terça-feira, 10 de janeiro de 2023
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
PADRE PASQUALE, HUMILDE PEREGRINO
Padre Pasquale, humilde Peregrino
Humilde
peregrino, Padre Pasquale Forin veio para o Coração do Pantanal inspirar o
protagonismo dos excluídos. No segundo ano de sua eternização, a celebração de
sua memória fortalece, com sua honrada memória, a Democracia e o Estado de
Direito, cuja incansável atuação a fortaleceu nos duros anos de construção do
Estado Democrático de Direito.
O Padre Pasquale Forin foi um sacerdote salesiano
ligado à defesa dos Direitos Humanos (fundou, ao lado do Dr. Ricardo Brandão,
em fins da década de 1980, o Centro de Defesa de Direitos Humanos Marçal de
Souza, em Campo Grande, MS) e ao apoio dos trabalhadores rurais sem terra em
Mato Grosso do Sul (ao lado de outros padres salesianos, instalou a coordenação
estadual da Comissão Pastoral da Terra, em meados da década de 1980, em Campo
Grande, MS).
Em 1987, foi designado pároco da Paróquia São João
Bosco, em Corumbá (MS), onde permaneceu até se aposentar, em 20014,
permanecendo na mesma diocese até os últimos dias. Em Corumbá, onde foi também
Vigário-Geral no episcopado de Dom José Alves da Costa e de Dom Segismundo
Álvarez Martínez, fundou a Rádio Comunitária FM Pantanal, a Casa de Recuperação
Infantil Padre Antônio Müller (CRIPAM), o Centro de Apoio à Infância e
Juventude Madre Mazzarello (CAIJ) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) regional
do Pantanal.
Ao lado do Padre Osvaldo Scotti e da Antropóloga
Iara Penteado (FUCMT), contribuiu para o reconhecimento da existência da etnia
Guató no Pantanal, indígenas expulsos durante o regime de 1964 da Ilha Ínsua e
cuja líder-matriarca Dona Josefina Ferreira perambulava pelos escritórios da
FUNAI e ministérios em Brasília, até que, com a ajuda do Conselho Indigenista
Missionário (coordenação de Mato Grosso do Sul), no início da década de 1990
conseguiu o reconhecimento da etnia e o retorno às terras ancestrais.
Entre 1993 e 2021 (até sua eternização), foi
fundador e Coordenador-adjunto do Comitê de Corumbá e Ladário da Ação da
Cidadania contra a Fome, a Miséria e Pela Vida (coordenação regional da Campanha
Contra a Fome, criada, em 1993, pelo Sociólogo Herbert de Souza, o Betinho),
bem como do Pacto Pela Cidadania (Movimento Viva Corumbá), que articulava os
mais diferentes setores da sociedade civil para dar-lhes visibilidade e
protagonismo, tendo como principal articulador e seu primeiro Coordenador-Geral
o então Bispo Diocesano Dom José Alves da Costa (1991-1999).
Homem de rara sensibilidade humana e cristã, Padre Pasquale
Forin foi um importante articulador e incentivador do protagonismo cidadão de
diferentes faixas etárias, pois, mesmo sendo pároco em uma distante Diocese do
Pantanal Sul-Mato-Grossense, apoiou o Movimento Nacional de Meninos e Meninas
de Rua (MNMMR) na articulação Criança Constituinte Prioridade Absoluta, que
originou a Doutrina da Proteção Integral do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) em 1990.
Além disso, deu apoio incondicional ao Fórum
Permanente de Entidades Não Governamentais de Corumbá e Ladário (membro da
Plenária Estadual de Fóruns de Políticas Publicas de Mato Grosso do Sul), que
efetivou o controle social de políticas públicas como Saúde, Assistência
Social, Direitos da Criança e do Adolescente, Cultura, Direitos Humanos,
Direitos dos Afrodescendentes, Direitos dos Povos Originários, Direitos dos
Idosos, Direitos da Juventude etc.
Mesmo com a idade avançada, não deixou de atuar
como voluntário junto às crianças e adolescentes atendidos pelo CAIJ, envolvido
também na realização das atividades natalinas da comunidade do Cristo Redentor,
onde está localizada a sede do projeto social destinado à proteção social da
população infanto-juvenil em situação de vulnerabilidade econômica, educativa e
social.
