RÉQUIEM
PARA FRANZ WÜNDER ARZA
Engenheiro civil dedicado,
construtor incansável, cristão esmerado, Pai e Esposo exemplar. Mesmo com a
pressão se aproximando de zero, chegou caminhando até o Pronto-Socorro Municipal,
onde se eternizou amparado por um dos Filhos...
Amigo de infância, o engenheiro civil Franz Wünder
Arza dedicou sua Vida ao estudo das ciências exatas e, na idade madura, da Bíblia.
Estudioso como poucos, destacou-se com louvor no colégio e nas universidades
que frequentou. Fazer cálculo, na verdade, era o que mais gostava, sentia
prazer. Assim que concluiu a graduação e retornou a Corumbá, na década de 1980,
frequentou o então Centro Universitário de Corumbá (Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul) para fazer Matemática. Mas acabou interrompendo por causa
das obrigações profissionais e das responsabilidades de Pai de Família.
Desde tenra idade aprendeu a assumir
responsabilidades. Quinto entre sete Filhos, Franz era Irmão do técnico em
enfermagem aposentado Crisanto Wünder Arza e da Senhora Gloris Wünder Arza Vaca
(viúva do saudoso Senhor Adolfo Vaca Valle, chefe da estação ferroviária
boliviana em Corumbá, e Pais da querida Sarvia, Johnnie, Quitita e Nena),
Amigos de Família muito queridos. Seus Pais vieram para o Brasil ainda no tempo
da Comissão Mista Ferroviária Brasileiro-Boliviana. O Senhor Crisanto Arza, que
se eternizou há exatos 50 anos, em 1971, era Irmão da Senhora Nely Arza de
Schabib (Companheira por mais de 60 anos do Professor Hussein Khalil Schabib,
Primo de meu saudoso Pai e que se encontrava entre nós quando de sua súbita
eternização, há exatos 25 anos, em 1996). A Senhora Elizabeth Wünder de Arza,
verdadeira Matriarca e incansável cidadã que, depois da perda precoce do
Companheiro, cuidou de sua Família numerosa com esmero e firmeza, tanto que
todos os Filhos e Filhas tiveram uma formação ética e profissional digna.
Durante décadas o “Hotel Trinidad – Beni” foi
referência para os passageiros bolivianos e turistas do mundo todo, cujo prédio
foi projetado e construído pelo Senhor Crisanto e seus então jovens Filhos.
Franz dividia seu tempo entre estudar e realizar seu trabalho no
estabelecimento da Família. Nem mesmo quando fez o serviço militar interrompeu
suas obrigações familiares, e muito menos os estudos. Assim que concluiu o científico
(como na época era chamado o ensino médio), partiu para realizar o sonho de
cursar Engenharia Civil, tendo, nesse ínterim, conhecido e casado com a
Professora Norma Castro de Arza, sua Companheira de luta e de Vida. Com ela
constituiu uma Família muito querida: Richard, Jonathan, David e Heidi,
exemplos, também, de Filhos, e que lhes deram Netos igualmente queridos, entre
eles a Yohana e o Josué.
A Professora Norma, de formação evangélica, foi
determinante para que o querido e hoje saudoso Franz passasse a ler a Bíblia do
mesmo jeito que estudava a Matemática, com denodo e disciplina. Não por acaso,
todos os seus Filhos e Filha têm formação cristã e, alguns deles, cursaram o
Seminário Batista de Dourados, onde o querido Amigo Pastor Marcelo Moura foi
diretor, depois de ter sido responsável pela Primeira Igreja Batista de
Corumbá, entre 1993 e 1999, quando, ao lado do Pastor Fernando Sabra Caminada
(da Igreja Presbiteriana de Corumbá) e do saudoso Padre Pasquale Forin (então
Vigário-geral da Diocese de Corumbá), participou do Comitê de Corumbá e Ladário
da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, sob a coordenação-geral
do também saudoso Dom José Alves da Costa, à época Bispo Diocesano de Corumbá.
O Richard, aliás, consagrou-se Pastor e, com sua
Companheira, Flávia, também Pastora e Maestrina, desenvolvem trabalho missionário
em Corumbá e Ladário, além de cuidar da Professora Norma, que há alguns anos
vem precisando de um apoio maior por causa das sequelas de um AVC que limitou
seus movimentos. Quando o Filho e a Nora decidiram se estabelecer na região, Franz
e a Professora Norma ficaram num regozijo só, mas agora interrompido pela
súbita eternização dele, que superou uma crise diabética cinco anos atrás,
considerado milagre para a maioria dos familiares e amigos que acompanharam a
dura resistência do ‘homem que calculava’, como carinhosamente nos referíamos a
ele.
Nesse meio-tempo, entre os cuidados com a
Companheira e a própria saúde, dedicou-se como nunca a sua pequena empreiteira,
tendo recorrido à ajuda do Richard para a parte mais dura de toda construção,
que é pôr literalmente a mão na massa. Nosso derradeiro encontro, não por
acaso, foi numa antiga casa de materiais de construção, pouco antes da
pandemia. De fato, eram visíveis as sequelas do longo período em que esteve
sendo cuidado no hospital, como ele me dissera: considerava-se um privilegiado
por ter saído com vida e força suficiente para voltar a trabalhar.
E como um verdadeiro obreiro, em todas as acepções,
eternizou-se depois de caminhar por algumas quadras até chegar ao
Pronto-Socorro Municipal de Corumbá, atendendo aos apelos da Companheira,
preocupada com a pressão arterial próxima de zero, que não era percebida pelo aparelho.
Antes de ser atendido, foi amparado por um dos Filhos, por meio de quem se
despediu de toda a sua querida Família e de sua incansável jornada, um exemplo
para todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo e privar de sua Amizade.
Nosso fraternal, sincero e solidário abraço a toda
a querida Família Wünder Arza, em especial à Professora Norma, Filhos e Filha,
Noras e Genro, Netos e Netas, além da Irmã Gloris e do Irmão Crisanto e
respectivas Famílias. O querido e incansável Franz provou que é possível
acreditar com fé e amor, sempre com aquele sorriso que só ele sabia ter, que
como a ele, levaremos em nossas mentes e corações. Até sempre, Franz, e
obrigado por ter existido, sempre com esse seu jeito peculiar!
Ahmad Schabib Hany
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