Carnaval
depois da Páscoa, com direito a indulto de Natal
Termos sobrevivido à pandemia
de covid-19, entre os tantos benefícios -- de estarmos, sobretudo, vivos --, nos
dá a chance de dizer, em algum tempo, que fomos testemunhas de um carnaval
ocorrido dias depois da Páscoa, além de um indulto natalino durante o reinado
de Momo...
Que vivemos tempos bizarros ninguém duvida. Nem
mesmo os negacionistas e os mais recalcitrantes adoradores do ‘mito’. Hoje somos
testemunhas, quando não participantes, da realização de um carnaval
literalmente fora de época, ocorrido dias após a Páscoa, com direito a indulto
natalino em pleno reinado de Momo.
Não vamos negar, é contagiante a alegria do povo,
que por meio da folia vem agradecer, bem do seu jeito irreverente e sedutor,
pela Vida, esse grande dom que nos é dado sem qualquer imposto ou chantagem de
tiranetes de plantão, que usam e abusam do cargo para dar canetadas, como a de
dar ‘indulto presidencial’, também fora de época (não é Natal, ainda que o
carnaval tenha sido posterior à Páscoa), a um canalha fascista que atentou
acintosamente contra o próprio Estado Democrático de Direito que lhe concedeu
uma potestade parlamentar eletiva, mas que não o imuniza contra atos criminosos
-- razão pela qual a corte suprema o condenou à prisão e lhe cassou o mandato.
Até então, a bizarrice maior era um alucinado estar
posando de estadista, depois de ter sido chamado de ‘mito’, poluído as águas do
rio Jordão (na Palestina), incentivado a desobediência às medidas de
biossegurança no enfrentamento à pandemia de covid-19 e atraído para si todas
as hordas de delinquentes confessos, a começar pelos recalcados, milicianos,
matadores de indígenas, devastadores de biomas, madeireiros, garimpeiros,
sonegadores de tributos, contraventores de toda natureza, negacionistas e
fanáticos da ‘fé’, que, em vez de amar o próximo como a si mesmo, vivem a
disseminar ódio, intolerância, fornicação e o mau exemplo de se locupletar com o
dinheiro público pela crença de que, por meio de suas orações, estarão livres e
expiados de seus pecados.
Aliás, quando de sua impensável eleição (graças aos
ardis mais surreais e inimagináveis, incluindo o ‘heroísmo’ de Moro da ‘Leva
Jeito’, o ‘patriotismo’ auriverde de canalhas remanescentes da mal-dita-dura, a fakeada providencial, a
covardia de servidores públicos de diversos Poderes que prevaricaram
acintosamente no afã de não deixar explícita a farsa em execução), já nos
pegávamos dizendo que tínhamos que viver para testemunhar tamanha desfaçatez. É
que nos praticamente duzentos anos de existência soberana deste país-continente
não se havia visto tanta patacoada junta e misturada.
Como, agora sim, estamos sob a jurisdição do rei Momo e, portanto, as bênçãos da folia que exala o sedutor e contagiante cheiro
do povo -- ao contrário dos saudosos daquele que amava o cheiro dos cavalos,
lembram-se? --, dizemos que sem as liberdades democráticas, conquistadas com
muito denodo, não há chance alguma de sobrevivência da soberania popular e dos
encantos do povo. Sinônimo de amor, generosidade, empatia e acolhimento, este
povo de coração do tamanho do Brasil merece, sim, ser feliz e amar sem limites
e candura seu próximo do jeito que quiser.
E não serão os recalcados, fanáticos, desatinados,
soberbos e delinquentes contumazes os que tirarão esse direito, uma sagrada
prerrogativa, do povo brasileiro. O qual, a bem da verdade, perdeu inúmeras
conquistas destas últimas décadas: postos de emprego, oportunidades de estudo e
capacitação, programas sociais, políticas culturais, esportivas e de desenvolvimento
científico e tecnológico. Tudo por causa de falsos democratas que não aceitaram
ser derrotados quatro vezes pela vontade soberana do povo em eleições limpas e
livres, cuja soberba nos condenou a um retrocesso de cinquenta anos e à perda
de milhões de vidas, humanas e de outras espécies, por conta das mazelas
proposital e deliberadamente promovidas pelo falso messias e a corja de
meliantes que o acompanha.
Que o rei Momo os reconheça como desditados e os
condene à felicidade infinita, pois com gente mal-amada e sordidamente
recalcada, só o amor verdadeiro para tirá-los do desatino, da obsessão e da
aleivosia. Porque só quem é verdadeiramente feliz é capaz de compartilhar uma
graça chamada felicidade e exalar amor, muito amor, ao próximo.
Ahmad
Schabib Hany
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