O
poder podre do dinheiro
A abjeta estratégia das
potências pró-sionistas depois da aceitação do processo contra Israel por
genocídio: suspensão do pagamento à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados
Palestinos sob o pretexto de que a contraofensiva palestina de 7 de outubro
contara com a conivência de funcionários da ONU.
Jornalões e outros meios corporativos hegemônicos
noticiaram, no fim do mês de janeiro, a suspensão do pagamento pelo Reino
Unido, Itália, Canadá, Austrália, Suíça, Finlândia, Holanda e Alemanha à
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos em razão da
denúncia do nazissionista Benjamin Netanyahu de que funcionários da agência
teriam colaborado com os combatentes palestinos que realizaram a contraofensiva
do dia 7 de outubro.
A suspensão do envio de dinheiro devido ocorre no
momento em que as tropas sionistas promovem uma carnificina indiscriminada
contra a população civil, com mais de 30 mil vítimas, em sua maioria crianças e
mulheres. Na verdade, esses governos, pressionados pelos endinheirados grupos
sionistas em todo o mundo, sequer esperaram que fosse constatada a tal
‘denúncia’, o que evidencia se tratar de retaliação à ONU cuja Corte
Internacional Penal, de Haia, acolheu a petição do governo da África do Sul contra
o governo sionista de estar cometendo atos genocidas na Faixa de Gaza.
João Amorim, Amigo de infância, técnico em fogões
a gás com experiência internacional, dos mais argutos observadores políticos
que conheço, há uns três anos me questionou, de supetão: por que os mais de 20
Estados árabes, a maioria deles muito ricos, não conseguem derrotar o Estado
sionista que se apossou do milenar território palestino há tanto tempo?
Na época eu, bastante surpreso com o
questionamento, disse que não se tratava apenas de dinheiro, mas do poder
militar dos aliados e patrocinadores de Israel, todos eles ex-metrópoles
coloniais há pelo menos cinco séculos. Hoje, no entanto, sou obrigado a rever
essa compreensão, pois o vil metal, o poder do dinheiro, é o que está no cerne
da questão.
Ora, como Arthur James Rothschild, o banqueiro de
um século atrás, conseguiu obter do jeito que queria a tal Declaração Balfour,
em que o chanceler britânico praticamente vendera a Palestina aos sionistas em
troca do financiamento da combalida economia imperial, abalada com os gastos
das frentes de batalha durante a Primeira Guerra Mundial? Falando claro, a
coroa britânica pedira penico, digo, dinheiro, em troca da entrega da Palestina
da maneira mais impune e cínica, pois, por meio do espião de ‘Sua Majestade’,
T. E. Lawrence (‘Laurence da Arábia’), o Reino Unido havia assumido o
compromisso com o múfti de Jerusalém que, em troca do apoio aos interesses
britânicos na Arábia, os líderes árabes ficariam contra os turcos não só nas
batalhas como em todas as iniciativas em que o império turco-otomano estivesse.
Os árabes cumpriram, os britânicos molharam pra trás.
Não é sobre a sobejamente conhecida falta de
compromisso dos colonizadores europeus -- até porque tudo o que eles fizeram ao
chegar à América ‘recém-descoberta’ foi faltar aos acordos, como nos casos
emblemáticos de Montezuma e Atahualpa, os respectivos reis Asteca e Inca, covardemente
assassinados ao trair a palavra empenhada. Tudo porque os povos originários
eram ‘pagãos’, e como tal poder-se-ia mentir-lhes cinicamente. Esse é, aliás, o
princípio sionista: o direito que eles têm de mentir aos ‘gentios’, isto é, aos
‘outros’, como lhes ensina o Talmude, código civil, totalmente cifrado,
acessível apenas para eles. Meu saudoso Pai escrevera nos anos 1960 sobre essa conduta,
e tinha conhecido na prática essa atitude no Líbano, alvo desse comportamento questionável
deles. Entre os segredos mantidos a sete chaves, o direito divino que eles
creem ter de não honrar compromissos com os ‘gentios’ -- as ‘duas faces’
divinamente concedidas a eles.
Recentemente um cientista político argentino de
ascendência judaica que faz análise de geopolítica, Ariel Umpièrrez, trouxe a
público o poder que têm a comunidade sionista de Nova York, cuja sinagoga do
Brooklyn, Lubavitch, foi alvo de uma operação policial do FBI e da Polícia de
Nova York dias 16 e 17 de janeiro último, mas os grandes meios não deram uma
linha sobre o fato. Segundo o analista argentino, uma denúncia de abuso de
crianças e adolescentes nova-iorquinos foi a causa dessa operação, como 35 anos
atrás, quando um grande líder deles foi condenado depois de ter confessado
abusar de crianças. Ele tocou no assunto por ser o local para onde viajou Milei
tão logo se elegeu e onde Netanyahu visitou trinta anos atrás para cacifar a
sua indicação, pela primeira vez, como primeiro-ministro do Estado sionista.
Dinheiro e poder. É a razão de ser desse, mais que
movimento, sistema. O dinheiro é só o meio para comprar e cooptar tudo o que
querem. Porque o poder, em seu entendimento, é o objetivo, uma vez que eles são
o ‘povo eleito’, e para seu Messias chegar é preciso que o Apocalipse aconteça.
Dessa forma, segundo Ariel Umpièrrez, o Talmude os prepara para sobreviver ao
Apocalipse e, com a chegada do seu Messias, só eles estarão a salvo, porque são
só eles ‘o povo de Deus’. Quando cooptaram líderes neopentecostais, o intuito
deles é acelerar a chegada do Messias com o caos que eles ajudam a promover,
como guerras, flagelos, epidemias etc. O tal ‘gentio’ existe somente para
servi-los e como tal podem até estar com eles, mas na condição de escravos ou
serviçais.
