domingo, 29 de setembro de 2024

NETANYAHU COMETE SUICÍDIO AO ASSASSINAR NASRALLAH

Netanyahu comete suicídio ao assassinar Nasrallah

O assassinato de Sayad Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah, por ordem do Carniceiro de Gaza (e de Beirute), retira um líder e interlocutor leal e ético no intrincado cenário político do Mundo Árabe. Agora o ocidente entra num ‘buraco negro’ que inviabiliza sua própria presença na região.

No dia em que a eternização do maior estadista do Mundo Árabe, Gamal Abdel Nasser, fez 54 anos (em 28 de setembro de 1970), vem à tona o assassinato, pelos sionistas, de Sayad Hassan Nasrallah, líder do Eixo da Resistência ao extermínio palestino e à dominação do Oriente Médio e depois aos demais países árabes e aos países muçulmanos pelos sionistas e seus cúmplices na cobiça e rapinagem dos territórios e das riquezas da região.

Coincidência ou não -- afinal, quando Nasser saiu da cena política, o ente sionista era o motivo das reuniões coordenadas pelo líder árabe, pela repressão e morte de refugiados palestinos por tropas de Hussein da Jordânia, colaborador sionista e aliado incondicional do ocidente --, a eliminação de Nasrallah tem impacto similar no âmago da resistência e do apoio popular entre árabes, muçulmanos e demais povos oprimidos do Planeta.

Voltando na História, três anos após a morte de Nasser, na guerra chamada pelo ocidente de ‘Yom Kipur’, feriado judaico, em que o sucessor de Nasser, Anwar Sadat, planejou e quase venceu os sionistas em 7 outubro de 1973, mas, inexplicavelmente, deu ordem de cessar-fogo quando os exércitos do Egito, Síria e Iraque estavam nas imediações de Telavive e o contra-ataque dos generais de Golda Meir sequer havia sido esboçado. Mérito do sionista recém-sepultado Henry Kissinger, já secretário de Estado de Richard Nixon, que acordou com Sadat essa parada injustificada.

Não é novo esse modus operandi sionista, de eliminar inimigos que ameaçam seus nada éticos interesses. Em 1975, quando Sadat se revelou ‘quinta coluna’ para os árabes, o rei Faisal da Arábia Saudita, embora tivesse conflitos com seu antecessor, Nasser, tinha fama entre os árabes autênticos de ser patriota e rigorosamente islâmico, tanto que, dias depois do funeral do maior estadista árabe em meio milênio, prometeu ‘ir rezar na Mesquita Al-Aqsa’, em Jerusalém, dando a entender de que a Palestina seria retomada pelos árabes com a participação dele. Essa mudança de postura e, sobretudo, a declaração de retomar Jerusalém para os palestinos lhe custou a vida em um atentado em seu palácio envolvendo um sobrinho químico-dependente residente nos Estados Unidos.

Atribuem a Joe Biden, atual presidente estadunidense, que se não tivesse existido o Estado sionista ‘teriam que inventar um’ para atender seus nada honestos interesses. Desde que esse mostrengo foi criado como enclave do império maldito no coração do Mundo Árabe, muitas vidas foram sacrificadas, todas por meio de crimes hediondos: seja por massacres horríveis (Deir Yassin, Sabra e Chatila etc) ou por meio de ‘assassinatos preventivos’, como o que eliminou vários líderes palestinos (Abdel Kader Al-Husseini, líder palestino anterior à OLP, morto quando retornara às pressas de uma viagem a Damasco para obter armas à altura das usadas pelos sionistas, que haviam atacado a aldeia Al-Qastal, em abril de 1948, a quarenta dias da declaração de ‘independência’ do ente sionista, em maio do mesmo ano; Ghassan Khanafani, morto em Beirute em atentado terrorista do Mossad em julho de 1972; Khalil Al-Wazir, ou ‘Abu Jihad’, destacado dirigente militar palestino, morto em abril de 1988, em Túnis, Tunísia, em atentado do Mossad em sua própria casa etc).

Décadas depois, essa mesma tática é utilizada pelo sionista extremista que por onde passa exala enxofre, tanto que expressivo número de delegações presentes à Assembleia-Geral da ONU abandonou o plenário enquanto ele grunhia como suíno desesperado rumo ao abate. O Carniceiro de Gaza e de Beirute tem agido com desespero por razões pessoais desde antes do 7 de outubro de 2023: se ele para o genocídio vai preso por uma série de crimes cometidos, inclusive contra o Estado sionista. Criminoso como o inominável daqui e o agente laranja dos Estados Unidos, todos negacionistas e membros do nazissionismo.

Embora já tivesse sido advertido por assessores e aliados dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, ele faz questão de correr o risco de cometer suicídio político e pessoal: enquanto era vaiado no plenário da sede da ONU, deu ordem de matar o secretário-geral Hassan Nasrallah, do Hezbollah, numa operação ilegal e desumana, em região densamente povoada de Beirute. Jornalistas independentes, um dia depois, revelaram que não foram 15, mas 80 bombas de alto poder destrutivo, das mais modernas (e caras) produzidas pelos Estados Unidos, cuja esquadrilha de supersônicos de um de seus porta-aviões baseado no Mar Mediterrâneo permaneceu por duas horas na costa mediterrânea de Beirute, como a dar cobertura e abortar possíveis operações de defesa do Eixo da Resistência.

