O Estadista e a Reconstrução Nacional
A
ansiedade e o desespero de importantes aliados do Presidente Lula diante da
composição de sua equipe ministerial são atitudes que em nada contribuem para o
êxito do projeto de Reconstrução Nacional necessário e inadiável.
Há algumas
semanas temos lido, ouvido, visto e assistido a demonstrações de um pueril
amadorismo que em nada contribuem para um retumbante sucesso da gestão do
projeto de Reconstrução Nacional com o qual o Presidente Lula, um estadista
experimentado, não só venceu o representante do fascismo com toda a máquina
administrativa na mão, mas, sobretudo, chamou para si os principais estadistas
do concerto das nações.
Não é
demasiado lembrar que Lula ainda sequer assinou qualquer ato administrativo, de
modo que esse desespero e essa ansiedade, demonstração inequívoca de amadorismo
em sua mais pueril manifestação, são inconvenientes, desnecessários e,
sobretudo, inúteis. Tanto a Senadora Simone Tebet, em fim de mandato, a
Deputada Federal eleita Marina Silva, e o Deputado Federal André Janones, cujo
protagonismo no embate ao fascismo no segundo-turno é inegável e precisa ser
reconhecido em vez de ser amesquinhado com os lastimáveis lobbies de amadores com seu inoportuno mantra ‘cadê fulana/o?’.
Até as
milícias digitais do inominável vêm se dedicando a disseminar essa turbulência
com o único afã de desgastar, de início, a composição do futuro governo, que,
diante da flagrante incompetência, má-vontade e omissão dos ‘patriotas’ de
ocasião (muito bem remunerados, diga-se de passagem) que dizem estar nos postos-chave
do governo federal, mas não movem uma palha para fazer frente às inadiáveis
ações de Estado no momento em que as mudanças climáticas desabam em forma de
temporal nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil e a população
mais vulnerável não tem qualquer apoio da Defesa Civil do Planalto.
Não
percamos o foco. O momento é de compor um governo de Reconstrução Nacional. O
que é isso? É uma montagem delicada, igual à de um quebra-cabeça. Experiente e
hábil, Lula não quer escorregar nem ser induzido ao erro. Portanto, os/as
verdadeiros/as e leais apoiadores/as do futuro presidente da República precisam
colaborar, contendo sua compulsão por ver ‘fulana’, ‘beltrana’ e ‘cicrano’ nos
principais cargos do governo Lula. Para começar, não há principal quando não há
sintonia com o projeto de governo e de Estado referendado nas urnas na figura
do presidente eleito.
Todas/os
elas/es já conhecem a composição de um governo de alianças para erigir uma
inadiável Reconstrução Nacional. O Vice-Presidente Geraldo Alckmin sabe disso:
além de ter sido governador por quatro mandatos, foi Vice-Governador de ninguém
menos que do saudoso Democrata e Estadista Mário Covas (PMDB na luta contra a
ditadura e PSDB no processo de consolidação do Estado de Direito). O Presidente
Tancredo Neves, que não pôde tomar posse por motivos de saúde em 1985, deu
provas inequívocas dessa vocação, não deixando ninguém de fora, mas ele tomando
as rédeas do primeiro governo da Aliança Democrática, ou melhor, da Nova
República. Sarney, que era o Vice-Presidente, aprendeu ‘no grito’, com o ‘trem
da História em movimento’.
Em 1982,
depois de ter ganhado de forma acachapante do candidato de Pedrossian e de
Leitão de Abreu (na verdade, da ditadura), o Doutor Wilson Barbosa Martins,
outro Democrata e Estadista (e que tinha o então pouco expressivo deputado
estadual Ramez Tebet de vice), permitiu-se o direito de permanecer em silêncio
por mais de 50 dias para compor o primeiro governo democrático de Mato Grosso
do Sul, tanto é que nem Ramez teve acesso às articulações de bastidores feitas
em seu escritório profissional, em pleno centro de Campo Grande. Não cedeu às
pressões do fisiologismo e colocou em postos-chave quem ele confiava. O pai de
Simone aprendeu com esse gigante da política que ninguém tira o protagonismo de
um estadista que se preste.
Lula, o
Estadista que o Brasil levou mais de 500 anos para reverenciar a grandeza de
seu altivo Povo (com maiúscula, por favor), tem consciência que seu compromisso
primeiro é com as amplas camadas relegadas historicamente. Por isso os ministérios
estratégicos, como o Desenvolvimento Social (antigo Ministério de Assistência Social),
Educação e Saúde, a tríade das políticas sociais de Estado, têm que ser geridos
por quem atua nessa seara desde antes do início de seu primeiro governo, em
2003.
Porque
Simone, Marina e Janones não são mesquinhos, não estão à procura de moeda de
troca. Seu protagonismo no segundo turno foi consequência da consciência do
valor que tem a Democracia, da importância de deter imediatamente o fascismo.
Competentes e coerentes com suas convicções, o que os tornam referências
ilibadas na política, esses agentes públicos não serão levados à vala comum do
centrão pelos sórdidos milicianos digitais e de carne e osso do inominável, que
em vez de trabalhar vive a atrapalhar os que teimam em acreditar neste
país-continente e trabalham diuturnamente em favor do soerguimento do País, da
reconstrução nacional.
Ao se
iniciar um novo capítulo da História, cuja protagonista é a população, por meio
de sua sociedade civil, constituída de diferentes segmentos com seus
respectivos interesses legítimos ainda que porventura conflitantes, precisamos
ter maturidade política e óbvio compromisso com as próximas gerações para
assegurarmos sucesso pleno ao futuro governo, que não é nem será uma colcha de
retalhos ou um condomínio de interesses escusos, em que uns estão para
delinquir, outros para fazer o pré-lançamento de sua campanha à Presidência e
outros ainda para simplesmente se locupletar, flagrantes atos de desvio de
função -- como ocorreu com o inominável e seus ‘patriotas’ de araque, cujo
rescaldo teremos que empreender com a máxima urgência, sob pena de naufragarmos
em tragédias humanas em pleno século XXI.
Ahmad Schabib Hany
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