quinta-feira, 26 de outubro de 2023

"PALESTINA, PALESTINO, RESISTIR É O TEU DESTINO!"

‘Palestina, palestino, resistir é o teu destino’

A nabka -- tragédia, em árabe, que representa a diáspora imposta aos palestinos pelos colonizadores europeu no pós-holocausto dos nazifascistas -- mutilou milhões de pessoas em suas verdadeiras potencialidades, seja pela agressão assassina ou pela privação de sua condição de refugiado e ter que sobreviver. Afinal, quantos talentos brilhantes foram ceifados por causa da maldita cobiça do ocidente hipócrita, genocida e opressor?

Recorrentemente pegamos pessoas próximas reproduzindo, ainda que em tom de humor, a tal ‘superioridade’ europeia parida em território colonial -- na América, África, Ásia ou Oceania. Dias atrás um Amigo muito querido postou, na véspera de um clássico do futebol, quantos prêmios nóbeis seu país teria granjeado, ao passo que o Brasil ainda nenhum (na verdade, UM, se contarmos o caráter multinacional dos contemplados quando da entrega aos ‘boinas azuis’ da ONU em 1988).

Por trás, o velho preconceito colonialista, de que a miscigenação com os povos originários e os afrodescendentes, imaginem, foram os responsáveis por essa limitação (sic). A cínica e pretenciosa ‘superioridade’ europeia é a forma com a qual, desde os mais remotos tempos da nefasta colonização dos povos (e territórios) dos chamados ‘novo’ e ‘novíssimo’ mundos, as elites serviçais de seus amos e senhores coloniais esnobam seus povos sem atinar que as características aqui existentes são atributos, isto é, qualidades indissociáveis das amplas camadas das populações exploradas e oprimidas, não dos descendentes de pretensos ‘fidalgos’ (para não dizer outra coisa, isto sim, pois não passavam de súditos de quinta categoria em suas metrópoles, presidiários de seus reinos).

Confesso estar tomado de indignação tamanha a arrogância das malditas potências mundiais ante as atrocidades cometidas com requintes de crueldade em territórios árabes, sobretudo em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, o pouco que resta da Palestina milenar. Mas não só: esses sórdidos ‘democratas’ (assassinos cínicos) impuseram o caos e a barbárie em nome de seus valores ‘democráticos’ peçonhentos no Sudão, Iêmen, Síria, Líbia, Iraque, Kuwait, Líbano, Argélia, Egito, Palestina etc, no caso em ordem cronológica regressiva -- desde a criminosa intervenção ‘libertadora’ ocidental no Sudão, Iêmen, Síria, Líbia, Iraque e Kuwait, até a tragédia decenal sofrida, respectivamente, no Líbano (entre 1974 e 1996), Argélia (1955-1963), o Egito (1947-1956) e a própria Palestina (1927-2023), entre outras nações árabes em seus frustrados.

A eternização precoce e inaceitável do Amigo-Irmão Jadallah Suleiman Safa, um notável ser humano, totalmente focado na emancipação do altivo e milenar Povo Palestino, me fez refletir sobre a injustiça cometida contra um povo indefeso e inofensivo. Antes da chegada de miseráveis europeus travestidos de vítimas (dos próprios europeus), entre fins do século XIX e início do século XX (dentro do plano de saquear o território, a história, a cultura e a vida daquele que, em diversas épocas da História acolheram seus confrades -- jamais conterrâneos, pois o fato de professar uma religião não lhe dá potestade, em hipótese alguma, a obter nacionalidade ou cidadania por imposição dos colonizadores), a Terra Santa, sempre cobiçada, era terra de promissão e de abundância.

