sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Sem apoio de prefeitos e de candidato a governador do segundo turno, Haddad é bem votado em Corumbá e Ladário

Sem apoio de prefeitos e de candidato a governador do segundo turno, Haddad é bem votado no Coração do Pantanal e da América do Sul (Corumbá e Ladário, MS)

O Jornalista Luiz Taques, um brilhante corumbaense que trabalha no Paraná há décadas, participou esta semana, por telefone, do programa do incansável radialista e Amigo Joel de Souza, na FM Pantanal, e revelou alguns dados das eleições de 2018 que nos enchem de orgulho.

A população de Corumbá e Ladário, sem apoio dos prefeitos municipais e de qualquer candidato a governador no segundo turno, deu seu voto espontâneo, de reconhecimento aos programas sociais implantados por Lula e Dilma, ao Professor Fernando Haddad (do PT), cujo percentual foi, respectivamente, de 42,47% em Corumbá e de 42,39% em Ladário – bem próximos, aliás, do percentual nacional. O Coração do Pantanal deu provas de que não se curva à pressão psicótica exercida por mensagens apócrifas de ódio, medo e intolerância, e com toda a altivez peculiar exerceu seu direito pelo voto sem covardia nem subserviência.

Corumbá tem 69.208 eleitores.
Somente 50.332 compareceram às urnas no segundo turno (72,73%).
O candidato do PSL teve 27.107 (57,53%)
Fernando Haddad/PT: 20.013 (42,47%)
Votos em Brancos: 856 (1,70%)
Nulos: 2.356 (4,68%)
Deixaram de votar: 18.876
*
Ladário tem 13.347 eleitores.
Somente 9.431 compareceram às urnas (70,66%)
O candidato do PSL teve 5.073 (57,61%)
Fernando Haddad/PT: 3.732 (42,39%)
Brancos: 141
Nulos: 485

É necessário reiterar que nenhum dos dois candidatos a governador do segundo turno apoiou Haddad em Mato Grosso do Sul, como também dos dois prefeitos municipais. Aliás, nas inserções televisivas ficou a bizarra disputa dos dois candidatos a governador do estado pelo candidato do PSL, agora presidente eleito, expondo a decadência das lideranças políticas deste estado criado em plena ditadura para dar mais três senadores para a antiga Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação do regime por quinze anos, depois mudado para PDS (Partido Democrático Social).

Entre 1982 e 2006, apesar do conservadorismo das elites econômicas e políticas, havia um mínimo de racionalidade democrática, em que a aceitação da diversidade, da diferença e do antagonismo fazia de Mato Grosso do Sul um estado de vanguarda. Depois que André Puccinelli foi empossado governador do estado e se tomou para si a liderança do partido que lutou contra a ditadura durante o regime de 1964, setores democráticos liberais e de perfil social-democrático foram ofuscados ou simplesmente anulados. Não por acaso, um dos mais influentes ministros do presidente golpista Michel Temer é do que restou do núcleo duro de Puccinelli, hoje preso com seu filho em Campo Grande.

No entanto, o ranço reacionário que capitaneou a política do sul de Mato Grosso desde os tempos da República Velha -- e que entre 1982 e 2006 esteve ligeiramente menos intenso --, em certos momentos do primeiro governo eleito pelo voto direto, do grande democrata Wilson Barbosa Martins (ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal e ex-prefeito), se manifestou, como na morte nunca elucidada do líder Guarani Marçal Tupã-i de Souza, em 1983, e do primeiro governo popular, do líder de esquerda José Orcírio Miranda dos Santos (primeiro também a ser reeleito), como na morte da prefeita Dorcelina Follador, de Mundo Novo, em 1999.

Obviamente, no tocante à votação em Corumbá e Ladário do Professor Haddad, há de se reconhecer e destacar o incansável trabalho anônimo de membros de coletivos e movimentos sociais (sobretudo de mulheres, da juventude, universitários, professores e demais trabalhadores da educação, ativistas de Direitos Humanos, LGBT, religiosos, anarquistas) e dos militantes e simpatizantes do PT, PSOL, PCdoB, PCB, PSTU, PROS, PCO, PSB e PDT, além da leal e árdua presença do candidato a governador Humberto Amaducci, do PT, e do candidato a senador Anísio Guató, do PSOL, em diversas oportunidades no Coração do Pantanal, e dos ex-candidatos a deputados federais Rosinha e Machado, e ex-candidatos a deputados estaduais Corumbá e Jairto, fazendo o corpo a corpo com alguns dirigentes municipais, estaduais e nacionais desses partidos.

Por outro lado, devemos registrar, com sincera perplexidade, a bizarra e injustificável conduta (sic) “pessoal” do ex-governador e ex-candidato a senador Zeca do PT, de apoiar o atual governador -- e seu apoio foi determinante para a sua reeleição --, em vez de peregrinar pelo estado para pedir o voto para o Professor Haddad. Não esqueçamos que em 1998, no emblemático comício da virada de Zeca, foi o presidente Lula e outros dirigentes nacionais que impulsionaram sua candidatura, então vitoriosa, tendo sido o primeiro governador eleito e reeleito (1998 e 2002).

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