Fausto
e ‘Histórias que ninguém iria contar’
Emblemático dirigente do velho
Partidão, Fausto Matto Grosso escreveu em tempo recorde “Histórias que ninguém
iria contar”. O lançamento do livro será dia 29 de abril, às 18h30m, na sede do
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (esquina das avenidas
Mato Grosso com Calógeras, quase em frente da antiga ferroviária da capital).
Fausto Matto Grosso -- emblemático dirigente do velho
Partidão, ex-vereador da capital, ex-secretário de Planejamento e Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso do Sul e ex-pró-reitor de Extensão e Assuntos
Comunitários da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) --
desafiou-se a realizar a façanha de reunir episódios emblemáticos da história
das lutas políticas protagonizadas pelo PCB nas décadas de 1960 a 1980.
Estoicamente disciplinado e metódico, o engenheiro
civil Francisco Fausto Matto Grosso Pereira, no começo de sua carreira, foi
arbitrariamente demitido do cargo de docente da extinta Universidade Estadual
de Mato Grosso (UEMT) pelo ‘crime’ (sic)
de participar de pioneiro movimento reivindicatório nos anos de chumbo (início
dos anos 1970). Apesar de qualidades reconhecidas até pelos adversários, o ônus
de ser comunista representou um óbice em sua exitosa trajetória política.
Em seu blog, o atento personagem político conta
que, com a colaboração de Camaradas e Amigos/as, foi (re)construindo, de modo
interativo, fatos inusitados e emblemáticos do cotidiano político de diversas
gerações de militantes comunistas, aliados/as e simpatizantes ao longo de
décadas. Além de resgatar importantes episódios da história política do estado,
sobretudo da incessante perseguição à organização dos trabalhadores desde os
primórdios de um dos mais antigos partidos brasileiros, replicada também no sul
de Mato Grosso uno e mais tarde em Mato Grosso do Sul.
Em 1978, como membro da emblemática Associação de
Engenheiros e Arquitetos de Campo Grande, ao lado do inesquecível Engenheiro
Euclides de Oliveira, foi um dos fundadores do Movimento Mato-grossense de
Anistia e Direitos Humanos. Com ele estavam Advogados (com letra maiúscula)
como Dr. Ricardo Brandão, Dr. Plínio Barbosa Martins (Irmão do Dr. Wilson Barbosa
Martins, cassado pelos golpistas em 1965), Dr. Roberto Moaccar Orro, Dr. Onofre
da Costa Lima Filho e Dr. Carmelino de Arruda Rezende, entre outros não menos
representativos da vanguarda da sociedade civil, que começava a se mobilizar em
defesa da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, da Assembleia Nacional
Constituinte e do Estado Democrático de Direito.
Referência do movimento estudantil nas décadas de 70
e 80 do século XX, Fausto, com sua Companheira de Vida, a Doutora Maria Augusta
Rahe Pereira (competentíssima cardiologista), não hesitou desafiar, mais uma
vez, a besta-fera do obscurantismo emprenhado inclusive nas hostes da Oposição
(o então MDB, que nada deve ao seu homônimo destes bizarros tempos de pós-verdade
da Leva Jeito mussolinista). Apoiaram e elegeram o hoje saudoso Dr. Roberto
Orro deputado estadual constituinte em 1978, vice-líder do MDB na primeira
Assembleia Constituinte de Mato Grosso do Sul.
O Deputado Sérgio Cruz, então líder do MDB na
Assembleia Legislativa, contava com dois influentes assessores com excelentes
relações com o velho Partidão: o competentíssimo Jornalista Edson Moraes e o
saudoso Sr. Mário Corrêa Albernaz, em cuja juventude, como metalúrgico em São Paulo,
havia militado em sindicatos dirigidos por Camaradas. Isso, obviamente, servira
de anteparo, certas ocasiões, para as investidas de emedebistas conservadores
como a Professora Nelly Bacha, a despeito de sua lealdade à liderança do Dr.
Plínio Barbosa Martins, primeiro Senador moral de Mato Grosso do Sul.
Em 1982, na histórica campanha eleitoral que
legitima o primeiro governador eleito pelo voto direto em Mato Grosso do Sul, o
grande democrata Dr. Wilson Martins, os então membros do PCB lançaram dois candidatos
pelo PMDB, a Frente Democrática da época: o engenheiro Fausto Mato Grosso e o
advogado Marcelo Barbosa Martins, que foram eleitos com respeitável votação. A
atuação dos dois vereadores comunistas foi reconhecida como democrática inclusive
por conservadores recalcitrantes, como o falecido advogado e radialista
Giordano Neto. Marcelo Martins, no final do mandato, optou por se filiar ao PSB
de Miguel Arraes, permanecendo na esquerda até a presente data.
Como pró-reitor na UFMS, Fausto realizou iniciativas
memoráveis, como a criação, na década de 1990, do Festival de Corumbá,
inspirado no Festival de Ouro Preto, como ele mesmo revelou. As duas edições
realizadas durante sua gestão na pró-reitoria foram marcantes, um avant première do atual Festival América
do Sul. No primeiro mandato do Governador José Orcírio Miranda dos Santos, o
Zeca do PT, foi secretário de Planejamento e Ciência e Tecnologia bastante
prestigiado. Entre suas marcas a realização do Projeto MS-2020, baseado em
planejamento estratégico, em que eram apresentados cenários possíveis para Mato
Grosso do Sul, a médio e longo prazo.
Amigo há quatro décadas, Fausto Matto Grosso tem
dado verdadeiras aulas de lealdade ao seu partido, hoje denominado Cidadania, e
determinado a integrar uma coligação de partidos do chamado centro democrático,
entre eles o União Brasil (Dem e PSL), MDB e PSDB, ao lado de João Dória,
Sérgio Moro e Simone Tebet. A despeito de abissais diferenças políticas da
atualidade, Fausto Matto Grosso é uma referência indiscutível de determinação
no cenário político brasileiro da atualidade.
Ahmad
Schabib Hany
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