Acolhimento, o melhor antídoto para a violência juvenil
Entrevistada pelo Jornalista Luis Nassif (Canal GGN), a pesquisadora e Professora Telma Vinhas (Unicamp) expõe a violência desde 2002, o crescimento exponencial de atentados a partir de 2018 e propõe como prevenção que os jovens sejam acolhidos e ouvidos antes de serem segregados e criminalizados.
Acolher, respeitar, ouvir e incluir.
Jamais segregar, criminalizar, ignorar e discriminar.
São os passos para derreter o muro da violência que assola a juventude contemporânea, refém das redes nada sociais de pilantras e oportunistas de toda natureza: delinquentes, mercenários, pedófilos, cafetões, psicopatas, sociopatas, misóginos, lgbtqia+fóbicos, racistas, nazifascistas, recalcados, enrustidos e criminosos travestidos de ‘patriotas’, ‘moralistas’, ‘homens de fé’, hipócritas hienas em forma de gente.
A cultura do ódio, do recalque, frustração, misoginia, homofobia, machismo tóxico, necropolítica, nazifascismo e toda a perversa gradiente de ideologias extremistas a ele vinculadas -- entre eles, o sionismo, lavajatismo, neopentecostalismo, kukluxklanismo e a vigarice neoliberal -- estão ligadas umbilical e sintomaticamente ao explosivo e canibal clima, ambiente de intolerância e desrazoabilidade que vêm assolando nossa juventude a partir de 2002, e que no caso do Brasil, há siglas e ‘heróis nus’ revelados, como os da ‘Leva Jeito’, ‘Escola sem Partido’, ‘Vem pra rua’, ‘Movimento Brasil Livre’ e ‘Cançei’ (com cedilha mesmo, pois seus integrantes são tão limitados que sequer têm noção de seu próprio idioma).
Na semana posterior à Páscoa, a pesquisadora e Professora Telma Vinha, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), integrante do Instituto de Estudos Avançados (IdEA), foi entrevistada pelo Jornalista Luis Nassif, do Canal GGN no YouTube, dia 11 de abril, sobre a violência nas escolas. O IdEA tem um diagnóstico detalhado desde 2002 sobre os conflitos dentro das escolas, e como foram ‘jogados’ para baixo do tapete todos estes anos, por meio da indiferença e do apagamento, hoje maior é o problema: requer uma política de mediação de conflitos, de acolhimento dos alunos e das demais pessoas que trazem esses conflitos nas costas, curiosamente invisibilizados pelas autoridades municipais e estaduais todas estas décadas.
Vinha faz uma verdadeira radiografia deste fenômeno em que os piores conceitos de sociedade foram construídos com base no ódio, recalque, culto à hegemonia branca e ao machismo tóxico por meio daquilo que parecia uma revolução cultural e tecnológica propiciada pela internet e suas plataformas e redes sociais nada sociais. O agravamento é fruto da ausência de políticas públicas educacionais em que, mais que repressão, fosse estimulada a promoção da cultura de paz e, sobretudo, de estratégias de adoção de negociação para dirimir conflitos entre os jovens. Isso além do fortalecimento de ações de acolhimento, empatia, protagonismo juvenil e, sobretudo, iniciativas efetivas de estímulo a relações interpessoais não repressivas no ambiente escolar e livres de preconceito e da ausência do diálogo.
Sem dúvida, a criação do Escola Segura, um canal de denúncia pelo Ministério da Justiça (http://mj.gov.br/escolasegura) para centralizar todas as evidências de ataques contra o público escolar (sobretudo estudantil e docente) é estratégico, além da constituição da força-tarefa interministerial para elaborar diagnóstico e um conjunto de propostas de ações (e programas, serviços e políticas permanentes) pelo Governo de Reconstrução Nacional e a edição também pelo Ministério da Justiça de uma nova política nacional de responsabilização das operadoras das redes sociais, a exemplo do que já ocorre contra a pedofilia, para monitorar e restringir plataformas que disseminam mensagens de ódio, de ideologia nazifascista e ‘jogos’ nefastos que desafiam jovens a cometer atentados contra grupos específicos, como escolares, crianças, adolescentes, afrodescendentes e os mais idosos, próprio de uma sociedade acostumada a descartar os mais velhos e mais experientes.
Em síntese, mais que apenas deixar a escola um verdadeiro bunker para censurar o desassossego juvenil, trata-se de resgatar o papel transformador e construtor de novos horizontes para introduzir as tão necessárias mudanças de que tanto os jovens da atualidade anseiam. Como disse certa vez o sempre atual Charles Chaplin: “Mais que de máquinas, precisamos de humanidade.” (‘O grande ditador’, 1940.)
Ahmad Schabib Hany
Um comentário:
Que bom que, antes de sair para o labor de hoje, li esse escrito... estou bem cansada de soluções fáceis para o que estamos vivendo... não dá mais prá querer simplificar o que foi construído para destruir a juventude pobre e preta.
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