Sua Presença Inspiradora foi determinante para a
construção do Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19, instalado em plena
pandemia sob as bênçãos desse querido sacerdote. Articulador de diversos
Espaços Públicos não Estatais, seus aconselhamentos foram imprescindíveis para,
em tempo recorde, fazer funcionar o Comitê. Não por acaso depois de sua
eternização, o Padre Pasquale se tornou seu Patrono.
Na manhã do Dia Internacional dos Direitos Humanos
(10 de dezembro de 2020) deixou mensagem aos seus contatos, e ao final da tarde
era internado na Santa Casa de Corumbá com os sintomas da covid-19. Quinze dias
depois, na véspera do Natal, foi levado de UTI aérea para Campo Grande, onde
permaneceu internado até sua eternização, em 10 de janeiro de 2021. Seu corpo
foi sepultado em Campo Grande, no jazigo da Missão Salesiana de Mato Grosso.
Todas as suas obras sociais permanecem em
atividade, embora sem a sua Presença Inspiradora tenham sofrido um considerável
arrefecimento, sobretudo o Centro de Documentação e Apoio aos Movimentos
Populares (CEDAMPO), situado em Campo Grande (MS), e a Comissão Pastoral da
Terra (CPT) regional do Pantanal.
Zeloso das conquistas democráticas, sociais, dos
Direitos Humanos e da inclusão social, o Padre Pasquale Forin está entre nós,
inclusive neste delicado momento da Vida nacional, quando celebramos sua
honrada memória, que se traduz na reafirmação do Estado de Direito, da Democracia
e dos valores mais caros da humanidade, inspirados no legado do Cristianismo.
Um verdadeiro Peregrino que veio para o Coração do Pantanal inspirar o
protagonismo dos excluídos.
Viva a Democracia! Viva o respeito aos Direitos
Humanos! Viva a inclusão social! Glória ao Padre Pascoal, sempre presente em
nossa memória e nossos corações!
Ahmad Schabib Hany
domingo, 8 de janeiro de 2023
LUGAR DE FASCISTAS E DE TERRORISTAS É NA CADEIA
Lugar de fascistas e de terroristas é
na cadeia
Ante
os atos (e possíveis atentados) das hordas fascistas, agora flagrantemente
terroristas, que promoveram a invasão dos três Poderes, é hora de levá-las para
as barras dos tribunais. Repressão efetiva e prisão aos tonton macoutes e seus mandantes, inclusive os que procuraram álibi viajando aos EUA.
O fedor dos
glúteos podres dos fascistas (entre eles o inominável, a familícia, o canalha
Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF, que foi para o colo
de seu chefe, de quem foi ministro de Justiça) e seus facínoras de aluguel tomou
conta da Esplanada dos Ministérios. Em plena tarde do segundo domingo do ano (e
do governo Lula), sob a escolta de algumas viaturas da Polícia Militar do
Distrito Federal, essas desprezíveis hordas insanas invadiram, ilegítima e
acintosamente, as sedes dos três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário.
Os palácios
do Planalto, Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e do
Supremo Tribunal Federal foram literalmente depredados, devastados,
vandalizados, saqueados e furtados (sic)
pelos tonton macoutes e seus
meliantes adestradores, entre eles alguns generecos malditos, cujos nomes virão
à tona, canalhas miseráveis que são. E ao contrário da cínica nota do
inominável, o fujão, a história está repleta de episódios de natureza golpista
protagonizados pela extrema-direita: a) atentado, em 1981, contra o Riocentro
por homens fardados que, por incompetência, foram suas únicas vítimas; b)
atentado, no início dos anos 1980, contra bancas de jornais com bombas
incendiárias por venderem exemplares de jornais como O Pasquim, Opinião, Movimento, Versus, Voz da Unidade
etc; c) atentado por meio de cartas-bomba, na década de 1980, enviadas às sedes
das entidades da sociedade civil que lutavam pelo fim da ditadura, como a OAB,
cuja secretária, Dona Lyda Monteiro, foi assassinada quando abria a
correspondência; d) em 1937, ninguém menos que o general Góis Monteiro, um
integralista (ou melhor, um fascista), que, para ganhar a confiança de Getúlio
Vargas e depois ser executivo do alto escalão, forjou o famigerado “Plano Cohen”,
depois por ele mesmo denunciado como farsa, causando constrangimento a muitos generais
e altos oficiais e a altos funcionários do governo dos Estados Unidos, chegados
a intervir na política interna de outros países.
