Mais mentiroso que o capiroto
O inominado é tão mentiroso que nem ele mesmo
acredita em si mesmo. Tudo que fez em toda a sua recalcada existência foi ao
avesso, só para negar, tanto que não consegue caminhar para a frente...
Se o ilustre leitor pensou que se tratasse de
Donald Trump, enganou-se redondamente. Trata-se do delirante, o inominável, aquele
mentiroso contumaz que passou a vida toda a mentir que nem ele consegue
acreditar em si mesmo. O mais curioso é que seres iguais a ele também lhe fazem
coro, pela simples razão de não acreditarem em si mesmos, mas precisam fazer de
conta de que acreditam em algo -- então, nada melhor que seja alguém igual a
eles, como todo narcisista recalcado.
Os colegas dos tempos da caserna costumam dizer que
ele amarelava depois de algum blefe ou ato atabalhoado. É o que ficou
constatado no famigerado processo apensado na justiça militar por tentativa de
sabotagem de uma adutora importante da cidade do Rio de Janeiro, na década de
1980. Negou tudo o que fez publicar na revista Veja, que já não era a mesma dos tempos do grande Jornalista Mino
Carta, seu fundador e primeiro diretor de redação. O fato é que acabou
beneficiado por um ato de benevolência do então ministro do Exército, general
Leônidas Pires Gonçalves, escolhido por ninguém menos que o primeiro presidente
civil pós-1964, o Doutor Tancredo Neves, que acabou não conseguindo tomar posse
e deixando o mandato para o vice, José Sarney.
Não são poucas as explosões pirotécnicas do então
obscuro parlamentar que passou 28 anos na Câmara dos Deputados sem apresentar
um projeto digno de estadista para quem foi guindado à Presidência da República
sem dispor da mínima qualificação para receber o maior salário do primeiro
escalão. Sua única habilidade, constatada ao longo dos quase quatro anos perdidos
no comando da oitava economia do planeta, é divulgar fake news, promover o desmonte das instituições de Estado,
desperdiçar o patrimônio pecuniário, natural e cultural do Brasil, propalar o
caos e a conduta ‘fora da casinha’, quando a liturgia do cargo requer
comportamento impecável, todo ele dentro do protocolo.
Às vezes chegamos ao cúmulo da incredulidade ao
vermos a, digamos, desenvoltura com que protagoniza os mais bizarros atos, de
fazer inveja aos mais geniais dramaturgos do século XX, como Dias Gomes e seu
Odorico Paraguaçu. Foi o que com perplexidade a comunidade internacional
assistiu na sexta-feira passada, quando se deu ao desplante de manifestar
impropérios contra o Superior Tribunal Eleitoral (TSE), uma das mais sólidas
instituições democráticas da República e seu sistema de votação e escrutínio,
que foi responsável, aliás, por tê-lo diplomado em 2018, quando ele não passava
de um azarão.
O inominável deve achar-se muito inteligente. Só
que não. Além de cometer atos lesivos à administração pública, ele atenta
contra os mais comezinhos direitos da população ao ter desperdiçado bilhões de
reais com políticas patéticas de desmonte dos principais órgãos gestores de
políticas públicas caras para o Estado Democrático de Direito, como Saúde,
Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Assistência Social, Promoção da
Igualdade Racial, Meio Ambiente, Reforma Agrária, demarcação de terras
indígenas etc. E não há dinheiro do ‘orçamento secreto’ e da medida provisória
da gastança de 41,2 bilhões de reais capaz de reverter a queda vertiginosa de
sua popularidade ante a volta da fome e do desemprego, mais duas de suas heranças
malditas.
E se tudo isso não bastasse, as hordas fora de lei
que atiçam seu ego recalcado vivem a cometer crimes, pela sensação de
impunidade por ele acenada -- recorrência de crimes medonhos como o que atentou
contra a Vida de Marcelo Arruda, dirigente petista de Foz do Iguaçu (PR), ou
que atingiu a dignidade do Padre Júlio Lancellotti, de São Paulo,
criminosamente envolvido em uma farsa que o envolvia em ato de pedofilia que
nunca existiu (como foi revelado na semana passada pela revista Piauí, fato pouco divulgado). Esse
sórdido estratagema, retirado dos manuais fascistas de triste memória,
evidencia o fato de ser mais mentiroso que o próprio capiroto.
Ele pode até entusiasmar inúmeros cristãos de
boa-fé, mas o rastro de enxofre a exalar em seus nada inocentes propósitos,
como o de armar criminosamente a população, lhe dificulta, senão impossibilita,
a garantia de emprego pelos próximos quatro anos. Ação de causa e efeito,
obviamente, de quem não tem demonstrado empatia, solidariedade e humildade
durante o atual mandato, que entrará para a história pela sordidez e empáfia
dele e de seus bizarros ministros, destituídos de amor ao próximo e de postura
ética e republicana. Logo ele que foi guindado ao maior cargo da República na
esteira de figuras carimbadas que ganharam notoriedade com movimentos como o ‘MBL’,
‘Vem Pra Rua’ et caterva, muitos deles envolvidos em tramas macabras como a que
atingiu o Padre Júlio Lancellotti em São Paulo.
Ahmad Schabib Hany
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