida em diversos episódios que desabonam Jornalistas com letra maiúscula (com nome e sobrenome a preservar) para ‘entrevistar’ (sic) ninguém menos que um suposto ‘espião’ sionista que seria filho do fundador do Hamas, aliás, um cadeirante assassinado pelo Mossad há mais de uma década.

Não que seja observador infalível, mas desde o tempo em que meu saudoso Pai era ávido leitor de Newton Carlos, Fausto Wolf, Oswaldo Peralva, Claudio Abramo e Paulo Francis (em sua fase pré-decadente, antes de se envolver com o time nova-iorquino da emissora que já foi ‘campeã de audiência’ segundo ela mesma), venho acompanhando dia após dia os desdobramentos da geopolítica na Ásia Ocidental, África Magrebina e Península Arábica. Pelo que pude ver, não passa de reles mercenário da propaganda sionista trazido ao Brasil por uma ‘fundação’ com vínculos estreitos com a CIA e o Mossad, tanto que se apresentou no ‘A Hebraica’ antes do grosseiro simulacro apelidado de ‘entrevista’ (sic).

Em franca decadência, o grupo midiático com sede no Rio segue a passos largos o inevitável processo de autodestruição precedido pela Abril da famiglia Civita, aquela que, para vergonha do patriarca Victor (um homem bom, embora obcecado pelo lucro, talvez por isso preteriu Richard por achá-lo nada ambicioso, dando plenos poderes ao pretensioso Roberto, que deu início à falência do até então maior grupo de comunicação da América Latina), fugiu para uma ilha do Caribe e deixou sem indenização profissionais competentes e leais, que aos poucos vão morrendo sem sinal de luz, ou melhor, direitos trabalhistas no fim do túnel. Eis a ética dos sionistas...

Nunca é demais reiterar que com Roberto Civita começou o desmonte moral da Abril, quando afiançou a transformação em inominável panfleto da revista ‘Veja’, criada pelo Jornalista Mino Carta em 1968 (e que a dirigiu até 1975, quando o filho ambicioso o atirou aos leões da ditadura para ganhar umas benesses do regime militar, como empréstimo bilionário da Caixa a juros subsidiados, cujos ativos expandiram a Abril a negócios de turismo e educação, como a rede de hotéis ‘Quatro Rodas Nordeste’ e a ‘Abril Educação’, e adquiriu as editoras Ática e Scipione, além do curso preparatório ‘Anglo’), sob a direção do mesmo mercenário que começou a destruir a frágil credibilidade daquele jornalão cuja sede também está não muito distante do imponente prédio da fase triunfal da velha Abril de revistas emblemáticas, como ‘Realidade’, ‘Placar’, ‘Quatro Rodas’, ‘Recreio’, ‘Casa Claudia’, ‘Pancada’, ‘Exame’, ‘Claudia’, ‘Capricho’, ‘Manequim’, ‘Intervalo’, ‘Pop’, ‘Nova’, ‘Homem’, ‘O Pato Donald’, ‘Mônica’, ‘Menino Maluquinho’, ‘Condorito’, ‘Saca-rolha’ e ‘Faísca e Fumaça’. Mais de 250 revistas semanais ou quinzenais ou até mensais, além do ‘Almanaque Abril’, fascículos periódicos como ‘Vestibular’, ‘História da Música Popular Brasileira’, ‘Clássicos Infantis’, ‘Os Filósofos’, ‘Os Economistas’, ‘Clássicos da Literatura Universal’, ‘Bíblia Ilustrada’ e ‘Grandes Mestres da Pintura’, o inesquecível ‘Círculo do Livro’ e ‘Grandes Mestres da Música Clássica’.

Sionistas de carteirinha (o patriarca, metido a ‘quatrocentão’ paulista, cujo bolor fede as páginas cinzentas do jornalão, chegava ao orgasmo quando alguém lhe dizia que seus ancestrais eram ‘cristãos novos’ na terrinha, isto é, Portugal), não aprenderam a lição: no regime de 1964, que ajudaram a consumar desavergonhadamente, foram submetidos a um obscurantismo ensandecido, tendo sido obrigados a “tapar buracos” feitos pela censura prévia instituída desde 1968 com receitas e trechos de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões. Mesmo sabendo disso, seus herdeiros, de índole golpista, entraram de cabeça no golpe de 2016, e se estreparam de novo, desta vez tomando déficit atrás de déficit nas contas de publicidade do desgoverno do inominável. Quando Lula retornou ao Planalto, o Ministro Paulo, não sei por quê, reparou a ‘injustiça’ cometida e recolocou o jornalão ao patamar em que estava no tempo da Presidenta Dilma. Para ‘retribuir’, a famiglia Igreja, digo, Sinagoga mantém sórdida campanha de fakenews difamando integrantes do atual governo, como no episódio cínico em que tentaram acabar com a honra do Ministro Flávio Dino, da Justiça, como que já soubessem que ele seria o indicado para a vaga do Supremo Tribunal Federal.

