POR QUE TEMER JAMAIS CHEGARÁ AOS PÉS DE LULA
Nos derradeiros dias de
2016, igual a um ridículo jagunço de meados do século passado que não tinha
noção de seu abjeto papel reservado pela sociedade a que servia mas não
podia expô-lo nem como serviçal, quanto mais como agregado, Temer vem se
exibindo a seus assemelhados com pinta de “estadista”. Penso cá com meus
escassos botões, há estadista sem respaldo popular, sem votos, sem
popularidade, sem “ibope”, sem, em última instância, propósito?
Pobre diabo! Ele não tem
noção de sua insignificância, sua mediocridade, seu ignóbil papel diante da
história. Aceitaram-no apenas e tão-somente para executar o “serviço sujo”,
como de aparentar ter sido o articulador do golpe parlamentar, de impor à
sociedade brasileira uma agenda nunca apresentada ao eleitorado, até por ser
antinacional e antipopular, e, pior de tudo, sua vaidade e pouca inteligência o
ilude, lhe dá ares de saber para onde está levando a maior economia da América
Latina – quando sequer faz a mínima ideia da tragédia de que participa!
Não se trata de feitor, nem
de jagunço. Poderia ser comparado aos homens-bomba, mas aqueles, apesar do
fanatismo que os motivam, têm alguma convicção, ainda que equivocada. O
inquilino indesejado do Planalto não tem convicção alguma. Seu pérfido papel de
canastrão (ou seria fantoche?) de uma ópera bufa o denuncia aos olhos mais
inocentes. Nem as crianças que posaram com ele e a cônjuge se deram ao trabalho
de esboçar um sorriso tímido depois de receberem presentes de Natal, ao lado do
igualmente acabrunhado “Papai Noel” palaciano.
Seus amos e senhores, na
verdade, o estão usando como quem usa um papel higiênico, cujo descarte é
imediato, previsível, automático – com a óbvia e digna diferença do objeto
usado para a higiene, que este é necessário e seu uso é democraticamente
assumido até pelas mais belas divas de Hollywood. Mas que amos e senhores?!
Ilude-se quem pensa que seus endereços constam da avenida Paulista ou
Atlântica. Eles sequer se dão ao trabalho de conversar com os “coordenadores”
do Vem-pra-rua e do MBL (o “Tchau Querida” já fechou, por falta de repasse) ou
as “divas” do “Cançei” (com “ç”!), porque já acertaram tudo com a meia-dúzia de
banqueiros sediados no Brasil, seus únicos interlocutores em igualdade de condições.
Mas, e Skaff, S(f)erra,
Aéreo, Santo Alkmin-sta, Nicomedes (perdão, Aloysio), ACM Nato, Anímal, Fortes
Boca-Mole, Cunha e Cai(g)ado, são o que na ordem do dia? Absolutamente nada,
n-a-d-a! Se fossem algo não teriam tomado de quatro – de quatro: 2002, 2006,
2010 e 2014 –, com toda a dinheirama distribuída por todas as empreiteiras: além
da Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa etc, há as privativas dos estados e
metrópoles há décadas (des)governados pelo PSDB, DEM, PMDB e PTB (ou acham que
nos esquecemos da Siemens e suas “concorrentes” do Metrô de São Paulo, e casos
assemelhados Brasil afora?).
Como não há golpe meia-sola,
a chamada “base do governo” (praticamente com o mesmo perfil desde os tempos nefastos
do regime de 1964, independentemente de quem esteja no Planalto) se encarregará
de dar ares de legalidade (que não significa legitimidade) para tentar “eleger”
algum “bonitinho” ou “bonitinha” que se afine com os amos e senhores de Temer et caterva. Tentarão até a restauração
do espúrio “colégio eleitoral” – poderão até mudar o nome para “universidade
eleitoral” para que o Professor Doutor Fernando Henrique Cardoso “açeite” (com “ç”!),
depois de muitos (sic) “apelos”, “para
fazer esse sacrifício pelo Brazil” (com “z”!)...
Do mesmo modo que não vingou
a candidatura togada de Rui(m) Barbosa em 2010 e 2014, dificilmente se
sustentaria uma candidatura provinciana nascida na República de Curitiba, ainda
que viesse atender aos clamores de “expressivos setores indignados da sociedade”.
Acontece que o voto censitário há décadas foi abolido no Brasil. Essa “sociedade”
consegue eleger algumas dezenas de governadores, algumas centenas de prefeitos,
mas eleger um presidente ou presidenta da República, só com a estatura de Lula,
gostemos ou não dele. Nem Aéreo, nem S(f)erra, nem Santo, nem Temer chega aos
pés peregrinos de Lula.
Aliás, depois que o povo
brasileiro conheceu Lula e seu programa de governo, só alguém apoiado por ele
para subir a rampa do Planalto sem vaias ou tropa de choque para sufocar as
vaias...
Ahmad Schabib Hany
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