GOLPISTAS EM DEFESA DE INTERESSES
INCONFESSÁVEIS
A Bolívia, mais uma vez, é cenário
de uma tentativa de golpe pelas mesmas hordas parasitárias de sempre:
traficantes, contrabandistas e sonegadores. Eles defendem a manutenção da
impunidade, seus privilégios e a ilegalidade que sempre os beneficiou ao longo
da história, sobretudo no período colonial e no cinicamente chamado de
"republicano" (à exceção de 1952-1958, 1970-1971 e 1982-1985).
Em defesa da ilegalidade, dos
privilégios e da impunidade. Essa é a tríade da ‘mobilização’ (na verdade,
tentativa de blecaute) dos chamados ‘cívicos’ (pero no mucho) de Santa
Cruz de la Sierra, Puerto Suárez, Trinidad, Cochabamba, Sucre etc. Perdedores
há mais de 20 anos em sucessivas eleições presidenciais (porque não têm agenda
nacional, só a defesa de interesses corporativos e quadrilheiros), sem apoio
popular, eles recorrem a uma pauta golpista e trambiqueira. Afinal, quem já
conhece Luis Fernando Camacho (famigerado “¡Qué macho!”) e os vínculos de seu
pai com as narcoditaduras de Hugo Banzer Suárez e Luis García Meza (apoiadas
por Klaus Barbie, o Carniceiro de Lion) não põe a mão no fogo por ele e seus
croatas, a começar por Branko Marinkovic e assemelhados, ocupantes do primeiro
escalão do desgoverno da genocida Jeanine Áñez Chávez, hoje atrás das grades.
Pude testemunhar, durante o período em
que o desgoverno golpista de Jeanine Áñez (com o apoio declarado de Carlos D.
Mesa Gisbert, Arturo Murillo, Branko Marinkovic, Fernando López, Luis Larrea e
as velhas raposas da oligarquia boliviana, como Jorge Tuto Quiroga e Manfred
Bombón Reyes Villa, herdeiros do espólio do sanguinário Hugo Banzer Suárez e
aliados), a RKC (https://radios.com.bo/rkc-shinahota/) se revelou uma
incansável rede de Jornalistas e Radialistas (com letras maiúsculas) que
mantiveram uma resistência digna e valente, informando e combatendo as mentiras
do desgoverno entreguista dos fantoches de Trump, Bolsonaro, Macri e Piñera.
Nove meses depois da posse do governo
democrático do Presidente Luis Arce Catacora, quando a Bolívia recupera suas
finanças saqueadas pelos criminosos que tomaram de assalto os cofres do Estado
Plurinacional, os golpistas voltam a tentar paralisar as atividades econômicas para
inviabilizar a democracia, como ontem (dia 11) e hoje (dia 12) vem ocorrendo na
fronteira entre Corumbá (MS) e Puerto Quijarro (SC), na fronteira Brasil-Bolívia,
onde foram vistos na véspera apoiadores de Bolsonaro circulando para dar (sic)
‘apoio logístico’ aos baderneiros, traficantes, contrabandistas e sonegadores
que nunca trabalharam e, pelo contrário, submeteram as amplas maiorias da
população a um estado de saque e de exploração que vigeu por décadas, senão
quase dois séculos de existência do Estado boliviano, desde 1825.
E é bom que se esclareça que não há
‘comitê cívico’ que não tenha as mãos manchadas de sangue de 2019: todos esses
‘cívicos’ não passam de cínicos fantoches de interesses inconfessáveis,
de olho no lítio, nas jazidas de gás natural e petróleo e nas terras férteis da
Bolívia
(https://www.brasildefato.com.br/2021/08/18/novo-relatorio-confirma-que-houve-massacres-e-abuso-policial-durante-golpe-na-bolivia-em-2019).
