domingo, 24 de maio de 2020

Bolsonaro queria arranjar co-morbidade para o PRF Marcos Tokumori. Mas ele não tinha nenhuma ("VIOMUNDO")

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Bolsonaro queria arranjar co-morbidade para o PRF Marcos Tokumori. Mas ele não tinha nenhuma
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POLÍTICA VIOMUNDO NA PANDEMIA

Bolsonaro queria arranjar co-morbidade para o PRF Marcos Tokumori. Mas ele não tinha nenhuma


24/05/2020 - 20h44

Da Redação
Uma das atitudes mais bárbaras do presidente Jair Bolsonaro desde que assumiu o poder foi comprovada pela divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
Nela, o presidente da República advertiu os ministros de que não deveriam comunicar as mortes de seus subordinados pela covid-19 a não ser se expusessem as co-morbidades que poderiam justificar o falecimento.
A fala de Bolsonaro foi desatada pela nota de falecimento do agente administrativo Marco Roberto Tokumori, assinada pelo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Adriano Furtado.
O argumento bizarro do presidente da República, em tom de advertência aos ministros, foi expresso assim na reunião:
Ontem eu liguei pro Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Chegou ao meu conhecimento, uma nota, que era dele, sobre o passamento de um patrulheiro. E ele enfatizou que era COVID-19. Ali na nota dele só saiu COVID-19. Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar COVID-19, mas bota também tinha fibrose nu… montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à populaçãO. A gente olha, morreu um sargento do exército, por exemplo. A princípio é um cara que tá bem de saúde, né? Um policial federal, né? Seja lá o que for, e isso daí não pode acontecer. Então a gente pede esse cuidado com o colegas, tá? A quem de direito, ao respectivo ministério, que tem alguém encarregado disso, né? Pra tomar esse devido cuidado pra não levar mais medo ainda pra população.
Porém, o fato é que Marco Roberto Tokumori, de 53 anos de idade, era saudável.
A própria esposa dele, Ana Paula Gomes, narrou ao G1: “Nós somos saudáveis, sem nenhum problema de doença pré-existente que era enquadrado como grupo de risco. Não fazemos ideia de há quanto tempo o vírus estava com a gente incubado”.
Marco adoeceu no dia 23 de março, foi internado no dia 28 no Hospital Celso Ramos, de Florianópolis, e morreu no dia 21 de abril sem que a esposa pudesse vê-lo — ela também foi contaminada e estava em quarentena.
“Como uma simples nota enviada por qualquer empresa sobre um falecimento faria tamanha confusão. Desculpe mas pense se alguém pode ser condenado de fato por isso?”, disse a viúva ao Estadão.
Jair Bolsonaro demitiu o diretor-geral da PRF, Adriano Furtado, por causa da nota de falecimento.
A ironia é que Marcos compartilhava em seu perfil denúncias contra a esquerda e conteúdo do Nas Ruas, o movimento que elegeu a deputada Carla Zambelli, no momento uma das principais defensoras de Jair Bolsonaro.
No dia 14 de abril, quando Marco fez aniversário, Ana Paula postou o vídeo abaixo no Facebook:

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