domingo, 2 de junho de 2024

CONGRATULAÇÕES À ADUFMS

Congratulações à ADUFMS

O apoio da ADUFMS e de outras entidades e movimentos populares foi determinante para a realização do lançamento do livro ‘Contra o sionismo – retrato de um regime colonial e racista’ em Campo Grande, nesta segunda-feira, dia 3.

Nesta segunda-feira, dia 3, o Jornalista Breno Altman, diretor da revista Fórum, lança em Campo Grande, às 19 horas, na Câmara Municipal, seu livro ‘Contra o sionismo - retrato de um regime colonial e racista’, editado pela Alameda. Logo de manhã, às 8h 30min, ele fará uma aula pública no Auditório Marçal de Souza Tupã’i, no corredor do bloco original do bacharelado em Jornalismo (antes Comunicação Social, desde 1989, quando, com muita luta, o curso de Jornalismo passou a ser oferecido pela UFMS).

Iniciativa do há pouco criado Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino de MS, a vinda do renomado Jornalista Breno Altman foi possível graças ao apoio de diversas entidades e movimentos populares de Mato Grosso do Sul, como a ADUFMS, DCE UFMS, CAHIS Lélia González, CEBRAPAZ, Rede Universitária de Solidariedade ao Povo Palestino e algumas organizações da comunidade palestina, além de partidos de esquerda, como PCB, PCdoB, PSOL, PSTU e PT, de cuja agenda política consta o histórico apoio à Causa Palestina desde os anos de repressão, ainda sob o regime de 1964.

A bem da verdade, durante a ditadura militar, os ativistas palestinos no Brasil eram alvo dos ‘arapongas’ (ou X-9, ‘olheiros’, ‘dedos-duro’ etc). Tanto que em Campo Grande há dois episódios emblemáticos relacionados à manifestação solidária ao povo palestino em sua justa luta pela libertação do jugo nazissionista daquele Estado ‘de proveta’, cujo nome me recuso a escrever.

O primeiro deles ocorreu acintosamente em 1983, em setembro, por ocasião do primeiro ano do transcurso do Massacre de Sabra e Chatila. Alunos de diversos cursos da FUCMT, em franco diálogo com a saudosa Professora Thiê Yegushi dos Santos, titular da disciplina Estudos de Problemas Brasileiros (EPB), conseguiram pautar um debate no Anfiteatro Dom Bosco, onde aos sábados a disciplina era dada por meio de palestras e debates. Na véspera do segundo sábado de setembro de 1983, simpatizantes sionistas e aliados da Falange Libanesa (na época infestada de membros na nova capital) pressionaram não só a Missão Salesiana, a Arquidiocese de Campo Grande e até a Direção-Geral da FUCMT para que o debate, com as mais variadas posições políticas presentes, fosse cancelado. O evento foi transferido, para evitar problemas à Direção da Faculdade Dom Aquino de Filosofia, Ciências e Letras (FADAFI) e, sobretudo, à Professora Thiê Yegushi dos Santos, para a sede do Centro de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (CEPES), aos fundos da gloriosa Livraria Guató, do saudoso Engenheiro Agrônomo e bacharel em Direito Manoel Sebastião da Costa Lima, o querido Manoel da Guató.

O segundo episódio envolveu a direção do emblemático Colégio Latino-Americano, do qual o querido Professor João Samper era sócio e fundador. No desfile escolar do aniversário de fundação de Campo Grande, 26 de agosto de 1984, policiais à paisana tentaram impedir que alunos e membros da comunidade palestina da capital participassem do desfile com bandeiras e cartazes com temas cívicos alusivos à cultura da Palestina. O argumento era que o desfile era de caráter cívico-escolar e temas políticos como a Questão Palestina, não poderiam ser abordados, sob pena dos responsáveis pela escola serem passíveis das punições draconianas previstas nos famigerados Decretos 228 e 477, do tempo da ditadura. O Professor João Samper e seus colegas não se intimidaram e mantiveram a participação dessa ala no desfile escolar daquele ano, o que lhes custou meses de explicações aos órgãos de repressão.

Hoje esses mesmos grupelhos, apoiados pela exacerbação das hienas fascistas, tentam se assanhar, feito cadelas no cio. Ledo engano: os mesmos que sepultaram o regime de 1964 estão firmes e fortes e darão o mesmo destino que nos estertores da morte daquele maldito regime, de nefasta memória, e seus ‘viúvos’ e ‘órfãos’ que, covardes como sempre o foram, tentam se travestir em suas narrativas desbotadas e mentirosas. O destino que a História dá aos seguidores de Benito Mussolini, Adolf Hitler, António Salazar, Francisco Franco, Alfredo Stroessner, Emílio Garrastazu Médici, Hugo Banzer, Augusto Pinochet, Rafael Videla, Roberto Suárez e García Meza também dá aos seguidores de Benjamin Netanyahu e assemelhados, inclusive Steve Bannon, fiel escudeiro de Donald Trump.

Por isso, em minha modesta e anônima mensagem enviada à direção da ADUFMS, mais que cumprimentar pela realização deste emblemático momento de debate e reflexão, insisto na multiplicação de iniciativas como esta nos principais campi da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), de cuja instituição os docentes e pesquisadores sindicalizados são integrantes. Eis a íntegra da mensagem:

Parabéns pela iniciativa, Professores sindicalizados! É hora de todos os cidadãos do mundo com consciência e empatia se darem as mãos para manifestar seu basta à barbárie, disseminada há décadas pelo Estado nazissionista, enclave dos Estados Unidos e Reino Unido no coração do Mundo Árabe, que a geopolítica hegemônica chama de “Oriente Médio”.

Sucesso à iniciativa, que precisa ser replicada nos principais campi da UFMS, sobretudo no de Corumbá, onde há a maior comunidade palestina do interior do Brasil e que em 1987, precisamente em 27 de novembro daquele ano, foi criado o emblemático Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino Jadallah Safa, atuante até a presente data. Participaram daquele momento histórico os Professores Doutores Valmir Batista Corrêa, Lúcia Salsa Corrêa, Maria Angélica de Oliveira Bezerra, Ivã Moreno, Íria Ishii e Gisela Levatti Alexandre (diretora do então CEUC/UFMS), além da Professora Mestra Elenir Machado de Mello (biblioteconomista responsável pela Biblioteca Pública Estadual Dr. Gabriel Vandoni de Barros, que sediou por 90 dias a Primeira Mostra da Cultura Árabe-Palestina de Corumbá, de julho a setembro de 1987), o Doutor Lécio Gomes de Souza (então diretor da Casa de Cultura Luiz de Albuquerque), o Poeta e Trovador Rubens de Castro (que declamou a versão em português do Poema “Sabra y Chatila”, de Alberto Cortez), o acadêmico de Pedagogia hoje Professor Maurício Lopo Vieira (chefe da Unidade Regional do Trabalho, representando o Doutor Carmelino de Arruda Rezende, secretário de Estado do Trabalho de MS), o Doutor Roberto Moaccar Orro (então secretário de Estado de Justiça de MS), a Jornalista Margarida Gomes Marques (Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul), a Professora Yone Ribeiro Orro (representante em MS do Instituto Brasileiro de Amizade e Solidariedade aos Povos, IBASP), a Jornalista Maria Helena Brancher (representante do GAIN-MS, Grupo de Apoio aos Povos Indígenas de MS), acadêmico de História Manoel do Carmo Vitório (constituído naquele ato primeiro coordenador-geral do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino), Mahoma Hossen Schabib (Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana de Corumbá), Najeh Mustafa (Presidente da Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira de Corumbá), Yahya Mohamad Omar (Comitê Democrático Palestino), Jadallah Safa (Comitê Democrático Palestino) e Soubhi Issa Ahmad (representante dos imigrantes palestinos mais antigos).

A humanidade testemunha perplexa a maior tragédia vivida nos últimos séculos, em que o povo palestino -- sobretudo crianças, jovens, mulheres e idosos indefesos -- é alvo de uma acintosa e cínica demonstração de força e selvageria com requintes de crueldade pelos que vivem a se lamuriar como as eternas vítimas da História. Não dista, contudo, o dia em que oprimidos de todo o Planeta se levantarão, como em tantas vezes na História, e proclamarão a emancipação de todos os povos sob opressão e cobiça, a começar pelos generosos palestinos que abrigaram entre 1920 e 1940, europeus de diferentes países então perseguidos pelos nazistas e fascistas por causa da religião que professavam e que hoje muitos dos descendentes desses acolhidos se tornaram algozes ingratos e impiedosos.

A paz mundial começa na Palestina!

Palestina, Palestino: resistir é o teu destino!

Ahmad Schabib Hany

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