Podemos desgostar dos rumos trilhados pelo da Alameda Barão de Limeira, nos Campo Elíseos, depois da eternização de Claudio Abramo e da demissão de Perseu Abramo da editoria de Educação e de Tarso de Castro da Ilustrada, mas nunca nos iludiram, pois seu envolvimento com grupos de extermínio nos anos de chumbo banhou de sangue inocente suas páginas pretensamente iluminadas, só que não: ainda que tivesse contratado e dado total liberdade a dissidentes da turma do Pasquim para produzir a paródia paulista do semanário satírico de Ipanema, a "catinga" de corpos mortos sob tortura está impregnada em suas páginas sem linha editorial definida até hoje, ora golpista, ora oportunamente "democrática", ao sabor dos inconfessáveis interesses da famiglia, também já dividida entre o casal de herdeiros do patriarca centenário.

Nem o clã carioca escapa dos desígnios da volatilidade do mercado, da imponderabilidade, da finitude da existência na face da Terra: o patriarca -- por sinal, metido a espertalhão e muito vaidoso, a ponto de passar pó de arroz para disfarçar sua afro-ascendência --, também longevo, não só soube negociar com os golpistas de 1964 grandes trunfos (que culminaram com a concessão de televisão que turbinou os até então modestos negócios midiáticos), como cacifou seu império ao tratorar o espólio de Chatô (além da rede de tevê pioneira, revistas como ‘O Cruzeiro’, ‘O Cruzeiro Internacional’, ‘Gasparzinho’, ‘Bolinha’, ‘Luluzinha’ e ‘Brasinha’ (além de quase uma centena de jornais e emissoras de rádio integrantes dos Diários e Emissoras Associados). Ao mesmo tempo, tirou do páreo das concessões de tevê a famiglia Civita (que gentilmente lhe transferira uma parceria bilionária com o Grupo Time-Life em 1965), açambarcando dos concessionários paulistanos de uma parceira, também nos anos 1960, e, pasmem, detonando a concessão de toda a Rede Tupi para que fosse dada ao ex-camelô metido a esperto (mesmo sendo cometida uma ilegalidade: o senor já era sócio em outra concessão, o que é vedado por lei, mas sua vontade foi feita: ‘aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei’).

Se isso fosse pouco, aquele patriarca do clã carioca se deu ao desplante de negociar seu passe com os líderes da Nova República, traiu seus velhos parceiros baianos para agradar o então ministro das Comunicações ACM e cacifou uma jogada de mestre ao tirar da concorrência a Rede Manchete com a mesma manobra de 18 anos antes, deixando na rua não só os jornalistas e atores da séria concorrente, como todas as redações (e arquivo de fotos e filmes) de revistas da Bloch Editores, como ‘Manchete’, ‘Fatos & Fotos’, ‘Manchete Esportiva’, ‘Pais & Filhos’, ‘Ele Ela’, ‘Amiga’, ‘Sétimo Céu’, ‘Os Trapalhões’, ‘Pelé’, ‘Incrível Hulk’. O pior é que ganhou de lambuja uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, seu brinquedo derradeiro, mesmo não tendo uma bibliografia que justificasse tamanha ousadia.

Ousadia, aliás, é o que caracteriza a ação predadora das quatro famiglias donas (ou ex-dona, no caso da Civita) dos oligopólios midiáticos que tomaram de assalto o Estado de Direito desde os nada memoráveis anos de chumbo, em que não se constrangeram para promover ‘meias verdades’ (hoje fakenews) e disseminar mentiras para desinformar toda a população, pois na época não havia imprensa alternativa nem internet. Cúmplices dos generecos pseudopatriotas, todas essas famiglias se enriqueceram, viraram milhardários enquanto a população passava por um processo de empobrecimento pela perda de poder aquisitivo com a retirada de direitos e proibição do direito à atuação sindical.

No período 1964-1985, o do pó-de-arroz se tornou bilionário, com investimentos em bancos e tendo diversificado sua atuação empresarial; a famiglia Civita já relatamos; os ex-sócios do então Grupo Folhas abriram a sociedade (o Caldeira, até simpático embora reacionário, contentou-se ficar com duas grandes gráficas do grupo, a CLY -- Companhia Litographica Ypiranga -- e a Impress, o que fez com que o Frias criasse a Plural, mais moderna e ágil), e ao descontinuar a edição de publicações como ‘Folha da Tarde’ (depois ‘Agora’), NP (‘Notícias Populares’), ‘Última Hora’ (de Samuel Wainer), ‘A Gazeta Esportiva’ (Fundação Cásper Líbero) e ‘A Cidade’ (um diário de Santos), focou numa grande reforma gráfica da ‘Folha’ e se associou (e depois abriu) aos Civita para enveredar na tecnologia digital (BOL-UOL, lembram-se?) e aos do pó-de-arroz para criar (e depois perder) o diário sucessor do diário econômico ‘Gazeta Mercantil’. Como lagarto, seu sorriso é só para aparentar que mantêm uma relação civilizada, mas não hesitam em comer o fígado do concorrente.

Ahmad Schabib Hany

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