segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
Argentina. Consulado Boliviano COLAPSADO! Le cerraron la puerta hasta a ...
CONSULADO-GERAL DA BOLÍVIA NA ARGENTINA DESCUMPRE ACINTOSAMENTE LEGISLAÇÃO ELEITORAL E CERCEIA DIREITO DE CADASTRAMENTO DE ELEITORES/AS BOLIVIANOS/AS QUE PERMANECEM POR MAIS DE SEIS HORAS DIANTE DO PORTÃO DE ENTRADA DA REPRESENTAÇÃO CONSULAR.
Integrante da Comissão de Fiscalização do Senado da Bolívia, a Senadora María Oporto foi impedida de ingressar às instalações do Consulado-Geral embora tivesse apresentado suas credenciais oficiais. Diante da flagrante tentativa de impedimento do direito do voto, determinado pela Constituição Política do Estado e da legislação eleitoral vigente, a Senadora Oporto fez constar de seu relatório tais irregularidades, a ser apresentado às autoridades do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) em La Paz.
Argentina. Consulado Boliviano desbordado con EMPADRONAMIENTO PARA LAS ...
REPRESENTANTES DA COLETIVIDADE BOLIVIANA EM BUENOS AIRES DENUNCIAM CERCEAMENTO DO ACESSO AO CADASTRAMENTO ELEITORAL PELO CONSULADO-GERAL DA BOLÍVIA EM BUENOS AIRES, ARGENTINA.
"Muchos Bolivianos NO SE HAN PODIDO EMPADRONAR". Senadora Oporto desde A...
MEMBRO DE COMISSÃO DO SENADO BOLIVIANO CONSTATA FLAGRANTES IMPEDIMENTOS DE CADASTRAMENTO DE ELEITORES/AS FORA DA BOLÍVIA PARA AS ELEIÇÕES GERAIS DE 3 DE MAIO DE 2020 -- A Senadora María Oporto Balboá, em trabalho de fiscalização na Argentina constatou o cerceamento de regularização cadastral de eleitores/as bolivianos/as fora do território do Estado Plurinacional da Bolívia. Ela entrevistou funcionários/as do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e fez constar as irregularidades em seu relatório, a ser apresentado no Legislativo boliviano tão logo chegue ao seu País.
Delírios governistas, cartórios com Bolsonaro e a perseguição a Glenn Gr...
Como de hábito, reportagens investigativas da CartaCapital revelam a verdadeira face de um (des)governo em pleno samba-do-criolo-doido: sem rumo, sem estratégias, sem projeto de país e, sobretudo, sem caráter e sem vergonha, tal qual seus grandes paladinos...
domingo, 26 de janeiro de 2020
Taiguara - Canta (Ronaldo Bôscoli - Roberto Menescal)
Taiguara, no 2º Festival Internacional da Canção Popular, da TV Rio, interpretou a composição de Ronaldo Bôscoli (que viria a ser o Companheiro de Elis Regina) e Roberto Menescal (senão estiver enganado, Companheiro de Nara Leão). Um verdadeiro sucesso, que a Filha Ayla Maria resgata hoje em ambiente de festival.
5 Alianzas de Derecha Quieren Derrotar al Partido de Evo Morales en Elec...
Cinco coligações direitistas querem derrotar os candidatos do MAS, partido de Evo Morales, nas eleições gerais de 3 de mayo de 2020.
EN VIVO | Evo Morales Ayma en el acto por el 14° aniversario del Esta...
