CONTAGEM
REGRESSIVA
Nada que surpreenda. As hordas de delinquentes
travestidos de ‘salvadores da pátria’ se preparam para dar o bote. Não foi
falta de aviso, desde antes do golpe midiático-parlamentar de 2016, durante a
farsa travestida de ‘campanha eleitoral’ e os três primeiros anos de
desgoverno, para ‘preparar as condições’ do golpe. Em vez de estratégia e
construção de agenda de resistência, virmos agora com manifestos para dizer que
tentamos, como em tantas outras vezes, não é o caminho...
Este
7 de setembro o Grito dos Excluídos terá outro cenário. Estará tomado pelas
hordas de meliantes de diferentes classes e ofícios, mas todos delinquentes
declarados, que sempre posaram de ‘salvadores da pátria’. Os holerites e as
gordas contas bancárias que digam qual é o verde que amam...
Em
praticamente três anos de desgoverno, o que, de fato, os tais patrioteiros
fizeram em favor das grandes parcelas da população? A começar, vejamos o preço
do gás de cozinha, da energia elétrica, dos combustíveis (gasolina e etanol),
do arroz, do feijão, do óleo de soja, da carne... Aquele obcecado pelo poder,
louco para dar o golpe, vetou a lei que impedia execução judicial de
reintegração de posse em áreas ocupadas por famílias sem teto, a fim de agradar
a sua base de apoio, especuladores, rentistas e toda espécie de agiotas e
parasitas que se enriquecem enquanto o Brasil afunda na sucessão de crises.
Desta
vez, feito hienas à espreita de presas, estarão as hordas de facínoras de todos
os matizes (milicianos, jagunços, matadores de aluguel, justiceiros, mercadores
da fé, grileiros, madeireiros, agiotas, especuladores, rentistas, abutres,
parasitas e marajás) a cercar emblemáticos prédios projetados pelo grande
brasileiro, o arquiteto Oscar Niemeyer, que nunca escondeu a formação humanista
e a militância socialista com que atuou em seus mais de 100 anos de existência
exemplar.
Diferente
do generoso Povo Brasileiro, os bandos de alucinados a atentar contra o Estado
Democrático de Direito, a soberania popular e nacional e as importantes
conquistas do Brasil no concerto das nações, não cessam de investir contra tudo
o que é mais sagrado para a Nação: entregaram, de mão beijada, as empresas
estratégicas aos investidores estrangeiros, que como abutres não saem daqui
desde que o fantoche-mor está no Planalto; dilapidam as reservas estratégicas
do Tesouro, na sórdida sanha de alimentar a insaciável cobiça de seu ‘deus
mercado’, verdadeiro predador; jogam à rua dezenas de milhões de trabalhadores,
ora como desempregados ou como sem teto, na ânsia de atender aos interesses de
seus insensíveis amos e senhores.
Não
tenho dúvida da grandeza e da generosidade do bravo Povo Brasileiro
(maiúsculas, por favor!), que há aproximadamente quatro décadas vem marcando
presença no Dia da Independência com o Grito dos Excluídos. Do lado da história
(não grafo o adjetivo certo porque
seria redundância, eis que a história só tem um lado, o resto é falácia), estes
anônimos cidadãos e cidadãs construíram, com a generosidade que os caracteriza,
os inimagináveis avanços protagonizados pelo Brasil nos últimos 38 anos,
sobretudo nestes últimos 18 anos, com seu jeito cativante de viver e celebrar a
Vida, a História.
É
verdade. Não temos mais ao nosso lado a reconfortante presença física dos
queridos e saudosos Padre Pasquale Forin, Andrés Corrales Menacho, Edmir
Figueiredo de Moraes, Roque José Ferreira, Aurélio Mansilha Tórrez, Heloísa
Helena da Costa Urt, Margarida Gomes Marques, Manoel Sebastião da Costa Lima,
Mariluce Bittar, Mário Corrêa Albernaz e tantos outros queridos e não menos
importantes Companheiros e Companheiras que estão em nossas mentes e corações.
Só
nos resta fazer o que a Vida nos ensinou: em vez de tímidas notas ou
manifestos, rearticulemos o Movimento Contra a Carestia e criemos o Dia da
Panela Vazia, marcando atos públicos e panelaços, buzinaços e apitaços;
fortaleçamos as redes de solidariedade e de valorização da Vida para atender
aos milhões de pessoas descartadas pelo mercado e contrapor a falta de
políticas públicas de inclusão e assistência social, desativadas por este
desgoverno; intensifiquemos os debates e rodas de conversa com os mais diversos
segmentos sociais e setores econômicos para desarticular o fascismo entranhado
nestes últimos anos (esse câncer só é extirpado com intensas ações proativas),
e, finalmente, construamos amplas frentes de fortalecimento e preservação dos
valores democráticos e populares, mediante a construção de agendas políticas
propositivas.
Embora
Brasília seja o olho do furacão, a resistência precisa ser feita em cada
município e cada local de trabalho ou estudo. Não há como presumir o impacto da
desfaçatez, mas é preciso agir com prudência e efetividade, de modo a esvaziar
ao máximo os propósitos nefastos que a instigam. É presumível a motivação (e
desespero) para concretizá-la, até por conta da sucessão de delitos praticados
em vias de serem tipificados pela Comissão Parlamentar de Inquérito da
Covid-19, no Senado. A única saída para os que não têm o que ser feito depois
de evidenciadas as aberrações cometidas é o golpe, e assim será, a menos que
não haja um número mínimo de massa de manobra para tentar consumá-lo.
“Um
mais um é mais que dois”, nas sábias palavras de Beto Guedes, em ‘Sal da Terra’.
É hora de somar para assegurar a sobrevivência do Estado Democrático de
Direito. Nada de imprudência: é deles o desespero, e à cidadania cabe a
difícil, dura, mas histórica tarefa de resistir pelos mais caros valores
construídos ao longo de milênios pela humanidade. A História já reservou o
lugar do fascismo, o lixo, de onde jamais deveria ter saído (não fosse o
oportunismo dos ‘democratas’ arrependidos de 2014/16).
Ahmad
Schabib Hany
Nenhum comentário:
Postar um comentário