Observatório da Cidadania Dom José Alves da Costa
Fórum Permanente de Entidades Não Governamentais de
Corumbá e Ladário
Pacto Pela Cidadania
Comitê Corumbá Pela Paz
NOTA DE PESAR
JORNALISTA VANESSA RICARTE
Tomados pela Consternação, estarrecimento e indignação, os membros
do Observatório da Cidadania Dom José Alves da Costa, do Pacto Pela Cidadania e
do Comitê Corumbá Pela Paz manifestam seu pesar pela prematura e injustificável
morte da Jornalista Vanessa Ricarte, dia 12 de fevereiro, em Campo Grande (MS), ao tempo em que
reiteram toda a sua solidariedade aos Familiares e Amigos neste momento de dor
e perplexidade.
A trágica morte de Vanessa Ricarte, aos 42 anos, com plena saúde e
profissionalmente bem sucedida, não foi causada por doença ou alguma fatalidade:
é decorrente do abjeto, repulsivo e condenável ódio que tem levado ao aumento
de casos de feminicídio, aliás, o segundo em Mato Grosso do Sul neste ano que
apenas começa. Onde está o Sistema de Garantia de Direitos, construído nas
décadas de 1990 e 2000, cuja
implementação fazia do Brasil um modelo até para países nórdicos, de tradição
democrática?
Conhecedora de seus direitos, Vanessa Ricarte formalizou sua
denúncia na Delegacia da Mulher na capital, foi-lhe concedida a medida
protetiva mas no meio da tarde do mesmo dia seu algoz, com histórico de violência,
a matou, como se não vivêssemos em um Estado Democrático de Direito, cujo
arcabouço jurídico há mais de uma década e com pioneirismo no Planeta passou a
adotar mecanismos de garantia de direitos, mas que autoridades das esferas
estaduais nos últimos anos passaram a negar ideológica e politicamente.
E a normalização desse ódio covarde, travestido de manifestação de
descontentamento e rebeldia, é cúmplice hipócrita de uma tragédia que atinge
expressiva parcela populacional cuja invisibilidade, ou melhor, impunidade é
fator de incentivo. Esse processo misógino e atrasado, no rastro de apologia a
regimes fascistas e antidemocráticos, é cultivado por meio da conduta coletiva
de figuras públicas, autoproclamadas ‘de bem’, que debocham cinicamente das
conquistas protagonizadas pelas mulheres nas últimas décadas.
A cidadania no geral e a sociedade civil organizada, em particular, tem
o dever ético e histórico de repudiar com veemência a crescente manifestação de
misoginia e que culmina com o aumento de tentativas de feminicídio e de ações
feminicidas diante de todos, como se ainda vivêssemos nos sombrios tempos de
intolerância medieval. Mais que nunca, devemos uníssona e contundentemente
somar nossa voz em diversas frentes para, além de erradicar este mal que
oprime, mata e desampara inocentes, resgatar valores que têm sido descartados
em nome de um sórdido individualismo em busca de prosperidade.
Valores civilizacionais, construídos com muita luta pelas gerações que
nos antecederam, não podem ser enxovalhados para que seres bizarros estimulados
por seres funestos façam de cidadãs como Vanessa Ricarte, mulher de atitudes
sinceras e em seu pleno direito de procurar a realização pessoal e ser feliz, vítimas
da covardia e da violência de alguém que em nome de um sentimento primitivo e
mórbido se sinta, em plena luz do dia, no direito de amealhar a quem diz amar o
patrimônio maior e princípio de direitos, que é a Vida.
Corumbá (MS), 13 de fevereiro de 2025.
Anísio Guilherme da
Fonseca Ahmad Schabib Hany Munther Suleiman Safa
Observatório da Cidadania Pacto pela Cidadania Comitê Corumbá pela Paz
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