sexta-feira, 5 de março de 2021

EMPÁFIA, APATIA E ESCÁRNIO

EMPÁFIA, APATIA E ESCÁRNIO

Há uma família que pode servir de exemplo de tudo, menos de empatia e humildade, duas características necessárias para quem foi guindado ao cargo mais importante da República sem ter dado provas de preparo, condições psicológicas e, sobretudo, sensatez.

Escárnio. Não há palavra mais eloquente para descrever a conduta da dinastia que quer se instalar a qualquer preço no coração do poder no Planalto Central.

Em plena pandemia, no dia em que se atinge o triste ápice diário do número de pessoas que não puderam resistir à pandemia que vem assolando os lares brasileiros, os membros de uma pretensa dinastia seleta, “ungida por Deus”, apresenta sua face mais cruel. Não bastasse a empáfia e a apatia com que encara o drama de amplas camadas sociais em decorrência da falta de um programa de governo voltado para os reais interesses do povo brasileiro, efetua a aquisição de uma mansão milionária, digna de magnatas do setor financeiro.

O valor da transação, nesse caso particular, não é uma questão privativa. Até porque a pessoa que adquiriu o imóvel tem proventos oriundos do erário. É o que determina a lei. E, se bem nos lembrarmos das consignas dos “cançados” (com “c” cedilhado, tamanho seu “apreço” pela leitura), “ninguém está acima da lei”...

Voltamos, pois, aos sombrios tempos do “aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei” - em que os usurpadores do poder se sentem proprietários não só dos bens públicos como da vida e da morte da população.

Memória curta, a dessas vaquinhas de presépio. Como que por encanto, desapareceram a ética e a moral que embasavam todo o discurso que legitimou o golpe perpetrado, não contra Dilma, Lula ou o PT, mas contra o Estado Democrático de Direito, que custou a tantas gerações conquistá-lo.

Não faltarão argumentos e justificativas para convencer as hordas de insanos que a seguem como rebanho a caminho do abatedouro. Sim, abatedouro, pois as medidas tacanhas para enfrentar a pandemia nos oferecem um cenário tétrico para as próximas semanas. Como se isso fosse pouco, a flexibilização das regras para aquisição de armas e munições (inclusive de grosso calibre) é, por si só, reveladora, de “morte aos inimigos”: ou quer nos fazer acreditar que com esse armamento será possível combater o novo coronavírus?

Foi eloquente a fala do nefasto em Uberlândia, que só é macho quando está cercado por iguais, como todo fascistazinho que amarela quando se vê diante da realidade. Além de mais um flagrante ato de quebra de decoro (afinal, o cargo têm bônus, mas também tem ônus, coisa que parece desconhecer), esse indivíduo ofendeu progenitoras que nada têm com sua paranoia. Pobre diabo...

Melhor, pobre país, pobre sociedade... Se, em sã consciência, esse ex-parlamentar do baixo clero, indolente e mal educado, não tomou consciência da gravidade do momento e insiste em levar para o abismo toda uma nação com mais de 200 milhões de cidadãos, o que fazem as instituições que assistem impávidas a uma caricatura (deploravelmente feia, como a própria alma) de Nero a incendiar um país-continente, cujos biomas, reservas naturais, patrimônio cultural, história e, sobretudo, generosa população estão diante de um risco iminente?

Tal qual o imperador incendiário, o mito, ou melhor, a dinastia começa a construir seu bunker na ânsia de sobreviver a uma hecatombe virulenta, com empáfia, apatia e escárnio, muito escárnio...

Ahmad Schabib Hany

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