2020 E O TERRORISMO DE ESTADO
“Nós
não vamos desistir!” Essa será a consigna neste ano de muita tensão e ganância,
em que os/as fantoches serviçais do império irão recorrer sordidamente à truculência
e às arbitrariedades disponíveis nesse mercado sujo de tiranias, farsas e
imposturas.
Não é preciso ser especialista em política
internacional, como o meu querido Amigo de décadas e grande Camarada Lejeune
Mirhan Xavier, nem referência internacional de jornalismo geopolítico, como o
querido e admirável Pepe Escobar, para perceber o advento, em escala global, do
terrorismo de Estado, em que o (Pato) Donald Trump e o (Rato) Endorgan, da
Turquia, fazem gato e sapato do Estado Democrático de Direito, como se fosse
mais uma de suas incontáveis propriedades, em sua maioria mal havidas.
Valem-se da subserviência dos/as penas de aluguel e
do servilismo de coturnudos/as de meia-sola, pseudopatriotas (sobretudo para se
enrolar nas bandeiras nacionais) de plantão, e dos/as gananciosos/as “empreendedores/as”
de meia tigela, que com o maior cinismo vêm falar de (sic) “ética” e “democracia”,
quando eles/as são os/as primeiros/as a não acreditar nelas. Até porque o
capitalismo foi feito às custas do comércio escravista, dos saques às riquezas
dos povos colonizados e das ações genocidas registradas na história.
Não é à toa que querem tirar dos currículos
disciplinas como História, Geografia, Filosofia, Ciências Sociais e Artes,
porque elas levam ao questionamento, à reflexão e, em última instância, à
inquietude. Não querem cidadãos/ãs, querem rebanhos que sejam levados
docilmente para o abate. Não querem políticas públicas, querem “caridade”, como
que esmolas pudessem substituir dignidade e direitos inalienáveis à condição
humana. Querem uma pseudodemocracia, em que o voto seja a única forma de
expressão e os/as candidatos/as sejam determinados/as por eles/as mesmos/as,
como nos tempos da “lei da mandioca”, “lei do 44”, da política “café com leite”
(no Brasil) ou do “pongaje” (caso da Bolívia, de semiescravidão até 1952).
“Aos/às amigos/as tudo, aos/às inimigos/as os
rigores da lei!” Com o maior acinte, reaparecem apólogos/as do nazifascismo, do
neofascismo, da ditadura, da ditamole e de outras malditas e outros malditos
mitos... Que esperar de falsos/as cristãos/ãs que apoiam o assassinato de “pelo
menos” 30 mil seres humanos para que sua política dê certo. Medo? Tortura?
Sequestro? Execuções? Assassinatos covardes como o praticado contra Marielle? Nós
não vamos desistir. Como não desistimos -- e vencemos -- os/as inspiradores/as
deles/as em 1985 e 1992.
Não há dúvida que, protegidos/as por um Estado
policialesco como o que está sendo implantado descaradamente, tentarão
intimidar-nos, acovardar-nos. Muitos/as de nossos/as Amigos/as e
Companheiros/as se apavorarão, como se apavoraram na Bolívia, onde
experimentaram a sofisticação do terrorismo de Estado para destruir conquistas
sociais que não pertencem aos governos, por mais comprometidos com o ideário da
Justiça Social sejam. As conquistas sociais pertencem ao povo, às classes
trabalhadoras, que são sua razão de ser e as que as tornam realidade.
A rigor, a vanguarda transformadora sempre ficou
restrita a um contingente pequeno, mas que, aguerrida, soube conquistar
segmentos descontentes e frustrados com a falta de sinceridade e lealdade
dos/as fantoches serviçais do império. Porque eles são truculentos/as com seus
iguais e capachos dos amos e senhores, que fazem deles/as gato e sapato. Não
esqueçamos que tudo o que foi conquistado até o presente não foi indolor nem de
graça. Foi fruto da coragem, da lealdade e da determinação de poucos/as, mas
convictos/as e comprometidos/as com a História.
A mesma História, aliás, que sepultou Hitler,
Mussolini, Franco, Salazar, Pinochet, Stroessner, Banzer, García Meza, Videla, Morales
Bermúdez e liderados/as. É questão de tempo. As máscaras caem na mesma intensidade
com que fraudam eleições, manipulam opiniões, falseiam verdades, profanam
memórias, tergiversam fatos, tripudiam consciências e faltam com a lealdade.
Enquanto houver um ser humano decidido a defender sua dignidade, enquanto
houver um ser libertário pronto para o embate, enquanto houver uma pessoa
decidida a fazer História, esses/as canalhas não passarão.
Até porque, como disse o memorável Beto Guedes em
sua composição “O sal da Terra”, ainda nos anos de chumbo, “um mais um é sempre
mais que dois”...
Ahmad Schabib Hany
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