Apertaram
a descarga
Em visível desespero, o filhote
de Eduardo Cunha vem agindo com o fígado, fazendo jus à sua origem do esgoto do
centrão. Tratado com a dignidade que o cargo lhe confere, tem repetido o
cacoete do inominável, sentindo a inexorável ação do tempo: sente-se no
cadafalso da guilhotina, ou melhor, na iminência da descarga, e não se importa
destruir o Brasil e o porvir de seu povo laborioso.
O que, afinal, diferencia este do ‘finado’ Eduardo
Cunha?
Irmãos siameses, ungidos no manto nefasto do centrão,
tanto um quanto o outro só difere no varejo: Cunha gostava de esnobar seu
‘poder paralelo’, a fustigar Dilma Rousseff e sua base de apoio parlamentar. Já
este, bem ao estilo de jagunço, não possui qualquer pingo de empatia ou
comiseração, tanto que diversas vezes recorreu ao baixo expediente da ameaça
descarada para advertir Lula e seu governo.
Alguém se lembra se esse mesmo expediente ele
usara para pôr o punhal no pescoço do inominável?
Jamais, porque bandido tem seu código de ética bem
estabelecido, e é sabido que entre eles o buraco é mais embaixo. Tanto que o
tal orçamento secreto, que assegurou a sobrevida do desgoverno, teve rito
sumário e todos os seus participantes juram de que nunca existiu, que o amor
pelo Brasil, patriotismo a toda prova, foi o que balizou as (nada republicanas)
relações entre si.
É patético seu modo de agir, próprio do período em
que o inominável fingia que conduzia o desgoverno de tristíssima memória,
assim, superlativamente. Deslumbrado com o poder ‘conquistado’ durante o
mandato do arremedo de hitlerzinho de ‘casinha’ de escolinha paroquial (ou confessional
do interiorzão), com todo o devido respeito pelas duas que me abriram os
horizontes para o conhecimento e me forjaram como cidadão em fins dos anos 1960,
este pseudolíder do próprio umbigo exorbitou, anacronicamente (fora do tempo)
da sensatez que pauta a lide política.
Dias depois de ter feito o esboço desta reflexão
em texto, eis que vejo o grande e sábio Jornalista Mauro Lopes, da Revista
Fórum / Opera Mundi, analisar inteligentemente o erro fatal do jagunço que, com
o também poderoso ex-sinistro da casa à época do inominável, deram sobrevida ao
agonizante e loooonguíssimo mandato que o pateta tresloucado queria perenizar
como ditadura, uma versão 2.0 da (mal)ditadura abominável de 1964.
Lopes, brilhante analista político sediado em
Brasília desde o tempo em que o jornalão da alameda Barão de Limeira 425 era
dirigido pelo saudoso e corajoso Jornalista Claudio Abramo, revelou que, mais
que advertência, o discurso virulento do arremedo de Eduardo Cunha foi
demonstração de perda de poder e seu destempero, em vez de ‘causar’, serviu
para acelerar o processo de esvaziamento da ‘força’ com que se dava o direito que
colocar a faca no pescoço do Presidente Lula ao longo deste início de terceiro
mandato.
Engana-se ele ao fazer demonstração de força por
estar mancomunado com a extrema-direita golpista, alvo da operação mais recente
da Polícia Federal, na véspera de feriado de carnaval, como a dizer que o dito
presidente-jagunço agora não passa de rei momo de uns dias de folia. Se sua
ausência foi evidente na celebração do primeiro ano da vitória na intentona
frustrada em 8 de janeiro de 2023, reiterada na abertura dos trabalhos do Poder
Judiciário, agora, desmascarados os orangotangos terraplanistas com recaída
totalitarista dos anos 1960, como Tripanosoma, Penacho e Aloe Vera, o pretenso
primeiro-sinistro com cacoetes de jagunço ficou sem a sonhada maioria para
fazer o sucessor e continuar a fazer os achaques e chantagens com que construir
sua fortuna.
É que não há ‘crime perfeito’. Todo ‘esperto
demais’ acaba subestimando sua vítima, ou melhor, superestimando seu ‘poder’.
Sobretudo sob vigência plena do Estado Democrático de Direito, como, à exceção
dele e de algumas recaídas de seu coirmão da casa decana, presidentes do Judiciário
e do Executivo chamaram para si, com a importante presença do sensato e inteligente
Presidente do Senado Federal.
Apertada a descarga, é inevitável que o excremento
contido na latrina vá para o esgoto. É o que está a ocorrer com os ‘discípulos’
de Eduardo Cunha. Como maldição, todos eles, depois de prestarem relevantes
serviços para as elites recalcadas deste país-continente, vão para o fundo do
poço, quando não para o esgoto de onde jamais deveriam ter saído. Valeu, Mauro
Lopes, pela confirmação de que o jagunço-mor vai na inércia dos golpistas com
os quais ele tanto se locupletou.
Ahmad
Schabib Hany
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