Até sempre, querido Joaquim do Amaral!
Joaquim
Ivan do Amaral. Um ser humano da maior dignidade e determinação. A Vida toda,
sem titubeio, sobretudo numa sociedade em que medíocres oportunistas e
hipócritas costumam ser os (sic) “vencedores”.
Em todas as atividades a que se dedicou -- todas por meio de concurso público,
sem apadrinhamento ou “empurrãozinho” -- destacou-se com brilhantismo e
desenvoltura, fosse no curso universitário ou no serviço público, concluídos
com excelência, a despeito de sua permanente luta por uma vida saudável.
Guerreiro
de nascença, desde tenra idade lutou contra o diabetes, o que nunca o inibiu. Ao
contrário, as limitações impostas pela dura realidade forjaram seu caráter e a
disciplina invejável que sempre o levaram para frente. Quando tive a honra de
conhecê-lo e à sua irmã caçula -- a querida Professora Márcia Ivana do Amaral
--, por meio da igualmente querida e exemplar Amiga que a Vida me presenteou
Mara Leslie do Amaral, estávamos em fins da década de 1980, precisamente no emblemático
ano da primeira eleição direta para presidente da República. Esses dois Irmãos
cursavam Biologia no então Centro Universitário de Corumbá (CEUC), da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), enquanto a irmã mais velha
havia concluído Letras e fazia algumas disciplinas de História.
Confesso
que tão logo conheci os três Irmãos (com letra maiúscula), tornei-me fã deles,
tamanha a solidariedade ética e a dignidade que os unia, além do amor,
obviamente, generoso, contagiante. A Vida me privilegiou um convívio próximo
por quase dez anos, oportunidade em que pude testemunhar a honradez e a retidão
de caráter dessa querida Família (novamente com letra maiúscula), em cuja
história traz a marca do cosmopolitismo de além-fronteira: a saudosa e querida
Dona Gueisa Montero Amaral e o igualmente saudoso Seu Oacir Amaral foram, mais
que Pais, verdadeiros companheiros (no sentido mais amplo) de seus filhos, e
essa lícita cumplicidade os tornou cidadãos a toda prova.
Pelo
menos dois momentos da exemplar Vida de Joaquim não esqueço, e faço questão de
deixá-los como testemunho da generosa e singular existência desse querido
Amigo. Então orientando da querida Amiga Professora Maria Angélica de Oliveira
Bezerra -- uma brilhante limnóloga que dedicou os melhores anos de sua Vida
para o desenvolvimento da ciência e o progresso social de Corumbá --, o agora
saudoso Amigo Joaquim desenvolvia uma pesquisa sobre a leishmaniose na cidade,
que tomava ciência da gravidade dessa endemia. Recém-nomeado (por concurso
público) no antigo INPS (atual Previdência Social, alvo da perversidade dos
novos empoderados), dividiu o pouco tempo de que dispunha para poder realizar a
sua pesquisa. Detalhe: como servidor da Previdência, não abriu mão de se sindicalizar
desde que o glorioso SINTSPREV-MS foi fundado, nunca tendo recorrido aos
favores de chefes ou colegas mais antigos que lhe “quebrassem o galho”...
Mas
o que mais ainda me marcou foi o profundo amor por sua querida Filha quando nos
encontramos num consultório pediátrico, alguns anos atrás. Recém-transplantado
-- aliás, único sobrevivente de um doador de vários órgãos --, ainda estava
convalescente e com a maior desenvoltura e afeto acompanhava sua Filha ao
pediatra, pouco se preocupando com suas dores, evidentes. Joaquim não foi “apenas”
Pai, foi um verdadeiro Anjo da Guarda das crianças que a Vida lhe concedeu ao
longo de sua Vida, de modo que a pequena Companheirinha que é sua querida Filha
é o ápice de um Amor (também com maiúscula) sem qualquer limite, com toda a
generosidade que caracterizou seu proceder.
Por
meio do querido Gabriel Amaral Marques é que fiquei sabendo, há pouco, de sua eternização
precoce, no início de abril. Escrevo, pois, esta sincera homenagem como forma
de manifestar minha desolação e minha infinita saudade por esse Amigo que a
Vida me presenteou, bem como compartilhar com a Família, particularmente as
queridas Márcia e Mara e a pequena Filha que com dignidade vivificará a presença
dele entre nós, a admiração e a solidariedade dos que tiveram o privilégio e a
honra de conhecer um ser humano de tamanha dignidade, honradez e generosidade.
Até
sempre, querido Joaquim, e obrigado por ter existido!
Ahmad Schabib Hany
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