sexta-feira, 19 de abril de 2024

SOBRE COMBATENTES DO BOM COMBATE E SUAS ETERNIZAÇÕES

Sobre combatentes do bom combate e suas eternizações

Faissal, Caxingue, Padilha, Heitor, Seu Pires, Antelo, Padre Pasquale e Dom José, sempre na memória. Mas antes, sobre as últimas provocações de Israel e Estados Unidos para continuar o saque, o genocídio e o lucro da cobiça.

A quinta-feira, 18 de abril, entra para a História como dia da vergonha para o concerto das nações, por dois episódios. O primeiro, mais um veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança para garantir impunidade ao Estado terrorista criado pela ONU criou sobre o território da Palestina sem consultar seus habitantes. O mote cínico era ‘uma terra sem povo para um povo sem terra’. Depois de 78 anos de injustiça e tragédia sem fim, o bravo Povo Palestino continua a ‘não existir’ para os senhores da guerra, da cobiça e do lucro sobre milhares de cadáveres da infância e de inocentes indefesos. Eles insistem em negar o direito de milhões de palestinos à própria terra, à cidadania e à Vida.

Mais vergonhoso ainda: nesse fatídico dia, ao negar o direito da Palestina ser reconhecida como Estado-membro da ONU 78 anos depois de ter feito a ‘partilha’ de seu território [na verdade, entrega total aos sionistas, que de hóspedes se transformaram em invasores ao se valer da hospitalidade palestina como refugiados da perseguição europeia cometida por nazistas e similares durante a Segunda Guerra Mundial], os Estados Unidos autorizam Israel a bombardear Irã, Iraque e Síria, sob alegação de retaliar o contra-ataque iraniano de 13 de abril que abalou o mito da inviolabilidade do ente sionista, conhecido por Domo de Ferro. O facínora Netanyahu, que está revelando ser pior que Hitler no afã de exterminar a população palestina para depois se apossar de todos os territórios árabes do rio Jordão (Palestina) ao Eufrates (Iraque), não respeita direitos internacionais, convenções de guerra e muito menos a Vida de inocentes.

A balela do Pentágono e Casa Branca, nos anos 1990-2010, das ‘armas de destruição em massa do Iraque’ e do ‘apoio a terroristas pelo governo da Líbia’, teve o único objetivo de destruir potências regionais árabes que não se dobravam aos desmandos imperiais nesse território cobiçado pela Europa desde os tempos em que o império turco dominava a região [só não conseguiram depor o líder da Síria Bashar Al-Assad pela aguerrida resistência árabe-russa, que derrotou fragorosamente as forças invasoras dos Estados Unidos e o cínico apoio sionista, mas não saíram de seu território soberano]. Com a deposição dos líderes árabes Saddam Hussein e Muammar Gaddafi (Iraque e Líbia, respectivamente), nas décadas de 2000 e 2010, toda a infraestrutura regional foi destruída, propositalmente, pelas potências neocoloniais (Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e aliados da ONTAN), para saquear, dilapidar e surrupiar todas as riquezas de seu subsolo, em especial petróleo e gás natural, o que causou a crise humanitária de refugiados da África e parte da Ásia à procura de novas oportunidades, pois os excelentes empregos oferecidos pelas antigas estatais iraquianas e líbias foram extintos e a soberania nacional violada.

FAISSAL ROBBIN, SEMPRE NA MEMÓRIA

Corumbá perde uma referência na crônica esportiva. O ex-desportista, cronista esportivo e empresário Faissal Robbin se eternizou, aos 70 anos, na tarde de sexta-feira, 12 de abril, na capital. A fatídica notícia foi dada em primeira mão pelo Amigo Adnan Haymour, seu parceiro havia mais de três décadas, em muitas jornadas esportivas e de cidadania.

Atencioso, educado, gentil. É unânime essa descrição sobre a personalidade do cronista esportivo que não só brilhou na radiofonia e na mídia impressa, como na televisão, sempre na companhia de Adnan Haymour, mais que Amigo, um verdadeiro Companheiro de todas as horas. Ao noticiar no Correio de Corumbá, o Radialista e Jornalista Reginaldo Coutinho, também colega e Amigo de Faissal, destaca seu legado e o chama de gentleman pelo comportamento recatado com que em toda a sua existência se caracterizou.

Membro de Família de imigrantes sírios vindos a Corumbá na década de 1960, Faissal Robbin e seus Irmãos se destacaram pela desenvoltura em todas as atividades a que se dedicaram, fosse como ofício ou mesmo hobby, como eram diferentes modalidades desportivas. Sempre conciliando com a atividade comercial, conforme a tradição árabe.

Ele e seus Irmãos foram proprietários bem sucedidos no saudoso Supermercado Eldorado, sito à rua América em frente da sede da Liga Árabe. Depois, cada um, com o seu núcleo familiar formado, partiu para atividades comerciais diferentes. Durante décadas ele se destacou na venda de doces a preços econômicos, na rua Cabral, cujo encerramento ocorreu há poucos meses, depois de ter perdido a sua Companheira de Vida para o câncer.

