Cadê
Mikhail Gorbatchev, o último líder da URSS?
Há pelo menos 30 anos a Rússia
vem sendo cercada pela OTAN, sob a batuta da Casa Branca e a conivência de
Bruxelas (‘capital’ da União Europeia), a despeito dos esforços diplomáticos
para não precipitar o tabuleiro de xadrez na região e quebrar o tênue equilíbrio
entre as forças ocidentais e orientais nas ricas terras que integraram a União Soviética.
Onde, afinal, está Mikhail Gorbatchev, seu último líder supremo, que não se
manifesta?
Muitos creem inocentemente que o derradeiro
secretário-geral do PCURSS teria morrido. Está vivo, até demais. Foi Raissa
Gorbatchev, a esposa intelectual, que se eternizou em 1999. Ele, em quase tudo,
é parecido a Fernando Henrique Cardoso (inclusive na viuvez, longevidade e entreguismo
pró-ocidental), cuja esposa, a antropóloga Ruth Cardoso, era a cabeça pensante
do casal. De forma discreta, o antropólogo Darcy Ribeiro revelou nas
entrelinhas em uma de suas entrevistas derradeiras.
Refugiado em Londres desde que, levando a grana do
Prêmio Nobel da Paz, Gorbatchev abandonou covardemente Moscou, em 1991. O ex-líder
da União Soviética só aparece em palestras para seleto grupo de oligarcas
ocidentais, na Europa ou nos Estados Unidos. A alegação é de que a fundação que
leva seu nome lhe consome o tempo e acaba não podendo ampliar sua, digamos, ‘concorrida’
agenda. Diferente de seu antigo discurso, nada de ‘transparência’ e muito menos
‘reestruturação’ (seus vocábulos marqueteiros).
Alguma vez Gorbatchev veio à América Latina? E ao
Brasil? Nunca. Porque seu negócio é fazer média com os ziliardários do Fórum
Econômico Mundial e as restritas reuniões anuais de Davos, Suíça. Raissa era a
pensadora, não ele. Essa cantilena de ‘glasnost’ e de ‘perestroika’ nunca passou
de lero-lero, ‘pra inglês ver’, aliás, com os quais convive desde 1991. Tanto é
que, com o maior cuidado, ‘deixou de existir’, saiu de cena, como por encanto,
com varinha de condão...
Ocorre que esse banana embolorado que se dizia ‘socialista’
-- mas ficou evidente que não passava de reles sionista, serviçal do império (nada
diferente de Volodimir Zelenski, o ‘gentili’ ucraniano que virou presidente) --
tem assistido insensível ao conflito que pode levar o mundo à Terceira Guerra
Mundial. Como que ele nada tivesse com a invasão ocidental da OTAN e, mais
recentemente, da União Europeia em toda a região que constituiu a superpotência
que fazia frente aos Estados Unidos durante a ‘guerra fria’.
É verdade que muitos ex-comunistas vivem a
justificar Gorbatchev e seus similares pelo mundo (como o brasileiro Roberto
Freire, que nada tem a ver com o grande educador Paulo Freire) -- argumentando
que ele fora ‘vítima’ de um golpe da linha-dura soviética. Mas que
absolutamente nada fez quando o fantoche Boris Yeltsin, alcoólatra assumido,
brincou de ser ‘sucessor’ de líder supremo na Rússia e, sem qualquer gesto
digno, o Judas da União Soviética sequer tentou impedir que a até então
superpotência atômica viesse a se desintegrar como um suspiro de açúcar sob um
jato de água.
Em português claro e direto: Gorbatchev, sim, tem tudo
a ver com a instabilidade que ameaça não só o leste europeu, mas todo o
Planeta. Ele não foi ‘vítima’, como o ardil do ocidente o conceituou nos anais
de sua ‘história’. Ele é um dos pivôs não só da ruína da antiga União Soviética,
como da criminosa entrega claudicante de toda a infraestrutura e a tecnologia
dos países que compunham o Pacto de Varsóvia para o ocidente, inclusive o da
Rússia, que por mais de uma década ficaram na mão de títeres viciados como
Boris Yeltsin e seus sequazes.
Sem dúvida, a tragédia humana existe e deve ser
assumida por todos os ‘líderes’ atuais, do ocidente e do oriente. Porque desde
2014 era uma bomba-relógio já alertada pelos mais atentos estudiosos, sobretudo
de geopolítica, mas, para agradar os interesses do capital financeiro, dos
Estados Unidos, da OTAN e das potências da União Europeia, não foram adotadas
as medidas preventivas. E com o maior cinismo, Biden (que em 2014 era vice de
Barak Obama) e seus coadjuvantes (Boris Johnson, Emmanuel Macron e Olaf Scholz)
querem passar uma imagem de pacifistas solidários. Não passam de reles sabujos das
poderosíssimas corporações transnacionais, que não param de contabilizar lucros
enquanto as bombas caem nas cabeças de pessoas indefesas, inofensivas e
inocentes não só na Ucrânia, mas na Síria, Palestina, Iêmen, Sudão, Congo, Guiné,
Haiti e outros países da África, Ásia e América Latina.
Independentemente da posição política ou
ideológica de cada um, é hora de cobrar uma postura sincera dos políticos.
Afinal, esse jogo hipócrita de não assumir seus vínculos e suas preferências
com as grandes corporações transnacionais é a principal causa das tragédias
humanitárias, inclusive dentro do Brasil. Ou há quem duvide que, em nosso caso,
são as instituições financeiras, os poderosíssimos bancos, os que têm auferido
os maiores lucros desde a década de 1960? É hora de eles pararem de bancar os
tolinhos e assumirem a qual ‘senhor’ estão a servir...
Ahmad
Schabib Hany
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