CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2021: CORAGEM E EMPATIA
Coragem e empatia marcam a Campanha da
Fraternidade de 2021. A CNBB e o CONIC desenvolveram um tema ecumênico que vem ao
encontro dos clamores da sociedade brasileira. Desde 1964, quando as reflexões
da Quaresma foram coordenadas em nível nacional, houve poucos temas tão
palpitantes como o desta campanha.
A
despeito das pressões de setores conservadores minoritários, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
(CONIC), em eloquente demonstração de coragem e empatia, lançaram nesta Quarta-feira
de Cinzas, em edição ecumênica, a Campanha da Fraternidade de 2021.
Com
o tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é nossa
paz: do que era dividido, fez uma unidade”, a quinta edição ecumênica (realizada,
em média, a cada cinco anos desde 2000) se propõe a promover uma reflexão
engajada, voltada para a efetiva transformação da sociedade, fortalecendo a
cultura de paz e o respeito à diversidade, no âmbito da teologia da esperança,
em que amor não seja uma palavra vã em uma sociedade de vândalos.
Além
de católicos, luteranos e batistas, entre outros evangélicos não
fundamentalistas, se irmanaram neste momento de reflexões que coincidem com a
Quaresma (período de 40 dias que antecede a Páscoa), em favor de um processo de
pacificação e diálogo no interior da sociedade brasileira, profundamente
dividida pela difusão do ódio e da intolerância, sobretudo nos últimos três
anos.
O
Papa Francisco, durante a missa da Quarta-feira de Cinzas, enviou mensagem de
apoio à Campanha da Fraternidade, num claro gesto de sintonia com a postura
cidadã da CNBB e seu parceiro CONIG. Como nunca, o amor, a empatia e a esperança
se revestem de caráter transformador, pela solidariedade inerente.
A
campanha ecumênica se revela alvissareira ao tratar de temas álgidos em nossa
desalentadora realidade imediata. Seja no frio enfrentamento à pandemia, na
desmotivada campanha de vacinação ou no cotidiano em que apoiadores e membros
do atual governo se declaram a favor do regime do temido Ato Institucional nº 5
(AI-5) e contra a Ciência e a Vida.
Não
passa despercebido o real objetivo de medidas aparentemente desconexas: lançar
as bases de um regime de caráter autoritário, inspirado nas piores ditaduras
existentes nas décadas de 1960, 1970 e 1980 na América do Sul. A maior
evidência deste propósito está, de um lado, nas reiteradas manifestações
favoráveis ao regime de 1964 e, de outro, em decretos inconstitucionais de
flexibilização das normas de controle de armas (com evidente propósito de armar
simpatizantes do atual governo contra a oposição, tratada como inimiga).
Mais
uma vez, a CNBB e o CONIC, de maneira lúcida e generosa, vêm contribuir efetiva
e corajosamente para a reafirmação da cultura de paz, a teologia da esperança,
a prática do respeito à diversidade e a comunhão baseada na verdade. Mais uma
vez, o amor como instrumento de libertação vencerá o ódio, o recalque e a
intolerância, que tanta dor e infelicidade têm trazido à nação nestes últimos
anos.
Ahmad Schabib
Hany
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