2020 E O TERRORISMO DE ESTADO (2)
Em
1990 e 2001, a dinastia aloprada Bush (George Bush pai e, depois dos dois
mandatos de Bill Clinton, George Bush filho) levou o mundo ao extremo de uma
tragédia mundial com sua política beligerante. Agora é o (Pato) Donald Trump,
comandado pelos fundamentalistas do Estado de Israel, que vão mais além, expondo
a humanidade a uma aventura bélica sem precedentes.
Como era de se esperar, os Estados Unidos, com a
colaboração do serviço secreto de Israel, tinham que promover alguma ação, para
eles/as espetacular, contra o Irã e aquilo que o alcoólatra irrecuperável
George Bush filho chamou de “eixo do mal”. Ainda mais em ano eleitoral e
enfrentando um processo de impeachment na Câmara dos Deputados pelas
ilegalidades cometidas em sua campanha fraudulenta. Até os/as correligionários/as
republicanos/as mais sensatos/as, de modo discreto, o advertiram pela
irracionalidade da operação, típica de políticos/as fundamentalistas,
totalmente divorciados/as da realidade.
Repórter internacional especializado em geopolítica
há décadas, o Jornalista Pepe Escobar, de imediato, deslindou os bastidores da
investida atabalhoada, bem ao estilo do (Pato) Donald Trump: o serviço secreto
de Israel se encarregou de dar todas as coordenadas ao governo de Washington,
que tem agido mais como “puxadinho” dos setores fundamentalistas do Knesset, em
Tel Aviv. Mas pato é pato, e hoje ele se sente sucessor de Júlio César no auge
do Império Romano, não ouvindo opiniões diferentes que não as elogiosas, ainda
que vindas de aliados/as estratégicos/as ocidentais e orientais.
Noam Chomsky, importante pensador ocidental, há
muito tempo vem alertando a intelligentsia estadunidense para o risco de
governos autoritários nessa que já foi uma democracia liberal. A eleição de
Ronald Reagan, favorecida pela acachapante derrota dos falcões do Pentágono
durante o mandato do sisudo e sensato presidente Jimmy Carter quando da tentativa
de invasão militar da Embaixada dos Estados Unidos em Teerã, ocupada por
estudantes e populares iranianos/as pós-Revolução Islâmica do Aiatolá Khomeini,
em 1979, já era um indício da exaustão da farsa democrática na então superpotência
ocidental.
Nem Bill Clinton (eleito e reeleito antes de George
Bush filho), nem Barak Obama (eleito e reeleito antes do Pato Donald Trump),
estiveram imunes ao assédio tirânico dos/as atabalhoados/as burocratas e espiões
muito bem pagos pela comunidade da segurança dos EUA (Pentágono, CIA e NSA). Além
do mais, desde 1980, o empresariado, cada vez mais conservador e reacionário,
são explicitamente cultores de ideologias nazifascistas, como diversas
pesquisas têm demonstrado ao longo de décadas. Na verdade, não há mais capitalistas
de vanguarda, mas rentistas, proprietários/as de petroleiras fora da lei,
especuladores/as do mercado financeiro e agregados/as, que não têm qualquer
tradição democrática, mas de profundos vínculos com a plutocracia, o regime
político em que os/as ricos/as são os/as únicos/as cidadãos/as aceitos/as,
protegido/as e reconhecidos/as como tal.
O estudioso brasileiro de relações internacionais
Igor Fuser, da Universidade Federal do ABC, ao definir o episódio como um ato
de terrorismo internacional cometido pela maior potência militar e econômica do
Planeta, observou que a desestabilização política do Oriente Médio e do Golfo
Pérsico (neste caso, Irã, Iraque e Kuwait) foi estimulada por uma sucessão de
políticas erráticas dos Estados Unidos desde a famigerada “Tempestade no
Deserto”, de 1990, até a invasão, deposição e captura de Saddam Hussein em 2003,
quando o alcoólatra George Bush filho mentiu para a comunidade internacional
que o veterano caudilho (e ex-colaborador ocidente na guerra contra o Irã de
Khomeini) desenvolvia um projeto de armas químicas, nunca provado pelo governo
americano.
O diplomata chileno Francisco Coloane, funcionário
aposentado da Organização das Nações Unidas (ONU), em entrevista para o canal Russian
Today (RTTV), caracterizou o episódio como um “erro estratégico”, próprio do
desespero de Trump “conquistar o apoio da comunidade sionista em sua tentativa
de reeleição”, que acontece em meio ao processo de impeachment na Câmara dos
Deputados. Coloane entende que, ao contrário de baixar o nível de tensão, como
argumenta o governo estadunidense, a agressão desproporcional, diferentemente
que com terroristas como Osama Bin Laden e Abu Bakr al-Baghdadi, Qassem
Soleimani era um funcionário de Estado que atuava na região como um reconhecido
agente de estabilização regional havia mais de uma década.
O deplorável episódio, ao agradar a Israel, põe
todos os governos de países árabes, muçulmanos e asiáticos fora de diálogo com
essa potência, até pela perda de credibilidade causada: as populações do Oriente
Médio e Golfo Pérsico são relutantes a qualquer linha de negociação com os
estadunidenses, tamanhos os danos causados pelas sucessivas intervenções
militares, com o único afã de atender aos interesses de Israel e os/as líderes
fundamentalistas que têm se sucedido. Trump, como esperado, demonstra total
desprezo às iniciativas diplomáticas de alto nível, preferindo bravatas e
operações militares bizarras para agradar sua cada vez menor base política
dentro e fora dos Estados Unidos.
Aliás, longe do glamouroso modo de vida americano (“american
way of life”), que serviu como atrativo durante as disputas ideológicas da
guerra fria, hoje não só a vida está difícil para o/a imigrante do outrora chamado
“Terceiro Mundo” dentro dos EUA, como sobreviver ao ódio e ao ranço das elites
estadunidenses chega a ser um desafio inimaginável. A decadência da antiga
superpotência ocidental tem sido responsável por uma pouco provável
sobrevivência civilizatória dos valores e práticas democráticas pelo mundo
afora. Mal para o Ocidente, pior para a humanidade.
Ahmad Schabib Hany
Nenhum comentário:
Postar um comentário