sexta-feira, 20 de outubro de 2023

‘Pelos poderes de Grayskull!’

‘Pelos poderes de Grayskull!’

JDAM ou GBU-43/B?

Prêmio Pulitzer em 1969, o veterano correspondente de guerra Seymur Hersh, segundo o Jornalista Leandro Demori (ex-The Intercept Brasil na ‘Vaza Jato’), há poucos dias havia antecipado a escolha do arsenal para a operação de extermínio de Gaza.

O repórter investigativo Leandro Demori (ex-editor do The Intercept Brasil no tempo da série de reportagens ‘Vaza Jato’, que desmascarou a farsa da Leva Jeito e toda a quadrilha da republiqueta de Curitiba), revela que o veterano Jornalista e correspondente de guerra Seymur Hersh (aquele que ganhou o cobiçado Pulitzer em 1969 com uma reveladora reportagem sobre o massacre de guerra de My Lai, Vietnã) alertara seus leitores sobre o uso, nas operações de devastação de Gaza, das temidas bombas JDAM, cuja versão mais moderna é GBU-43/B, conhecida como ‘a mãe de todas as bombas’).

Bastante meticuloso, como repórter investigativo, Demori não é categórico em “Ataque a hospital em Gaza: foi uma bomba JDAM?”, mas de uma prudência didática quando publica com exclusividade aos assinantes de seu canal ‘A Grande Guerra’ do excepcional serviço prestado, não só para o Jornalismo, mas para a História, pelo Jornalista Seymur Hersh em ‘O plano para eliminar o Hamas’, em tradução ao português. Talvez Hersh, como outros Jornalistas de sua estatura, não venha a ser contemplado com outro prêmio Pulitzer, até porque hoje a imprensa ocidental hegemônica virou um ‘puxadinho’ da Casa Branca, ou melhor, do Pentágono e de todos os palácios de seus aliados da União Europeia.

(Atrevi-me a pedir autorização ao canal de Leandro Demori para compartilhar o link dessa matéria reveladora, pelo que aguardo sinal verde para fazê-lo, até porque esse Jornalismo com letra maiúscula sobrevive a duras penas com doações dos seus leitores.)

Enquanto isso, a GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão) e seus satélites e similares (Record, SBT e Band) continuam ruminando mais uma fakenews lançada pelo serviço de propaganda sionista (cujo porta-voz havia anunciado que haviam brasileiros entre os reféns levados para troca por presos políticos palestinos), a de que o massacre de crianças e adolescentes no Hospital Batista de Al-Ahli, em Gaza, foi resultado de erro de atiradores palestinos ligados a outro grupo, a Jihad Islâmica, sem quaisquer provas, com o objetivo claro de se eximir da responsabilização por crime de guerra na sanguinária história militar do Estado sionista.

Cá pra nós, o que causa espanto é o cinismo com que a mídia corporativa, sobretudo os ‘jornalões’ que não se envergonham por sua cobertura panfletária daquilo que ousam chamar de ‘conflito Israel-Hamas’. Primeiro, como as cinicamente autodenominadas de forças de defesa do Estado sionista querem convencer a humanidade que uma das maiores potências militares do Planeta (senão a segunda maior, detentora de armas nucleares sem a devida autorização da Agência de Energia Nuclear da ONU) pode empreender uma guerra desproporcional com um grupo de combatentes (chamados de ‘terroristas’ sem qualquer critério reconhecido pela ONU, apenas para justificar sua obsessão) precária e moralmente armados? Isso não é guerra, porque é desproporcional: é massacre, genocídio.

É a tal ‘convicção’, mesmo sem provas, que fez escola até nas hostes do Ministério Público (caso Urinol e seu PowerPoint), Judiciário (caso ‘Marreco de Maringá’) e algumas polícias durante as jornadas de 2013 no Brasil e diversas partes do mundo. Lembra-se do pretexto para promover a segunda operação militar ‘Tempestade no Deserto’, depois do (auto?) atentado das Torres Gêmeas, em 2001, com o objetivo do insano George Átila Bush (filho) conseguir seu segundo mandato e poder destruir toda a infraestrutura (e violar a soberania nacional) do Iraque pela ‘convicção’ de que Saddam Hussein teria armas de destruição em massa (químicas e nucleares), as quais nunca foram achadas em seus arsenais.

Nessa mesma linha, Obama Bin Laden -- digo, Barak Obama --, depois da vergonhosa série de fakenews das ‘primaveras’ que nada tinham de árabes -- aliás, antiárabes --, e com o flagrante apoio do Mossad, de Israel (novidade?), enviou sua criminosa secretária de Estado, Hilary Clinton, à Líbia para insuflar as hordas criminosas daquele país e, assim, ‘pelos poderes de Grayskull, eu tenho a força’, assistir de modo desumano o linchamento transmitido ao vivo de Muammar Kadafi, que, tal como Saddam Hussein, era responsável pela estabilidade econômica, nível de renda e empregabilidade, com sistema público de saúde e previdência social, a quase toda a população da África e, inclusive, Oriente Médio.

Ou a crise humanitária pelo acentuado processo migratório rumo à Europa, posterior à destruição do Iraque (no Golfo) e da Líbia (no norte da África) terá sido mera coincidência? Não, é simples questão de causa e efeito. Tudo pela sórdida e nefasta cobiça (na verdade, ganância colonialista) pelo petróleo e demais recursos minerais de todos os países árabes, africanos e muçulmanos, caso do Irã e Azerbaijão. Como disse o insensato Joe Biden (que nada difere do palhaço Donald Trump na política exterior dos Estados Unidos), em 1986: “Se não houvesse Israel, teríamos que criar um Israel para poder defender os nossos interesses no Oriente Médio e assim alcançar os [criminosos] objetivos ‘humanitários’ [colonialistas] dos Estado Unidos.”

É o mesmo governo dos Estados Unidos, que procrastina decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ante a tragédia humana da população de Gaza, ao pedir vistas ou ser o único a vetar cinicamente proposta de resolução que pretendia apenas um detalhado corredor humanitário para retirar os refugiados da Faixa de Gaza por meio do deserto do Sinai, na fronteira entre o Egito e o território avassalado do que restou da Palestina. De posse de toda a mídia corporativa mundial, depois Biden aparece como paladino da paz e diz ‘ter conseguido’ a abertura do posto de controle do títere que deixaram na presidência do Egito, um corrupto general, um tal Abdel Sissi, que, bem adestrado, só atende às ordens dos Estados Unidos e de Israel, seus amos e senhores.

A mesma GAFE dá destaque, como atitude magnânima, à ‘generosa’ decisão de Biden de flexibilizar ‘por seis meses’ o embargo econômico decidido há mais de uma década pelos Estados Unidos contra Nicolás Maduro (que impôs uma crise econômica sem precedentes ao povo venezuelano), como gesto de ‘reconhecimento’ à Venezuela de promover eleições que permitam que suas marionetes possam concorrer e voltar a submeter a maior potência petrolífera da América do Sul aos interesses inconfessáveis do ‘grande irmão do norte’. Bonzinho esse Biden, né? Não, não está de olho nas reservas naturais de todos os países ricos em matéria-prima, mas ‘pensando’ no futuro de suas populações, desde que não sejam malvados e atrapalhem a ‘boa-vontade’ (sic) do ‘Tio Sam’. Como sempre, bonzinho enquanto não atrapalharem seus nefastas intenções, ou melhor, maldita cobiça...

‘Pelos poderes de Grayskull, eu tenho a força!’

Ahmad Schabib Hany

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