terça-feira, 26 de dezembro de 2023

QUE PLANETA QUEREMOS DEIXAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES?

Que planeta queremos deixar para as futuras gerações?

É de causar perplexidade o cinismo dos ‘donos do mundo’ ante as calamidades causadas pelas mudanças climáticas e pela concentração de renda. Ganância e cobiça em crescimento exponencial, os membros do ‘clube de Bilderberg’ são donos de simplesmente mais da metade das riquezas do Planeta e estão se lixando para a fome de dois terços da humanidade, as catástrofes ambientais e as vítimas das guerras que eles promovem com as suas armas cada vez mais poderosas e letais.

Desde 1954, os mais ricos do Planeta se reúnem secretamente uma vez ao ano nos mais luxuosos hotéis da Europa ocidental e dos Estados Unidos. Até pouco tempo atrás, as reuniões eram secretíssimas, impedidas aos mais habilidosos jornalistas do mundo. Hoje, cinicamente, não fazem questão de serem vistos, pelo contrário, a ostentação e a empáfia dos herdeiros dessas fortunas nefastas e os ‘novos ricos’, oligarcas corruptos de países que se desprenderam do antigo bloco soviético, fazem até questão de esnobar a riqueza que se apossaram sem qualquer mérito, como, aliás, todos os seus ‘colegas’ ocidentais.

É o tal Clube de Bilderberg, nome do hotel em que se reuniram pela primeira vez há quase 70 anos, em maio de 1954, numa cidade de nome sugestivo chamada Oosterbeek, Holanda. Além da agenda mantida em segredo, os participantes também têm seus nomes sigilosa e estrategicamente guardados a sete chaves. Mesmo assim, alguns jornalistas ocidentais já revelaram a participação, diversas vezes, do mais novo morador do inferno e contra o qual o inominável de lá dizem ter tomado alguns cuidados, Henry Kissinger, de triste memória.

Antes de se tornar candidato, Bill Clinton também já participou dessa trama anual. Idem o ex-premiê britânico Tony Blair. E muitos outros sionistas mais, com ou sem carteirinha. É o passaporte para o poder num ocidente cada vez mais decadente e menos democrático. É a plutocracia ocupando o lugar da democracia, da qual o ocidente sempre quis se dizer representante, zelador e defensor. Pura mentira. Basta ver que suas agendas ao longo das sete décadas de reuniões secretíssimas jamais transpiraram, porque o que se conversa por lá permanece sob censura.

Banqueiros, bilionários, donos de empresas que produzem armas poderosíssimas de alta tecnologia, as poderosas da cibernética dos últimos 35 anos (Microsoft, Google, Meta, X, Apple etc), altos executivos da CIA e congêneres ocidentais, e por aí afora, o que têm em comum para tratar em reunião a sete chaves? Cobiça, saque, pilhagem, guerras fraticidas e outras coisas que os reles mortais não podem ficar sabendo. Uma coisa é certa: jamais discutiram sobre as causas das mudanças climáticas, da ajuda humanitária às populações vítimas das catástrofes ambientais e dos conflitos bélicos fartamente promovidos por seus produtos nefastos, fonte de sua opulenta riqueza mal havida.

Não sejamos ingênuos. Desde as Grandes Navegações (ou mercantilismo), quando começou a acumulação capitalista na Idade Moderna -- e, portanto, o ‘capetalismo’ se alastrou na face da Terra, esses senhores ‘de bem’ ganham verdadeiras fortunas com as tragédias humanas: escravidão dos povos africanos, saque, destruição das culturas e colonização de mais de dois terços do Planeta (América, Ásia, África e Oceania). A Europa saiu da miséria, da fome e da sujeira (a chamada ‘peste negra’ era uma epidemia causada por ratazanas e pela falta de asseio dos europeus, aliás, nada chegadinhos a banho diário, enquanto seus ‘colonizados’ tomavam banho várias vezes ao dia!) graças às batatas, mandiocas, cacau e milhos roubados dos povos originários da nossa América. E como eles recebem hoje seus descendentes ibero-americanos, africanos e árabes? Da mesma forma que duzentos anos atrás: no chicote, na ponta do sabre! O povo palestino que o diga. Sua coragem e fidalguia têm lhe custado milhares de Vidas, sobretudos de sua infância e juventude.

Em seu último programa da temporada, o Jornalista Caco Barcellos mostrou o esforço dos povos tradicionais e originários amazônicos para desenvolver uma economia sustentável na floresta amazônica, enquanto os ‘amiguinhos’ do inominável promoveram verdadeira e sórdida pilhagem em todo o território da Amazônia, sobretudo com a contaminação por mercúrio dos rios e baías e a derrubada de milhões de hectares de árvores nativas pelos fora de lei protegidos pelos ‘patriotas’, inclusive de fardas farsantes.

O mais triste e curioso é que fantoches, títeres e marionetes nada inteligentes têm servido de ‘alternativa’ para uma população burra, egoísta e deliberadamente desinformada em nossos tempos nada promissores. Como gado marcado, as hordas estúpidas e destituídas de qualquer pingo de humanidade saem como estouro da boiada, sem qualquer raio de lucidez, a fazer qualquer ato desmiolado que depois juram e perjuram não terem tido tal propósito. Com a mesma leviandade com que atentam contra a Vida, fonte de direitos, lá estão elas e eles a pedir clemência, por serem ‘cidadão(ã)s de bem’, afinal, ‘ele(a)s’ têm ‘pedigree’, sim senhor!

“¡Ni Dios, ni ley!” Aliás, “¡ni Dios, Milei!”. É como agora os argentinos andam se referindo ao inominável de lá. Só que, diferentemente que no Brasil, o inominável deles não encerra o mandato dele, porque os argentinos têm essa tradição, que não é de hoje: todos os tiranetes saíram da Casa Rosada por linchamento ou por revoltas populares, não muito diferente que na Bolívia (que em 1947 pendurou no poste mais próximo do palácio presidencial o major ditador Gualberto Villarroel e a multidão enfurecida ateou fogo no palácio, daí o nome “Palacio Quemado”). Só lembraremos dos que antecederam Néstor Kirchner: Fernando De La Rúa e Eduardo Duhalde, que tiveram seus mandatos interrompidos pela multidão enfurecida, e nada a ver com a vergonhosa defecada das hordas fascistas que, em vez de cérebro, têm suas vísceras bastante competentes nestas terras generosas que nos últimos anos foram envenenadas pelos robôs da laia do Donald Trump e de seus fantoches inomináveis.

Agora, cá pra nós, temos que reconhecer e parabenizar infinitas vezes pela parcimônia e candura com que o Estadista Luiz Inácio Lula da Silva governa. Sabe da má-fé explícita das malditas ratazanas do ‘centrão’, verdadeiros fora de lei, canalhas cínicos, serviçais do inominável e prontos para, como hordas de hienas funestas, cair matando a qualquer momento. Não sei de onde consegue reunir uma paciência de Jó e os trata com dignidade, civilidade, como que acreditasse piamente em sua boa-fé, seu ‘patriotismo’.

Tão mefistofélicos quanto as garatujas do tabernáculo do mago Merlin, esses indivíduos cuja gênese está nas motociatas do inominável em seu longo e pernóstico desgoverno. Em nada devem aos mais vis seres da face da Terra. São verdadeiramente medievais, grotões, sórdidos e peçonhentos. Cortar as verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para inflacionar as ‘verbas impositivas’ -- canalhice inventada no absurdo tempo de Eduardo Cunha, de triste memória, responsável pelo golpe contra Dilma Rousseff -- é algo digno de repúdio, como igualmente a redução das verbas de alguns programas sociais como o Farmácia Popular. Os dois tiveram as suas verbas reduzidas para inchar a dinheirama da demagogia parlamentar que se finge de democrática, mas não passa de pilhagem contra o Estado Democrático de Direito.

Mas não é só. O senador que preside a outra casa, ex-aliado do inominável, anda de amores com os órfãos e viúvos do dito cujo e, depois de algumas traquinagens contra os membros do Supremo Tribunal Federal e o Marco Teórico das Terras Indígenas, volta com seu pote de maldades prevendo alguns casuísmos como fixação de mandato aos membros da mais alta corte do Judiciário, fim da reeleição ‘y otras cositas más’. O Presidente Lula é hábil o suficiente para conter essas hordas, mas vai ser preciso que setores organizados da sociedade civil vão às ruas e ponham sua cara: não dá para deixar que vândalos fascistas continuem a atentar, de maneira discreta, as bases do Estado Democrático de Direito. A luta do Doutor Ulysses Guimarães não pode ser vandalizada, seu legado não pode ser achincalhado. Alvíssaras, alvíssaras, habemus Cidadania: feliz e saudável 2024!

Ahmad Schabib Hany

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

PARA HUMANOS DE BOA-VONTADE

Para humanos de boa-vontade

Pela tradição cristã ocidental, o 25 de dezembro é o Dia de Natal e a todos os humanos e as humanas de boa-vontade cabe celebrar o nascimento do Menino Jesus. Momento de paz e união sobre toda a Terra, que precisa reencontrar o caminho da concórdia e da esperança para homenagear o Peregrino de Belém, de Nazaré e de todos os recantos deste convulsionado Planeta.

