domingo, 7 de agosto de 2022

DIA SEGUINTE

Dia seguinte

Nem eu mesmo consigo acreditar: no Dia da Independência da Bolívia, quando o Amigo-Irmão Luiz Taques lançava sua mais recente novela e o Neto de meu maior Amigo, Seu Jorge José Katurchi, se casava, tudo aconteceu e consegui chegar depois dos dois momentos históricos, com o testemunho do Mervim, um motorista de aplicativo que se transformou em Amigo e confidente...

Domingo, 7 de agosto de 2022. Compartilho esta reflexão escrita sobre o dia seguinte ao Dia da Independência de um dos países mais saqueados e oprimidos da América Latina, ao som do áudio da saudosa parceria Nilo Soruco - Óscar Alfaro [o primeiro, reconhecido músico, e o segundo, respeitado poeta, ambos bolivianos], generosamente enviada pelo Amigo-Irmão Juvenal Ávila de Oliveira, um dos integrantes da geração de ouro da comunicação (do jornalismo, radiofonia e cultura) em Corumbá.

No mesmo dia em que o Amigo-Irmão Luiz Taques me informou sobre o lançamento, por iniciativa do Amigo-Irmão Arturo Ardaya, de seu mais recente livro (a novela em que a impactante Dolores é a envolvente protagonista), o querido José Katurchi (Neto do querido Amigo e incansável Companheiro de inúmeras ações do Pacto pela Cidadania, Seu Jorge José Katurchi) me entregava o convite de seu casamento, dia 6 de agosto de 2022, sábado solene. Como nunca, me preparei para esse dia triplamente emblemático.

Só que não. Um conjunto de situações inusitadas, indescritíveis, se apresentou desde a véspera do sábado solene. Obrigações de estudante extemporâneo, de revisor de texto açodado e, sobretudo, de um pai babão, que não consegue se desligar de seus rebentos, hoje já adolescentes... Mas a responsabilidade é exclusiva e intransferivelmente deste aprendiz de cidadão que, por não saber conciliar o tempo, acaba sempre endividado com quem lhe são caros, muito caros.

O fato é que, preocupado em não ‘furar’ com o Avô dos nubentes, Amigo verdadeiras aventuras (no melhor sentido) cidadãs, ligo para o Seu Jorge Katurchi que me faz gelar, como num banho de água fria, que a celebração não era à noite: já havia ocorrido pela manhã, oito da manhã. Nesse momento eu percebi que meu pretensamente atento olhar de revisor já havia claudicado. Delicado e elegante, Seu Jorge fez questão de reiterar nossa Amizade, mas, não consigo até agora equacionar a sensação de frustração nesse compromisso, agradável e benfazejo, pois se trata de um momento feliz na Família, que nos últimos anos viveu perdas irreparáveis.

Da mesma forma, na ânsia de não incorrer na mesma indelicadeza, aliás, imperdoável, agendei a corrida para o local do lançamento do livro do Taques, que, no dia em que chegou a Corumbá, fez questão de dedicar, ao lado da Companheira de Vida e editora Regina Utsumi, um generoso tempo comigo para ter certeza de que iria. Há dias, porém, que até previamente agendado e muito bem planejado não dá certo. Devo ter ficado ao  menos 50 minutos na portaria do condomínio, e nada.

Com receio de não encontrar o casal de Amigos e seu evento organizado por Arturo na Feira BrasBol, quando já passavam das 19 horas, decidi-me a caminhar até uma esquina mais concorrida do bairro, onde encontrei um gentil Amigo que se prontificou a chamar um motorista de aplicativo. Não demorou muito, e nisso chega o Mervim, que tem na atividade um reforço para melhorar o salário de funcionário público estadual. Atencioso, o motorista de aplicativo se desloca rapidamente para a antiga feirinha e me ajuda a localizar o evento, pois o local estava bastante lotado -- afinal, boliviano que se preste ama festar, sobretudo quando se trata do agora chamado de Estado Plurinacional.

Mais de quinze minutos, e nada. Um velho Amigo me advertiu que vira o historiador e Jornalista Nelson Urt com uns livros no entorno do palco instalado por causa do evento. Fomos até lá. Já havia ido embora. Não é primeira vez que tenho um desencontro com o querido Amigo-Irmão Urt. Em novembro de 2016, quando sua saudosa Mãe se eternizara e a querida Professora Marilene Rodrigues estava fazendo a defesa de sua dissertação de Mestrado para em seguida retornar ao Pará, já passara por uma situação terrivelmente parecida, em que conseguira me desencontrar com os dois, o Nelson e a Marilene. Pois a experiência, felizmente em clima alegre, ocorrera de forma análoga: eu mesmo o furão.

Não mais me resta pedir e reiterar meu pedido de desculpas pelo furo. Não adianta dizer que foi contra a minha vontade, pois o fato óbvio e ululante, como diria outro Nelson, no caso, Rodrigues, é que nos dois momentos simplesmente não cheguei, não estive. Aos Amigos-Irmãos que ficaram, inutilmente, à minha espera, meus sinceros pedidos de perdão. Mas, a rigor, não há nada para reparar o desgaste de não chegar a destino no momento certo e, pior, de fazer os outros esperar à toa. Fazer o quê?

Ahmad Schabib Hany

Nenhum comentário: