segunda-feira, 6 de junho de 2016

23 E 24 DE JANEIRO DE 1966 - ESTADÃO E FOLHA: DENÚNCIA DE CAPITAL ESTRANGEIRO NA TV GLOBO (TIME-LIFE)


Exatos 50 anos depois, resgatamos dos acervos do Estadão http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19660123-27842-nac-0001-999-1-not/tela/fullscreen) e da Folha (http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1966/01/23/2/ e http://acervo.folha.uol.com.br/fsp/1966/01/24/2//4444143) as edições em que os principais jornais de São Paulo subscreviam um manifesto à nação denunciando o ingresso de capital estrangeiro (do poderosíssimo grupo TIME-LIFE) na TV Globo de Roberto Marinho, havia apenas um ano de ter sido fundada, com o beneplácito do regime de 1964.


Era o fim de semana que precedia o feriadão do 412o. aniversário de fundação de São Paulo, no segundo ano de vigência do regime, ainda em clima ufanista. O Estadão, mais meticuloso, dera a denúncia em sua edição de domingo, com destaque na primeira página e direito a comentário na página de editoriais ("Notas e Informações"), página 3, e na página de análises econômicas (página 37), conforme ilustração acima. A Folha, bem ao seu estilo demotucano quatrocentão em-cima-do-muro, veiculara a nota em primeira página -- como os demais --, com um editorial intitulado "Estrangeiros na imprensa" (página 4), tendo repetido a divulgação do manifesto de primeira página em sua edição de segunda-feira, bastante procurada na época, pois a maioria dos matutinos não circulava no primeiro dia útil da semana, ainda mais em véspera de um feriadão como o do aniversário de 412 anos de fundação de São Paulo, como pode ser visto nas ilustrações acima.


Sobre esse episódio, o Jornalista Paulo Henrique Amorim, em seu mais recente livro, "O quarto poder -- uma outra história", é bastante revelador, de acordo com a ilustração da página deigitalizada em que trata do tema, revelando que Victor Civita, fundador da Abril, temendo sofrer represálias das autoridades brasileiras, declinara da proposta de sociedade milionária, recomendando os seus interlocutores a procurar por Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Em 1980, Marinho, que não era amigo de ninguém, nem tomou conhecimento quando se tratou de "driblar" a Abril e "recomendar" Sílvio Santos, que já era sócio majoritário na Record, para ficar com a concessão dos canais renanecentes da extinta TV Tupi, hoje SBT, aos seus amigos do regime de 1964 (https://books.google.com.br/books?id=540BCwAAQBAJ&pg=PT106&lpg=PT106&dq=%22Cesare+Civita%22&source=bl&ots=qy_9C2FZ2o&sig=dHGgg2nId1Mso6_pYE4OJIeb6ZM&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjhsZi3y_zKAhXDH5AKHfSvD6o4ChDoAQg0MAQ#v=onepage&q=%22Cesare%20Civita%22&f=false).

É desnecessário dizer que, a despeito da chiadeira dos donos dos principais jornais brasileiros de então, os seus "amigos" do regime de 1964, durante os 21 anos em que reinaram no País, absolutamente nada fizeram para impedir esse, digamos, "investimento". Desse período nefasto da História, temos, isso sim, um sintomático aforismo, que sentencia algo, mais ou menos assim: "Aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da lei..." É preciso dizer algo mais?...

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