ATO COMEMORATIVO PELOS 14 ANOS DO ESTADO PLURINACIONAL DA BOLÍVIA EM BUENOS AIRES (ARGENTINA) -- Com a presença do até então Presidente Constitucional Evo Morales, do até então Vice-Presidente Constitucional Álvaro García Linera e muitos/as dirigentes políticos/as e de movimentos sociais (inclusive da Associação de Mães e Avós da Plaza de Mayo, da Argentina), a coletividade boliviana da Argentina comemorou com muita esperança e solidariedade a data da instalação do Estado Plurinacional da Bolívia, em 22 de janeiro de 2006.
sábado, 25 de janeiro de 2020
Conde & Anita: O divórcio entre Moro e Bolsonaro
MORO, O GOLPISTA QUE SE MANTÉM POR CIMA DE BOLSONARO -- O faz-que-faz de Jair Bolsonaro, de que pretendia recriar o Ministério da Segurança Pública, e recua depois de que o golpista-mor, um cafajeste empoderado por meio de uma desbotada "luta anticorrupção" importada dos Estados Unidos (de cujo governo é serviçal de quinta), procura os mandarins de seu (des)governo.
São Paulo desafía la censura de Bolsonaro con un festival de obras vetadas
Festival Verão Sem Censura, de São Paulo, é um protesto inteligente contra a tentativa de censura obtusa e obscurantista de Bolsonaro e seus terraplanistas.
No dizer do grande poeta, escritor e compositor Arnaldo Antunes, trata-se de afrontar os defensores da censura, da tortura de da ditadura por meio da luz das artes e da cultura.
Jaques Morelenbaum - Terra das palmeiras (Taiguara) - Instrumental Se...
TAIGUARA EM VERSÃO INSTRUMENTAL -- "Terra das Palmeiras", do imortal, eterno e terno Taiguara, arranjada e executada por Jaques Morelenbaum e Instrumental Sesc Brasil.
O DERRADEIRO ANIVERSÁRIO DE UM GRANDE GURU
O DERRADEIRO ANIVERSÁRIO DE UM GRANDE
GURU
Mohamed (“Chíchi”) fez parte de uma geração de jovens generosos
cujos ideais não se circunscreveram à ascensão social ou à simples
autorrealização, mas à transformação da sociedade e à procura incansável da
justiça social.
25 de janeiro de 1974. Manhã quente, mas com promessa de chuva.
Dia de aniversário no lar de um casal muito querido -- por acaso, meus saudosos
Pais, que no ano anterior, em 26 de abril, tinham feito suas Bodas de Prata,
restritamente em família, até porque desde a chegada ao Brasil a luta pela
sobrevivência e pela formação educacional dos/as filhos/as era prioridade
absoluta --, e o primogênito comemorava, bem ao seu estilo, “um quarto de
século”.
Mohamed, que estava “a um passo” de sua graduação em Psicologia no
Centro Pedagógico de Corumbá (CPC), da Universidade Estadual de Mato Grosso
(UEMT) -- a ditadura sanguinária do coronel, autoproclamado general já como
ditador, Hugo Banzer Suárez, instaurada em agosto de 1971, e que inseriu a
Bolívia em seus quase oito anos de arbítrio e corrupção entre os principais
produtores mundiais de cocaína, decretara o recesso das universidades por dois
anos, razão pela qual havia sido obrigado a abandonar Sociologia na
Universidade Mayor de San Andrés (UMSA) --, pedira a nossos Pais que, em vez de
festa, a Família se dedicasse a algo diferente.
E assim foi. Embora meu Pai gostasse de comemorações, atendeu ao
pedido de meu hoje saudoso Irmão, e, em vez de festa, foi um dia de muito
trabalho, em que levou a todos/as a uma inevitável reflexão: apesar de termos
todos os motivos para comemorar mais um ano de vida do mais velho dos Filhos de
“Seu” Schabib e Dona Yoya, como meus Pais eram conhecidos, seu inusitado pedido
provocou uma chamada de atenção, sobretudo às/ao Irmãs/ão, mais novas/o e,
portanto, curiosas/o. Sem proselitismo, esse Irmão sabiamente nos alertava sobre
o que acontecia ao nosso redor, ainda que a aparência de normalidade,
insustentável, tentasse encobrir os tempos sombrios em que vivíamos.
Dava a impressão de que algo estranho estivesse acontecendo.
