A maldita herança do inominável
Além da
política de destruição das políticas públicas e das instituições republicanas,
numa espécie de guerra de terra arrasada, o inominável quer impor aos atuais
comandantes das três forças um flagrante descumprimento à Constituição Federal:
a disciplina e a hierarquia.
Fanáticos
irascíveis, conservadores exacerbados, seguidores irracionais, neopentecostais
fundamentalistas, racistas empedernidos, nazistas e fascistas repaginados,
intolerantes remotivados, sonegadores e golpistas incentivados, milicianos e
jagunços estimulados, traficantes e contrabandistas organizados, recalcados e
ressentidos empoderados, viúvos e órfãos da (mal)ditadura encorajados etc. Esse
é o subproduto político do período de (des)governo do inominável no cotidiano
da sociedade, que levará décadas para a volta à normalidade.
Enquanto
isso, um filho de policial declaradamente simpatizante de Adolf Hitler pratica
tiro ao alvo em duas escolas de Aracruz, até então uma acanhada cidade do
interior do Espírito Santo. Indiferente às sucessivas tragédias decorrentes da
cultura da intolerância e do ódio difundida pelos líderes da extrema-direita no
Brasil desde 2013 (sobretudo a partir da candidatura, eleição e posse do
inominável no maior cargo da República), o clã da familícia palaciana não
desiste de sua obsessão por se manter no poder mesmo tendo sido repelida
rotundamente nas urnas.
Entretanto,
vem causando perplexidade até entre os mais desatentos o vazamento da
informação de que os atuais comandantes das três forças deixariam o cargo na
segunda quinzena de dezembro “para não ter que prestar continência” ao
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois do dia primeiro de janeiro de 2023,
quando tomará posse e será o comandante-chefe das Forças Armadas, como estabelece
a Constituição Federal.
Postura,
aliás, no mínimo questionável, caso se confirmar. Diferente da atitude louvável
e altivamente republicana do general Mark Milley, comandante do Estado Maior
Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos que, no fim do desgoverno de
Donald Trump, declarou em alto e bom tom, durante o patético ataque terrorista
ao Capitólio em 6 de janeiro de 2022, que as Forças Armadas de seu país não
iriam avalizar nem embarcariam na aventura golpista preparada pelo tresloucado
picareta que disseminou as ideias da extrema-direita pelo mundo afora,
inclusive no Brasil.
Que
fez política (de guerra) de terra arrasada, que destruiu políticas públicas
constantes da Constituição Federal e que fez ruir instituições republicanas,
ninguém duvida. Esse indisciplinado, despreparado e incompetente ser bizarro
que vem assombrando a nação desde 2019 (e foi mandado para casa por decisão
democrática da maioria do eleitorado nos dois turnos de 2022) fez tudo, menos
governar para a população durante o mandato que teve nas mãos graças às diatribes
daquele que envergonha a toga e de seus sequazes que formaram a republiqueta
(de bananas) da ‘leva jeito’, de triste memória.
Nem
seus comparsas de orgias orçamentárias o acompanharam em seu intento golpista
de afrontar a soberania popular, a despeito da vergonhosa e sorrateira
tentativa de, usando o cargo mais alto da República, impedir acintosamente que eleitores
nordestinos pudessem votar livremente em seu candidato, além da gastança com
compra de votos para reverter a tendência de repulsa de um (des)governo que
aumentou os privilégios da parcela mais avantajada do país desde que o Brasil
se tornou independente.
Por
que, então, os comandantes das três forças (obviamente nomeados pelo inominável
quando, sem qualquer respeito pela antiguidade, trocou os anteriores, escolhidos
entre seus pares no processo de transição em 2019) decidiram correr o risco de
entrar para a história por descumprir o que é mais caro para um militar de
carreira, a disciplina e a hierarquia? Deixar vazar (e não desmentir
contundentemente) a informação de que eles pretendem deixar seus postos antes
da posse do Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva é mais que um flagrante
ato de desobediência, de indisciplina e de quebra de hierarquia: é um atentado
contra os preceitos constitucionais.
Essa
lenda de que ‘eles’ constituem um ‘poder moderador’ não passa de uma tremenda
balela, tal qual o inominável é ‘messias’, é ‘mito’. Está mais para fariseu,
cínico fariseu, que para messias. Foi, a bem da verdade, por meio dessa
acintosa manipulação que as hordas de mefistofélicos se proliferaram pelos
quatro cantos deste país-continente. Mas, ainda que com reservas, as
instituições republicanas, entre elas as três forças, não se submeteram aos
caprichos golpistas do inominável.
Disciplina
e hierarquia, por certo, fazem acatar com discrição e galhardia determinações
constantes da Carta Constitucional, mas jamais rasgar as suas prerrogativas
consagradas no texto escrito durante a celebração cidadã promovida pela
Assembleia Constituinte ao longo de 1987 e 1988. A propósito, o saudoso Doutor
Ulysses Guimarães explicitou com a contundência requerida pela solenidade de
promulgação da Constituição de 1988 que: “Traidor da Constituição é traidor da
pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas
do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o
exílio e o cemitério. (...) Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a
tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América
Latina.”
A
geração do Doutor Ulysses Guimarães construiu esse legado sagrado e generoso.
Agora cabe às novas gerações zelar pela manutenção de tamanhas conquistas,
frutos de muito denodo, muita abnegação, muita luta, de bravos brasileiros que
abriram mão de seus melhores anos de Vida para erigir uma obra modelar para a
humanidade. A História, essa grande companheira da humanidade, registrou e
continuará a registrar os passos firmes do generoso Povo Brasileiro, cujas
instituições devem ser preservadas em nome da soberania nacional, popular e
científico-tecnológica. Vida que segue...
Ahmad Schabib Hany
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