O Natal é mais que uma data festiva: é a celebração da Vida, com plenitude e, sobretudo, a caridade ensinada pelo Peregrino de Belém, de Nazaré e de todos os recantos da Terra, dois milênios atrás. Ao abolir a lei de Talião, Jesus ensinou que sua Mensagem de paz e concórdia representa a base dos ensinamentos em uma nova etapa de Vida e comunhão.

À Luz do legado de caridade, paz e infinita humildade, a Doutrina Cristã, sobretudo em seus primeiros três séculos e, mais recentemente, depois da Rerum Novarum (Encíclica do Papa Leão XIII), em fins do século XIX, se afirmou como mensageira de um novo tempo, em que a proteção aos mais vulneráveis em uma sociedade voraz se torna um reencontro com os cânones do cristianismo. Com a Mater et Magistra, do saudoso Papa João XXIII, quando da opção preferencial pelos pobres, e a importante Teologia da Libertação pela Igreja na América Latina, houve um indiscutível encontro com o povo trabalhador.

Atrevo-me a propor modesta reflexão em tempos de extremo egoísmo e insensibilidade atiçados por seitas pseudocristãs disseminadas pelo chamado ‘sionismo cristão’ (sic) há quase dois séculos. Estas seitas ignoram o generoso ensinamento de Jesus e insistem em resgatar concepções vigentes no tempo da lei de Talião, do ‘olho por olho, dente por dente’. Não pretendo enveredar por esta discussão estéril, mas é importante refletir sobre os descaminhos dessas concepções medievais e extemporâneas.

Por conta disso compartilho com o paciente leitor o que minha memória permite da longa e fecunda Amizade com os queridos e saudosos Padre Antônio Secundino, Padre Emilio Zuza Mena, Dom José Alves da Costa, Padre Ernesto Saksida, Pastor Cosmo Gomes de Souza, Pastor Antônio Ribeiro, Padre Pasquale Forin e Padre Oswaldo Scotti. Em diversas ocasiões tomei a liberdade de conversar sobre temas doutrinários da Fé Católica e do Legado de Jesus com esses Amigos que me permitiram uma, diria, consistente aula sobre a Doutrina Cristã, além de noções, ainda que rudimentares, de Hermenêutica e Exegese.

Uma das inúmeras dúvidas que guardamos ao longo da vida sobre versículos bíblicos é Lucas, 2:14 (“Glória a Deus nas alturas, paz aos homens de boa vontade.”), que, conforme a tradução, pode ganhar outras versões. Mas na essência, segundo esses queridos Amigos, homens, ou melhor, humanos de boa-vontade corresponde (a locução) aos seres amados, que têm méritos, e portanto dignos de Sua bênção. Dessa compreensão ampla e inclusiva, no contexto do legado de Jesus, sobretudo todas as crianças são merecedoras desse Amor, portanto, dignas de Sua bênção.

Toda vez que me encontrava com o querido e saudoso Pastor Cosmo Gomes, reverendo que celebrava os cultos na Escola Batista de Corumbá em 1969, quando tive o privilégio de ser aluno da Professora Irlene Maria dos Santos, eu o cumprimentava com João, 3:16 (“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito para todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a Vida eterna.”). Daí nasceu a vontade de comentar versículos bíblicos com esses Amigos queridos.

Assim, à medida em que ia amadurecendo e ganhando novos Amigos ao longo da Vida, eu conquistei a liberdade de perguntar-lhes e pedir para que melhor me esclarecem sobre os diversos versículos, entre os quais compartilho com o(a) leitor(a). Aliás, a pedido da Amiga Professora Carmen Chamoun Calazans, do Rio de Janeiro, é que me enveredei neste tema. Ela, católica neta de libaneses, me sugerira escrever uma intervenção de Natal neste duro momento em que a Terra Santa é alvo das agressões do Estado sionista.

Intervenção de Natal

2023 anos depois de o Menino Jesus ter nascido numa manjedoura, em Belém, Palestina, jurado de morte por Herodes, que não queria seu reino ameaçado pelo Messias, a Terra Santa e toda a humanidade testemunham perplexas e indignadas mais um extermínio de crianças inocentes, inofensivas e indefesas: cada 10 minutos uma criança em Gaza tem a sua Vida ceifada impunemente.

Pior: com a conivência das maiores potências econômicas e militares do Planeta, que cinicamente se proclamam “democráticas”. Não é Natal! Não é Noite de Paz!

Não, não são inocentes pombos os que sobrevoam, feito abutres, os casebres e tendas entre escombros e sobre cadáveres insepultos de milhares de crianças, mães e avós. Ou os seus restos, fragmentos dispersos entre os escombros.

São moderníssimos caças da ‘sagrada’ (?!) Força Aérea do Estado sionista criado em 1948 sobre o território da Palestina milenar. É a ‘tecnologia de ponta’ a serviço do jugo, do saque, da opressão e da morte. Bilhões de dólares gastos contra a vida e em favor da fome, da miséria e da injustiça!

“Porque muitos serão chamados, mas poucos escolhidos.” (Mateus, 22:14)

Como nos tempos do império romano, dois milênios depois há o império americano a acobertar os Anás, Caifás e Pilatos da atualidade. Biden, Netanyahu e Cameron são os carniceiros de Gaza -- tais quais Hitler, Mussolini, Salazar e Franco em dezembro de 1944 -- a comemorar sobre o manto de sangue inocente a jorrar incessante e impunemente, mas desta vez sob os holofotes dos cúmplices dos poderosos oligopólios midiáticos, que criminalizam as vítimas em nome de uma nova ordem mundial sanguinária, injusta e genocida.

Por que as crianças impiedosamente mutiladas, feridas e assassinadas têm que pedir desculpas por existir? Sob qual perversa lei ou crença racista elas têm que ser condenadas ao extermínio, em nome de qual nefasta civilização, ignóbil progresso e maldita ideologia supremacista?

Não em nosso nome! Não em nome da ONU! Bem ou mal, ela ainda representa o concerto das Nações depois da tragédia que foi a Segunda Guerra Mundial, em que não só a Alemanha nazista cometeu crimes de lesa-humanidade. Entre outros, os Estados Unidos também cometeram. Ou já nos esquecemos das duas bombas atômicas despejadas sobre a população civil, inofensiva e indefesa, de Hiroshima e Nagasaki?

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E que quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus, 25:35-40)

Feliz Natal para os justos! Feliz Natal para os que têm os ensinamentos de Jesus em seu coração e praticam o Amor e a Caridade universais!

Ahmad Schabib Hany

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

CONQUISTAS E DESAFIOS

Conquistas e desafios

Mais que modesta e despretensiosa avaliação, pretendo propor sincera reflexão sobre 2023, um ano com imensas adversidades, cujos desafios são sempre possíveis quando se tem paciência histórica e convicção fundamentada.

À medida que 2023 vai fechando o transcurso, são inevitáveis as reflexões (não avaliações) sobre o que foi feito neste interregno. Tomo a liberdade de compartilhar com o generoso leitor que não há qualquer pretensão deliberada de fazer uma ‘retrospectiva’ cronológica e muito menos política nesta modesta iniciativa.

Embora seja indiscutível a sensação de frustração explícita nos semblantes de Amigo(a)s e Companheiro(a)s de labuta em relação a este ano, permito-me divergir da maioria deles: somos todo(a)s vitorioso(a)s, de início, por simplesmente termos chegado até aqui com Vida e lucidez suficientes num tempo de tanta pusilanimidade solta, nas palavras do ator Othon Bastos quando entrevistado por Pedro Bial, ex-repórter de ‘O Pasquim’ (em sua fase decadente, é verdade, mas que, depois de tanto equívoco, parece ter encontrado seu rumo).

E apenas para situar os jovens que ainda conservam o hábito salutar de ler, Othon Bastos, hoje com 90 anos, é um dos mais emblemáticos atores brasileiros vivos. A despeito de ter estreado em 1962 com o premiado ‘O pagador de promessas’, foi com o emblemático filme ‘Deus e o Diabo na terra do sol’, de Glauber Rocha, no papel do inesquecível Corisco, um jagunço com que marcou o cinema brasileiro no mundo inteiro. Aliás, Othon explica que ator não apenas ‘representa’ a personagem, como dá vida à personagem que representa em uma telenovela, filme ou peça teatral, como o Mestre Bertolt Brecht ensinou.

É preciso recorrer à sabedoria dos mais vividos ou daqueles que vieram antes de nós para poder compreender um momento da História da humanidade tão adverso, perverso e, pior, cínico. Em pleno século XXI, além das hordas fascistas que se espalharam pelo Planeta tal como o novo coronavírus na pandemia de covid-19, temos os caquéticos ‘donos do mundo’ que insistem em não reconhecer que não vivemos mais em tempos coloniais e subjugam a espécie humana a rastejar perante eles ou condená-los, por rebeldes, como ‘terroristas’.