E, de fato, 1974 desde o começo foi diferente, não apenas para nossa Família,
mas para Corumbá e todo o continente: Depois do golpe sanguinário do facínora
Augusto Pinochet, no Chile, ocorrido em setembro de 1973, as hordas fascistas
se sentiam muito mais fortalecidas. Não por acaso, a despeito da iminente derrota
dos Estados Unidos no Vietnã servisse de ducha de água fria para os falcões do
Pentágono, no hemisfério Sul, particularmente na América Latina, o nefasto
Plano Condor já estava em projeto, nas pranchetas obscurantistas dos
estrategistas sanguinolentos, que agiam com total desenvoltura desde os porões
das (mal)ditaduras serviçais do império.
1974 era ano eleitoral, e o partido de sustentação do regime de 1964,
a Arena (Aliança Renovadora Nacional) começava a sentir o desgaste inerente ao
exercício do poder, ainda mais, com a censura sistemática a todos, literalmente
todos, os meios de comunicação -- jornais, revistas, rádios, cinema e televisão
--, as denúncias, ainda que a boca pequena, de casos de tortura, mortes
misteriosas e desaparecimentos de pessoas normais e comuns que “saíam de cena” por
terem sido denunciadas por bajuladores/as da ditadura, que para fazer média com
seus chefes forjavam acusações contra eventuais desafetos/as ou parentes de
desafetos/as, leviana e criminosamente.
Músicas com
estribilhos do tipo “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, ninguém segura a
juventude do Brasil” eram as que mais tocavam nas duas emissoras de rádio de
Corumbá, a despeito da qualidade profissional da imensa maioria dos
trabalhadores da radiodifusão local, fosse na Rádio Difusora Mato-grossense S/A
ou na Sociedade Rádio Clube de Corumbá Ltda. Ao passar a frequentar os estúdios
das duas emissoras (um no histórico prédio da rua Treze de Junho, demolido em
1978, e o outro na sobreloja do Cine Anache, hoje ameaçado de demolição), por
meio de nossos queridos Amigos Juvenal Ávila de Oliveira e Edson Moraes, é que
pude conhecer o rigor do controle burocrático da censura, que então se grafava
com letra maiúscula, por indicar o Departamento de Censura e Diversões Públicas
da Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça.
A onda, digamos, “puritana” também tomava conta das redações dos
jornais de Corumbá. Colaborações assinadas por seguidores locais do pensamento
de Plínio Correia de Oliveira, fundador e principal dirigente da Organização
Brasileira de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade (TFP), estampavam
a primeira página dos jornais corumbaenses. Havia uma determinação incontestável
para acompanhar a orientação dos chefes do regime, em que o senador
mato-grossense Filinto Müller (o mesmo que, quando chefe da polícia política da
ditadura de Vargas, o DIP, entregou a Companheira de Prestes para ser morta pelos
carrascos nazistas, na Alemanha de Hitler) não só fora presidente do Senado
como da Arena (e terminara morto na queda do avião da Varig em Orly, nas
imediações de Paris, França, em julho de 1973).
Naquela época os delegados de polícia eram nomeados por atos
discricionários do governador, pois ainda não havia sido conquistada a carreira
policial (aliás, Corumbá até então só possuía Polícia Civil; a Polícia Militar
e o Corpo de Bombeiros viriam no ano das comemorações do Bicentenário de
Corumbá, 1978, quando o vice-governador Cássio Leite de Barros assume o governo
de Mato Grosso, em decorrência da desincompatibilização do governador Garcia
Neto, candidato a senador). O então delegado regional de polícia, um bacharel
em Direito que antes fora professor de Matemática, de Educação Moral e Cívica
(EMC) e Organização Social e Política Brasileira (OSPB), no início de dezembro
de 1973, havia recebido um abaixo-assinado de moradores da ex-Feira Boliviana,
onde residíamos, reivindicando que contivessem a violência explícita nas
imediações de bares noturnos, em que, sobretudo, trabalhadores rurais e trabalhadoras
do sexo acabavam perdendo a vida, além de ameaçar transeuntes que, ao final das
aulas noturnas, retornavam às suas casas.
