sexta-feira, 7 de abril de 2023

VIOLÊNCIA, A COVARDE DOENÇA DO FASCISMO

Violência, a covarde doença do fascismo

Não adianta tapar o sol com a peneira: é a sociedade brasileira a que está doente, a começar por Santa Catarina. E a doença é o fascismo, esse que conquistou mentes e corações de quase um terço da população, que tornou ‘mito’ um inominável, e em vez de livros e alimentos facilitou a venda de fuzis, pistolas, metralhadoras e motosserras.

Covardes, travestidos de ‘patriotas’, canalhas fascistas conspurcaram, prevaricaram, procrastinaram, corromperam, cometeram peculato e, pior, roubaram o porvir de várias gerações. Genocídio, etnocídio, ecocídio, feminicídio, infanticídio e homicídio em série. Não só perante a História, mas ante a Justiça, haverão de prestar contas. Porque o fim do ‘sabe com quem está falando?’ foi sentenciado em 2022 pela maioria da população brasileira.

Por que a sociedade brasileira adoeceu? Quais são os sintomas? O quadro se agravou?

Primeiro, um adolescente contrariado ataca professores e colegas numa escola pública de São Paulo, tendo como saldo a morte da Professora Beth, já aposentada que fazia questão de viver para abrir horizontes das novas gerações. Em efeito dominó, outro adolescente tenta fazer o mesmo no Rio de Janeiro, mas é contido.

Os episódios foram pipocando até em Corumbá, onde felizmente a tragédia não se consumou. Mas o sinal de alerta já está aceso e não há como procrastinar: a tarefa é urgente e de todos nós, pelo menos aqueles que têm sincero compromisso com a Vida e defendem o Estado de Direito, porque o que vemos é decorrência da terra sem lei, política de terra arrasada.

Como se já tivéssemos assistido a tudo, um indivíduo de 25 anos em Blumenau invadiu uma creche e cometeu uma covarde chacina contra inocentes, indefesas e inofensivas crianças entre 4 e 7 aninhos. Logo na véspera da Semana Santa, dia em que as crianças estavam em festa, porque iam ver o coelhinho da Páscoa e se lambuzar de chocolate. O crime roubou a Vida de quatro crianças repletas de amor, porvir e saúde e feriu não só o corpinho de outras três, mas a alma de toda uma coletividade. A tragédia não foi maior porque uma professora trancou seus alunos e alunas em uma das salas.

Só não enxerga quem não quer: é o Brasil, ou melhor, a sociedade brasileira, a que está doente, e a patologia é o fascismo, a começar por Santa Catarina (onde, segundo o Ministério Público, há mais de 500 células neonazistas). Afinal, desde 2013 as ideias fascistas, sob a grife do ‘Vem pra rua’, ‘Movimento Brasil Livre’ e o ativismo lavajatista, vêm disseminando verdadeiro lixo ideológico que contaminou a Europa um século atrás e causou os horrores que marcaram o período entre guerras (1918 a 1939), a ascensão do nazismo na Alemanha, do fascismo na Itália, do salazarismo em Portugal e do Franquismo na Espanha.

Embora a Constituição Cidadã de 1988 criminalize a proliferação do ideário nazifascista, centenas de ‘viúvos’ e ‘órfãos’ da (mal)ditadura acintosamente organizam eventos para atentar contra o Estado Democrático de Direito, sobretudo a partir de 2014, quando as denúncias de torturados por homens do regime de 1964 vieram à tona pela Comissão da Verdade. Braga Neto, Villas-Boas, Heleno, Etchegoyen, Penteado e outros de patentes inferiores são alguns dos defensores do golpe militar-empresarial e partícipes do sombrio desgoverno do tantã que fugiu para os EUA antes de findar seu mandato.

Mas curioso é que o assassino, como a procurar refúgio, entregou-se imediatamente num quartel da Polícia Militar de Blumenau. Estava transtornado, tomado de ódio, desferiu toda a sua ira maldita em crianças inocentes e cheias de Vida, e depois recobra razão e foge para um batalhão da PM. Não é preciso ser especialista em patologia fascista, onde a escola é território inimigo e o quartel é a fortaleza, o refúgio. Isso não significa dizer que a instituição militar seja toda ela fascista, mas é inegável que parte da caserna hoje esteja contaminada pelos ideais do ‘mito’, que bebeu da fonte nazifascista.

