sábado, 18 de maio de 2019

AULA DE CIDADANIA


AULA DE CIDADANIA

Neste 15 de maio de 2019, que passa para a História como Dia Nacional de Defesa da Educação, a juventude brasileira deu uma verdadeira aula de cidadania numa eloquente resposta a um sinistro da deseducação recalcado que tão logo assumiu começou a destilar fel e intrigas a queima-roupa. Além de fazer acusações levianas ao comportamento dos milhões de universitários e estudantes dos institutos federais de todo o País, Abraham Wintraub cortou (depois veio com essa de que “contingenciou”) mais de 30% das verbas discricionárias do orçamento da Educação, e teve o cinismo de dizer que a medida decorrera da (sic) “tragédia” causada pelos governos anteriores e, pior, que o mal-entendido foi fruto de má-fé da oposição ao governo de seu chefe.

Tal sinistro, tal tiranete... No exterior, mais uma vez, o capitão que foi sem nunca ter sido (era tenente quando lhe foi dada uma saída honrosa da caserna) usa os holofotes para mostrar seu despreparo, desequilíbrio e destempero (é o tal presidente 3D): em mais uma demonstração de total desconexão política, chama, logo cedo, antes do encerramento dos protestos, os manifestantes -- professores, pesquisadores, cientistas, estudantes, servidores da Educação e demais brasileiros de todas as idades e categorias profissionais -- de “idiotas úteis” e “imbecis”, e os desafia a irem pra cima dele.

Resultado: centenas de milhares -- senão milhões -- de brasileiros indignados retomaram, com civilidade, altivez e urbanidade, o protagonismo da história depois que energúmenos e assemelhados, como fantasmas saídos de uma anacrônica caixa de Pandora, começaram a desmontar o Estado brasileiro e a destruir todo o arcabouço jurídico nacional, construído com muito esmero e dignidade antes e durante a Assembleia Nacional Constituinte e os trinta anos posteriores, entre 1985 e 2018. Aliás, o que Wintraub chamou de tragédia em sua conturbada passagem pelo plenário da Câmara dos Deputados, no mesmo dia das manifestações, são as conquistas pós-1988, sobretudo os mínimos orçamentários constitucionais para a Educação, o fluxo financeiro fundo-a-fundo, as ações afirmativas (entre elas a política de cotas sócio-raciais e de acessibilidade econômica por meio das bolsas de permanência, de iniciação científica e de financiamento em instituições privadas), além do caríssimo princípio do controle social das políticas públicas.

A propósito, o que esse governo de recalcados fez até o momento, além de ficar espalhando “fake news” e discórdia pelas redes sociais e de destruir sem pudor nem comedimento tudo o que foi conquistado com denodo desde 1988, além de entregar a preço de banana o patrimônio brasileiro? Absolutamente nada, n-a-d-a... Movidos por um estranho ímpeto destrutivo e de vingança, em todo este tempo seus bizarros membros passaram brigando entre si, ofendendo o povo brasileiro dentro e -- principalmente -- fora do Brasil, como quando o atual ocupante do Palácio do Planalto teve a irracionalidade de dizer que o povo brasileiro precisava aprender com os israelenses a ser como eles são, ou como quando o ex-sinistro da deseducação Ricardo Vélez teve o despropósito de dizer que o brasileiro era ladrão e (sic) “canibal” e a nada comedida sinistra da Família Damares Alves, aquela que revelou ter encontrado “Jesus na goiabeira”, descobriu que as princesinhas Frozzen Ana e Elsa são (sic, sic) lésbicas...

Insuperáveis, mesmo, são as declarações do sinistro do Estrago Paulo Guedes, de que gostaria ver a fusão do centenário Banco do Brasil com o seu concorrente Bank of America (privado e altamente predador, um verdadeiro abutre das ações de empresas brasileiras estatais e privadas de capital aberto), do sinistro da Injustiça e Insegurança Pública Sérgio Conje Moro -- aquele super-herói decadente da Leva Jeito, lembram-se? --, de que na dúvida todo cidadão é suspeito até provar o contrário e de que os agentes de segurança estão liberados para executar as pessoas no exercício de suas funções “porque não dá para saber quem é bandido” (o que evidencia o total distanciamento dos cânones do Direito garantista que norteia a Constituição e o Estado brasileiro).

Daí que, como inimigos declarados da (sic) “balbúrdia” -- o delicioso burburinho da liberdade e do progresso, para nós, amantes da democracia e da Vida --, esses nefandos cultores da “paz dos túmulos” e proxenetas das trevas, verdadeiros mefistofélicos, se incomodam com a luz do saber, da ciência, da evolução. É que, simpatizantes dos ideais neofascistas (para não dizer medievais), têm como propósito maior nesta sua intervenção destruir o passado (a Previdência Social), o presente (a Saúde, a Assistência Social e os Direitos Humanos, sobretudo os trabalhistas) e o futuro (a Educação, a Cultura, a Ciência e Tecnologia e o Meio Ambiente). Em vez de civilização, querem a barbárie, para entregar as maiores riquezas do País -- o Povo e suas riquezas naturais -- a seus amos e senhores, sediados em Washington e Tel-aviv. Como, aliás, fizeram os colonizadores: “pagãos não têm alma, portanto não são dignos da vida”, segundo a História registra e não há como negar.

Ahmad Schabib Hany

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