CUBA,
DO TAMANHO DE SEU ALTIVO POVO
Embora o território cubano,
insular, seja pouco maior que o do estado de Pernambuco ou do Paraná, ou duas
vezes o do município de Corumbá, o zelo por sua soberania, isto é, a altivez de
seu Povo é de uma dimensão ímpar. Tanto que desde 1959 vem resistindo a
centenas de tentativas de intervenção da maior potência mundial e a um bloqueio
econômico genocida, que deveria ter sido condenado pela Assembleia Geral das
Nações Unidas por crime de lesa-humanidade.
Nossa solidariedade sincera, irrestrita e
incondicional ao digno e altivo Povo Cubano, cujo tamanho é da dimensão de sua dignidade.
A despeito da força descomunal com que os Estados Unidos - a
maior potência militar e econômica do planeta -
a ameaçam, Cuba resiste, sobrevive e dá inequívoca prova de galhardia e altivez
a toda a humanidade.
A ‘pax americana’ resultante da melancólica dissolução
da União Soviética e do triunfo do império na ‘guerra fria’, em 1990, é prova
viva do escárnio e cinismo com que a Casa Branca (na verdade, os ‘falcões’ do
Pentágono) impõe(m) sua hegemonia supremacista sobre toda a Terra. E do
Universo, tamanha é sua cobiça pelo poder.
O mundo bipolar dos quase 50 anos do pós-guerra de
1945, em que duas superpotências vencedoras do maior conflito bélico da
história da humanidade disputavam a hegemonia do planeta, deu lugar a uma ordem
unipolar perversa, em que democracia, justiça e liberdade não passam de vão
pretexto para oprimir e saquear povos cujas identidades e valores diferem diametralmente
da cosmovisão predadora celta, a base da ‘american way of life’ (‘modo de vida
americano’), habilmente vendido por Hollywood desde 1930.
Não é que os descendentes de piratas, corsários e
aventureiros puritanos emigrados da Europa nos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e
XX convenceram seus contemporâneos de que eles, reles súditos do Tio Sam, são
os donos da ‘democracia’, ‘justiça’ e ‘liberdade’, as três senhoras
violentadas, esculpidas a ponta de sabre e garrucha calibre 44 sem pudor ou
sensibilidade?
Os mesmos supremacistas que escravizaram os
afrodescendentes até o início da segunda metade do século XX e exterminaram centenas
de povos originários usando o Crucifixo e a Bíblia como passaporte para a
impunidade têm hoje o cinismo, a cara de pau, de dar o veredito de quem é ‘civilizado’,
‘democrata’ e ‘libertador’ -
isto é, quem são discípulos de seus paradigmas ‘civilizatórios’- para
merecer suas ‘bênçãos’ batismais, ou melhor, o salvoconduto para a desforra...
Enquanto protegem malfeitores que desgovernam e
tiranizam nações como Haiti, Egito, Colômbia, Equador, Peru, Honduras,
Guatemala, Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Omã, Emirados Árabes Unidos, Bahrein,
Líbia, Argélia, Marrocos, Iraque e Jordânia (entre outras), fazem atos de
sabotagem contra Cuba, Palestina (ou melhor, o que ainda resta de Gaza e
Cisjordânia), Síria, Líbano, Irã, China, Rússia, Coreia do Norte, Vietnã, Nicarágua,
Venezuela, Bolívia e Argentina.
Tal qual o Vietnã, a nação que empreendeu uma
acachapante derrota militar e política à superpotência ianque em plena ‘guerra
fria’, Cuba é a ‘cereja do bolo’, ou melhor, da cínica cobiça imperial (ou
imperialista). Depois de John Kennedy, todo presidente dos Estados Unidos se
sente no direito (na verdade, dever) de acrescentar uma maldade aos valorosos
habitantes da Ilha rebelde, que desde os tempos de José Martí sabem dar um
basta retumbante aos gendarmes do império.
Embora tenhamos grandes -
brilhantes, dignos, cultos e inteligentes -
Jornalistas (com letra maiúscula), a chamada grande mídia (que de grande só tem
o bolso, a ganância dos patrões) é uma vergonha: nem no tempo da ditadura de
1964 se fazia ‘cobertura’ tão desavergonhada como a da última intentona golpista
do governo Biden a Cuba, dias atrás (replicando a já desbotada ‘primavera árabe’,
digo, o ‘ocaso árabe’, em que verdadeiras quadrilhas sucederam líderes
nacionalistas que asseguravam a soberania dos países destruídos pelos agentes
do império e corporações abutres com as garras manchadas do sangue inocente das
populações vitimadas).
