Patriotas
ou fantoches?
A história está cheia de
‘patriotas’ de todos os matizes, credos e corporações. Mas fatos constatam que
não passam de reles fantoches, serviçais de interesses inconfessáveis, e
tiranos de seus próprios povos.
Nada mais bizarro que Augusto Pinochet posando de ‘patriota’.
Imaginem o serviçal do império que teve seu sangrento golpe financiado pela ITT
(a telefônica estadunidense) para depor e matar Salvador Allende, o primeiro
presidente socialista da América do Sul eleito pelo voto livre, direto e
secreto de sua população, a chilena.
O igualmente nefasto sanguinário Hugo Banzer, não
satisfeito com a sua sanha sangrenta contra inofensivos universitários,
operários, camponeses e indígenas de todas as regiões das milenares terras
andinas, foi capaz de assassinar seu comparsa de aventura golpista dois anos
depois, o coronel Andrés Selich Shop, mesma patente, ascendência sérvia e ideais
nazifascistas (detentor de informações únicas sobre a operação que executou o líder
guerrilheiro Che Guevara na Bolívia), com o apoio da Casa Branca durante o
mandato de Richard Nixon e seu secretário de Estado Henry Kissinger.
Outro funesto ‘patriota’ de araque foi Jorge
Rafael Videla, cujo golpe financiado pelo ‘grande irmão do norte’ ceifou
milhares de vidas de jovens, mulheres e crianças que não tinham como se
defender. Igual, aliás, que este país-continente com parte de sua cúpula
militar golpista, que sequestrou, torturou, matou e desapareceu inúmeras vidas
humanas sem qualquer justificativa razoável, nada mais fez que entregar as
maiores riquezas naturais para as grandes corporações transnacionais em troca do
aval para uma farsa travestida de ‘democracia ocidental’, um jogo de cena
inconsistente e canastrão.
Mais dia, menos dia, acabamos por nos deparar com
eles por meio de seus ‘viúvos’ e ‘órfãos’, os saudosistas do nazifascismo, e
que não se assumem como tal por covardia, pura covardia. Porque todo fascista
ou nazista é covarde, e não assume o que é desde os tempos em que o duce e o fürer estavam em Roma e Berlim: o mais emblemático caso é a célebre
Batalha da Sé, mais conhecida como a ‘revoada dos galinhas verdes’, em São
Paulo, década de 1930, da qual os integralistas (versão tupiniquim do
nazifascismo), de Plínio Salgado, saíram correndo e jamais voltaram a ser
vistos até a presente data.
É comum vermos ‘patriotas’ posando de heroizinhos,
bons moços e salvadores da pátria. Sem qualquer ideal construtivo, gesto
criativo, ou qualquer mérito capaz de justificar as suas proposições: sempre
repetem as velhas frases feitas, frases de efeito, tiradas dos embolorados
livros de facínoras do passado, como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Francisco
Franco e António Salazar e seus sequazes. Perceberam que ninguém defende, em sã
consciência, as suas ideias e, inclusive, a própria biografia deles com
sinceridade?
Aquela lorota desbotada de que família forte é nação
forte vem dos nefastos tempos do nazifascismo, de triste memória. Porque não há
maior antipátria e genocida que aquele desatinado que condenou à morte milhares
de inocentes pelo simples fato de terem sido associados aos espectros
satanizados pela sua doutrina de ódio e intolerância, bem como os seus
seguidores. A bem da verdade, Hitler e Mussolini, sobretudo, desencadearam o
que há de pior na índole da espécie humana, desde o fim da Idade Média. Além de
usar o nome de Deus do modo mais cínico para promover uma doutrina
mefistofélica violenta, insana, mentirosa e assassina.
Não que os colonizadores lusitanos, castelhanos,
ingleses, franceses, belgas, italianos, alemães, holandeses e turcos fossem
diferentes na essência. A história os condena pelos inúmeros crimes cometidos
contra as populações originárias em todos os continentes. No entanto, o
acintoso comportamento desses fanáticos seguidores do nazifascismo sempre foi
de causar indignação e até pânico a todos e todas que testemunhassem seus
feitos sórdidos. Nem os mais bizarros soldados do sádico exército de Átila, o
huno, foram capazes de tamanha desumanidade quase 1.600 anos atrás.
Ainda que vivamos em pleno século XXI, o
comportamento remanescente que predomina nas corporações que cultuam a morte e
o ódio a um inimigo imaginário é intimidador para expressiva parcela da
população. Enquanto não trocarmos esse suposto adepto da intolerância que não
só banaliza, mas atenta contra a vida, é injusto vermos seguidores ‘invisíveis’
adentrando às masmorras medievais ainda presentes na maioria de sua rede de
apoio constituída por pessoas bem intencionadas, doutrinadas daquilo que de
pior a espécie humana produziu em toda a sua existência.
Lembrando o sempre querido Professor Euro Nunes
Varanis e seu pensamento preferido (que tudo indica ser de sua própria autoria,
vez que deixou um livro inédito no prelo): “O ódio não destrói o ódio. Só o
amor destrói o ódio. Bendito seja o sândalo que destrói o ódio.” Cabe-nos, assim,
abraçar os porta-vozes do amor em todas as suas dimensões e manifestações, de modo
a (re)construir com ternura, mas vigor, a sociedade livre, justa e fraterna que
devemos às próximas gerações.
Ahmad
Schabib Hany
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