Além de inteligente, Faissal era generoso e gentil. Lembro-me que, como correspondente de um jornalão, décadas atrás, precisava de um olhar crítico num certame desportivo. Na pressa de enviar o material (com horário e a longa fila de funcionários de exportadoras na velha cabine pública de telex, na agência local dos Correios), fiz uma entrevista com ele, que prontamente atendeu, analisando em profundidade e de modo didático o jogo, bem como a chave e perspectivas do Corumbaense F.C. no campeonato estadual daquele ano.

Sempre que o encontrava, lembrava o agora saudoso cronista esportivo de seu gesto gentil e solidário. Eram tempos em que fax e internet nem em ficção estavam à disposição dos focas da Vida... O mais grave era que o editor, naquela de “critérios são critérios”, cortava um tantão da fala dos entrevistados. Minha sorte foi que com Faissal isso não só não ocorreu, como pediu depois contato do entrevistado, pela qualidade da análise. Resumo da história: Faissal fez gol de placa e entrou para a história (e me salvou o emprego, pelo menos naquele momento, pois houve muitas idas e vindas imemoráveis, que me levaram a enviar um texto por telex ao editor de Geral, meu chefe imediato como correspondente, bem como agradecer aos Amigos das editorias com as quais havia trabalhado com maior assiduidade durante a correspondência em Corumbá).

Encontramo-nos pela última vez durante a manifestação em solidariedade ao povo palestino de outubro de 2023. Nesse breve encontro, me dera notícias de sua Família, com cujos membros minhas Irmãs haviam estudado no ensino médio. A saudosa Psicóloga Sabah Robbin foi uma delas, brilhante e dedicada aluna cujo desempenho escolar ficou marcado para a história do ensino em Corumbá.

Não posso me esquecer da linda e emocionante mensagem de agradecimento que Faissal me enviou a propósito da homenagem póstuma à Psicóloga Sabah. Constantemente me enviava mensagens curtas sobre diferentes temas. Sua cultura, vasta e profunda, levava os seus interlocutores a refletir profundamente sobre os mais variados temas, sempre com seriedade e respeito.

Quando sua Companheira de Vida se eternizou, ficou algum tempo em silêncio, como a fazer retiro sabático até reencontrar o equilíbrio emocional. Mas quando retomou a Vida foi de causar inveja, pois focou no convívio com o Filho e as suas responsabilidades inerentes à paternidade. Foi exemplar em tudo a que se dedicou.

HEITOR FERNANDES LEITE

Por meio da querida Dona Alice da Silva, Amiga dos tempos da saudosa Sorveteria São Luiz (décadas de 1960-70, ao lado do GENIC), soubemos da eternização no final do ano passado do querido Amigo, Heitor Fernandes Leite, Irmão da querida Amiga Professora Regina Leite Crivellini, funcionário aposentado da antiga Embratel. Brilhante intelectual, humilde por excelência, o saudoso Heitor ilumina não apenas o firmamento como o porvir deste Povo batalhador que tanto amou mas que ironicamente deixou quando estava em Rondonópolis. À querida Professora Karina Crivellini nossos agradecimentos pela gentileza de completar as informações e a toda a Família nossos sentimentos partilhados.

CAXINGUE, PADILHA, ANTELO E SEU PIRES

Violonista de talento incomum, o músico Antônio Manoel Pereira Guimarães, Caxingue, também virou saudade nestes dias. Integrante da geração de ouro da música na década de 1970 em Corumbá, ao lado de grandes músicos, como Nilson Pereira de Albuquerque e o agora saudoso mestre Jackson, brilhantemente homenageado pelo Jornalista e Poeta Edson Moraes. Com Juvenal Ávila conheci Caxingue, então auxiliar de farmácia no Hospital de Caridade, meados dos anos 1970, ao lado da Amiga Maria da Graça Leão (a querida Dadá, Companheira do cantor e compositor Sidney Rezende, mineiro inspirado no Clube da Esquina do gigante Milton Nascimento, vizinhos quando moraram aqui). Mais uma estrela a iluminar e inspirar o horizonte de nossa juventude.

Os saudosos Joaquim Duarte Padilha, membro pioneiro do Fórum Permanente de Entidades Não Governamentais de Corumbá e Ladário e do Conselho Municipal de Assistência Social local entre 1994 e 1996; Augusto Lawrentz Bruno Antelo, da Minimaratona Internacional San Martin, da qual foi criador e organizador entre os anos 1986 e 1992, pessoa por quem tenho profundo carinho e gratidão, cujos saudosos filhos Omar e Ângela o acompanham na eternidade; Seu Pires [não tenho nome completo e nem prenome, de origem grega] se eternizou súbita e discretamente ano passado, mas só agora deram notícia, por meio de um dos integrantes do ‘conselho’, grupo de Amigos, a maioria da doutrina de Allan Kardec, na esquina das ruas Cuiabá e Frei Mariano, à noitinha. Todos eles sempre na memória e no coração, ao lado dos também queridos Amigos Padre Pasquale Forin e Dom José Alves da Costa, cujos natalícios transcorrem em 17 e 20 de abril, respectivamente. Saudades.

Ahmad Schabib Hany

Um comentário:

Estela Márcia disse...

a convivência na diversidade ainda é um desafio grande! e eles assim o faziam