E como
ficam as declarações do ex-vice Mourão e do ex-juizeco Moro, que se deram ao desplante
de criticar o Ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, por ter
requisitado o apoio da Força Nacional para monitorar a chegada das hordas no
dia anterior? Retirei o nome do futuro ex-governador Ibaneis, já na fila do
desemprego por bancar o esperto e ajudar por baixo do pano seu ‘mito’ covarde
que se mandou como Pateta para o colo de seu amo e senhor, Pato Donald (Trump),
na Disneylândia.
E que não
fiquem isentos canalhas como Heleno e seus assemelhados, covardes que se dizem
patriotas, mas o que gostam é de mamar nas tetas da ‘pátria’. Cadeia, cadeia,
cadeia também para eles. Ele, aliás, é suspeito de ter estado por trás dos
atentados da extrema-direita na década de 1980, e talvez tenha sido um dos
instrutores do inominável (pois seu cérebro atrofiado não permite questões de
maior complexidade) naquele ato deplorável em que queria demonstrar sua ‘macheza’
para as hienas de maior patente e que o devem ter usado para os atos de
sabotagem, mas pateta como é, só conseguiu se atrapalhar e quase virar um
desertor, poupado pelo general Leônidas Pires Gonçalves, indicado pelo falecido
Presidente Tancredo Neves, que não pôde ter sido empossado na Presidência da
República por uma sucessão de episódios que hoje nos deixam com a pulga atrás
da orelha...
Picaretas e
outras ferramentas desse porte foram usadas pelos terroristas atabalhoados nas
invasões deste dia que entra para a história como uma vergonha nacional. O fato
real é que o estrago foi maior que o patrimônio público, histórico e artístico
depredados neste domingo: o maior prejuízo foi do Estado Democrático de Direito,
da Democracia como regime conquistado com muito denodo pela sociedade civil ao
longo de pelo menos duas décadas. Fragilizada, vilipendiada e defecada (isso
mesmo: esses canalhas como o inominável fujão adestraram suas hienas
desavergonhadas e nada patriotas para fazer o ‘dois’ nas áreas que eles
acreditavam ser de seus ‘inimigos’). Coisa de fascistas, que agem em bandos e
traiçoeiramente, simples assim.
Como é
mesmo que ensinavam no tempo da ‘redentora’ aos recrutas que faziam o seu
serviço militar? Terrorista é terrorista. Se precisar,
um agente da ordem não pode hesitar. É isso o que eles, covardes e de mente
limitada, queriam. Bastasse uma gota de sangue derramada para fazer a cena de
coitadinhos. Como na emblemática e memorável Batalha da Sé (ou Revoada dos
Galinhas Verdes), da década de 1930. Só que ninguém pretende mirar e atirar em
sua caixa craniana fascista, de cujo interior só sai aquilo que os intestinos
de todo animal costuma execrar. Os fascistas serão desmascarados, um a um, e
serão levados para onde já deveriam ter estado, nas cadeias, ou melhor, no lixo
da História.
É dever de todo cidadão que respeita
a Constituição Federal de 1988 não ficar inerte ante mais este atentado
protagonizado pelo fascismo, explicitamente terrorista. É hora de ir, em todas
as cidades, em todos os estados, sobretudo em Brasília, nesta semana, se
possível já nesta segunda-feira, para repudiar rotundamente os covardes fujões,
os facínoras de ontem e fascistazinhos de hoje, seja de pijama ou de roupa de
escoteiro, de terninho de falso pastor ou de falso fariseu. Todos somos pela
Democracia!
Lembram-se do inesquecível discurso
do Doutor Ulysses Guimarães, o terror de todos os meliantes que estão por trás
desses fedorentos tonton macoutes, em
especial o canalha-mor, o inominável, que logo estará chegando ao território
pátrio sob as varas da Lei. Não perdem por esperar, e os ‘escondidinhos’, de
pijama ou não, terão o mesmo fim. Nada de compaixão ou tolerância com canalhas
assassinos, traidores e facínoras.
“Traidor da Constituição é traidor da
pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas
do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o
exílio e o cemitério. (...) Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a
tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América
Latina.” (Doutor Ulysses Guimarães, 5 de outubro de 1988, no ato solene de
Promulgação da Constituição Federal de 1988.)
Ahmad Schabib Hany
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
MÁRCIO NUNES PEREIRA PRESENTE!
Márcio Nunes Pereira presente!
Diretor
do combativo Diário
de Corumbá, Márcio se eternizou
precocemente. Jornalista com raro faro de repórter, não parecia ser patrão, mas
um humilde colega que aparentava deixar-se levar pelos critérios de seus jovens
colaboradores.
Nascido no
Dia dos Reis Magos, o saudoso Márcio Nunes Pereira era Filho do Jornalista
Carlos Paulo Pereira -- que, depois de ter trabalhado por décadas a fio como
redator-chefe do O Momento, matutino
conservador ligado à UDN (União Democrática Nacional), decidiu fundar o Diário de Corumbá --, e Irmão caçula de
pelo menos três Jornalistas, desses que nos sentimos obrigados a grafá-los com
letra maiúscula: Ronei, Carlos Paulo Junior e Valdir.
Tive o
privilégio de conhecê-lo ainda adolescente, pois meu saudoso Pai era Amigo do
igualmente saudoso Pai dele e, lembro-me como se fosse hoje, desde 1970
costumava levar seus manuscritos em espanhol à Redação, então localizada à rua
Antônio João, ao lado do Café São Paulo, da Família Darmanceff. A propósito da
eternização de Gamal Abdel Nasser, em 28 de setembro de 1970, meu Pai fez um
memorável artigo, quando o acompanhei até o jornal e vi o jovem Márcio
trabalhando na gráfica do jornal.
Assim como
Márcio, o Diário de Corumbá também
‘nasceu’ no Dia dos Reis Magos, mas 14 anos depois. O Caçula de Seu Carlos
Paulo já era adolescente quando o matutino foi para as ruas pelas mãos de um
numeroso grupo de jornaleiros experientes, que antes de sair do prédio recebiam
uma ‘resenha’ da edição, com destaque para a manchete da edição, o tema da
crônica de ‘Tia Fifina’ (heterônimo do fundador e primeiro diretor do jornal)
e, obviamente, as notícias policiais, que ajudavam muito nas vendas.
No período
em que o fundador dirigiu o Diário de
Corumbá o jornal tinha característica bem cosmopolita: de ascendência
portuguesa, o Seu Carlos Paulo se iniciou na imprensa cuiabana, onde trabalhou
por muitos anos. Ainda jovem foi contatado por um dos donos de O Momento, razão pela qual se mudou para
Corumbá, tendo assumido a chefia de redação do mais conservador dos jornais
corumbaenses, até ter condições de fundar o seu próprio jornal e dar a linha
editorial pluralista e inovadora, que os Filhos seguiram.
Por isso costumo
dizer que o primeiro jornal corumbaense a publicar artigos em espanhol foi o Diário de Corumbá. Havia ao ano pelo
menos duas edições bilingues (português-espanhol), uma no dia 27 de maio (Dia
de la Madre, na Bolívia, em homenagem às Mães que protagonizaram a primeira
gesta libertária contra os colonizadores espanhóis, por essa razão não há
cidade importante boliviana que não tenha uma rua ou avenida “Las Heroínas” ou
“Heroínas de la Coronilla”) e a outra no dia 6 de agosto (Día de la Patria, em
homenagem à Proclamação da Independência, em 1825).
Somente
depois da eternização de meu Irmão Mohamed, em 1974, meu Pai me deu a oportunidade
de traduzir seus artigos, bem como às minhas Irmãs. Meu Pai era um homem à
frente de seu tempo e se identificara muito com o Seu Carlos Paulo Pereira, que
como patriarca de uma prole fazia com que seus Filhos se iniciassem no ofício,
sempre com humildade, sem qualquer privilégio em relação aos trabalhadores do
jornal.
Como bem me
lembrou nestes dias o querido Amigo-Irmão Edson Moraes, em 1975, ano em que
nossa Amizade se iniciou, o Diário de
Corumbá era, além de uma Redação de jornal, um ponto de encontro de jovens
desassossegados, no dizer do eterno Fernando Pessoa. Por isso também uma escola
de Jornalismo, num tempo em que Mato Grosso não tinha nenhum curso de
Comunicação Social para a formação profissional de inúmeros jovens ávidos por
ingressar no ofício por meio da academia.
Em Mato
Grosso do Sul isso foi acontecer em 1989, graças à luta do Sindjor/MS (Sindicato
dos Jornalistas Profissionais) -- entre eles o incansável Edson Moraes, ao lado
de nosso conterrâneo Luiz Taques, Luiz Gonzaga Bezerra, Ivan Pacca, Edson
Silva, Flávio Teixeira, Mário Ramires, Márcio Licerre, Dante Filho e com a
participação indispensável de grandes Jornalistas mulheres, como Margarida
Marques, Lúcia da Silva Santos, Maria Cristina Ataíde, Margarida Galeano, Kátia
Seleguim, Ecilda Stefanello, Sueli Bacha, Marília Leite, Rosa Bezerra, Neusa
Santana e Cristina Pacca --, que desde sua fundação, em 1980, levantou essa
bandeira e não arredou pé para que a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul) oferecesse com primazia, por ser na época a única pública.
Não tive
oportunidade de ler a íntegra da História do Curso de Jornalismo da UFMS, mas é
imprescindível dar os créditos ao então presidente do Sindjor/MS, Jornalista
Edson Silva (um de seus primeiros docentes), com o efetivo protagonismo do
saudoso Professor Jair Madureira, reitor da UFMS, e de seu chefe de gabinete, o
também saudoso Professor Octaviano Gonçalves da Silveira Junior. Sua
articulação se iniciou em Corumbá, durante a realização do VI SEPE (Seminário
de Ensino, Pesquisa e Extensão), sob a coordenação colegiada dos Professores
Gilberto Luiz Alves, Valmir Batista Corrêa, Arnaldo Yoso Sakamoto, Gisela
Levatti Alexandre, Edy Assis de Barros e Lúcia Salsa Corrêa. O evento na época
foi comparado por um diretor do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico) a uma “mini-SBPC” pela abrangência de temas tratados,
conforme então a imprensa (Diário de
Corumbá, Jornal da Manhã e Correio do Estado) registrou.
Tal como seu diretor derradeiro, o Diário de Corumbá é referência
insuspeita para quem quiser pesquisar em jornais o período de 1969 a 2005,
sobretudo entre 1984 e 1997, pois Márcio Nunes Pereira praticamente refundou o
jornal, resgatando a linha editorial que o fundador tinha adotado. Não se pode
escrever sobre a Corumbá do século XX sem buscar em hemerotecas públicas e
particulares exemplares das edições memoráveis sob a digna e corajosa direção
do Filho caçula do Jornalista Carlos Paulo Pereira. Não por acaso o Professor
Valmir Batista Corrêa, Historiador (com letra maiúscula) responsável pela
sistematização da historiografia de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e,
especialmente, Corumbá e Ladário, ao lado de sua Companheira de Vida, a
Historiadora Lúcia Salsa Corrêa, tem muitas obras referenciadas no jornal que
traz abaixo de seu título “Um jornal se mede pelas verdades que diz”.
Neste Dia dos Reis Magos celebremos,
pois, a presença iluminada do grande Jornalista e verdadeiro Amigo-Irmão Márcio
Nunes Pereira, cuja eternização deixou uma lacuna no Jornalismo Investigativo,
sobretudo, por meio de seu modesto mas gigante Diário de Corumbá. Dona Margareth Mattas Pereira e Paulo Mattas
Pereira, o querido Paulinho, o Filho do casal, recebam o fraternal abraço neste
emblemático dia, que jamais passará despercebido.
