Cidinha, missão e encantamento
Psicóloga Maria Aparecida, profissional que fez de seu ofício instrumento de formação humana e social, missão que a tornou referência existencial.
Maria Aparecida Lopes Batista. Simplesmente Cidinha. Humilde, solidária e, sobretudo, referência humana, Psicóloga compromissada com seu juramento profissional. Uma paulistana que encontrou acolhida e acolheu em Ladário de todos os povos, credos, culturas e, principalmente, dos sonhos e lutas.
Ao lado de Márcio dos Santos Batista, seu Companheiro de Vida, constituíram uma Família sólida, em que os valores humanos primaram por excelência, a despeito de sua dedicação ao próximo, como missionária, abnegada que foi em tempo integral.
Formou-se no pioneiro Curso de Psicologia de Corumbá, no então CEUC/UFMS, em dezembro de 1992. A mesma conduta humilde com que procedia no dia-a-dia era o fio condutor de uma profissional incansável, que não se desconectava de seu ofício. Porque Psicóloga é o tempo todo Psicóloga, não apenas na hora em que está em seu local de trabalho.
Quando a conheci, início de 1994, no processo de construção do controle social e da intensa participação das ladarenses no FORUMCORLAD (tinha que ter se chamado FORUMLADCOR, pois nasceu em Ladário, no salão paroquial de Nossa Senhora dos Remédios), assessorava a Secretária de Ação Social, Dona Adelaide Maria Dias da Cruz, administração do Prefeito Sílvio Maciel da Cruz. Verdadeira parceira, leal aos cânones profissionais e cidadãos. Com desenvoltura e atenção dedicou-se à adequação da estrutura do órgão gestor ao modelo de política pública preconizado pela Constituição Federal de 1988 e, especialmente, à Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Conquistou corações e mentes das pessoas humildes de Ladário porque não tinha conduta dúbia, era autêntica. Se precisasse dizer algo, dizia na hora, sem ofensa ou arrogância. Delicadamente sincera, e sinceridade conecta as pessoas quando a humildade é o sentido comum dessa interação.
Felizes os que privaram de seu convívio. Até os mais reticentes convenciam-se de que não custava tentar. E tentando se tornavam protagonistas inovadores, ao seu lado, de um novo caminhar. Sim, porque com ela todos caminhavam lado a lado, passo a passo. Sem pressa, sem aquela preocupação de cumprir tarefas, bater metas ou se destacar no ranking, como se estivéssemos em um certame em que o objetivo é fazer currículo.
Ser humano de grande qualidade, de um gigantismo extraordinário, por todas as instituições por que passou deixou marcas indeléveis que estão na memória coletiva, não só das e dos colegas, mas das pessoas com quem trabalhou nos diversos projetos pioneiros que criou e consolidou. Secretaria de Ação Social, depois Secretaria de Assistência Social, APAE, Lions Clube de Ladário...
O Lions Clube é referência em um projeto que hoje leva o nome da Cidinha por seu legado, pioneirismo, competência e generosidade. Ela não "inventou a roda e o giro", nem tinha tal pretensão. O segredo está nisto: as mesmas pessoas que inicialmente eram as atendidas, com aquele jeito que só Cidinha fazia, são as que se desenvolveram tanto que se envolveram na teia social que foi criada no dia a dia. No estilo "um passo de cada vez", método e prática da Cidinha.
Esse método não foi um achado, mas fruto de muito esforço, pela dedicação e compromisso com seu ofício, pois, para ela, ser profissional não era estar, mas o tempo todo ser, viver e evoluir. A Vida não foi fácil, como para todos os viventes, mas ela soube transformar esses desafios em método, por sinal, que foi eficaz, eficiente e autônomo. Hoje ele segue seu caminho com outras e outros caminhantes, como a Vida, como a História.
O Amor com que foi acolhida em sua Ladário de esperanças mil ela o replicou em cada gesto, em cada iniciativa, em cada projeto que desenvolveu e aplicou com a maior dignidade, total convicção e da maneira mais desapegada, como todo ser desassossegado que sabe que nada lhe pertence, nem o próprio corpo. Hoje é Luz, é referência, é exemplo, é inspiração.
Como uma gaivota Cidinha se encantou e hoje está ao lado de seu Companheiro de Vida e luta, Márcio Batista. Estão, sim, aqui entre nós, e ao lado de queridos Colegas e Companheiros de sonhos e lutas, como a igualmente eterna e terna Tânia Nozieres de Sant'Anna e tantas e tantos Amigos-Irmãos que encerraram a sua jornada antes de nós.
Cidinha, missão e encantamento. Obrigado por ter, humilde e discretamente, existido e ensinado a caminhar o caminho da caridade, da verdade e da Vida! Cidinha, ou melhor, Psicóloga Maria Aparecida Lopes Batista, presente, hoje e sempre!
Parabéns aos queridos Amigos-Irmãos Juvenal Ávila de Oliveira, Genise Assad de Paula, Suzete dos Santos Bezerra e Aguinaldo Rodrigues, pela iniciativa que se transforma agora em compromisso anual de acolhimento, reconhecimento e homenagem àqueles que fazem da Psicologia a Ciência da contemporaneidade, pois nestes tempos insólitos em que a saúde mental é a maior vítima, mais que profissionais, a Psicóloga e o Psicólogo são o caminho, a senda da lucidez e da autonomia cidadã! Corpo e mente sãos, sociedade saudável para a evolução da humanidade.
Ahmad Schabib Hany
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