Como contraponto, pelo menos, tivemos a constatação de que o Brasil tem o patrimônio político nacional como o maior Estadista (maiúscula, por favor) do primeiro quartel deste século. O Presidente Lula, para desespero e pânico dos e das recalcadas, continua a ser reconhecido como um dos maiores líderes da humanidade. A despeito disso, consoante à inconsistência de caráter e cosmovisão distorcida, nossa embolorada casta tupiniquim (na verdade, colonizada, pois sequer tem ascendência de nossos sábios povos originários) vive a torcer contra o Brasil só para, egoísta e mesquinhamente, se jactar com as eventuais derrotas do líder que o Brasil levou 500 anos para revelá-lo para o concerto das nações.

Só um líder com as dimensões políticas do Estadista do Século é que poderá promover a bom termo a transição pacífica e proativa para os novos paradigmas do desenvolvimento sustentável no contexto das mudanças climáticas. Só Lula tem legitimidade política para assegurar a conservação do Estado Democrático de Direito. É o Estadista maior de nosso tempo o dignitário que oferece condições de conduzir a América Latina, e por extensão o chamado Sul Global (antigo ‘Terceiro Mundo’), para nova ordem internacional, baseada tão-somente em relações multipolares, e não nos caprichos colonialistas de uma Europa embolorada e um império estadunidense carcomido pela sordidez da arrogância, do supremacismo e da cobiça.

Internamente, só um conciliador hábil e progressista como ele poderá fazer o Brasil se reencontrar com a plenitude democrática. Porque, ficou provado nestes anos de governos golpistas -- ou melhor, de desgovernos --, que a direita não tem agenda propositiva nem capacidade política para construir uma agenda com suas bizarras bandeiras. Simplesmente todos -- reitero: TODOS -- os pretensos ‘lideres’ (de si mesmos) são incapazes de promover a necessária superação da inércia que eles mesmos provocaram deliberadamente.

Se no desgoverno do inominável já não tinham qualquer conjunto de propostas para fazer com que houvesse um mínimo de governabilidade, agora na oposição está constatado que são tão incompetentes que sequer sabem fazer oposição. Não sabem o que é estratégia e, muito menos, tática. Qualquer neófito saberia, até por intuição, propor questões básicas para fazer de conta que tem empatia ou que, de fato, se preocupa com o povo brasileiro.

Mais grave: feito biruta de aeroporto, o que resta dos ‘líderes’ do inominável -- inclusive seus descendentes -- são tão desqualificados que agem por impulsos, o que os torna nada representativos de uma direita à deriva, sem eira nem beira. Um fiasco. Isso foram sete anos de golpismo, a bem da verdade com o único intuito de pôr na ilegalidade a esquerda, ou pelo menos o Partido dos Trabalhadores (PT). Não só não tiveram competência nem habilidade, como exatamente por isso fortaleceram suas consignas, suas bandeiras. Hoje o PT volta a ser a principal legenda política e qualquer saída política passa por ele.

Mas, além das importantes conquistas protagonizadas, há desafios abissais. E da solução deles decorrem os próximos passos, tanto na conquista de novos horizontes nacionais e continentais (a esta altura planetários) como de não menos importantes avanços do dia-a-dia, de nosso cotidiano popular: o processo vertiginoso de desmonte do Estado e das políticas públicas sociais, sanitárias, educacionais, ambientais, tecnocientíficas, culturais e, sobretudo, interdisciplinares rumo a um novo paradigma de sustentabilidade climática foram esfaceladas, destruídas sem dó nem piedade.

Isso, aliás, obriga a sociedade civil, com base na participação popular (social ou pública), recomeçar a se mobilizar para retomar todas as pautas de protagonismo cidadão perdidas. Mais que isso: em parceria com o Ministério Público, será preciso reconquistar a autonomia dos lóqui (ou melhor, de cada lócus, conselho, um a um), sem judicialização (ao contrário, com muita habilidade e sem aflorar antagonismos). É a melhor manifestação de respeito pelas novas gerações, pois o Estado Democrático de Direito foi construído, passo a passo, mediante compromisso ético, público e político, focado nas gerações vindouras.

Diante deste contexto muitas vezes desestimulador e adverso a toda empatia e cosmovisão cidadã, cabe a todas as pessoas sinceramente comprometidas com o País e todo o Planeta arregaçar as mangas e com muita prudência, humildade e ponderação ocupar os lugares esvaziados pela cidadania nestes derradeiros sete anos de sortilégios, negacionismo e obscurantismo intolerante. É a hora do reencontro com o porvir, com a esperança cívica, com nossa infância e juventude, até para que ela consiga assegurar as conquistas cidadãs para as próximas gerações.

O caminho se faz ao caminhar. É o que a Vida ensina. É o que a História demonstra.

Ahmad Schabib Hany

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

QUEM, MESMO, É TERRORISTA?

Quem, mesmo, é terrorista?

A troco de que os oligopólios midiáticos se submetem ao descrédito e, sabendo que hoje não dá mais para enganar, teimam em fazer ‘reportagens especiais’ para deslegitimar o direito do povo palestino de conquistar a sua liberdade e sua soberania?

Como nefasto mantra, todo domingo a Globo dos Marinho -- como as concorrentes Record de Edyr Macedo, SBT de Senor Abravanel, CNN de Rubens Menin, a TV! de Amilcare Dallevo Jr. e, pasme, a Band de Johnny Saad, durante a semana --, ‘didaticamente’ vai incutindo, como propaganda subliminar, de modo ardiloso, que o povo palestino e os demais povos árabes são um bando de fora da lei. Parabéns pelo serviço: nos tornamos terroristas miseráveis e que não merecemos viver; fanáticos muçulmanos sem compaixão e tirânicos; seres fora da realidade, atrasados, indignos de estar no concerto das nações.

Será que somos tudo isso? Fomos nós os que jogaram a bomba atômica sobre a população inocente e indefesa de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, quando o Exército da União Soviética já havia imposto derrota acachapante dentro de Berlim, onde o nefasto Hitler preferiu se dar um fim a ter que responder pelos seus crimes de lesa-humanidade? Fomos nós os que, para pressionar os revolucionários do Vietnã do Norte a fazer uma saída ‘honrosa’ e maquiar a derrota dos Estados Unidos pondo fim à guerra do Vietnã, em 1973, aniquilaram mais de 50 mil civis cambojanos, sob a batuta de Henry Kissinger, vencedor do Nobel da Paz (dos túmulos) naquele ano? Fomos nós os que, em Gaza, massacram (ou apoiam), ao vivo e sem dó, mais de seis mil crianças, quinze mil civis (mulheres e idosos) e bombardeiam com requintes de crueldade hospitais, escolas e templos religiosos onde tentam se refugiar os desabrigados e expulsos de suas casas transformadas em escombros?

Além da Palestina milenar, há outros 23 Estados árabes e uma quantidade maior de países de maioria muçulmana que sistematicamente a tal ‘imprensa profissional’ (sic), usando a ‘ética profissional’ (toc, toc, toc!), impune e sordidamente, vive a difamar, caluniar, ofender, tripudiar.

A troco de quê?

Se a História está repleta de fatos eloquentes da generosidade e abnegação dos árabes, fossem eles da Ásia Ocidental, África Magrebina ou Península Arábica. Ou por que templos e bibliotecas das três religiões monoteístas mais populosas estiveram preservados integralmente por milênios enquanto palestinos cuidavam desses patrimônios da humanidade na Terra Santa? Por que os reinos católicos da Península Ibérica (Castela, Aragão e Portugal) foram pioneiros nas Grandes Navegações pós-tomada de Constantinopla pelos turcos (fato que marca o fim da Idade Média), quando árabes muçulmanos (‘mouros’) haviam permanecido entre 800 e 300 anos na Península, sem colonizá-la ou impor sua língua, religião e cultura, diferentemente deles (europeus) que em 300 anos colonizaram, ‘catequizaram’, escravizaram, saquearam e impuseram a ferro e fogo sua dominação, promovendo genocídios e etnocídios na América, África, Ásia e Oceania?

Qualquer estudante do ensino fundamental aprende na História que o Renascimento europeu contou com o generoso legado dos árabes, que como em bandeja de ouro compartilharam irmãmente a Filosofia, História, Letras, Ciências, Química (proibida por ser considerada "bruxaria"), Matemática (Aritmética e Álgebra), Geometria, Física, Engenharias, Arquitetura, Geografia, Astronomia, Cartografia, Navegação, Geologia, Biologia, Medicina, Anatomia (também proibida por razões da Doutrina Cristã medieval, que considerava o corpo sagrado por ser feito à semelhança de Deus), Direito, Gramática, Semântica etc. Além disso, concepções metodológicas fundantes como o Humanismo, Heliocentrismo e a Dialética de Heráclito de Éfeso, que sofreu apagamento total com a "cristianização" da escola de Sócrates. Enquanto os europeus queimavam bibliotecas e os centros de saber clandestinos, os árabes resgatavam a rica herança cultural dos diversos povos da Antiguidade a que tiveram acesso.