Ahmad Schabib Hany
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
MOMENTO DE RACIONALIDADE
Momento de racionalidade
A
realidade que se nos impõe é concreta, fruto de nossos erros e acertos.
Evidentemente, agravada pelos atos ilegítimos e perversos dos lobos em pele de
cordeiro que assaltaram os destinos da Nação.
Racionalidade.
Prudência. Paciência. Sobretudo, tolerância, muita tolerância. É disso que
precisamos.
A imensa
maioria da população demonstra gratidão e esperança com o início do Governo
Lula (em maiúscula, justificado por seu compromisso com o Estado Democrático de
Direito e a proteção social das amplas camadas em situação de vulnerabilidade
social e econômica). Vejo, no entanto, com desconforto e tristeza as declarações
extemporâneas e precipitadas de pessoas queridas, aguerridas, mas que não
perceberam a gravidade e a complexidade deste momento, herdado de uma súcia, ou
melhor, verdadeira alcateia de fascistas e suas hordas perversas.
Minha lúcida,
sensata e saudosa Avó materna, senhora católica, de convicções sólidas e bastante
observadora, teria se assombrado com a falta de coerência e sensatez dos ‘cristãos’
de meia pataca que integraram o governo de um mentiroso contumaz cuja prática
consegue ser ainda mais contraditória. Devota do Menino Jesus, Dona Guadalupe, conectada
ao mundo pela leitura de livros, revistas e jornais e pelo rádio, costumava
repreender quem a tirasse do sério com expressões antológicas como esta: “Fiel
serviçal do imperialismo ianque!”
A sabedoria
de pessoas de gerações anteriores, como minha saudosa Avó, nos ensina que é
possível conciliar a fé ou a ideologia com a realidade imediata. Embora o
negacionismo tenha sido disseminado criminosamente nos últimos quatro anos, é
possível fazermos um esforço para reverter esse processo, cujo impulso é
artificial, ainda que a doutrina, mais que teologia da prosperidade, tenha
encontrado adeptos entre pessoas simples, comuns e inofensivas que mudaram seu
comportamento por causa das milícias digitais.
É hora de
olhar para nosso entorno e ver, enxergar, pessoas abduzidas, hipnotizadas pela
doutrina do inominável. Pessoas de boa índole que tiveram a sua alma usurpada,
tomada pelas mentiras criminosas de uma quadrilha que se instalou no gabinete
presidencial nos últimos quatros anos para disseminar o ódio, a mentira e um
verdadeiro terço de falácias para criar um universo paralelo.
Será que
essas queridas pessoas, de alma altiva e aguerrida, não se dão conta da
política de terra arrasada que o fujão e sua corja de milicianos,
contraventores e criminosos têm deixado, como minas terrestres em campo minado,
que precisam ser desarmadas quanto antes?
Não me
refiro às hordas desatinadas que teimam chafurdar nas imediações da caserna. E
muito menos aos milhares de clubes de tiro criados nestes quatro anos pelo
governo de ‘cristãos’, em vez de ter criado escolas, bibliotecas, polos de
inclusão digital e internet, clubes de leitura, clubes de ciência, centros de
diversidade cultural...
É apenas uma
gota num oceano de atrocidades, de verdadeiros atentados em série feitos ao
longo de quatro anos de desmandos administrativos, prevaricações sucessivas,
atos e atentados ao Estado Democrático de Direito, leis inconstitucionais,
portarias ilegais e muito mais.
Além do
rombo (roubo?) de bilhões de reais deixados no rastro do insólito, do bizarro,
do surreal, o fujão e seu séquito (e a familícia, obviamente) conseguiram
prejudicar toda e qualquer tentativa de continuidade normal, como em toda
transição administrativa a partir da vigência da Constituição de 1988.
A sabedoria
de pessoas mais vividas, mais experientes, costuma ser baliza de critérios. É
também por isso que o terceiro mandato do Presidente Lula, ante a complexidade
de um momento adverso, precisa ser apoiado, em vez de criticado, logo por
pessoas queridas que deram o melhor de si na resistência ao inominável.
