quinta-feira, 21 de abril de 2022

CARNAVAL DEPOIS DA PÁSCOA, COM DIREITO A INDULTO DE NATAL

Carnaval depois da Páscoa, com direito a indulto de Natal

Termos sobrevivido à pandemia de covid-19, entre os tantos benefícios -- de estarmos, sobretudo, vivos --, nos dá a chance de dizer, em algum tempo, que fomos testemunhas de um carnaval ocorrido dias depois da Páscoa, além de um indulto natalino durante o reinado de Momo...

Que vivemos tempos bizarros ninguém duvida. Nem mesmo os negacionistas e os mais recalcitrantes adoradores do ‘mito’. Hoje somos testemunhas, quando não participantes, da realização de um carnaval literalmente fora de época, ocorrido dias após a Páscoa, com direito a indulto natalino em pleno reinado de Momo.

Não vamos negar, é contagiante a alegria do povo, que por meio da folia vem agradecer, bem do seu jeito irreverente e sedutor, pela Vida, esse grande dom que nos é dado sem qualquer imposto ou chantagem de tiranetes de plantão, que usam e abusam do cargo para dar canetadas, como a de dar ‘indulto presidencial’, também fora de época (não é Natal, ainda que o carnaval tenha sido posterior à Páscoa), a um canalha fascista que atentou acintosamente contra o próprio Estado Democrático de Direito que lhe concedeu uma potestade parlamentar eletiva, mas que não o imuniza contra atos criminosos -- razão pela qual a corte suprema o condenou à prisão e lhe cassou o mandato.

Até então, a bizarrice maior era um alucinado estar posando de estadista, depois de ter sido chamado de ‘mito’, poluído as águas do rio Jordão (na Palestina), incentivado a desobediência às medidas de biossegurança no enfrentamento à pandemia de covid-19 e atraído para si todas as hordas de delinquentes confessos, a começar pelos recalcados, milicianos, matadores de indígenas, devastadores de biomas, madeireiros, garimpeiros, sonegadores de tributos, contraventores de toda natureza, negacionistas e fanáticos da ‘fé’, que, em vez de amar o próximo como a si mesmo, vivem a disseminar ódio, intolerância, fornicação e o mau exemplo de se locupletar com o dinheiro público pela crença de que, por meio de suas orações, estarão livres e expiados de seus pecados.

Aliás, quando de sua impensável eleição (graças aos ardis mais surreais e inimagináveis, incluindo o ‘heroísmo’ de Moro da ‘Leva Jeito’, o ‘patriotismo’ auriverde de canalhas remanescentes da mal-dita-dura, a fakeada providencial, a covardia de servidores públicos de diversos Poderes que prevaricaram acintosamente no afã de não deixar explícita a farsa em execução), já nos pegávamos dizendo que tínhamos que viver para testemunhar tamanha desfaçatez. É que nos praticamente duzentos anos de existência soberana deste país-continente não se havia visto tanta patacoada junta e misturada.

Como, agora sim, estamos sob a jurisdição do rei Momo e, portanto, as bênçãos da folia que exala o sedutor e contagiante cheiro do povo -- ao contrário dos saudosos daquele que amava o cheiro dos cavalos, lembram-se? --, dizemos que sem as liberdades democráticas, conquistadas com muito denodo, não há chance alguma de sobrevivência da soberania popular e dos encantos do povo. Sinônimo de amor, generosidade, empatia e acolhimento, este povo de coração do tamanho do Brasil merece, sim, ser feliz e amar sem limites e candura seu próximo do jeito que quiser.

E não serão os recalcados, fanáticos, desatinados, soberbos e delinquentes contumazes os que tirarão esse direito, uma sagrada prerrogativa, do povo brasileiro. O qual, a bem da verdade, perdeu inúmeras conquistas destas últimas décadas: postos de emprego, oportunidades de estudo e capacitação, programas sociais, políticas culturais, esportivas e de desenvolvimento científico e tecnológico. Tudo por causa de falsos democratas que não aceitaram ser derrotados quatro vezes pela vontade soberana do povo em eleições limpas e livres, cuja soberba nos condenou a um retrocesso de cinquenta anos e à perda de milhões de vidas, humanas e de outras espécies, por conta das mazelas proposital e deliberadamente promovidas pelo falso messias e a corja de meliantes que o acompanha.

Que o rei Momo os reconheça como desditados e os condene à felicidade infinita, pois com gente mal-amada e sordidamente recalcada, só o amor verdadeiro para tirá-los do desatino, da obsessão e da aleivosia. Porque só quem é verdadeiramente feliz é capaz de compartilhar uma graça chamada felicidade e exalar amor, muito amor, ao próximo.

Ahmad Schabib Hany

Nenhum comentário: