terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

INCOMPETENTES ATÉ NA ARAPONGAGEM

Incompetentes até na arapongagem

Parece mentira, mas entre os maiores salários do País, inclusive altas patentes e familiares do inominável, houve gente brincando de araponga em horário de trabalho e, pior, sem qualquer competência, tamanha a desfaçatez de que são portadores.

É absurdo em cima de absurdo. Coisa de doido: o que passa pela cabeça de pseudoagentes públicos que vivem em delírio? Porque gastar tempo e dinheiro para arapongagem ridícula é delírio puro. Mas o pior é que eles passaram quatro anos fazendo literalmente ‘massa’ em vez de trabalhar pelos interesses do Brasil e do povo brasileiro...

Bem que os seguidores do inominável tentaram ‘embaçar’ os resultados das investigações sérias e imprescindíveis sobre a ‘ABIN paralela’ -- mais um delírio dos pseudopatriotas que passaram quatro anos a procrastinar, prevaricar, fornicar, deslumbrar, masturbar, delirar, locupletar, saquear, conspirar, atentar, ameaçar, difamar, amedrontar, assediar e ‘otras cositas más’. Tudo, enfim. Mas governar, trabalhar dentro das atribuições constitucionais, não, isso não.

Só quem tem uma cabeça totalmente fora da normalidade é que pode passar quatro anos sem fazer absolutamente nada do que é preciso. Em vez de atender às demandas de um povo generoso e trabalhador, o inominável e delirantes deslumbrados dedicaram o tempo todo para engambelar seus apoiadores e sem um mínimo de empatia brincar de mocinho e bandido, feito sem noção, sem juízo.

A primeira reação, quando lemos ou assistimos às reportagens sobre os absurdos cometidos pelos delirantes que em quatro anos defecaram literalmente sobre nossas instituições, tal qual o energúmeno que se deixou filmar fazendo o ‘dois’ na sede do STF no dia 8 de janeiro de 2O23. Embora vivam a negar que eles foram os que treinaram esses delirantes fazendo m* em todos os sentidos, aquelas atitudes grosseiras e imbecis são o reflexo, como espelho preciso, projetando o proceder dos ‘hômi’.

O mais grave é que gastaram milhões de reais nessa tolice: desperdiçando polpudos soldos, comprando equipamentos ilegais, que ainda não sabemos senão houve superfaturamento e, pior, processos licitatórios fraudulentos. É que eles se acham acima da lei. ‘Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei.’ Parece ter sido condicionados a esse comportamento.

Durante os anos de chumbo, no período em que frequentei a extinta FUCMT (hoje UCDB), entre 1979 e 1984, eu conheci alguns arapongas do setor reservado das forças de segurança -- não me esqueço do Vidal, na época sargento, todo atrapalhado (ou fingia ser). Diversas vezes me pediu para integrar nosso grupo de alunos em trabalhos de equipe, alegando não ter tempo nem condições de garantir uma nota para evitar que ficasse de dependência. Como nenhum integrante do grupo tivesse motivo para ‘esconder’ algo que desse motivo para a ditadura passar a monitorar a gente, acabávamos aceitando o Vidal.

Perto da formatura de nossa turma, veio a transferência dele. A convivência o tornou de alguma forma empático e, antes de ir embora de Campo Grande, se revelou para mim, ao tempo em que pediu desculpas por ter faltado com nossa amizade, pois ele, cumprindo os deveres estabelecidos pelos chefes, andou colhendo dados e os enviando para a chefia. Na época (ele se despediu da gente em maio de 1984, depois das mobilizações por eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos de capitais d de cidades em área de ‘segurança nacional’ -- no caso, fronteiras internacionais e interestaduais e estâncias hidrominerais, como Caxambu (MG), Lindoya (SP) e Campos do Jordão (RJ).

Décadas depois, pouco antes de se eternizar, o Professor Fausto Matto Grosso me enviou mensagem por e-mail dizendo que ele tinha algo que poderia me interessar, mas antes gostaria de saber se eu aceitava aquilo. Surpreso com o fato, não hesitei e aceitei, muito agradecido, mesmo não sabendo de que se tratava. Afinal, além da Amizade solidificada ao longo de quatro décadas, fomos Companheiros de jornadas cidadãs nas décadas de 1970, 1980 e 1990 (só me distanciei na primeira década do século XXI por não concordar com as posições assumidas pelo então presidente do PPS, Roberto Freire, a partir de 2010), e tínhamos participado de diversas atividades, sobretudo na luta contra a ditadura, antes e durante a Assembleia Constituinte, inclusive do CEPES (Centro de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais). Lá aprendi muitíssimo com ele, com o Doutor Carmelino Rezende e com os saudosos Doutores Ricardo Brandão e Onofre Lima Filho e Camaradas Manoel da Costa Lima e José Rodrigues dos Santos e, enfim, outros Companheiros e Companheiras inesquecíveis. Em 1992, quando candidato a reitor da UFMS, me deu a honra de participar da elaboração de seu programa de trabalho. Além disso, ele me confiara a tradução ao espanhol de seu projeto estratégico MS-2020, a revisão do texto de sua dissertação de Mestrado e o texto sobre alguns episódios e também Camaradas durante a elaboração de seu livro “Histórias que ninguém iria contar”, lançado um mês antes de sua lamentada e precoce eternização, em junho de 2022.

Fausto costumava surpreender, a despeito de sua inabalável postura racional e metódica. Quando fui abrir a mensagem enviada por correio eletrônico, eis que me deparo com um relatório do SNI sobre ‘minhas’ atividades. Uma lembrança que guardo para a posteridade, sobretudo por ter chegado a mim pelas mãos do saudoso Amigo Fausto. Ao lhe agradecer pela surpresa, lhe escrevi de que se tratava de meu primeiro diploma, anterior ao da graduação, pois datava de outubro de 1982, tempo em que Vidal entrou no quarto semestre de História da FUCMT e não demorou para pedir ajuda, como meio de se juntar a nós, que não tínhamos absolutamente nada a esconder, pois nossas atividades nunca tinham sido clandestinas.

Essa reveladora falta de foco e competência até na arapongagem constata que os ‘hômi’ já eram atrapalhados desde o regime de 1964. Passados os anos de chumbo, em que ao menor sinal pessoas simplesmente desapareciam com o apoio da Operação Bandeirantes, para a qual o grupo Folhas, do qual a ‘Folha de S.Paulo’ é integrante, cedia para a desova de cadáveres seus veículos de distribuição de jornais em todo o estado de São Paulo. Deve ter havido nos demais estados outras OBAN, como eram chamadas. O empresariado teve participação efetiva nessa nefasta atividade de lesa-humanidade, o que acintosamente ao longo do desgoverno do inominável tentaram rearticular, mas sem competência.

Vidal na FUCMT, José, outro atrapalhado, no CPC (depois CEUC/UFMS), e por aí afora. Eles pararam no tempo. Acostumaram-se à mesmice. Como os animais adestrados por Pavlov para constatar sua tese de que ‘a repetição do ato gera o hábito’. Pobres diabos: davam bandeira demasiada, que éramos obrigados a lhes dar toques para que não atrapalhassem a rotina acadêmica.

Ahmad Schabib Hany

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