‘QUANDO A CABEÇA NÃO PENSA, O CORPO PADECE’
É o que ensina a sabedoria popular. Em outras
palavras, quando o governo não presta, o povo paga. Se antes da pandemia a
coisa já estava ruim por deliberada falta de plano e diretrizes de governo,
agora o caos toma conta de uma realidade insólita, degradante e desumana,
sobretudo para as camadas populares, historicamente preteridas pelas elites
tupiniquins...
Que
o Brasil historicamente nunca foi o país da justiça social, isso não é
novidade. No entanto, os quase 14 anos de políticas públicas sociais
implementadas nos governos de Lula e Dilma o tornaram um país respeitado e
reconhecido no concerto das nações como ‘potência da paz, da justiça social e
do combate à fome’.
Também
não é preciso dizer que desde maio de 2016, quando o golpista Michel Miguel
Elias Temer Lulia ascendeu ao topo do Executivo brasileiro, todas as políticas
sociais em curso foram de alguma maneira à deriva. Aliás, depois da posse do
ex-capitão, políticas sociais viraram sinônimo de conspiração no governo
atabalhoado dos ‘salvadores da pátria’...
E
não é que o detentor do maior salário do Brasil teve a cara de pau de
determinar seus prepostos da Advocacia Geral da União (AGU) para acionar o
Supremo Tribunal Federal (STF) contra três governadores (do Distrito Federal, Rio
Grande do Sul e Bahia) pela coragem cívica de decretar ‘lockdown’ em seus
respectivos estados para tentar conter a proliferação descontrolada do novo
coronavírus?
O
que alega o governo federal é que essa é prerrogativa dele, ao confundir com “estado
de sítio” ou de “estado de defesa”. Longe disso, a medida desses governadores
está circunscrita ao que as medidas sanitárias restritivas pós-pandemia,
estabelecidas em lei e decisão do STF, para conter a circulação do vírus nos
municípios e estados brasileiros.
Logo
ele, que em mais de dois anos de mandato ainda não disse a que veio. Ou melhor,
desde a sua posse, manteve-se focado na propagação de outro vírus, o das fake
news (do ódio e da mentira), para ‘alimentar’ seu rebanho e levar o país para o
brejo, ou melhor, o caos...
Logo
ele, que desde o primeiro registro de infectado por covid-19 em território
pátrio dá uma de Pantaleão Patoaparte (personagem caricaturesca de Walt Disney
dos anos 1970, caracterizada pelo comportamento ridiculamente quixotesco) e
durante todo o ano da pandemia vem conspirando contra toda e qualquer tentativa
séria de enfrentar o novo coronavírus por meio da ciência e da sensatez.
Logo
ele, que dois dias depois de o Brasil ter atingido o tristemente inédito
patamar de quase três mil óbitos por dia teve a infeliz atitude - por sinal,
nada cristã, solidária e de respeito -, de fazer uma
live para fazer piada de paciente com falta de ar (quando é seu governo o maior
responsável pela tragédia vivida atualmente pelo povo brasileiro, cuja maioria
o escolheu por ter acreditado em sua conversa).
Logo
ele que, depois de ter ‘baixado a bola’ quando Queiroz, o ex-assessor faz-tudo
do filho Flávio, foi descoberto foragido no escritório do próprio advogado do
filho-senador, volta de novo com delírios golpistas, até por conta da
proximidade da data emblemática a todos os órfãos e viúvos da ditadura, o
primeiro de abril...
Logo
ele que, sem qualquer demonstração de respeito à dor alheia, prevarica e
tripudia da coletividade ao minimizar a importância e postergar deliberadamente
a adoção de medidas como auxílio emergencial para pessoas, pequenas empresas e
entes federativos poderem dar uma resposta minimamente digna à avassaladora
crise que não poupa ninguém.
Por
conta disso, na sexta-feira, 19 de março, o subprocurador-geral do Ministério
Público Federal (MPF), Lucas Furtado, fez ao Tribunal de Contas da União (TCU)
pedido de afastamento temporário do presidente e dos ministros da Saúde, Economia
e Casa Civil (e seus respectivos secretários-executivos) das decisões
administrativas, determinando ao vice-presidente a imediata substituição, com
poderes de nomear outros ministros e assessores.
“O
momento presente, então, em que a desídia e a inércia das autoridades federais
ameaçam o sacrifício do valor supremo para qualquer sociedade civilizada - a vida humana
-
põe o TCU diante da tarefa urgente de, superando eventuais acanhamentos e com a
coragem que a tragédia requer, reconhecer que cabe sua intervenção
administrativa, que a população clama e requer, por todos e quaisquer meios que
tiver a seu alcance, mesmo os mais extremos, para garantir a prestação mínima
de serviços à população, ainda que a proteção ao erário não apareça em primeiro
plano.”
Esse
é um dos parágrafos do arrazoado que embasa o pedido de afastamento temporário
desse ‘salvador da pátria’, que com o canto da sereia e o ajutório do aparelho
ideológico de Steve Bannon, a matilha de doninhas domesticadas pelo
Departamento de Justiça dos EUA (que atende pelo nome de trepanação leva jeito),
os órfãos e viúvos da ditadura e os bispos neopentecostais fundamentalistas
Crivela, Malafaia e Macedo, ‘levou no bico’ boa parcela do povo brasileiro, hoje
refém desse nefelibata.
Ahmad Schabib
Hany
Nenhum comentário:
Postar um comentário