Quem eram, senão árabes, a proteger judeus durante as Cruzadas e, sobretudo, na ‘Santa’ Inquisição, de triste memória? Basta ler e constatar na História a rota de fuga dos judeus perseguidos na Europa como hereges ou pagãos. Ao lado dos ‘mouros’, lá estavam sob sua proteção os judeus, que então faziam questão de resgatar sua origem semita comum. Os sionistas, a partir de fins do século XIX, mudaram sua maneira de compreender os árabes, que passaram a ser vistos como ‘selvagens’, na ótica eurocêntrica e supremacista colonial. Até porque, diferentemente do século XVIII, ‘das luzes’, o século XIX foi marcado pelo retrocesso nacionalista europeu e, sobretudo, pela manipulação da ciência para embasar as piores ideologias racistas, supremacistas brancas, como a eugenia e a ‘ciência’ racista.

No começo do século XX, quando em território europeu os facínoras europeus Adolf Hitler, Benito Mussolini, António Salazar e Francisco Franco empreenderam ferrenha perseguição contra judeus pobres, ciganos, comunistas e pessoas com algum tipo de deficiência ou mutilação, naquela ótica eugenista de atentar contra a dignidade humana, os árabes (e particularmente os palestinos) receberam de braços abertos centenas de judeus em fuga para a Palestina, cuja libertação do jugo colonial turco havia sido prometida em carta oficial do governo britânico por meio de J. Lawrence (o ‘Lawrence da Arábia’). Não só não cumpriram os britânicos, como deixaram uma herança maldita que ameaça a existência do povo palestino desde 1947, vítima de política de extermínio e limpeza étnica realizada pelos sionistas.

Hoje, com a internet (e apesar das hordas criminosas de fakenews), até o mais desatento cidadão da Terra já se deu conta da nada inteligente estratégia sórdida da imprensa pró-sionista de que as ‘reportagens especiais’ atendem à vontade dos que se pretendem donos do destino da humanidade. Os mesmos, aliás, que fabricam e vendem armas e tecnologias de ponta para matar ‘com precisão cirúrgica’, ‘civilizadamente’; que produzem alimentos envenenados para encher de doenças a imensa população do Planeta; que são os principais responsáveis pela emissão de gases que causam as mudanças climáticas e pela fome no Mundo, desde o início da industrialização e nos imemoráveis tempos do comércio de pessoas escravizadas trazidas à força do continente africano (em mais de 250 anos, mais de cinco milhões de pessoas, segundo dados conservadores, que alimentaram o vergonhoso ‘comércio negreiro’ (sic) e a acumulação do capital pela burguesia pelo mundo).

Sempre em nome da ‘fé’, da ‘civilização’ e do ‘progresso’ (deles, de seus bolsos e bolsas, da cobiça, avarismo e sovinice), esses senhores de olhos azuis que em suas mochilas carregam os cadáveres de inocentes indefesos e inofensivos, sobretudo da infância (como compôs Alberto Cortez em "Sabra y Chatila", de 1983) se apressam a acusar e condenar sumariamente as vítimas de suas atrocidades da forma mais aviltante e cínica.

Até a sua tese de que a ‘única democracia existente na região’ é o Estado sionista criado em 1947 sobre o território milenar da Palestina -- sem autorização dos habitantes e suas autoridades e sem qualquer consulta prévia à população, como que ela não existisse (o ‘slogan’ sionista era ‘uma terra sem povo para um povo sem terra’) -- não se sustenta mais: tem seus dias contados, como a África do Sul do apartheid, de triste memória. Aliás, a Resolução 3379/1975 da ONU, que igualava o sionismo ao apartheid como forma de racismo, foi derrubada pelo ‘lobby’ sionista no início da década de 1990, sob pretexto de abrir as negociações para o famigerado Acordo de Oslo, que também não contou com a realização de um referendo ao povo palestino.

Como assim? Pode haver ‘democracia’ sobre um povo oprimido, subjugado, excluído, saqueado, expulso de suas casas, seus campos, suas plantações, sua pátria, sua cultura, sua culinária, suas danças e sua história, silenciado e invisibilizado e destituído de sua identidade e soberania? Condenado a ser apátrida, errante, desterrado aos milhares, aos milhões, desde 1947, portanto, há 76 anos? Que ‘democracia’ cínica é essa? Não é a das Escrituras, não, porque, para desespero dos sionistas, os árabes também são semitas, descendentes de Abrão pelo tronco de Ismael, e os sionistas não têm como ‘reformar’ o Velho Testamento, ou Pentateuco.

Mas, digam-nos, Marinho, Macedo, Abravanel e Saad (e também Mesquita, Frias e Civita), por quê? Por que enveredar por uma falácia, enredo contraditório que depõe contra o bom Jornalismo? Qualquer patrão deveria sentir-se lisonjeado de ver seus repórteres veteranos, como Renata Capucci e Álvaro Pereira Júnior, reconhecidos, e não estigmatizados por uma pauta que seus chefes lhes impuseram, desavergonhada e cínica. Até quando? Vimos isso entre 2013 e 2018 no Brasil e sabemos como acabou, a História ainda não cobrou sua conta e os Civita então foram os primeiros a pagar pela imprudência de ter transformado a revista de credibilidade criada por Mino Carta e equipe pioneira em desacreditado panfleto semanal que ninguém mais compra, porque é sabidamente vendido.

A História está repleta de fatos e processos históricos em que não há império que consiga se perpetuar. O mais poderoso deles, o romano caiu mesmo depois de quase um milênio, como caíram o britânico e o francês ainda antes de 1945. O estadunidense, até por essa obsessiva cumplicidade com o sionismo está prestes a desabar, já não se sustenta, basta ver a dívida impagável que administra há décadas. Aliás, essa é a verdadeira razão de se colar ao sionismo, sua face mais perversa e pervertida. Mas cairá, mais cedo ou mais tarde. Se na primeira metade do século XX a chamada Quinta Coluna nazista (a SS e tentáculos) estava em toda parte e não conseguiu evitar a queda do Terceiro Reich, os Estados Unidos e a União Europeia, com os membros da OTAN e Israel, não conseguirão manter a farsa por muito tempo.

A humanidade está farta da opressão, exploração, miséria e agora as tragédias climáticas que agravam a pobreza e a fome. Enquanto eles mentem desavergonhadamente, o Planeta reage com indignação e protagonismo, porque passou da hora de parecermos gado rumo ao abatedouro sem nos rebelar. O Planeta nos pertence a todos por direito, libertá-lo dos opressores e exploradores é um dever, sobretudo para as futuras gerações. Podem tentar nos ameaçar, até nos amordaçar, mas somos bilhões, inclusive de famélicos e excluídos, e saberemos dar o troco no momento certo. Entre outros anos emblemáticos, estão 1789, 1848, 1917, 1949, 1952, 1959, 1975 e, no caso do Brasil, 1988 e 2023, a nos inspirar.

Ahmad Schabib Hany

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Que ‘jornalismo profissional’ é esse?

Que ‘jornalismo profissional’ é esse?

Golpista desde sua gênese, o maior oligopólio midiático não teve escrúpulos para ‘entrevistar’ um mercenário sionista. Isso é sintomático, sinal de decadência, como a Abril dos Civita, que fugiram para uma ilha caribenha a fim de não pagar os direitos trabalhistas dos milhares de empregados que ficaram a ver navios.

O saudoso Leonel Brizola, de quem não tive a honra de ser correligionário, estava corretíssimo quando recomendou que, na dúvida, o brasileiro escolhesse estar do lado oposto ao que estiver a famiglia proprietária do maior oligopólio midiático em território nacional.

Aquela rede de televisão inominável, cuja famiglia sempre teve duas (ou talvez quatro) patas atoladas nos golpes (disfarçados ou acintosos), na lama do crime político brasileiro e internacional, não perdeu a oportunidade de faturar um "jabá" de seus parceiros de atividades de lesa-humanidade, para os quais rasteja pior que lesma.

Em plena campanha publicitária para reparar uma reputação inexistente, de que ela seria paladina do “jornalismo profissional” -- como assim?!, não foi ela a que encabeçou o golpe de 2016, ao lado do nefasto Eduardo Cunha, Aéreo Never e da quadrilha da ‘Leva Jeito’? --, eis que aquela reporterzinha de meia pataca envolvida em diversos episódios que desabonam Jornalistas com letra maiúscula (com nome e sobrenome a preservar) para ‘entrevistar’ (sic) ninguém menos que um suposto ‘espião’ sionista que seria filho do fundador do Hamas, aliás, um cadeirante assassinado pelo Mossad há mais de uma década.

Não que seja observador infalível, mas desde o tempo em que meu saudoso Pai era ávido leitor de Newton Carlos, Fausto Wolf, Oswaldo Peralva, Claudio Abramo e Paulo Francis (em sua fase pré-decadente, antes de se envolver com o time nova-iorquino da emissora que já foi ‘campeã de audiência’ segundo ela mesma), venho acompanhando dia após dia os desdobramentos da geopolítica na Ásia Ocidental, África Magrebina e Península Arábica. Pelo que pude ver, não passa de reles mercenário da propaganda sionista trazido ao Brasil por uma ‘fundação’ com vínculos estreitos com a CIA e o Mossad, tanto que se apresentou no ‘A Hebraica’ antes do grosseiro simulacro apelidado de ‘entrevista’ (sic).