A mobilização, como em 2019, é para garantir as ilegalidades por meio das quais
sempre saquearam o Estado e o Povo Boliviano, que mostrou nas urnas sua altivez
e dignidade e apeou contundentemente todo(a)s o(a)s envolvido(a)s na trama para
saquear a Bolívia, tendo emissários de Trump
(https://theintercept.com/2021/06/18/ex-ministro-bolivia-golpe-eua/) e de
Bolsonaro
(https://www.poder360.com.br/internacional/bolivia-investiga-se-houve-participacao-de-brasil-e-chile-na-queda-de-morales/),
de Macri e de Piñera, como de hábito, nos bastidores.
Para os que não tiveram oportunidade de
acompanhar a renhida resistência popular ao golpe de 2019 e à golpista Jeanine
Áñez durante seu desgoverno em 2020, nesse nefasto período, esta fronteira
(Corumbá, MS) e a de Cáceres (MT) puderam registrar o aumento significativo do
tráfico de cocaína, além das toneladas apreendidas em território paraguaio
nesse ínterim. É essa a verdadeira razão da tentativa de golpe nestes dias
protagonizada pelos cívicos de Santa Cruz, porta-vozes de traficantes,
contrabandistas, sonegadores e parasitas das oligarquias bolivianas, que desde
a ditadura de Hugo Banzer Suárez fizeram do narcotráfico fonte de financiamento
enquanto a população boliviana era submetida à fome e à tortura dessa ditadura
sanguinária.
À exceção de diários e semanários
bolivianos dignos de respeito, a maioria dos jornais da Bolívia controlada pela
oligarquia midiática que por décadas manipulou a informação em todo o seu
território escondeu de seus leitores a censura sofrida pela então
‘primeira-dama’ Yolanda Prada de Banzer no Brasil. No início dos anos 1970,
quando a chancelaria brasileira enviou um telegrama ao então ditador Banzer com
a decisão do governo de então de retirar o status diplomático da primeira-dama,
de cuja comitiva havia sido apreendida uma valise com cinco quilos de cocaína num
voo oficial. Na época, a censura à imprensa havia proibido jornais como a Folha
de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil dar o
furo, mas o aguerrido O Pasquim havia furado o bloqueio e deu a nota,
que foi traduzida e publicada pelo memorável Presencia, de La Paz. O
saudoso Jornalista René Bascopé Aspiazu, sucessor do Padre Luis Espinal no
semanário Aquí, denunciou esse episódio em seu emblemático livro La
veta blanca (“O veio branco”), de 1983, em que prova, com farta
documentação, os vínculos de Hugo Banzer Suárez com o narcotráfico.
Como não compreender como legítima a
vitória retumbante de um presidente eleito a despeito de uma conjunção de
fatores adversos em toda a campanha eleitoral, além das hoje provadas
tentativas de eliminação (inclusive física) dele e de seus principais
candidatos a cargos majoritários e proporcionais numa eleição realizada sob
total controle das forças golpistas? Como não enxergar a capacidade de gestão
financeira e institucional de Luis Arce Catacora, que em menos de seis meses de
mandato já recolocou as finanças bolivianas nos trilhos do desenvolvimento com
soberania, sem entregar as jazidas de lítio e de petróleo e gás natural aos
abutres do império, ávidos para controlá-las, como no período chamado
republicano, mas que nunca deixou de ser colonial, pelo servilismo das elites
‘brancas’ (na verdade, entreguistas) às potências coloniais?
Finalmente, compartilho com o(a)s
Jornalistas independentes e comprometidos este link
(https://radios.com.bo/rkc-shinahota/), uma das confiáveis fontes para cobrir
os fatos que neste momento ocorrem na Bolívia. Não permitam a proliferação de fake
news dos cínicos (coadjuvantes do desgoverno de Jeanine Áñez). Não é
demais lembrar que quando se faz uma cobertura isenta, há de se cobrir todos
os lados da questão, não só a desbotada narrativa dos mafiosos
endinheirados ligados ao establishment do vizinho país, cujo Povo deu
demonstração eloquente de dignidade e lealdade a sua soberania, tanto popular
quanto plurinacional.
Ahmad Schabib Hany
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