Não é
demais reiterar que, diferentemente dos dois mandatos anteriores, este mandato
do grande estadista que o Brasil levou 500 anos para revelar à humanidade será
de frente ampla. Não que seja uma reedição da Nova República, mas precisamos
entender que não há como dizer o ministro X ou a ministra Y não nos representa.
Quem representa o Governo de Reconstrução Nacional é o Presidente Lula, que
teve o cuidado de compor um verdadeiro quebra-cabeça.
Caminhemos,
pois, em consonância com o ensinamento octogenário do então jovem Drummond, cujos
versos abaixo retratam bem este momento: "Estou preso à vida e olho meus companheiros / Estão taciturnos
mas nutrem grandes esperanças / Entre eles, considero a enorme realidade / O
presente é tão grande, não nos afastemos / Não nos afastemos muito, vamos de
mãos dadas." (De mãos dadas, Carlos Drummond de Andrade, 1940.)
Ahmad Schabib Hany
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
O RETORNO À NORMALIDADE
O retorno à normalidade
O
Ano Novo não só trouxe uma nova administração, um Governo com ‘g’ maiúscula, mas
a volta à normalidade. Uma verdadeira volta à Vida. Apesar do luto pela perda
de Pelé e do Papa Emérito Bento XVI, cujos velórios se iniciaram no dia 2 de
janeiro, a alegria e a esperança estampam o semblante de grande parcela das e dos
brasileiros, sobretudo as e os mais simples.
Não é que
2023 começa com o retorno à normalidade, uma verdadeira volta à Vida, à alegria
reinante em meio a uma população que, sobretudo a partir de 2018, se sentia na
contramão de tudo, acuada e sem perspectivas?
O dia 1º de
janeiro de 2023 passa a ser marco do reingresso do Brasil ao concerto das
nações, depois de mais de quatro anos de vergonhosa exclusão do papel proativo
e altivo da política externa brasileira, bem como do histórico reencontro do
Governo Federal (com maiúsculas, por favor) com a Sociedade Civil (idem). Apesar
de a familícia que tomou de assalto os destinos do País ter feito de tudo para impor-lhe
um papel menor, subalterno e caudatário, a vocação brasileira é de vanguarda.
Apesar do
luto oficial pela eternização de Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé, e
do Cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento XVI, cujos velórios
sabiamente se iniciaram em 2 de janeiro, esta nação majoritariamente católica
soube guardar o devido respeito sem abrir mão de celebrar, comemorar, festejar
o triufo da Democracia, do Estado de Direito, respeito à diversidade e garantia
à pluralidade. E assim cidadãos de todas as regiões deste país-continente
desafiaram as ameaças recorrentes dos galinhas
verdes e tonton macoutes e se
permitiram prestigiar e participar do Festival do Futuro, com a participação de
artistas de todo o País.
Não houve
uma nação do mundo que não tenha repercutido, dias atrás, a eternização de Pelé
e, no primeiro dia do Ano Novo, a posse de Lula. Dois filhos de Famílias
proletárias, saídos do interior e à procura de novos horizontes. Pertencentes à
mesma geração, cada qual em seu universo, mas com a mesma determinação e
percepção: se não houvesse a censura nas décadas de 1960 e 1970, teríamos
conhecido Pelé e Lula da maneira mais real, não nas ‘quatro linhas’ (sic) de seu contexto, de seu ofício.
Pelé sempre
foi santista, ainda que tivesse contraído suas primeiras núpcias com Rose, em 1966,
uma corintiana fanática, que foi até a sede do Santos F.C. para pedir a Pelé e
demais craques santistas que não ‘surrassem’ o Corinthians. O próprio Pelé
disse que foi amor à primeira vista, tanto que acabou em casamento, que durou
12 anos. Já Lula, um corintiano não fanático, que sempre admirou o talento de
Pelé e a garra do ‘Peixe’, sofreu o famoso ‘jejum’ de mais de 15 anos de seu time,
mas que nem por isso guardou alguma mágoa dos craques santistas, que tornaram o
Brasil tricampeão em 1970, além de respeitado em todo o Mundo.