Basta vermos relatos de expedições europeias, além de T. E. Lawrence (o facínora que, a serviço da Inglaterra, seduziu com suas mentiras líderes árabes com a falsa promessa de liberdade depois de derrotar o império turco otomano). Em Corumbá, cheguei de ler pelo menos dois livros da década de 1940, um em francês e outro em inglês -- um deles de uma senhora idosa síria de nome Ana Saad, Amiga de meu saudoso Pai (moradora numa casa próxima da esquina das ruas Treze de Junho e Antônio João, eternizada em 1972, cujo acervo bibliográfico era deslumbrante, pois o Esposo dela, havia muito tempo falecido, era um intelectual sírio que colaborava com o antigo semanário paulista ‘Al-Urubat’, que significa ‘O Arabismo’, fundado na década de 1930), e outro do querido e saudoso Amigo Soubhi Issa Ahmad, que o adquirira em sua primeira viagem ao Egito, logo depois do Terceiro Assalto (nome como os árabes chamam à famigerada Guerra dos Seis Dias, de junho de 1967), e que o dedicou a um de seus Filhos, creio que nos Estados Unidos.

É, para dizer o mínimo, criminoso ver crianças, adolescentes e jovens saudáveis e cheios de vida, talento, sonhos e determinação (aliás, muita determinação) impedidos de poder estudar o que quiserem, se formarem naquilo que sua vocação lhes oportunizar. Por quê? Porque a nefasta cobiça do colonialismo / imperialismo ocidental, em franca decadência, não querem que povos de cultura milenar comprovadamente intelectualizada, desafiadora e de bases sólidas, os eclipse em sua obtusa mediocridade. Eles não escondem o tráfico de crianças e adolescentes árabes levados para a Europa, ‘ocidentalizados’, como foi o caso de Steve Jobs, cuja origem era síria.

Só em Corumbá e Campo Grande, nas duas colônias palestinas, pude testemunhar meninas e meninos geniais, muito discretos (por pura timidez), assunto que já tinha conversado com o querido e agora saudoso Amigo-Irmão Jadallah Safa. No tempo da OLP (antes de 1989) havia um setor incumbido de proporcionar condições materiais às novas gerações, como política de preservação de seus talentos, até para evitar a ‘fuga de cérebros’, mas a controversa implantação da Autoridade Nacional Palestina tirou o foco desse importante eixo estratégico.

É hora, pois, que todos os cidadãos solidários à Causa Palestina se irmanem -- sobretudo os descendentes das 23 nações árabes, por uma questão de consciência e dever ético (eu, na verdade, não interrompi meus modestos projetos nesse sentido, na perspectiva dos ensinamentos de Herbert de Souza, Paulo Freire e Amílcar Cabral, graças à generosa Professora Doutora Cláudia Araújo de Lima, do CPAN/UFMS) -- para implementarmos o que com Jadallah Safa já vínhamos fazendo, e que precisa ser disseminado em todo o Mundo, porque o sionismo que não apenas se apossar do território da Palestina milenar, mas de sua História, de suas Culturas, de seu protagonismo cidadão ao longo da trajetória da humanidade.

Em sua homenagem, embora ainda não tenha conversado com os demais participantes de nossa modesta iniciativa (por conta das perdas deste fim de semana cancelamos nossas reuniões virtuais), e com a devida autorização da Família desse bravo ativista, daremos o seu nome, para que seu incansável empenho permaneça conosco e os contemporâneos que nunca o conheceram saibam que por trás de um ‘brimo’ que atende o balcão comercial há um cidadão, um ser humano iluminado, preocupado com a humanidade. Como disse meu saudoso Pai num artigo publicado no semanário ‘Tribuna Livre’, fundado pelo querido Professor Valmir Batista Corrêa, em 1987, parodiando Eduardo Galeano em ‘Veias abertas da América Latina’: “A Palestina para os sionistas? Não, a Palestina para a humanidade!”

Finalmente, enquanto houver um cidadão libertário no mundo; enquanto houver um árabe na face da Terra, imperialistas-colonialistas, tremei: haverá revolução! Em outras palavras (isso eu ouvi do Jadallah, a me contar de um ato de que participara em Santiago do Chile), “PALESTINA, PALESTINO, RESISTIR É O TEU DESTINO!”

Ahmad Schabib Hany

2 comentários:

Waded Schabib Hany disse...

Tristeza. Hoje estou destruída por dentro. #palestinalivre

Waded Schabib Hany disse...

Obrigado Ahmad pelas informações históricas.