Em franca decadência, o grupo midiático com sede no Rio segue a passos largos o inevitável processo de autodestruição precedido pela Abril da famiglia Civita, aquela que, para vergonha do patriarca Victor (um homem bom, embora obcecado pelo lucro, talvez por isso preteriu Richard por achá-lo nada ambicioso, dando plenos poderes ao pretensioso Roberto, que deu início à falência do até então maior grupo de comunicação da América Latina), fugiu para uma ilha do Caribe e deixou sem indenização profissionais competentes e leais, que aos poucos vão morrendo sem sinal de luz, ou melhor, direitos trabalhistas no fim do túnel. Eis a ética dos sionistas...

Nunca é demais reiterar que com Roberto Civita começou o desmonte moral da Abril, quando afiançou a transformação em inominável panfleto da revista ‘Veja’, criada pelo Jornalista Mino Carta em 1968 (e que a dirigiu até 1975, quando o filho ambicioso o atirou aos leões da ditadura para ganhar umas benesses do regime militar, como empréstimo bilionário da Caixa a juros subsidiados, cujos ativos expandiram a Abril a negócios de turismo e educação, como a rede de hotéis ‘Quatro Rodas Nordeste’ e a ‘Abril Educação’, e adquiriu as editoras Ática e Scipione, além do curso preparatório ‘Anglo’), sob a direção do mesmo mercenário que começou a destruir a frágil credibilidade daquele jornalão cuja sede também está não muito distante do imponente prédio da fase triunfal da velha Abril de revistas emblemáticas, como ‘Realidade’, ‘Placar’, ‘Quatro Rodas’, ‘Recreio’, ‘Casa Claudia’, ‘Pancada’, ‘Exame’, ‘Claudia’, ‘Capricho’, ‘Manequim’, ‘Intervalo’, ‘Pop’, ‘Nova’, ‘Homem’, ‘O Pato Donald’, ‘Mônica’, ‘Menino Maluquinho’, ‘Condorito’, ‘Saca-rolha’ e ‘Faísca e Fumaça’. Mais de 250 revistas semanais ou quinzenais ou até mensais, além do ‘Almanaque Abril’, fascículos periódicos como ‘Vestibular’, ‘História da Música Popular Brasileira’, ‘Clássicos Infantis’, ‘Os Filósofos’, ‘Os Economistas’, ‘Clássicos da Literatura Universal’, ‘Bíblia Ilustrada’ e ‘Grandes Mestres da Pintura’, o inesquecível ‘Círculo do Livro’ e ‘Grandes Mestres da Música Clássica’.

Sionistas de carteirinha (o patriarca, metido a ‘quatrocentão’ paulista, cujo bolor fede as páginas cinzentas do jornalão, chegava ao orgasmo quando alguém lhe dizia que seus ancestrais eram ‘cristãos novos’ na terrinha, isto é, Portugal), não aprenderam a lição: no regime de 1964, que ajudaram a consumar desavergonhadamente, foram submetidos a um obscurantismo ensandecido, tendo sido obrigados a “tapar buracos” feitos pela censura prévia instituída desde 1968 com receitas e trechos de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões. Mesmo sabendo disso, seus herdeiros, de índole golpista, entraram de cabeça no golpe de 2016, e se estreparam de novo, desta vez tomando déficit atrás de déficit nas contas de publicidade do desgoverno do inominável. Quando Lula retornou ao Planalto, o Ministro Paulo, não sei por quê, reparou a ‘injustiça’ cometida e recolocou o jornalão ao patamar em que estava no tempo da Presidenta Dilma. Para ‘retribuir’, a famiglia Igreja, digo, Sinagoga mantém sórdida campanha de fakenews difamando integrantes do atual governo, como no episódio cínico em que tentaram acabar com a honra do Ministro Flávio Dino, da Justiça, como que já soubessem que ele seria o indicado para a vaga do Supremo Tribunal Federal.

Podemos desgostar dos rumos trilhados pelo da Alameda Barão de Limeira, nos Campo Elíseos, depois da eternização de Claudio Abramo e da demissão de Perseu Abramo da editoria de Educação e de Tarso de Castro da Ilustrada, mas nunca nos iludiram, pois seu envolvimento com grupos de extermínio nos anos de chumbo banhou de sangue inocente suas páginas pretensamente iluminadas, só que não: ainda que tivesse contratado e dado total liberdade a dissidentes da turma do Pasquim para produzir a paródia paulista do semanário satírico de Ipanema, a "catinga" de corpos mortos sob tortura está impregnada em suas páginas sem linha editorial definida até hoje, ora golpista, ora oportunamente "democrática", ao sabor dos inconfessáveis interesses da famiglia, também já dividida entre o casal de herdeiros do patriarca centenário.

Nem o clã carioca escapa dos desígnios da volatilidade do mercado, da imponderabilidade, da finitude da existência na face da Terra: o patriarca -- por sinal, metido a espertalhão e muito vaidoso, a ponto de passar pó de arroz para disfarçar sua afro-ascendência --, também longevo, não só soube negociar com os golpistas de 1964 grandes trunfos (que culminaram com a concessão de televisão que turbinou os até então modestos negócios midiáticos), como cacifou seu império ao tratorar o espólio de Chatô (além da rede de tevê pioneira, revistas como ‘O Cruzeiro’, ‘O Cruzeiro Internacional’, ‘Gasparzinho’, ‘Bolinha’, ‘Luluzinha’ e ‘Brasinha’ (além de quase uma centena de jornais e emissoras de rádio integrantes dos Diários e Emissoras Associados). Ao mesmo tempo, tirou do páreo das concessões de tevê a famiglia Civita (que gentilmente lhe transferira uma parceria bilionária com o Grupo Time-Life em 1965), açambarcando dos concessionários paulistanos de uma parceira, também nos anos 1960, e, pasmem, detonando a concessão de toda a Rede Tupi para que fosse dada ao ex-camelô metido a esperto (mesmo sendo cometida uma ilegalidade: o senor já era sócio em outra concessão, o que é vedado por lei, mas sua vontade foi feita: ‘aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei’).

Se isso fosse pouco, aquele patriarca do clã carioca se deu ao desplante de negociar seu passe com os líderes da Nova República, traiu seus velhos parceiros baianos para agradar o então ministro das Comunicações ACM e cacifou uma jogada de mestre ao tirar da concorrência a Rede Manchete com a mesma manobra de 18 anos antes, deixando na rua não só os jornalistas e atores da séria concorrente, como todas as redações (e arquivo de fotos e filmes) de revistas da Bloch Editores, como ‘Manchete’, ‘Fatos & Fotos’, ‘Manchete Esportiva’, ‘Pais & Filhos’, ‘Ele Ela’, ‘Amiga’, ‘Sétimo Céu’, ‘Os Trapalhões’, ‘Pelé’, ‘Incrível Hulk’. O pior é que ganhou de lambuja uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, seu brinquedo derradeiro, mesmo não tendo uma bibliografia que justificasse tamanha ousadia.

Ousadia, aliás, é o que caracteriza a ação predadora das quatro famiglias donas (ou ex-dona, no caso da Civita) dos oligopólios midiáticos que tomaram de assalto o Estado de Direito desde os nada memoráveis anos de chumbo, em que não se constrangeram para promover ‘meias verdades’ (hoje fakenews) e disseminar mentiras para desinformar toda a população, pois na época não havia imprensa alternativa nem internet. Cúmplices dos generecos pseudopatriotas, todas essas famiglias se enriqueceram, viraram milhardários enquanto a população passava por um processo de empobrecimento pela perda de poder aquisitivo com a retirada de direitos e proibição do direito à atuação sindical.

No período 1964-1985, o do pó-de-arroz se tornou bilionário, com investimentos em bancos e tendo diversificado sua atuação empresarial; a famiglia Civita já relatamos; os ex-sócios do então Grupo Folhas abriram a sociedade (o Caldeira, até simpático embora reacionário, contentou-se ficar com duas grandes gráficas do grupo, a CLY -- Companhia Litographica Ypiranga -- e a Impress, o que fez com que o Frias criasse a Plural, mais moderna e ágil), e ao descontinuar a edição de publicações como ‘Folha da Tarde’ (depois ‘Agora’), NP (‘Notícias Populares’), ‘Última Hora’ (de Samuel Wainer), ‘A Gazeta Esportiva’ (Fundação Cásper Líbero) e ‘A Cidade’ (um diário de Santos), focou numa grande reforma gráfica da ‘Folha’ e se associou (e depois abriu) aos Civita para enveredar na tecnologia digital (BOL-UOL, lembram-se?) e aos do pó-de-arroz para criar (e depois perder) o diário sucessor do diário econômico ‘Gazeta Mercantil’. Como lagarto, seu sorriso é só para aparentar que mantêm uma relação civilizada, mas não hesitam em comer o fígado do concorrente.

Ahmad Schabib Hany

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

SOLIDARIEDADE ALTIVA

Solidariedade altiva

No dia 29 de novembro é celebrada a solidariedade ao povo palestino desde 1977. Em Corumbá, a Câmara Municipal fará uma sessão para observar este dia, que marca o início da Nabka, a tragédia palestina.

