quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

REUNIÃO PÚBLICA SOBRE O PROJETO DE TERMELÉTRICA DE LADÁRIO


Decorridos quinze anos de longas discussões relativas à implantação de uma termelétrica em Corumbá, movida a gás natural (e que deu o que deu), agora Ladário é a bola da vez, conforme convocação de reunião pública a ser realizada em Ladário, quinta-feira, dia 1o. de dezembro, às 19 horas, no Clube Marisco.

Apesar da convocação ter chegado em cima da hora, é necessária a presença de pessoas com um mínimo de intervenção qualificada, de modo a permitir um detalhamento maior dos impactos socioambientais na região, coração do Pantanal. Mas todo cuidado é pouco. Até porque muito curiosa a realização dessa reunião num espaço militar quando há espaços como a sede da Câmara Municipal de Ladário para reuniões públicas dessa natureza (basta dizer que a maioria das conferências municipais daquele município se realizou na Câmara).

Sabemos da intolerância semeada nos últimos três anos (a partir de 2013, de modo a sedimentar condições políticas e psicossociais para o golpe midiático-parlamentar empreendido), o que requer agir com muita habilidade e cautela, para o não fortalecimento do discurso ufano-desenvolvimentista recorrente, e muito utilizado pelos grupos econômicos e políticos que atuam nos bastidores (inclusive os "amigos do Delcídio", agora, mais que nunca, aliados dos grupos instalados no núcleo de poder do governo pós-neoliberal vigente), os mesmos que venderam ilusões como os tais pólos minero-siderúrgico e gás-químico em Corumbá, que nunca saíram do papel (e dos palanques) por total inconsistência técnica e econômica.

É fundamental saber qual o grupo empreendedor, qual a sua experiência no negócio, qual o montante a ser financiado pelo BNDES e qual percentual no custo total do empreendimento, mas, sobretudo, qual a tecnologia adotada (no caso das anteriores, tanto em Corumbá, como Campo Grande e inclusive Puerto Suárez -- no governo neoliberal de Gonzalo Sánchez de Lozada, anterior ao Evo Morales --, a adoção de tecnologia obsoleta inviabilizou o projeto, sobretudo por razões econômicas, pois os custos eram absurdamente anacrônicos).

Por outro lado, é preciso saber como funcionará a usina, quais serão seus resíduos (líquidos, sólidos e gasosos) e qual a sua quantidade diária e onde serão despejados (local e em que condições de segurança ambiental e de saúde dos trabalhadores e da comunidade do entorno), qual a temperatura média atingida pela usina, qual o plano de evacuação em caso de emergência, qual o projeto de desenvolvimento a que vinculada a usina (se gás-químico, minero-siderúrgico, industrial etc), qual o número de empregos diretos e indiretos a serem gerados pelo projeto e qual o perfil do trabalhador a ser contratado (nível de escolaridade, formação técnica, qual a percentual de trabalhadores da região e seus respectivos salários), qual o cronograma de execução da obra, qual o cronograma de funcionamento da usina e de absorção da mão de obra local, entre outras questões a serem depreendidas durante a reunião pública.


Divulgue, articule, informe e desmistifique. O melhor exemplo de "projeto desenvolvimentista" mentiroso, perdulário e danoso para Ladário é o famigerado "pôlder" iniciado e abandonado durante os anos de chumbo (entre 1973 e 1978, último ano de Mato Grosso uno), região hoje conhecida como CODRASA (sigla da empresa contratada para a dragagem, "Companhia de Dragagens S/A"), um verdadeiro poço sem fundo que sugou milhões de dólares jamais vistos ou devolvidos aos cofres públicos. Há, obviamente, dezenas de outros, como o PRODEPAN e o Programa BID Pantanal, mas agora foquemos no projeto de termelétrica de Ladário e seus impactos socioambientais e econômicos para a região.

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