Não por acaso todos os políticos que eles apoiam
pelo mundo são iguais ao palerma do inominável ou ao Donald Trump ou ao Javier
Milei. O propósito é acelerar o caos social, a fome e a miséria, a tensão
social, os conflitos entre povos irmãos e entre as classes sociais da mesma
nacionalidade. ‘Apocalypse now’ (algum nexo com o filme de Francis Coppola, de
1979). Dinheiro para isso eles têm, tanto que Hollywood virou sucursal do
Pentágono. Manipulam todos os políticos em ascensão, para cooptá-los ou
linchá-los moralmente, caso ‘ousarem’ recusar-se a fazer o jogo. Joe Biden,
mesmo não sendo um adepto dessa turba (o que não significa que seja melhor),
acabou submetido ao jogo porque os Democratas nos EUA têm lideranças sionistas
muito poderosas, como Hillary Clinton, aquela que como secretária de Estado fez
questão de ir à Líbia assistir e gravar o linchamento literal de seu líder
Muammar Gaddafi quando da invasão pelas hordas ocidentais em 2011.
Basta prestar atenção. O que aconteceu com o líder
árabe Gamal Abdel Nasser, que não era ‘radical’, mas patriota de verdade que
não quis negociar com o sionismo? Do nada, sofreu um infarto fulminante em 28
de setembro de 1970 quando tentava equacionar um conflito entre o reino
hachemita da Jordânia (do rei Hussein, grande traidor) e líderes dos refugiados
palestinos, episódio conhecido como ‘setembro negro’. Quando o rei Faisal da
Arábia Saudita, no túmulo de Nasser jurou rezar na mesquita de Al-Aqsa, em
Jerusalém, cinco anos depois, foi assassinado em seu gabinete real em Riad, a
25 de março de 1975, crime injustificado e simplesmente silenciado? Quem,
afinal, estava por trás de Mikhail Gorbatchev e de Boris Yeltsin, senão os
sionistas, quando conseguiram fazer ruir a União Soviética sem que o poderoso
Exército Vermelho tivesse dado um só disparo?
O Egito, com Nasser, era uma potência mundial na
liderança do Movimento dos Países Não Alinhados, junto de líderes como Josip
Broz Tito (Iugoslávia), Jawarhalal Nehru (Índia), Sukarno (Indonésia) e Kwame
Nkrumah (Gana), ou a construção de grandes projetos de modernização e afirmação
da soberania egípcia empreendidos por Nasser, como a Usina de Assuã, em seu
tempo a maior do mundo (antes da construção de Itaipu, em 1975, pelo Brasil),
além da liderança entre os estados árabes e africanos, para cuja independência
das metrópoles coloniais europeias se empenhou. Eliminação desse tipo de líder,
para os sionistas, é uma questão vital.
Os venais sucessores, o nanico moral Anwar Sadat
(similar ao ‘brimo’ Temer) e mais tarde Hosni Mubarak, não passaram de marionetes
sionistas no coração do pan-arabismo. Tanto Sadat quanto Mubarak nunca corresponderam
ao legado do grande líder pan-arabista que mobilizou a Ásia e a África nas
décadas 1950 e 1960, auge da guerra fria e da escalada funesta do Estado
sionista, um verdadeiro enclave colonial no coração da Arábia. Israel é, mais
que projeto ‘nacional’ dos sionistas, um projeto de empoderamento mundial, como
revela didaticamente Ariel Umpièrrez em seu canal Geopolítica.
Muammar Gaddafi e Saddam Hussein, a despeito de
seu esforço por resistir à ofensiva do sionismo e do neocolonialismo não só não
tiveram estatura política como eram destituídos de valores humanistas, tanto
que sucumbiram por terem confiado nos conchavos com os sempre traíras do
ocidente decadente, como Ronald Reagan e George Bush (EUA), Nicolas Sarkozy (França)
e Silvio Berlusconi (Itália). Saddam foi autovítima por confiar em Reagan
contra a República do Irã (é só ler sobre o caso Irã-Contras) e no sinal verde
de Bush para ocupar o Kuwait em 1990 (que deu origem à primeira Tempestade no
Deserto). E Gaddafi, da mesma forma, com Sarkozy (para quem havia doado uma
fortuna para a sua eleição, mas não hesitou em abandoná-lo quando da trama
golpista de invadir a Líbia) e Berlusconi (com o qual tinha algumas joint-ventures em parceria com laranjas
dos dois lados). Esse é o ‘capetalismo’: ‘negócios, negócios; amigos à parte’.
Ainda que sob o estigma de ‘terrorista’ a
resistência palestina, independentemente das várias organizações (algumas de
esquerda, outras nacionalistas e hoje muitas sectárias, ligadas a grupos
religiosos), mas todas verdadeiramente patrióticas, a Palestina resiste,
sobrevive e vive dignamente, sem se ajoelhar ante a truculência do ocidente
perverso e hipócrita, em que um Estado terrorista, sanguessuga, opressor e literalmente
ladrão se passa por vítima o tempo todo, quando é ele o verdadeiro algoz. O
cinismo em forma de ideologia, de sistema.
Os mesmos árabes que ao longo da história
defenderam seus ancestrais das injustiças ocidentais haverão de resistir e
derrotar sionistas, canalhas e cretinos saqueadores que há séculos abusam da
boa-fé dos que os recebem com altivez e galhardia, sejam como árabes ou como
Asteca, Inca, Maia, Guarani, Tupi, Tupinambá, Apache, Shawee, Navajo, Inuíte, Berbere
ou Bantu, Aborígenes australianos etc. Palestina vive! Palestina livre!
Ahmad
Schabib Hany
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