Contraofensiva
da Resistência Palestina
Após décadas de humilhação e
violência injustificada pelas forças da ocupação sionista sobre o território e
a população palestina, a resistência armada do Hamas decidiu interromper a
sucessão de agressões realizando contraofensiva-surpresa vigorosa sobre
unidades militares de um dos mais poderosos exércitos do mundo.
O 7 de outubro de 2O23 entra para a História pela
corajosa e ousada operação da Resistência Palestina contra um dos mais
poderosos exércitos do mundo. Cansados das sucessivas ações de humilhação e violência
contra a população da Palestina milenar, hoje acuada na Faixa de Gaza e parte
da Cisjordânia e sem qualquer sanção dos hipócritas ‘donos’ da ONU (senhores da
guerra e da cizânia na Terra desde o fim da União Soviética), os combatentes do
Hamas, com a adesão da Jihad Islâmica, empreenderam contraofensiva-surpresa, um
histórico revés aos sionistas e seus aliados, todos criminosos de guerra.
Lembra-se da parábola bíblica de Davi contra
Golias? Foram combatentes palestinos os que atuaram como o pequeno Davi contra
o gigante Golias, dos mais armados (e corruptos) exércitos, embora durante
décadas a propaganda sionista usasse a parábola para justificar os abusos e a opressão contra a população palestina, que hospitaleira e generosamente acolheu ao longo
dos últimos séculos diversas gerações de colonos judeus da Pérsia, da Etiópia e
da Europa (durante a Inquisição promovida pelo ocidente e mais recentemente por
causa das atrocidades promovidas pelos nazistas, sobretudo, na Alemanha e
Polônia).
Por que o hospitaleiro e inofensivo Povo Palestino
pagou com sua diáspora, seu êxodo (‘Nakba’, tragédia, em árabe), a conta da
tirania europeia, tanto durante a obscurantista Inquisição quanto na
sanguinária sanha nazista. Para começo de conversa, isso aconteceu em solo
europeu e sob a iniciativa peçonhenta de europeus, ‘brancos de olhos azuis’,
pela narrativa hitlerista, ‘arianos’. Antes de partir para açambarcar o
território, a cultura e a história palestina, os sionistas haviam cogitado se
apossar de outras regiões do Planeta, na África (Uganda) e na América do Sul (Argentina,
ao sul, região próxima da Patagônia, e no Brasil, ao norte, parte da Amazônia),
em sua cobiça por territórios ricos de petróleo e minério ‘nobre’ (ouro,
diamantes e agora lítio).
Donos dos maiores grupos midiáticos do mundo, das
maiores organizações financeiras e de uma rede de serviços de alta tecnologia e
de artefatos bélicos, os sionistas, desde o início do século XIX e com maior
ênfase nos anos 1910 e no pós-guerra de 1945 detêm o controle da narrativa de “uma
terra sem povo para um povo sem terra”, criada por Israel Zangwill. Essa, na
verdade, é a consigna do movimento sionista internacional desde os fins do
século XIX, quando Theodor Herzl e depois Ben Gurion e Chaim Weizmann tomaram
iniciativas em que projetos de ‘limpeza étnica’ da Palestina foram praticados:
não por acaso as ações de grupos paramilitares (consideradas pela Grã-Bretanha organizações
terroristas), como ‘Haganá’, ‘Irgun’ (ou ‘Etzel’), ‘Betar’ e ‘Hatzohar’, depois
foram assumidas pelo Mossad, organização de Israel especializada em todo tipo
de sabotagens e espionagens.
Entre a Declaração Balfour (nome do
primeiro-ministro britânico Arthur James Balfour, do acordo com o dirigente do
movimento sionista britânico, Barão Rotschild, entregando a Terra Santa, a
Palestina, aos sionistas) e o Acordo Sykes-Picot (os chanceleres Mark Sykes, do
Reino da Grã-Bretanha e Irlanda, e François Georges Picot, da Terceira
República da França, em 1916, antes do fim da Primeira Guerra Mundial, celebraram
o ‘Acordo da Ásia Menor’, em que definiram os limites das regiões a serem
colonizadas pelos dois impérios coloniais antes mesmo de derrotar o império
turco-otomano, quando Thomas Lawrence, o ‘da Arábia’, havia prometido liberdade
aos líderes árabes em troca de apoio árabe ao ocidente contra os turcos, que
não honraram), várias potências europeias foram incluídas no projeto de
colonização da Palestina, cuja denominação era Alia. Foram cinco Alias: a
primeira Alia em 1882-1903; a segunda Alia em 1904-1914; a terceira Alia em
1919-1923; a quarta Alia em 1924-1928, e a quinta Alia em 1929-1939.
Como assim?
Historiadores ocidentais respeitados em todo o
globo terrestre, como Arnold J. Toynbee (apenas para citar um), desmascararam
durante os debates do pós-guerra de 1945 que os ‘teóricos’ do sionismo
falsearam a História ao apagar fatos históricos e até o inegável legado
árabe-palestino para a humanidade. Ze’ev Jabotinsky, nascido em Odesa (Ucrânia),
e ainda menino imigrante na Alemanha, desenvolveu a narrativa de que árabe-palestinos
não estavam ‘à altura’ do desenvolvimento dos judeus e, que, portanto, não
poderiam compartilhar com eles a mesma sociedade, daí o apartheid e a insólita
tese da limpeza étnica acintosamente defendida por sionistas. Jabotinsky foi importante
ideólogo do sionismo -- tanto que a imponente sede mundial do Instituto Jabotinsky
se encontra em Tel-Aviv --, e ativista e fundador de diversas organizações paramilitares,
entre as quais ‘Betar’, ‘Hatzohar’ e ‘Legião Judaica’, com reconhecida ação na
Primeira Guerra Mundial.