A Câmara Municipal de Corumbá, a Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira e o Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino convidam a coletividade corumbaense e ladarense para uma sessão, nesta terça-feira (dia 28), às 18 horas, em que a solidariedade à Nabka Palestina (tragédia palestina) estará em foco.

A solenidade está constituída de três momentos: primeiro, o ato de solidariedade ao povo palestino, em seguida um ato de congraçamento com a Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira, representante da comunidade palestina local, que desde o início do século XX fez do Brasil, particularmente de Corumbá e Ladário, a sua segunda Pátria e realização de seu projeto de vida, e ao final homenagem póstuma ao ativista palestino Jadallah Safa, eternizado em São Paulo depois de sofrer um AVC após uso da palavra em ato público (morou por quase dez anos em Corumbá, entre as décadas de 1980 e 1990, quando participou da realização da Primeira Mostra da Cultura Árabe-Palestina de Corumbá e do ato de criação do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino, do qual é Patrono Póstumo).

Iniciativa do Vereador Samyr Sadek Ramunieh e apoio da Mesa Diretora da Câmara mais antiga de Mato Grosso do Sul, o ato se realiza neste momento de mais uma tragédia que se abate sobre a sofrida população palestina, em Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém e em todas as partes da Terra, pois com a Diáspora Palestina há famílias palestinas em praticamente todo o Planeta.

Solidariedade altiva. É o que o Brasil e a maioria dos países do mundo têm manifestado, e que foi fundamental para o breve cessar-fogo humanitário recém acordado entre as partes, com a determinante participação do Conselho de Segurança da ONU, Liga Árabe e o governo do Catar. Mesmo que breve, essa interrupção das hostilidades incessantes por mais de 40 dias, em que mais de cinco mil crianças (mais de 10 mil civis indefesos, em sua maioria crianças, adolescentes, mulheres, idosos, grávidas, doentes, feridos e mutilados) perderam a vida sem qualquer chance humanitária.

O Papa Francisco, após audiência a pequenas delegações da Palestina e do Estado sionista, manifestou sua indignação com a desproporção da retaliação empreendida pelo segundo maior exército do Planeta. Em suas palavras, não se trata de uma ‘guerra’, mas terrorismo --  em decorrência dos bombardeios a hospitais, escolas, templos religiosos, comboio de ambulâncias transportando feridos com gravidade e, sobretudo, pelo genocídio inominável que atinge uma população civil de dois milhões de seres humanos tratados como animais segundo o próprio governo de ocupação há 75 anos, e não de pouco mais de um mês como a grande imprensa vem desinformando em nome de um ‘jornalismo profissional’.

Há 76 anos, a Nabka (tragédia) palestina teve início em 29 de novembro de 1947, quando a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), sem consultar o verdadeiro interessado -- o povo palestino --, aprovou a partilha do território da Palestina milenar, deixando mais de 50% do território da Palestina milenar para a criação de um ‘lar nacional judeu’, conforme o movimento sionista internacional propunha desde 1897, em Basileia (Suíça). Os quase 45% restantes, sem continuidade territorial (parte de Jerusalém, capital palestina histórica, Cisjordânia e Gaza) ficaram para a população palestina, que a partir de então não tiveram o direito de constituir seu governo autônomo em território soberano.

O Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, 29 de novembro, foi criado por resolução da ONU em 1977 como forma de reconhecimento pelo concerto das nações à Causa Palestina, que desde o pós-guerra de 1945 tem sido vítima das atrocidades sionistas perpetradas por grupos terroristas como Haganá, Irgun e Stern (entre mais de 20 grupos paramilitares), vindos da Europa e recebidos de braços abertos pela população palestina, expulsa de suas casas, suas terras, sua pátria milenar e, sobretudo, do direito à Soberania Nacional.

O Dia Municipal de Solidariedade ao Povo Palestino, durante o primeiro mandato do saudoso Prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (quando tornou Corumbá cidade-irmã de Ramallah, capital da Cisjordânia e sede de governo da Autoridade Palestina), foi resgatado de uma lei municipal sancionada pelo saudoso Prefeito Fadah Gattass, quando a Câmara Municipal, presidida pelo saudoso Vereador Jonas Ribeiro, aprovou o projeto de lei do então Vereador Valmir Corrêa, historiador, pesquisador e partícipe dos primeiros atos de solidariedade ao povo palestino em Corumbá, nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

O Prefeito Marcelo Iunes, em seu primeiro mandato, implementou algumas medidas, como a criação da Praça da Palestina (ao lado da Escadaria da Rua XV) e projetos municipais de congraçamento com a comunidade árabe-palestina local. Quando da vinda a Corumbá do Sociólogo e Professor Lejeune Mirhan de Carvalho Xavier, analista de geopolítica de várias mídias, houve início às tratativas de um Memorial da Imigração, em que as diversas etnias e nacionalidades de várias procedências estariam contempladas -- projeto que não teve continuidade por falta de tempo do Professor Lejeune Mirhan, mas que oportunamente poderão ser retomados.

É a solidariedade altiva que está sendo construída, fazendo jus à vocação natural de nosso torrão corumbaense, como entreposto comercial de relevância continental e centro cultural cosmopolita mundial. Aliás, para imigrantes palestinos e demais nacionalidades árabes e dos demais países do mundo que povoam o Coração do Pantanal e da América do Sul regozijo a despeito das adversidades vividas pela expansão do ódio e da intolerância pelos quatro cantos do Planeta.

A gratidão, própria da alma árabe e latino-americana, pela hospitalidade e acolhimento solidário do querido Povo Brasileiro é sincera, profunda e vívida: as diversas gerações de palestinos e árabes de todos os 25 países traduzem seu amor e seu reconhecimento à sua nova terra, onde realizam sonhos e projetos de vida, sobretudo, para as novas gerações.

Como contraponto a este momento de afago solidário ao povo palestino, lamentavelmente as agressões a uma equipe de cineastas formada por um canadense e dois brasileiros foi vítima de agressões por um grupo de mais de 30 encapuzados fortemente armados em Iguatemi (MS), quando faziam filmagens aos povos originários do sul do estado. O episódio teve grande repercussão mundial e ocorreu na semana de véspera do quadragésimo aniversário do assassinato a queima-roupa do célebre líder Guarani Marçal de Souza, o Tupã-I (Deus Pequeno) que defendia as terras Guarani em Antônio João quando teve a sua Vida ceifada por jagunços. Decorridos 40 anos do crime covarde, que ainda permanece impune, os conflitos entre jagunços e a população originária continua, a despeito dos esforços incessantes do Estado Democrático de Direito.

Ahmad Schabib Hany

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

OBRIGADO, PRESIDENTE LULA!

Obrigado Presidente Lula!

O maior Estadista do século XXI enfrenta uma avalanche de críticas por ter falado o que pensa sobre as atrocidades sionistas em Gaza. Nosso Charles De Gaulle do Terceiro Milênio, Lula sempre esteve do lado certo da História, e mais uma vez vai provar a procedência de suas atitudes, oportunas e coerentes.

Infinita gratidão por Você e pela apaixonante população de seu País, Presidente Lula! Enquanto seus desafetos torcem para que a nave em que estão exploda, como escorpião que prefere sucumbir a conter a maldita sina de cravar sua peçonha nas costas de quem generosamente o tentar salvar, Você mostra o seu coração imenso, a sua competência ímpar de brasileiro formado na adversidade da Vida e alimentado no generoso leite da Mãe guerreira do trópico exuberante e acolhedor, tal qual o ventre materno.

Grande como Você, é o País que escolheu Você três vezes, não por acaso. O único cidadão brasileiro três vezes Presidente da República em eleições diretas, secretas e universais, sem censura, sem fraudes, sem favorecimento. ‘Órfãos’ e ‘viúvos’ da (mal)ditadura vivem a proferir impropérios, porque não têm argumentos. É a falta de argumentos que os leva ao delírio, ao devaneio, ao escárnio. Tiveram, por meio de vias tortuosas, quatro anos para mostrar a que vieram, mas a falta de objetividade, de competência e, sobretudo, de amor verdadeiro pelo Brasil e pelo Povo Brasileiro fez com que o País fosse à deriva.

Coube a Você, Presidente Lula, a tarefa histórica de, após um período de perseguição não visto com outro dignitário (nem Getúlio Vargas suportou a avalanche que se projetou sobre ele, 69 anos atrás), reconstruir o Brasil em ruínas pelos ‘patriotas’ de araque e, sobretudo, reerguer a autoestima do altivo Povo Brasileiro, sábio e justo em seu proceder cidadão.

Nem Jesus, o Cristo, nascido em Belém, na Palestina, dois milênios atrás, foi unanimidade entre os seus contemporâneos. Quando Pilatos deu a eles a escolha entre o Messias e o ladrão, não titubearam em traí-Lo. Entre os 12 apóstolos houve um que acintosamente o traísse, sem qualquer hesitação, e por 30 moedas! Hoje, 1990 anos de sua condenação pelo império romano, depois de denunciado por Anás e Caifás, os grandes rabinos que se incomodavam pelo santo legado de Cristo, ainda há os que usando o Seu nome teimam em traí-lo, tergiversando seu legado de caridade, humildade, amor e paz.

