Para
humanos de boa-vontade
Pela tradição cristã ocidental,
o 25 de dezembro é o Dia de Natal e a todos os humanos e as humanas de
boa-vontade cabe celebrar o nascimento do Menino Jesus. Momento de paz e união
sobre toda a Terra, que precisa reencontrar o caminho da concórdia e da
esperança para homenagear o Peregrino de Belém, de Nazaré e de todos os
recantos deste convulsionado Planeta.
O Natal é mais que uma data festiva: é a
celebração da Vida, com plenitude e, sobretudo, a caridade ensinada pelo
Peregrino de Belém, de Nazaré e de todos os recantos da Terra, dois milênios
atrás. Ao abolir a lei de Talião, Jesus ensinou que sua Mensagem de paz e concórdia
representa a base dos ensinamentos em uma nova etapa de Vida e comunhão.
À Luz do legado de caridade, paz e infinita
humildade, a Doutrina Cristã, sobretudo em seus primeiros três séculos e, mais
recentemente, depois da Rerum Novarum
(Encíclica do Papa Leão XIII), em
fins do século XIX, se afirmou como mensageira de um novo tempo, em que a
proteção aos mais vulneráveis em uma sociedade voraz se torna um reencontro com
os cânones do cristianismo. Com a Mater
et Magistra, do saudoso Papa João XXIII, quando da opção preferencial pelos
pobres, e a importante Teologia da Libertação pela Igreja na América Latina,
houve um indiscutível encontro com o povo trabalhador.
Atrevo-me a propor modesta reflexão em tempos de
extremo egoísmo e insensibilidade atiçados por seitas pseudocristãs
disseminadas pelo chamado ‘sionismo cristão’ (sic) há quase dois séculos. Estas seitas
ignoram o generoso ensinamento de Jesus e insistem em resgatar concepções
vigentes no tempo da lei de Talião, do ‘olho por olho, dente por dente’. Não
pretendo enveredar por esta discussão estéril, mas é importante refletir sobre
os descaminhos dessas concepções medievais e extemporâneas.
Por conta disso compartilho com o paciente leitor
o que minha memória permite da longa e fecunda Amizade com os queridos e
saudosos Padre Antônio Secundino, Padre Emilio Zuza Mena, Dom José Alves da
Costa, Padre Ernesto Saksida, Pastor Cosmo Gomes de Souza, Pastor Antônio
Ribeiro, Padre Pasquale Forin e Padre Oswaldo Scotti. Em diversas ocasiões
tomei a liberdade de conversar sobre temas doutrinários da Fé Católica e do
Legado de Jesus com esses Amigos que me permitiram uma, diria, consistente aula
sobre a Doutrina Cristã, além de noções, ainda que rudimentares, de Hermenêutica
e Exegese.
Uma das inúmeras dúvidas que guardamos ao longo da
vida sobre versículos bíblicos é Lucas, 2:14 (“Glória a Deus nas alturas, paz
aos homens de boa vontade.”), que, conforme a tradução,
pode ganhar outras versões. Mas na essência, segundo esses queridos Amigos,
homens, ou melhor, humanos de boa-vontade corresponde (a locução) aos seres
amados, que têm méritos, e portanto dignos de Sua bênção. Dessa compreensão
ampla e inclusiva, no contexto do legado de Jesus, sobretudo todas as crianças
são merecedoras desse Amor, portanto, dignas de Sua bênção.
Toda vez que me encontrava com o querido e saudoso
Pastor Cosmo Gomes, reverendo que celebrava os cultos na Escola Batista de
Corumbá em 1969, quando tive o privilégio de ser aluno da Professora Irlene
Maria dos Santos, eu o cumprimentava com João, 3:16 (“Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu Seu Filho unigênito para todo aquele que Nele crer não
pereça, mas tenha a Vida eterna.”). Daí nasceu a vontade de comentar versículos
bíblicos com esses Amigos queridos.
Assim, à medida em que ia amadurecendo e ganhando
novos Amigos ao longo da Vida, eu conquistei a liberdade de perguntar-lhes e
pedir para que melhor me esclarecem sobre os diversos versículos, entre os
quais compartilho com o(a) leitor(a). Aliás, a
pedido da Amiga Professora Carmen Chamoun Calazans, do Rio de Janeiro, é que me
enveredei neste tema. Ela, católica neta de libaneses,
me sugerira escrever uma intervenção de Natal neste duro momento em que a Terra
Santa é alvo das agressões do Estado sionista.
Intervenção
de Natal
2023 anos depois de o Menino Jesus ter nascido
numa manjedoura, em Belém, Palestina, jurado de morte por Herodes, que não
queria seu reino ameaçado pelo Messias, a Terra Santa e toda a humanidade
testemunham perplexas e indignadas mais um extermínio de crianças inocentes,
inofensivas e indefesas: cada 10 minutos uma criança em Gaza tem a sua Vida
ceifada impunemente.
Pior: com a conivência das maiores potências
econômicas e militares do Planeta, que cinicamente se proclamam “democráticas”.
Não é Natal! Não é Noite de Paz!
Não, não são inocentes pombos os que sobrevoam,
feito abutres, os casebres e tendas entre escombros e sobre cadáveres
insepultos de milhares de crianças, mães e avós. Ou os seus restos, fragmentos
dispersos entre os escombros.
São moderníssimos caças da ‘sagrada’ (?!) Força
Aérea do Estado sionista criado em 1948 sobre o território da Palestina
milenar. É a ‘tecnologia de ponta’ a serviço do jugo, do saque, da opressão e
da morte. Bilhões de dólares gastos contra a vida e em favor da fome, da
miséria e da injustiça!
“Porque muitos serão chamados, mas poucos
escolhidos.” (Mateus, 22:14)
Como nos tempos do império romano, dois milênios
depois há o império americano a acobertar os Anás, Caifás e Pilatos da
atualidade. Biden, Netanyahu e Cameron são os carniceiros de Gaza -- tais quais
Hitler, Mussolini, Salazar e Franco em dezembro de 1944 -- a comemorar sobre o
manto de sangue inocente a jorrar incessante e impunemente, mas desta vez sob
os holofotes dos cúmplices dos poderosos oligopólios midiáticos, que criminalizam
as vítimas em nome de uma nova ordem mundial sanguinária, injusta e genocida.
Por que as crianças impiedosamente mutiladas,
feridas e assassinadas têm que pedir desculpas por existir? Sob qual perversa
lei ou crença racista elas têm que ser condenadas ao extermínio, em nome de
qual nefasta civilização, ignóbil progresso e maldita ideologia supremacista?
Não em nosso nome! Não em nome da ONU! Bem ou mal,
ela ainda representa o concerto das Nações depois da tragédia que foi a Segunda
Guerra Mundial, em que não só a Alemanha nazista cometeu crimes de
lesa-humanidade. Entre outros, os Estados Unidos também cometeram. Ou já nos
esquecemos das duas bombas atômicas despejadas sobre a população civil,
inofensiva e indefesa, de Hiroshima e Nagasaki?
“Porque tive fome, e me destes de comer; tive
sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me
vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão
os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com
sede e te demos de beber? E que quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou
nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei,
respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus, 25:35-40)
Feliz Natal para os justos! Feliz Natal para os
que têm os ensinamentos de Jesus em seu coração e praticam o Amor e a Caridade
universais!
Ahmad
Schabib Hany
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