domingo, 8 de maio de 2022

PATRIOTAS OU FANTOCHES?

Patriotas ou fantoches?

A história está cheia de ‘patriotas’ de todos os matizes, credos e corporações. Mas fatos constatam que não passam de reles fantoches, serviçais de interesses inconfessáveis, e tiranos de seus próprios povos.

Nada mais bizarro que Augusto Pinochet posando de ‘patriota’. Imaginem o serviçal do império que teve seu sangrento golpe financiado pela ITT (a telefônica estadunidense) para depor e matar Salvador Allende, o primeiro presidente socialista da América do Sul eleito pelo voto livre, direto e secreto de sua população, a chilena.

O igualmente nefasto sanguinário Hugo Banzer, não satisfeito com a sua sanha sangrenta contra inofensivos universitários, operários, camponeses e indígenas de todas as regiões das milenares terras andinas, foi capaz de assassinar seu comparsa de aventura golpista dois anos depois, o coronel Andrés Selich Shop, mesma patente, ascendência sérvia e ideais nazifascistas (detentor de informações únicas sobre a operação que executou o líder guerrilheiro Che Guevara na Bolívia), com o apoio da Casa Branca durante o mandato de Richard Nixon e seu secretário de Estado Henry Kissinger.

Outro funesto ‘patriota’ de araque foi Jorge Rafael Videla, cujo golpe financiado pelo ‘grande irmão do norte’ ceifou milhares de vidas de jovens, mulheres e crianças que não tinham como se defender. Igual, aliás, que este país-continente com parte de sua cúpula militar golpista, que sequestrou, torturou, matou e desapareceu inúmeras vidas humanas sem qualquer justificativa razoável, nada mais fez que entregar as maiores riquezas naturais para as grandes corporações transnacionais em troca do aval para uma farsa travestida de ‘democracia ocidental’, um jogo de cena inconsistente e canastrão.

Mais dia, menos dia, acabamos por nos deparar com eles por meio de seus ‘viúvos’ e ‘órfãos’, os saudosistas do nazifascismo, e que não se assumem como tal por covardia, pura covardia. Porque todo fascista ou nazista é covarde, e não assume o que é desde os tempos em que o duce e o fürer estavam em Roma e Berlim: o mais emblemático caso é a célebre Batalha da Sé, mais conhecida como a ‘revoada dos galinhas verdes’, em São Paulo, década de 1930, da qual os integralistas (versão tupiniquim do nazifascismo), de Plínio Salgado, saíram correndo e jamais voltaram a ser vistos até a presente data.

É comum vermos ‘patriotas’ posando de heroizinhos, bons moços e salvadores da pátria. Sem qualquer ideal construtivo, gesto criativo, ou qualquer mérito capaz de justificar as suas proposições: sempre repetem as velhas frases feitas, frases de efeito, tiradas dos embolorados livros de facínoras do passado, como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco e António Salazar e seus sequazes. Perceberam que ninguém defende, em sã consciência, as suas ideias e, inclusive, a própria biografia deles com sinceridade?

Aquela lorota desbotada de que família forte é nação forte vem dos nefastos tempos do nazifascismo, de triste memória. Porque não há maior antipátria e genocida que aquele desatinado que condenou à morte milhares de inocentes pelo simples fato de terem sido associados aos espectros satanizados pela sua doutrina de ódio e intolerância, bem como os seus seguidores. A bem da verdade, Hitler e Mussolini, sobretudo, desencadearam o que há de pior na índole da espécie humana, desde o fim da Idade Média. Além de usar o nome de Deus do modo mais cínico para promover uma doutrina mefistofélica violenta, insana, mentirosa e assassina.

Não que os colonizadores lusitanos, castelhanos, ingleses, franceses, belgas, italianos, alemães, holandeses e turcos fossem diferentes na essência. A história os condena pelos inúmeros crimes cometidos contra as populações originárias em todos os continentes. No entanto, o acintoso comportamento desses fanáticos seguidores do nazifascismo sempre foi de causar indignação e até pânico a todos e todas que testemunhassem seus feitos sórdidos. Nem os mais bizarros soldados do sádico exército de Átila, o huno, foram capazes de tamanha desumanidade quase 1.600 anos atrás.

Ainda que vivamos em pleno século XXI, o comportamento remanescente que predomina nas corporações que cultuam a morte e o ódio a um inimigo imaginário é intimidador para expressiva parcela da população. Enquanto não trocarmos esse suposto adepto da intolerância que não só banaliza, mas atenta contra a vida, é injusto vermos seguidores ‘invisíveis’ adentrando às masmorras medievais ainda presentes na maioria de sua rede de apoio constituída por pessoas bem intencionadas, doutrinadas daquilo que de pior a espécie humana produziu em toda a sua existência.

Lembrando o sempre querido Professor Euro Nunes Varanis e seu pensamento preferido (que tudo indica ser de sua própria autoria, vez que deixou um livro inédito no prelo): “O ódio não destrói o ódio. Só o amor destrói o ódio. Bendito seja o sândalo que destrói o ódio.” Cabe-nos, assim, abraçar os porta-vozes do amor em todas as suas dimensões e manifestações, de modo a (re)construir com ternura, mas vigor, a sociedade livre, justa e fraterna que devemos às próximas gerações.

Ahmad Schabib Hany

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