Mas como bom cristão, Você, Presidente Lula, sabe oferecer a outra face, jamais usou da vingança, a Lei de Talião, ‘olho por olho, dente por dente’, para lidar com seus detratores. São outros os que se autoproclamam ‘cristãos sionistas’, e tentam confundir os verdadeiros cristãos com uma exegese bizarra, fora da Doutrina Cristã, erigida sobre o santo legado de Cristo, de jamais recorrer ao ódio e à vingança. Parece não quererem aceitar o Novo Testamento. Parece quererem recorrer a interpretações outras que não cristãs.

Mas nosso reconhecimento, sincero e profundo, Presidente Lula, nasce de um convívio, ainda que à distância, iniciado em um inesquecível encontro na Mitra Diocesana de Corumbá, quando o querido e saudoso Dom José Alves da Costa, então Bispo Diocesano no coração do Pantanal e da América do Sul, em fins de setembro de 1998, me convidou a acompanhá-lo em uma memorável agenda com os então candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e José Orcírio Miranda dos Santos. Com a sabedoria e humildade peculiares, Dom José, durante o encontro, me pediu que fizesse uma síntese das demandas sociais de Corumbá, constantes da Agenda 1998 do Pacto Pela Cidadania, ao que Você, Presidente Lula, também humildemente observou que o Zeca do PT estava na iminência de ir para o segundo-turno e vir a ser, como foi, governador de Mato Grosso do Sul, e então pediu que as demandas das que o Pacto Pela Cidadania era porta-voz fossem endereçadas para o Zeca, cabendo a Você, Lula, ser articulador, como foi, junto à bancada do PT no Congresso Nacional a repercussão dessas reivindicações.

Desde então, pude constatar que Você não era ‘qualquer’ agente político, mas um efetivo ativista social transformador, o que se confirmou com seu desempenho como Presidente da República a partir de 2003. Além da capacidade inesgotável de governar para todos em um país cuja história é marcada pela exclusão, seu proceder de quem acredita e respeita de fato em sua Nação tornou este país-continente um importante Estado respeitado no concerto das nações. Essa foi, aliás, a verdadeira razão pela qual recalcados e recalcadas de todos os quadrantes do País se mobilizaram a partir de 2013 contra Dilma Rousseff e Você.

Como diria o saudoso Cecílio Gaeta, cuja biografia o genial Jornalista e Escritor Edson Moraes haverá de nos presentear qualquer dia, não tenho dúvida: “Canta, canta, Nilton César, que cada verso seu é uma punhalada no coração de meus inimigos...” Pois é. Cecílio Gaeta se foi, dias atrás, e seus ‘inimigos’, em sua maioria, também já partiram desta. Mas o recalque permanece nos olhos estatelados das hordas raivosas a perambularem pelos quatro cantos deste país que, para felicidade de todos e todas, tem uma considerável parcela de pessoas lúcidas e cheias de empatia que teimam manter a Nação em seu lugar.

Quando as ratazanas do ‘centrão’, cínica e acintosamente, ‘enquadram’ seu Governo, sob qualquer pretexto, saudosos das emendas secretas do inominável (e agora inelegível), os porta-vozes do apocalipse (GAFE: Globo, Abril, Folha e Estadão) silenciam coniventes. Mas é só Você, o maior Estadista do século XXI, elevar o tom ante as atrocidades no cruel massacre de inocentes da história da humanidade cometidos sob as câmeras, ao vivo, que surgem uníssonos, feito hordas de hienas, para atacá-lo e aos mais importantes membros de seu gabinete ministerial pelas razões mais pífias.

O inominável não só recebia, inclusive fora da agenda, todo tipo de gente, inclusive líderes milicianos conhecidos, mas a imprensa embolorada do eixo Rio-Sampa não cobria, no máximo dava uma nota em suas colunas do tipo Informe JB. Não, com Você tem que ser diferente, pois Você, Presidente Lula, é suspeito até provar sua inocência. Não veem que mesmo depois de a Justiça ter reconhecido os descaminhos da ‘Leva Jeito’ e desmascarado a quadrilha de Curitiba, ainda os malucos de todas as tribos insistem que Você é culpado e tem que permanecer preso. Mas é por ser a única forma de os golpistas continuarem a saquear o País, essa é a pura verdade.

Lembra-se de ‘Geni e o Zepelin’, do querido Chico Buarque (1979)? “Joga pedra na Geni! / Joga pedra na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita Geni!” Pois é, quando o inominável (tão odiento quanto o barão do Zepelin) atentava contra as instituições nacionais, Você, Lula, era lembrado, mas agora que está a recolocae o País no concerto das nações, não, não é mais digno de confiança: vamos de Alckmin... (Ainda bem que seu Vice, Geraldo Alckmin, tem dignidade, diferentemente do também ‘patrício’ Michel Temer, pois é abissal o assédio pra cima dele.)

Uma anedota do tempo da ‘O Cruzeiro’, preconceituosa mas representativa da conduta dos ‘penas de aluguel’ nos traz esta pérola (transcreverei apenas a parte que vem ao caso): certa ocasião um renomado jagunço que em vez de pistola usava a pena de escrevinhador a ‘serviço do cliente’) foi procurado por um poderoso para que ‘fizesse um serviço’. Feita a oferta em dinheiro e a identificação da vítima do crime de difamação, o jagunço, para espanto do cliente, recusou-se peremptoriamente: “Não, patrão. Não posso aceitar, esse rapaz é meu Amigo, e eu não difamo Amigo, não. Nem adianta aumentar o valor do serviço, que não posso aceitar.” Mas o ‘coronelzão’ não se deu por vencido, e dobrou a proposta, aliás, um valor para ele irrecusável: “Não, patrão. Já disse que não vou aceitar, esse rapaz é meu Amigo.” Acostumado a ter tudo o que queria, não hesitou em quintuplicar o valor, e, diante da soma incontável, o jagunço, trêmulo, balbuciou: “Estou começando a sentir raiva desse meu Amigo...” Mas aí o coronelzão não mais quis que fosse o ‘Amigo’ do jagunço a vítima de difamação, mas a própria mãe do jagunço metido a besta.

É como funciona o mercado ‘paralelo’ da etiqueta da jagunçada, segundo David Nasser, renomado diretor da revista e autor célebre de “Falta alguém em Nuremberg”, a propósito do empoderado cuiabano do tempo de Getúlio Vargas, homem forte também do regime de 1964, morto em desastre aéreo em julho de 1973, quando o Boeing 707 da Varig incendiou e explodiu próximo ao Aeroporto Internacional de Orly, em Paris.

Gostem ou não, Você, Presidente Lula, é o nosso Charles De Gaulle, grande Estadista, o maior do primeiro quartel do século XXI. Embora De Gaulle fosse conservador, foi grande nacionalista e, para desespero do ocidente, anti-imperialista. Incomodou muito enquanto foi o chefe de Estado da França, em plena guerra fria. E Você tem todo o direito de dizer o que pensa, sim, parabéns, e obrigado pela solidariedade à população da Palestina!

Grande abraço, Presidente Lula, sorte e bênçãos em sua trajetória! Vida longa e muita saúde a Você, à Janja e toda a sua querida Família!

Ahmad Schabib Hany

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS VANDER LOUBET E CAMILA JARA

Carta aberta aos deputados federais Vander Loubet e Camila Jara

Estimado(a)s Deputado(a)s Vander e Camila,

Esta carta aberta despretensiosa, respeitosa e, obviamente, preocupada é dirigida apenas a Vocês, pois são o(a)s que nos representam na bancada federal deste estado conservador. É que na história recente do estado criado para ser modelo, até a presente data, a questão palestina tem sido reduzida -- a exemplo da questão indígena e da questão da terra -- a reles problema de polícia, como quem luta por direitos fosse fora da lei.

Não vimos seus nomes nem sua presença no ato público realizado na quarta-feira, dia 8 de novembro, na Câmara Federal, em que deputados repudiaram o maior massacre do século XXI cometido à luz do dia e em afronta a todas as convenções de guerra e resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1947, dois anos depois da criação deste organismo multilateral cujas deliberações os Estados Unidos e seus aliados, desde o fim da União Soviética, teimam afrontar reiterada e sistematicamente, como se essas potências estivessem acima das leis e seus inconfessáveis interesses fossem lícitos.

Um ano atrás, comemorávamos a eleição de Vocês dois como contraponto à insólita e funesta onda reacionária que corroeu como maldito câncer a jovem democracia brasileira, conquistada com a participação determinante de minha geração, punida com atos totalitários exarados por um regime nefasto que ainda não foi suficientemente elucidado pelas forças democráticas deste país-continente. Aliás, em memória das vítimas do holocausto brasileiro cometido pelos facínoras que justificavam sua ditadura sanguinária e antinacional com a balela de que "o povo brasileiro não está preparado para votar".

Não se trata de uma questão menor, como criminosamente retratam os oligopólios midiáticos brasileiros, como caixa de ressonância da máquina de propaganda pró-sionista e belicista (a indústria armamentista, ou melhor, da morte, vem acumulando lucros extraordinários com a destruição das potências árabes do "Oriente Médio" e "Golfo Pérsico" -- na verdade, oeste da Ásia, norte da África e Península Arábica --, sobretudo Iraque e Líbia, cujo território, sobretudo subsolo, assanha a cobiça insaciável dessas potências herdeiras do colonialismo pirata e genocida que infelicitou e ainda infelicita mais de dois terços da humanidade).