Não satisfeitos, os sionistas invadiram o sistema de comunicação da torre de controle aéreo do Aeroporto Internacional Rafiq Hariri, em Beirute, para impedir a aterrissagem de um avião de passageiros iraniano, sob pena de explodir a aeronave ou bombardear o aeroporto. No dia seguinte ao assassinato do líder do Hezbollah e de seus principais assessores militares no bunker em que estavam, sob a sede do quartel-general da organização de resistência, os sionistas deram continuidade aos bombardeios em diversas regiões do Líbano, da Síria e do Iraque, numa demonstração de que controlam boa parte do território do Eixo da Resistência e já enviaram mensagem com ameaças explícitas ao governo do Irã, proibindo o abastecimento de armas e combustíveis à Resistência árabe.

As armas usadas pelos sionistas são, em sua maioria, fabricadas nos Estados Unidos e Reino Unido, que não deixam de abastecer o ente sionista a despeito das restrições estabelecidas pelo organismo multilateral por meio de resoluções aprovadas há pouco tempo. A proteção acintosa ao governo sionista, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, também vem desses países, aliás, desde os tempos em que a ONU, sem consultar o povo palestino, os maiores interessados, criou o Estado sionista. Ante tamanha impunidade, esse monstrengo sionista pode ameaçar e violar convenções e resoluções internacionais, mas o Irã e demais aliados do Eixo da Resistência jamais poderão se manifestar. Só que não.

Desde a sua criação, fruto da mentira deslavada e da falta de lealdade dos colonizadores, hoje impostores de democráticos, o Estado sionista manipula informações e controla a bel prazer o fluxo de informações, como se detivesse uma força superior. A bem da verdade, eles têm, sim, o poder financeiro -- tanto que foi o lorde Rothschild V, banqueiro judeu bilionário, que ‘comprou’ a Palestina de ‘sua majestade’ a Rainha Vitória, em 1917, como a ‘Declaração Balfour’ constata: o então chanceler britânico se comprometia a entregar a Palestina aos sionistas em troca de um empréstimo para que o Reino Unido continuasse os combates na Primeira Guerra Mundial, a despeito do compromisso da rainha Vitória aos líderes árabes, que em troca do compromisso de conferir a independência de toda a Arábia os ‘múftis’ árabes se comprometiam a lutar com os britânicos e contra os turco-otomanos.

São mais de 1.300 mortos (incluindo bebês, crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos), um número desconhecido de desaparecidos nos escombros e 15 mil feridos em menos de duas semanas de ataques, inicialmente por meio de atentados terroristas (com os dispositivos eletrônicos ‘envenenados’) e depois por uma intensa operação militar aérea -- desproporcional e criminosa -- dentro do perímetro urbano da capital do Líbano, região, aliás, com a maior densidade demográfica depois de Gaza, destruída totalmente. E o que disseram os hipócritas e cínicos ‘líderes’ ocidentais? Simplesmente justificaram a obsessão assassina desse maldito ser cujos cúmplices haverão de ser igualmente condenados, pelo menos pela história, como Herodes, Pilatos, Anás e Caifás.

Perda de um interlocutor leal

A súbita saída de cena de Nasrallah, além de duro golpe para o Eixo da Resistência à dominação sionista-colonial e para os milhões de admiradores pelo mundo afora -- inclusive no ocidente e até no ente sionista, pela racionalidade, lealdade e ética na relação com aliados, adversários e inimigos --, representa a perda de um interlocutor que não fazia bravatas e que honrava eticamente compromissos celebrados até, mediante acordos internacionais, com seus inimigos.

Ele era o oposto da falta de caráter e tibieza ética de Netanyahu, seu assassino, com a cumplicidade dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, além de títeres como os inomináveis daqui e da Argentina. Ao contrário dos ‘democratas’ de meia pataca deste ocidente nauseabundo, durante o genocídio em curso ele deteve seus aliados e outros parceiros do Mundo Árabe desejosos de uma contraofensiva direta ao ente sionista e seus aliados no ocidente. Ele era praticante da paciência estratégica.

Nesse sentido, a eliminação desse líder bastante racional, inteligente e, sobretudo, ético até as últimas consequências -- a poucos metros de onde estava quando foi ferido de morte ele tinha à disposição, segundo fontes do renomado analista internacional Alfredo Khalife, mísseis iranianos de última geração que poderiam ter atingido Telavive mas não quis matar inocentes --, é uma vitória de Pirro para o odiento Carniceiro de Gaza e de Beirute: mais que uma derrota política, pode representar a sua eliminação física a qualquer tempo, afinal, a escolha foi dele.

Abomináveis seres que, sem qualquer comiseração e senso de humanidade, proclamam-se paladinos da democracia e detentores das conquistas da civilização -- quando, a bem da verdade, foram os árabes, hoje tratados como ‘terroristas’ e ‘atrasados’, ofertaram todo o legado da Antiguidade Clássica em bandeja de ouro aos europeus para que saíssem do obscurantismo medieval e assim chegassem à Renascença, bastante tardia se comparada à da Península Ibérica, sobretudo Espanha e sul de Portugal --, é bom que saibam que enquanto houver um árabe e um socialista na face da Terra seus dias estarão contados.

Ahmad Schabib Hany

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