Nem a ‘grande imprensa’ nem a Casa Branca tem moral
para se arvorar defensora dos ‘valores democráticos’. O cineasta estadunidense
Oliver Stonne (o diretor do célebre ‘Nascido a 4 de Julho’), há poucos dias,
denunciou durante a abertura do Festival de Cinema de Cannes que a prisão do
Presidente Lula foi uma trama feita nos Estados Unidos com o claro intuito de
frear o fortalecimento das esquerdas na América Latina. Ora, um império que
reluta perder a hegemonia e que, para evitar ‘descer a ladeira’ da história,
recorre a todo ardil a ponto de negar a própria trajetória na defesa, outrora,
de valores republicanos e liberais, dispensa justificativas.
Para que não pairem dúvidas, é bom esclarecer que,
ao contrário de marcas registradas como aquele famoso refrigerante gaseificado
ou a fotocopiadora, ‘democracia’ não é produto criado pela indústria
estadunidense, que, aliás, hoje perde para a pujante China e isso deixa o ‘Tio
Sam’ com seus fétidos glúteos expostos. Ficou provado, nas eleições mais
recentes dos Estados Unidos, que nem suas eleições são diretas e o seu sistema
eleitoral é tão caduco quanto o seu conceito de ‘democracia’ (sinônimo, isso
sim, de plutocracia, isto é, poder dos ricaços, dos milionários, como quando,
um século atrás, no tempo da ‘política café com leite’, o poder dos coronéis
era o que decidia no Brasil).
O status quo estadunidense compreende que regime
democrático pra valer deve se submeter aos interesses do ‘deus’ mercado e sua ‘mão
invisível’, que o Estado tem que ser ‘mínimo’ e deixar que todos os serviços
públicos sejam regulados pela bolsa de valores (como São Paulo, governado há
mais de duas décadas pelos tucanos, fez, razão do apagão energético no governo
de FHC e da crise hídrica do mefistofélico Temer). Dá vergonha dizer, mas
Amigos com uma trajetória política democrática de outrora e hoje defensores do
golpe de 2016 não se ruborizam ao fazer apologia do ‘social liberalismo’ do
sociólogo arrependido que traiu sua própria biografia.
Por isso, com a mesma convicção e embasamento
teórico que nos forjaram na luta pela democratização, hoje condenamos as
intervenções disfarçadas de ‘primaveras’ vindas do ‘grande irmão do norte’,
quer seja no Brasil, na América Latina, África, Ásia, Europa e Oceania.
Parodiando o Governador Leonel Brizola com respeito à Globo, nem por uma mera
coincidência nossa posição pode ser idêntica à da Casa Branca. Se Biden quer
ser solidário ao Povo Cubano, que reveja as sanções econômicas contra Cuba,
sobretudo o bloqueio econômico genocida, responsável pela tragédia humanitária que
vem sufocando inocentes de todas as idades que habitam a Ilha Rebelde.
Dói-me muito saber que os ‘socialistas
arrependidos’ que vivem a justificar a traição de Mikhail Gorbatchev diante do
golpe de Boris Yeltsin, um degenerado corrupto vendido ao ocidente, e que
consolidou a ‘pax americana’ imposta a partir dos países árabes com a ‘tempestade
no deserto’ e a entrega total da Palestina aos sionistas, continuem a fazer
vistas grossas ante as incessantes agressões do império decadente, como se isso
fosse uma mera ficção.
Meu saudoso, querido e sábio Pai, a propósito,
dizia sentir dúvidas dos bons propósitos de Gorbatchev, ele que era um
estudioso da geopolítica global desde os antes da Guerra de 1939. Como viveu
até julho de 1996, pôde confirmar sua preocupação. Ao contrário dos ‘socialistas
arrependidos’, cuja grande maioria hoje não só renega a importância do
socialismo como justifica o golpe de Aecinho de 2016, o seu apoio a Temer (com
a participação em seu governo), a farsa da republiqueta da ‘leva jeito’ e a
conversa de que ‘somos 70 por cento’, quando as pesquisas escancaram que a soma
de todos os seus possíveis candidatos não chega a 15 por cento. Será que eles
aderiram ao negacionismo?
Ahmad
Schabib Hany
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