A memória seletiva da erroneamente chamada de "classe política" sul-mato-grossense esqueceu-se de que 42 anos atrás o porta-voz oficioso do regime de 1964 publicou uma fotolegenda maledicente em que o então deputado federal e fundador nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Antônio Carlos de Oliveira, incansável democrata eleito e reeleito pela resistência democrática mato-grossense, era alvo de insinuações espúrias contra a sua honra por estar ao lado do saudoso líder palestino Yasser Arafat, máximo dirigente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), única e legítima representante do Povo Palestino.

Mais que honrar a histórica posição do PT em solidariedade aos povos vítimas do saque, da opressão e do colonialismo extemporâneo das emboloradas ex-metrópoles coloniais que cinicamente posam de arautos da ‘liberdade’, da ‘democracia’ e da ‘modernidade’, cujo contraponto é a postura corajosamente mantida pelo Governo do Presidente Lula, maior Estadista do século XXI, trata-se de urgente e inadiável grito uníssono mundial por um cessar-fogo imediato por razões humanitárias que dispensam relatos, pois as imagens falam por si. Não há nada que justifique a desproporção, a guerra de terra arrasada, o odiento propósito de extermínio do milenar povo palestino.

Sabemos do conluio entre os viúvos e órfãos do inominável e seus confrades nazissionistas (são explícitas as inúmeras tentativas de sabotagens e retaliações feitas cotidianamente), mas não é possível silenciar o veementemente repúdio contra as atrocidades e o infame genocídio em Gaza neste momento. Já passa de um mês, e a máquina da morte sionista não para, não interrompe o flagrante de mortes de inocentes indefesos (bebês, crianças, adolescentes, mulheres, idosos, doentes, feridos e mutilados) com o acintoso apoio de todas as maiores potências militares e econômicas do planeta (Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Canadá, Austrália e Japão).

Chamar de "terrorista" uma população privada do direito a viver em seu país milenar (com indiscutível legado civilizatório para toda a humanidade), do direito a um território soberano e contínuo (dividido pela ONU sem consultar o povo palestino), do direito a um governo autônomo, do direito à dignidade humana, do direito à vida, do direito à liberdade, do direito a ir e vir, do direito a beber água, do direito a se alimentar, do direito à saúde, do direito à inviolabilidade do lar, do direito à educação, do direito à felicidade, do direito a sonhar, do direito à infância, do direito a ser humano. Pior: os que negam esses direitos fundamentais e iniludíveis são aqueles que um século antes eram perseguidos na Europa por nazistas europeus em território europeu. Essas vítimas dos europeus já haviam sido abrigadas, protegidas, pelos mesmos árabes, inclusive palestinos, durante as Cruzadas e a Inquisição, séculos atrás. Basta ler na História na Palestina ou na Península Ibérica -- onde os "mouros" (árabes) permaneceram entre 300 (Portugal) e 800 (Espanha) anos sem impor sua língua, sua religião e sua cultura, ao contrário do que fizeram lusitanos e castelhanos na América, Ásia e, sobretudo, África, cujas consequências até hoje estão latentes, com rastro de saque, escravidão, miséria, exclusão social, supremacismo racial e devastação ambiental.

Ao contrário da falaciosa narrativa dos oligopólios midiáticos, como ensinado por Joseph Goebbels (homem da propaganda de Hitler), a repetir, repetir, repetir verdades tiradas de seu contexto, a tragédia do povo palestino não começou com a contraofensiva do Hamas em 7 de outubro de 2023, mas em 29 de novembro de 1947, quando a ONU, sem ter consultado o povo palestino, aprovou a ‘partilha (do território) da Palestina’, o que representou um sinal verde para que diversos grupos paramilitares sionistas como o Irgun, Leji e Haganá -- acusados de terroristas pelo governo britânico desde o atentado ao Hotel Rei David, em Jerusalém, em junho de 1946, que matou mais de 100 pessoas, em sua maioria árabes -- se armassem na Palestina (desde então eles se denominam de ‘forças de defesa’, mas são de ataque) e, pouco mais de um mês antes da ‘independência’ do Estado sionista, a 9 de abril de 1948, cometessem o famigerado Massacre de Deir Yassin, matando mais de 120 palestinos (idosos, mulheres e crianças) em uma população de menos de 800 habitantes. Os autores desses atentados não foram punidos (entre eles Menachem Begin e Ben Gurion, o primeiro Prêmio Nobel da Paz e ambos ‘heróis nacionais’).

Na data de hoje, as organizações sionistas em todo o mundo, a propósito do transcurso de mais um aniversário da trágica Noite dos Cristais (cometida por nazistas em Berlim, Alemanha), advertiram a humanidade pelo crescimento do antissemitismo no mundo. Não se referiram em um só momento ao martírio do povo palestino. Só não veem que perdem apoio por causa da arrogância dos governantes do Estado sionista. Sua obsessão pelo extermínio dos palestinos tem causado um repúdio sem precedentes, além do fato de que matar palestinos, matar árabes, também é antissemitismo. Afinal, os árabes, pelas mesmas Escrituras, são filhos de Ismael, filho de Abrão com Hagar, e, portanto, são também Semitas. Ou agora vão mudar as Escrituras segundo os interesses dos sionistas e de seus aliados dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Europeia? Não é a ‘terra prometida’ a que está por trás desse afã desvairado, mas o subsolo cobiçado, pelas riquezas existentes.

Por que os palestinos, os árabes, é que são ‘terroristas’? Foram eles, por acaso, os nazistas europeus que cometeram o Holocausto contra os judeus na Europa. Por que os palestinos, os árabes, têm que pagar a conta dos crimes cometidos pelos europeus em solo europeu? Até quando vai continuar a violência contra o povo palestino? Violência iniciada em 1917, quando o então premiê britânico Arthur Balfour prometeu a Palestina para os sionistas, conforme a Declaração Balfour, destinada ao Lorde Rotschild, banqueiro poderoso da City Londrina, representante do movimento sionista britânico. Aliás, antes mesmo da derrota do império turco-otomano em 1917 (final da Primeira Guerra Mundial), foi celebrado o Acordo Sykes-Picot, entre os chanceleres da Grã-Bretanha e da França, loteando o rico território árabe entre impérios britânico e francês, embora o famigerado T. E. Lawrence (Lawrence da Arábia, no cinema, espião britânico) tivesse entregue um documento do governo britânico prometendo libertar toda a cobiçada Arábia se os líderes árabes apoiassem o ocidente contra o império turco-otomano, verdadeiro conto do vigário.

Em 27 de novembro de 1987, quando fundamos o Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino, em Corumbá, tivemos ao nosso lado os queridos e saudosos Amigos-Companheiros Jornalista Margarida Marques, pelo Sindicato dos Jornalistas, e Doutor Roberto Orro, então Secretário de Estado de Justiça, além da Jornalista Maria Helena Brancher, então representante do Grupo de Apoio ao Índio, núcleo MS (GAIN-MS), e da Professora Yone Ribeiro Orro, pelo Instituto Brasileiro de Amizade e Solidariedade aos Povos (IBASP), núcleo MS. Daquele histórico momento também participaram a Professora Doutora Gisela Levatti Alexandre (diretora do CEUC/UFMS), o Professor Doutor Valmir Corrêa (Coordenador do Curso de História e Vereador do PT), o Médico e General Lécio Gomes de Souza (Diretor da Casa de Cultura Luiz de Albuquerque, ILA, e um dos fundadores do Curso de História em Corumbá), a Professora Mestra Elenir de Mello Alves (Biblioteconomista responsável pela Biblioteca Pública Estadual Dr. Gabriel Vandoni de Barros, que organizara e sediara a Primeira Mostra da Cultura Árabe-Palestina, entre julho e setembro de 1987), as Professoras Heloísa da Costa Urt, de saudosa memória, e Marlene Terezinha Mourão (representantes do Centro de Estudos e de Desenvolvimento Cultural de Corumbá, CEDECEC) e os Professores Maurício Lopo Vieira e Manoel do Carmo Vitório (integrantes da URT designados pelo Amigo-Companheiro Carmelino de Arruda Rezende, então Secretário de Estado do Trabalho, empossados como primeiros membros da Coordenação Colegiada do Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino).

Esperamos ansiosa e humildemente a manifestação de Vocês, coerente com sua trajetória de luta e história de vida, que respeitamos, apoiamos e admiramos desde a sua geração anterior. Não somos poderosos (não é o poder o que procuramos), mas somos formadores de opinião, solidários e sabemos que estamos do lado certo da História. Não nos virem as costas, e como disse o Poeta Antonio Machado, sevilhano das terras que já testemunharam a generosidade ‘moura’, “o caminho se faz ao caminhar”.

Corumbá (MS), 9 de novembro de 2023.

PALESTINA, PALESTINO: RESISTIR É O SEU DESTINO!

A PAZ MUNDIAL COMEÇA NA PALESTINA!

Ahmad Schabib Hany

Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino