Até
sempre, Marcos Boaventura!
Marcos Boaventura não era
apenas fotógrafo talentoso, mas poeta da imagem: tinha a sensibilidade de
captar a alma das pessoas e o dom de estar presente para registrar a história
no momento em que ela acontecia, tomava conta da passarela da Vida.
Pela consternada mensagem do Professor Erisvaldo
Ajala tomei conhecimento da súbita eternização do querido Amigo Marcos
Boaventura, encontrado inerte pela Filha por volta do meio dia desta
terça-feira, 15 de agosto, mesmo dia da eternização da diva brasileira da
interpretação audiovisual Léa Garcia, ex-Companheira do igualmente grande
Abdias Nascimento, em Gramado (RS), onde acontece a 51ª edição do Festival de
Cinema em que ela receberia pessoalmente uma homenagem em Vida.
Marcos Boaventura, mais que fotógrafo de raro
talento, era o poeta da imagem. Tinha o dom de estar no local e no momento
preciso para registrar, com sensibilidade peculiar, a hora em que a história
acontecia, tomava conta da passarela da Vida. Ele não apenas fazia retratos,
mas da maneira mais explícita e eloquente fazia seu testemunho ocular da Vida,
da própria História.
Como bem disse o Amigo-Irmão Arturo Castedo
Ardaya, tratava-se de um ser humano de rara sensibilidade e de atitude precisa,
em tudo, o tempo todo. Só que, no momento em que se eternizou, não havia
ninguém por perto, discreto como foi em toda a sua generosa existência.
A saúde de Marcos Boaventura se fragilizou muito
depois de ter perdido a sua Companheira de Vida, depois de lutar por uns três
meses num CTI de hospital da capital vitimada por um acidente vascular cerebral.
Tentou, por meio de seu sagrado ofício, superar a solidão e procurar manter-se
conectado à Vida prosseguindo sua labuta, mas a aposentadoria veio a dificultar
essa providência.
Tive a honra de conhecer esse querido Amigo quando
ele, adolescente, começou o ofício de fotógrafo profissional ao lado de seu
Primo Edson, um dos Filhos do querido e saudoso Seu Waldemar, proprietário da
Mercearia Primeiro de Maio, situada na esquina das ruas Cabral e Sete de
Setembro, onde seus cinco Irmãos também ajudavam os Pais ao tempo em que
estudavam.
Reencontrei Marcos Boaventura já maduro, casado e
com a Família praticamente formada em 2009, quando ele estava lotado na
Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura de Corumbá, gestão do saudoso
Prefeito Ruiter Cunha de Oliveira. Ao lado de um Jornalista ele estava fazendo
a cobertura de um evento de que participávamos, e ao me aproximar dele pude reconhecê-lo.
Desde então, encontrávamos periodicamente, quando
trocávamos ideia sobre alguns projetos, ora seus, ora nossos. Generoso,
aceitara de bom grado participar de um projeto editorial de que o também
querido e saudoso Augusto Alexandrino dos Santos (Malah), mas nosso sócio capitalista acabou enveredando por outros
projetos e posteriormente, para tristeza nossa, caminhos tortuosos.
Aliás, sobre essa experiência, traumática para
todos os seus participantes, conversávamos com alegria, e irreverência até, não
com ressentimento ou mágoa. Essa compreensão da Vida, e de tudo que ocorre
durante nossa existência nesta dimensão, era própria dele.
Ao lado da sensibilidade, a generosidade fazia
parte de sua maneira de ser e de viver. Em momento algum reclamou das
adversidades, dos reveses que a Vida aprontou com ele e os seus. Mais que
resignado, era a personificação de um incansável resistente, resiliente e
humilde. Verdadeiro Cristão, desses com letra maiúscula.
Parte da infância, Marcos e seus Primos, como
Edson, congregavam na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Antes de se decidir pelo
ofício de fotógrafo, ele e o Primo faziam divulgação dos produtos Superbom,
como geleia real. Desde cedo ele demonstrou responsabilidade e dedicação em
todos os desafios, todas as labutas, com dignidade e determinação.
A precoce eternização desse grande ser humano
deixa uma lacuna, um vazio irreparável, e, como forma de demonstrar nossa
gratidão por termos partilhado de alguns de seus momentos inesquecíveis, fazemos
esta modesta, mas sincera homenagem.
Até sempre, querido Marcos Boaventura, e obrigado
por ter existido!
Ahmad
Schabib Hany
Nenhum comentário:
Postar um comentário