As novas
gerações não imaginam, mas no tempo da (mal)ditadura, este era o ‘mantra’
reinante: ‘estudante deve estudar’, ‘trabalhador deve trabalhar’, ‘padre/freira
deve rezar’, ‘jogador deve jogar’... Só arenistas e militares podiam fazer de
tudo, desde que não saíssem do ‘combinado’ com os generais de plantão (vejam-se
os ocorridos com Pedro Aleixo, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Djalma Marinho,
Flávio Marcílio, Célio Borja, Severo Gomes e Euler Bentes Monteiro, para citar
os casos mais conhecidos). Arenistas e militares (de alta patente), podiam
tudo, inclusive atrapalhar a vida de todos e todas, basta ver a biografia de
gente íntegra como o Doutor Wilson Fadul (ex-ministro da Saúde), Doutor Amorésio
de Oliveira (advogado e grande patriota que, nas palavras do ex-governador José
Fragelli, “amava mais o Brasil que a Deus”) e do Doutor Francisco Pecy de
Barros Por Deus (advogado, pecuarista e brilhante deputado estadual), além dos
Irmãos Wilson e Plínio Barbosa Martins, segregados da vida política nesse
período.
Resguardadas
as proporções, o mesmo Povo Brasileiro que generosamente ofereceu à humanidade atletas
com o talento de Pelé -- aquele menino pobre, afrodescendente e de talento
único que tornou o Brasil reconhecido e amado em todos os quadrantes da Terra
--, com igual desenvoltura revelou ao concerto das nações um estadista que
conquistou respeito e admiração de todos os povos.
Em síntese:
Pelé é Rei no Planeta, seja do futebol, da Concórdia, do Armistício, do Amor e
da Paz. Lula é o Estadista da Humanidade, tanto no combate à fome quanto na
luta pela Igualdade e Amizade entre os povos, pela Soberania e a Paz Mundial.
Ainda que vira -latas de muitas torcidas, de muitas ideologias, teimem em
apequenar o altivez do Povo Brasileiro, os dois são a prova eloquente da genialidade,
da generosidade e da grandeza desta nação-continente fruto da miscigenação.
É que o
recalque, a inveja, expressão maior da falta de caráter e de atributos maiores,
costuma ser pródiga em nossas extensas plagas. Alguém se lembra, por dizer, do
nome do carrasco que ceifou em 1792 a Vida de Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes? Ou do nome do capitão do mato que em 1695 assassinou Zumbi dos
Palmares? Diferente, é claro, no nome dos mandantes/assassinos de Marçal de
Souza em 1983, Chico Mendes em 1988, Irmã Dorothy Stang em 2005, Marielle
Franco e Anderson Gomes em 2018, e Dom Philips e Bruno Pereira em 2022. Aliás,
todos esses crimes cometidos para atender aos interesses das elites, que sempre
tiveram um, senão os dois, pés na lama...
Daqui a
alguns anos ninguém se lembrará do nome de Sérgio Moro e de outros sequazes,
como Dalton Dallagnol, e da alcateia que eles produziram na política,
verdadeiro(a)s fascistas que só perversidades produziram no brevíssimo tempo em
que tomaram de assalto os destinos deste país-continente. Não citarei seus
nomes porque são indignos de serem mencionados. Por isso, inomináveis. Na ótica
das elites que padecem do complexo de vira-latas, a sua falsa verdade, para
fazer jus a Joseph Goebbels, aparentará sempre ser hegemônica, mas no devir do
tempo, esse senhor da razão, a verdade sempre haverá de vir à tona.
O Povo
Brasileiro, de onde Pelé, Lula e tantos outros filhos proletários vieram para
fazer o Brasil triunfar, é maior que quaisquer facínoras travestidos de mito, herói, justiceiro ou
cinicamente patriota. A História,
esta com letra maiúscula, é realizada pelos feitos sinceros e reais do
proletariado, gostem ou não os feitores e seus amos e senhores. Felizes e
transformadores 2023, 2024, 2025, 2026, 2027, 2028, 2029, 2030, 2031, 2032...
Ahmad Schabib Hany