Essa inversão de valores civilizatórios é fruto de anos de ‘doutrinação’ fascista, por meio das chamadas redes sociais e do submundo do crime cibernético, o mesmo que preparou o 8 de janeiro. Especialista em militarização do Estado, o pesquisador Ananias Oliveira, doutorando da UFPB, revelou ao Jornalista Bob Fernandes nomes que não aparecem na lista dos envolvidos na intentona fascista no início de 2023, com vínculos familiares com chefes e ideólogos do regime de 1964, alguns deles anteriores àquele putsch e que se remetem à década de 1920. Já o Jornalista Gilberto Carvalho, do Brasil-247, repercutiu a denúncia da ex-senadora catarinense Ideli Salvatti, ex-ministra dos Direitos Humanos, de que há em seu estado mais de 500 células de neonazistas, a ponto de alunos de um Instituto Federal em Blumenau ter posado para uma foto formando uma suástica nazista.

Por conta do complexo emaranhado fascista desenvolvido acintosamente desde o golpe contra a Presidenta Dilma (de forma ardilosa, na embaixada do Brasil em Washington durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff), é que o Presidente Lula tem agido com muita cautela. Bem ao estilo Tancredo Neves, Lula tem tentado desmontar as ‘bombas-relógio’ armadas antes da debandada do inominável para Orlando, nos EUA, e por isso o aparente conservadorismo de seu terceiro mandato. Não é refém, mas atua providencial e habilidosamente para isolar a ultradireita fardada dos militares institucionalistas.

Por que tanto cuidado com esses extremistas? Lula não pode errar, pois custaria caro para ele, o PT e, sobretudo, a Democracia no Brasil. Governo de reconstrução nacional, o atual mandato de Lula está voltado para reconstituir o tecido social brasileiro, ferido de morte pelo nazifascismo disseminado nos últimos anos. Tanto que os verdadeiros democratas estão, lado a lado, com Lula e evitam ao máximo qualquer escorregão, de modo a não dar oportunidade à ultradireita golpear Lula e o atual governo.

Escrevo esta reflexão no Dia Mundial da Saúde e Dia do Jornalista, 7 de abril, que neste ano coincide com a Sexta-feira da Paixão, que pela tradição cristã celebra o calvário de Jesus, o Cristo, para salvar a humanidade (que a sociedade consumista fez da celebração  a segunda temporada lucrativa para o comércio, sobretudo de chocolate, em que o coelhinho substitui o peixe, símbolo da origem do cristianismo) com a sexta-feira do Ramadã, mês sagrado muçulmano, e a Páscoa judaica. Cinco anos atrás, neste mesmo dia, era Lula objeto de uma operação pirotécnica que remonta aos tempos das arenas romanas em que cristãos eram atirados às feras, que hoje se revelam ‘patriotas’ de trinta moedas (de ‘ouro, ouro, ouro!’), em que o Pôncio Pilatos contemporâneo foi alçado à condição de senador, com sua ‘conja’ deputada federal, ao igual que seu cúmplice, urinol de meia tigela.

Enquanto os fariseus da Leva Jeito se jactam com os frutos de suas maldosas ilicitudes, ainda impunes, seus amos e senhores (inclusive com o cúmplice-tantã inominável às voltas com a Justiça) promovem na Palestina, Terra Santa das religiões originárias de Abrão, violência injustificável que já se espalha pelo Líbano. Esse é o contexto histórico de um império decadente que se recusa a se desapegar do posto de primeira potência mundial, quando a China já não só encostou como começa a firmar sua liderança como superpotência mundial focando para um mundo multipolar, de que tanto a humanidade precisa: chega do jugo tirânico do Tio Sam e de seus cúmplices sionistas, lavajatistas, neopentecostalistas, kukluxklanistas e vigaristas como Sales, Damares, Nogueira, Pazuelo e congêneres, de triste memória e corresponsáveis pela violência generalizada desde 2019.

Ahmad Schabib Hany

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