Professor de História da Educação explica crise educacional
Hoje, às 19 horas, no Centro Cultural de Maracaju, o Professor Gilberto Luiz Alves apresenta a palestra "Educação e Sociedade na decadência dos modos de produção", em que demonstra que a crise educacional é consequência do esgotamento do atual modo de produção e sua superação passa por transformações da sociedade, e não de soluções meramente na área da Educação.
Não se trata de crise conjuntural, mas estrutural, pois a crise na Educação decorre da decadência no modo de produção capitalista na sociedade. Para superá-la é preciso estudar as causas da exaustão desse modo de produção, por meio da luta de classes, que na perspectiva histórico-crítica é o motor da História. Suas pesquisas têm analisado os fatores históricos da sociedade, responsáveis pela perenização dessa crise aparentemente educacional.
Há mais de 50 anos na pesquisa da História e da Educação, o Professor Gilberto Luiz Alves, aposentado da UFMS, faz hoje, às 19 horas, sua palestra "Educação e Sociedade na decadência dos modos de produção", no Centro Cultural Francisco Moacir Feitosa de Araújo, em Maracaju, em parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Ele tem focado seus estudos pioneiros na elucidação do que sói chamar-se de crise educacional por meio da compreensão da História da sociedade à luz da luta de classes.
Com base na perspectiva dialética da História, o Professor Gilberto Alves vem demonstrando que a superação dessa crise passa pelo esgotamento do modo de produção capitalista, sem o que não há como serem resolvidas questões aparentemente específicas na Educação, mas cujo principal fator está na sociedade, isto é, no sistema produtivo -- econômico, social e político -- que faz refém todas as demais atividades da sociedade contemporânea.
INSTITUTO CULTURAL
Atualmente o Professor Gilberto dirige o Instituto Cultural que leva o seu nome, em Campo Grande, e coordena diversas iniciativas com colegas pesquisadores, entre as quais a Sociedade de Bibliófilos do ICGLA, que tem produzido uma coleção de livros na perspectiva da História Crítica e incentivado pesquisas nessa linha, nos programas de pós-graduação das mais diferentes instituições do Brasil e da América Latina.
Os livros tratam de temas pouco estudados na História no sul de Mato Grosso (depois Mato Grosso do Sul), em coedição primorosa com editoras de Cuiabá e de Londrina, cujos autores são pesquisadores como os Professores Valmir Batista Corrêa, Lúcia Salsa Corrêa, Sandino Hoff, Maria Angélica Cardoso e Sílvia Helena Andrade de Britto. Essas obras são ricamente ilustradas por artistas plásticos renomados, como Marlene Terezinha Mourão, Tom Barbosa e Lello, entre outros.
Gilberto Luiz Alves, com doutorado/pós-doutorado em História da Educação, na Universidade de Campinas (Unicamp), é um dos pioneiros na pesquisa do Centro Pedagógico de Corumbá, da então Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT), que com a criação de Mato Grosso do Sul federalizou-se. Depois de se aposentar na UFMS, foi pesquisador na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e da Universidade para o Desenvolvimento do Pantanal (UNIDERP), por décadas a fio, em seus programas de pós-graduação.
No final deste mês, no Campus de Campo Grande, a UEMS receberá a doação de livros da biblioteca pessoal de Gilberto Luiz Alves. É o primeiro passo para o desenvolvimento de estudos no campo de História e da Educação, objeto de pesquisa desde sua juventude. Desde que iniciou sua carreira na docência e pesquisa, tem colecionado obras emblemáticas, algumas raras, e a partir do final de setembro estarão disponíveis para pesquisadores nessa instituição.
Em 1983, durante a II Semana de História da FADAFI/FUCMT, o Professor Gilberto protagonizou, em pleno regime militar, importante marco histórico junto a estudantes e pesquisadores de Campo Grande. Em análise e debate sobre as perspectivas da sociedade e da Educação, um relevante grupo de estudantes e professores de ciências humanas iniciou uma nova etapa nas pesquisas para a compreensão da História e da Educação, entre eles o saudoso engenheiro agrônomo Manoel Sebastião da Costa Lima, proprietário da emblemática Livraria Guató, que entrou para a História como uma das primeiras a expor obras primorosas nas áreas humanas e sociais, entre as quais coleções completas de Karl Marx, Friedrich Engels, Georg Hegel, Vladimir Lênin, Antonio Gramsci e Georg Lukács.
O professor tem estimulado a pesquisa metódica da História como forma de contribuir para a compreensão mais profunda da problemática educacional. Gilberto Alves adverte que só será possível encontrar saídas efetivas se as novas gerações enfrentarem a questão de fundo, essencialmente ligadas ao modo de produção, não de forma compartimentada, apenas fazendo abordagem segmentada do econômico, político ou social.
Este desafio o Professor Gilberto Luiz Alves faz desde a juventude, e agora, com experiência acumulada e notável acervo bibliográfico e autoral de referência, vem insistindo para que pesquisadores voltados para a História e a Educação foquem seus estudos nessa temática, mais atual que nunca. Não se trata de apenas estudar e analisar, mas de criar condições para que a sociedade se aproprie de uma ciência que não tem sido suficientemente compreendida pelas gerações posteriores a 1964 e cujas ferramentas são contemporâneas, atualíssimas, basta estudar, pesquisar e ter coragem de transformar.
Ahmad Schabib Hany

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