Solidariedade
altiva
No dia 29 de novembro é celebrada
a solidariedade ao povo palestino desde 1977. Em Corumbá, a Câmara Municipal
fará uma sessão para observar este dia, que marca o início da Nabka, a tragédia
palestina.
A Câmara Municipal de Corumbá, a Sociedade
Árabe-Palestino-Brasileira e o Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo
Palestino convidam a coletividade corumbaense e ladarense para uma sessão,
nesta terça-feira (dia 28), às 18 horas, em que a solidariedade à Nabka
Palestina (tragédia palestina) estará em foco.
A solenidade está constituída de três momentos:
primeiro, o ato de solidariedade ao povo palestino, em seguida um ato de
congraçamento com a Sociedade Árabe-Palestino-Brasileira, representante da
comunidade palestina local, que desde o início do século XX fez do Brasil,
particularmente de Corumbá e Ladário, a sua segunda Pátria e realização de seu
projeto de vida, e ao final homenagem póstuma ao ativista palestino Jadallah
Safa, eternizado em São Paulo depois de sofrer um AVC após uso da palavra em
ato público (morou por quase dez anos em Corumbá, entre as décadas de 1980 e
1990, quando participou da realização da Primeira Mostra da Cultura
Árabe-Palestina de Corumbá e do ato de criação do Comitê 29 de Novembro de
Solidariedade ao Povo Palestino, do qual é Patrono Póstumo).
Iniciativa do Vereador Samyr Sadek Ramunieh e
apoio da Mesa Diretora da Câmara mais antiga de Mato Grosso do Sul, o ato se
realiza neste momento de mais uma tragédia que se abate sobre a sofrida
população palestina, em Gaza, na Cisjordânia, em Jerusalém e em todas as partes
da Terra, pois com a Diáspora Palestina há famílias palestinas em praticamente
todo o Planeta.
Solidariedade altiva. É o que o Brasil e a maioria
dos países do mundo têm manifestado, e que foi fundamental para o breve
cessar-fogo humanitário recém acordado entre as partes, com a determinante
participação do Conselho de Segurança da ONU, Liga Árabe e o governo do Catar.
Mesmo que breve, essa interrupção das hostilidades incessantes por mais de 40
dias, em que mais de cinco mil crianças (mais de 10 mil civis indefesos, em sua
maioria crianças, adolescentes, mulheres, idosos, grávidas, doentes, feridos e
mutilados) perderam a vida sem qualquer chance humanitária.
O Papa Francisco, após audiência a pequenas
delegações da Palestina e do Estado sionista, manifestou sua indignação com a
desproporção da retaliação empreendida pelo segundo maior exército do Planeta.
Em suas palavras, não se trata de uma ‘guerra’, mas terrorismo -- em decorrência dos bombardeios a hospitais,
escolas, templos religiosos, comboio de ambulâncias transportando feridos com
gravidade e, sobretudo, pelo genocídio inominável que atinge uma população
civil de dois milhões de seres humanos tratados como animais segundo o próprio
governo de ocupação há 75 anos, e não de pouco mais de um mês como a grande
imprensa vem desinformando em nome de um ‘jornalismo profissional’.
Há 76 anos, a Nabka (tragédia) palestina teve
início em 29 de novembro de 1947, quando a Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), sem consultar o verdadeiro interessado -- o povo palestino
--, aprovou a partilha do território da Palestina milenar, deixando mais de 50%
do território da Palestina milenar para a criação de um ‘lar nacional judeu’,
conforme o movimento sionista internacional propunha desde 1897, em Basileia
(Suíça). Os quase 45% restantes, sem continuidade territorial (parte de
Jerusalém, capital palestina histórica, Cisjordânia e Gaza) ficaram para a
população palestina, que a partir de então não tiveram o direito de constituir
seu governo autônomo em território soberano.
O Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino,
29 de novembro, foi criado por resolução da ONU em 1977 como forma de
reconhecimento pelo concerto das nações à Causa Palestina, que desde o
pós-guerra de 1945 tem sido vítima das atrocidades sionistas perpetradas por
grupos terroristas como Haganá, Irgun e Stern (entre mais de 20 grupos
paramilitares), vindos da Europa e recebidos de braços abertos pela população
palestina, expulsa de suas casas, suas terras, sua pátria milenar e, sobretudo,
do direito à Soberania Nacional.
O Dia Municipal de Solidariedade ao Povo
Palestino, durante o primeiro mandato do saudoso Prefeito Ruiter Cunha de
Oliveira (quando tornou Corumbá cidade-irmã de Ramallah, capital da Cisjordânia
e sede de governo da Autoridade Palestina), foi resgatado de uma lei municipal sancionada
pelo saudoso Prefeito Fadah Gattass, quando a Câmara Municipal, presidida pelo
saudoso Vereador Jonas Ribeiro, aprovou o projeto de lei do então Vereador
Valmir Corrêa, historiador, pesquisador e partícipe dos primeiros atos de
solidariedade ao povo palestino em Corumbá, nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
O Prefeito Marcelo Iunes, em seu primeiro mandato,
implementou algumas medidas, como a criação da Praça da Palestina (ao lado da
Escadaria da Rua XV) e projetos municipais de congraçamento com a comunidade
árabe-palestina local. Quando da vinda a Corumbá do Sociólogo e Professor
Lejeune Mirhan de Carvalho Xavier, analista de geopolítica de várias mídias,
houve início às tratativas de um Memorial da Imigração, em que as diversas
etnias e nacionalidades de várias procedências estariam contempladas -- projeto
que não teve continuidade por falta de tempo do Professor Lejeune Mirhan, mas
que oportunamente poderão ser retomados.
É a solidariedade altiva que está sendo construída,
fazendo jus à vocação natural de nosso torrão corumbaense, como entreposto
comercial de relevância continental e centro cultural cosmopolita mundial. Aliás,
para imigrantes palestinos e demais nacionalidades árabes e dos demais países
do mundo que povoam o Coração do Pantanal e da América do Sul regozijo a
despeito das adversidades vividas pela expansão do ódio e da intolerância pelos
quatro cantos do Planeta.
A gratidão, própria da alma árabe e
latino-americana, pela hospitalidade e acolhimento solidário do querido Povo
Brasileiro é sincera, profunda e vívida: as diversas gerações de palestinos e
árabes de todos os 25 países traduzem seu amor e seu reconhecimento à sua nova
terra, onde realizam sonhos e projetos de vida, sobretudo, para as novas
gerações.
Como contraponto a este momento de afago solidário
ao povo palestino, lamentavelmente as agressões a uma equipe de cineastas
formada por um canadense e dois brasileiros foi vítima de agressões por um
grupo de mais de 30 encapuzados fortemente armados em Iguatemi (MS), quando
faziam filmagens aos povos originários do sul do estado. O episódio teve grande
repercussão mundial e ocorreu na semana de véspera do quadragésimo aniversário
do assassinato a queima-roupa do célebre líder Guarani Marçal de Souza, o Tupã-I
(Deus Pequeno) que defendia as terras Guarani em Antônio João quando teve a sua
Vida ceifada por jagunços. Decorridos 40 anos do crime covarde, que ainda
permanece impune, os conflitos entre jagunços e a população originária
continua, a despeito dos esforços incessantes do Estado Democrático de Direito.
Ahmad
Schabib Hany
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