terça-feira, 15 de agosto de 2023

ATÉ SEMPRE, MARCOS BOAVENTURA!

Até sempre, Marcos Boaventura!

Marcos Boaventura não era apenas fotógrafo talentoso, mas poeta da imagem: tinha a sensibilidade de captar a alma das pessoas e o dom de estar presente para registrar a história no momento em que ela acontecia, tomava conta da passarela da Vida.

Pela consternada mensagem do Professor Erisvaldo Ajala tomei conhecimento da súbita eternização do querido Amigo Marcos Boaventura, encontrado inerte pela Filha por volta do meio dia desta terça-feira, 15 de agosto, mesmo dia da eternização da diva brasileira da interpretação audiovisual Léa Garcia, ex-Companheira do igualmente grande Abdias Nascimento, em Gramado (RS), onde acontece a 51ª edição do Festival de Cinema em que ela receberia pessoalmente uma homenagem em Vida.

Marcos Boaventura, mais que fotógrafo de raro talento, era o poeta da imagem. Tinha o dom de estar no local e no momento preciso para registrar, com sensibilidade peculiar, a hora em que a história acontecia, tomava conta da passarela da Vida. Ele não apenas fazia retratos, mas da maneira mais explícita e eloquente fazia seu testemunho ocular da Vida, da própria História.

Como bem disse o Amigo-Irmão Arturo Castedo Ardaya, tratava-se de um ser humano de rara sensibilidade e de atitude precisa, em tudo, o tempo todo. Só que, no momento em que se eternizou, não havia ninguém por perto, discreto como foi em toda a sua generosa existência.

A saúde de Marcos Boaventura se fragilizou muito depois de ter perdido a sua Companheira de Vida, depois de lutar por uns três meses num CTI de hospital da capital vitimada por um acidente vascular cerebral. Tentou, por meio de seu sagrado ofício, superar a solidão e procurar manter-se conectado à Vida prosseguindo sua labuta, mas a aposentadoria veio a dificultar essa providência.

Tive a honra de conhecer esse querido Amigo quando ele, adolescente, começou o ofício de fotógrafo profissional ao lado de seu Primo Edson, um dos Filhos do querido e saudoso Seu Waldemar, proprietário da Mercearia Primeiro de Maio, situada na esquina das ruas Cabral e Sete de Setembro, onde seus cinco Irmãos também ajudavam os Pais ao tempo em que estudavam.

Reencontrei Marcos Boaventura já maduro, casado e com a Família praticamente formada em 2009, quando ele estava lotado na Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura de Corumbá, gestão do saudoso Prefeito Ruiter Cunha de Oliveira. Ao lado de um Jornalista ele estava fazendo a cobertura de um evento de que participávamos, e ao me aproximar dele pude reconhecê-lo.

Desde então, encontrávamos periodicamente, quando trocávamos ideia sobre alguns projetos, ora seus, ora nossos. Generoso, aceitara de bom grado participar de um projeto editorial de que o também querido e saudoso Augusto Alexandrino dos Santos (Malah), mas nosso sócio capitalista acabou enveredando por outros projetos e posteriormente, para tristeza nossa, caminhos tortuosos.

Aliás, sobre essa experiência, traumática para todos os seus participantes, conversávamos com alegria, e irreverência até, não com ressentimento ou mágoa. Essa compreensão da Vida, e de tudo que ocorre durante nossa existência nesta dimensão, era própria dele.

Ao lado da sensibilidade, a generosidade fazia parte de sua maneira de ser e de viver. Em momento algum reclamou das adversidades, dos reveses que a Vida aprontou com ele e os seus. Mais que resignado, era a personificação de um incansável resistente, resiliente e humilde. Verdadeiro Cristão, desses com letra maiúscula.

Parte da infância, Marcos e seus Primos, como Edson, congregavam na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Antes de se decidir pelo ofício de fotógrafo, ele e o Primo faziam divulgação dos produtos Superbom, como geleia real. Desde cedo ele demonstrou responsabilidade e dedicação em todos os desafios, todas as labutas, com dignidade e determinação.

A precoce eternização desse grande ser humano deixa uma lacuna, um vazio irreparável, e, como forma de demonstrar nossa gratidão por termos partilhado de alguns de seus momentos inesquecíveis, fazemos esta modesta, mas sincera homenagem.

Até sempre, querido Marcos Boaventura, e obrigado por ter existido!

Ahmad Schabib Hany

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