Com a internet, hoje fica difícil manter uma
mentira por muito tempo. A despeito da miséria imposta a uma das populações
mais desenvolvidas da humanidade -- não são poucos os livros em inglês e francês,
alguns com as informações do espião Thomas Edward Lawrence (‘Lawrence da Arábia’),
a demonstrar a abundância e fidalguia dos habitantes da Palestina, quando a
fome e a precariedade afugentavam jovens e famílias inteiras em toda a
Europa e parte da Ásia e África depauperadas pela rapinagem do colonialismo
(base da acumulação capitalista), sobretudo entre fins do século XVIII e meados
do século XX.
Ao contrário das diversas propagandas --
colonialista (período colonial), imperialista (do capitalismo financeiro),
sionista (no período de preparação do saque territorial e cultural da Palestina)
e desde 1990 globalitarista (do totalitarismo globalitário), de que os árabes
são ‘terroristas’, ‘fora da lei’, ‘fanáticos’, ‘intolerantes’ e ‘incultos’, na
longa história da humanidade está consignado o legado árabe em bandeja de ouro:
a Península Ibéria, em território europeu, é uma das mais eloquentes
constatações da ausência colonialista na presença árabe e do pluralismo com que
se desenvolveu o processo histórico, científico e cultural na Espanha e em
Portugal (além de outras regiões da Europa, Ásia e África). Ou o fato de esses
dois reinos terem sido pioneiros nas grandes navegações, em fins do século XV,
teria sido mera ‘coincidência’? ‘Dádiva divina’?
O desenvolvimento das ciências e da arte da
navegação (uso de cartas náuticas, astrolábio, bússola e vela triangular pelos
navegadores ibéricos), o domínio da química, física, ótica, geometria,
arquitetura, engenharia civil, matemática, cinemática, astronomia, filosofia,
lógica, dialética, direito, literatura, gramática (sintaxe, morfologia,
semântica, linguística e sistematização nas línguas hispana e lusitana),
biologia, anatomia, genética, história, arqueologia, geologia, geografia etc. Não
é demais reiterar que, enquanto havia no ocidente proibição expressa dos
estudos de medicina (sobretudo anatomia) e química (com foco para as reações
químicas, como a elaboração de novas substâncias orgânicas e inorgânicas), por
questões de caráter religioso e doutrinário.
As potências ocidentais, patrocinadoras da
tragédia humana desde antes de 1947 (ano da criação do Estado de Israel com a
partilha, pela ONU, do território da Palestina milenar e que nunca se empenharam
na proteção da Palestina, que aos poucos foi desaparecendo com a instalação de
centenas de colônias judias ao longo de seu território),
têm a cara de pau de falar em ação terrorista contra Israel. Mais uma farsa da
mídia corporativa mundial. Ou o leitor(a) atento acredita
que foi ‘natural’ a forma como o GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão) vem cobrindo
em seu noticiário de maneira parcial os acontecimentos dentro dos territórios
saqueados por Israel, em que foram expulsos, presos sem mandado judicial,
torturados, mortos e desaparecidos pelo Mossad e outras forças sionistas há
décadas.
A propósito, para cada israelense morto, são 23
palestinos criminosamente assassinados pelo Estado terrorista de Israel. Além
do que desde a criação, em 1948, o Estado Sionista recebe dos governos
ocidentais, como doação, mais de 5 bilhões por ano, não por acaso o exército
israelense, um dos mais poderosos do Planeta, tem um orçamento de mais de 18
bilhões de dólares e as armas mais modernas de todos os arsenais militares
mundiais, inclusive armas nucleares e de destruição em massa. E assim como a
Ucrânia recebe todo o apoio do ocidente, Israel recebe desde o ano em que foi
criado de fora para dentro, sem que o Povo Palestino tivesse sido consultado.
Diante da total desproporção entre o poderosíssimo
exército israelense e os combatentes palestinos em sua legítima resistência
armada, jamais podemos dizer que se trata de ‘conflito’, mas massacre,
genocídio e LIMPEZA ÉTNICA, crimes contra a humanidade. Mas que fique
claríssimo: enquanto houver um árabe na face da Terra, Israel e todas as forças
poderosas a ele aliadas não terão sossego nem tranquilidade, e um dia
venceremos com a paz justa e duradoura para todo o Planeta. Então, todos os
Povos Originários do mundo estarão vivendo em concórdia e soberania.
Todo apoio e solidariedade ao Povo Palestino, a
verdadeira vítima há sete décadas da limpeza étnica e da tragédia humana sem
fim causada pelo colonialismo e imperialismo, há séculos opressores de grande
parcela da população humana. Lamentamos, profunda e sinceramente, a perda de
Vidas inocentes dos dois lados dessa tragédia humana, mas não havia mais como
esse altivo Povo suportar tamanha opressão. A paz mundial começa na Palestina,
sem o que tudo não passa de hipocrisia e cinismo.
Ahmad
Schabib Hany
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