Curiosamente, em vez de promover uma solução acordada entre
proprietários desses bares e os moradores da localidade, determinou que se
fizessem blitze indiscriminadas em estabelecimentos comerciais, sorveterias,
restaurantes, hospedarias e hotéis devidamente registrados, como flagrante
retaliação contra os subscritores daquela petição, detalhada e bem articulada.
Na época, meu saudoso Pai havia sido um dos autores do documento e, além de
morador, era proprietário de uma sorveteria e uma hospedaria com refeitório, e
entendera o recado do delegado, mas não se intimidara porque fazia questão de
andar dentro da legalidade.
O alvo, então, passou a ser outro: meu Irmão, que retornava a pé do
CPC (já nas instalações da Unidade 1 do atual Campus do Pantanal da UFMS), depois
das dez da noite, geralmente sozinho. Ele contara, pelo menos três vezes, que o
camburão da Polícia Civil (uma Veraneio modelo 1970) o havia abordado de forma
provocativa já na rua América, nas imediações da Importadora Corumbaense Ltda.,
antiga distribuidora da Brahma na região. Meu Pai, que não se fazia de rogado,
chegou a visitar o gabinete do delegado regional várias vezes, mas este não o
atendia, limitando-se a designar subalternos para ouvi-lo, e que sempre
recorriam ao argumento de que “o delegado” é quem deve tomar as providências. Que
nunca foram tomadas.
Em março, precisamente dia 11, aniversário de minha saudosa Mãe,
um grupo de indivíduos não identificados tentava inutilmente adentrar, pelos
fundos, ao quintal da casa da Família, quando cães latiram e os intimidaram.
Uma de minhas Irmãs acordou com os latidos e chamou meu Pai, que, como
advertência, deu cinco disparos de revólver calibre 32 (registrado e com porte
de armas), acreditando tratar-se de ladrões. Do outro lado encontrava-se a
hospedaria totalmente lotada, principalmente por comerciantes bolivianos que
costumavam carregar elevados valores para compra de mercadorias em São Paulo, e
ao retorno para pagamento de taxas aduaneiras, impostos de importação e fretes
ferroviários.
Só depois dos disparos é que se anunciaram policiais civis em
operação de captura de um suspeito, como se o quintal de casa não estivesse
cercado ou fosse terreno baldio. Pior: insinuaram o suspeito ser meu Irmão,
universitário que, inclusive, estava com a Carteira de Trabalho assinada, pois
trabalhara bom tempo com o inventor do famoso Trator-Anfíbio do Pantanal, o Senhor
Alfredo Buonnocore, da Ital Mecânica Corumbaense Ltda. (antes de cursar
Sociologia, ele iniciara bacharelado em Engenharia Civil, também na UMSA, em La
Paz). Até minhas Irmãs e eu entramos no bate-boca com os ditos policiais (que
mais pareciam jagunços), repudiando o ocorrido e exigindo respeito por todos/as
nós.
Por causa dos disparos, a guarnição tentou levar meu Pai à
delegacia na madrugada, mas ele se recusou, ou melhor, minha Mãe se interpôs e
o impediu de sair de casa, até por temer pela integridade física dele. Mas às 7
horas da manhã ele já estava na delegacia com testemunhas, provando que eles
não haviam se apresentado pela porta da hospedaria ou tocado a campainha da
casa. Mais uma vez, não era o delegado regional que o atendia, mas um delegado
subalterno, recém-chegado, que, embora dissesse compreender as razões de meu
Pai, em momento algum determinou algum procedimento disciplinar contra os
implicados nesse episódio, que mais parecia um atentado.
Depois desse episódio, meu Irmão tomou mais cuidado com sua
integridade física, e passou a pegar carona de Amigos que o deixavam na porta
de casa. Mesmo assim, em
meados de agosto daquele ano, segundo alguns de seus Amigos mais próximos, ele
fora alvo de mais uma investida de um dos camburões (creio que eram duas Veraneios
as que haviam sido designadas a Corumbá, em substituição ao velho Jeep modelo
1960 e às duas “rádio patrulhas”, que eram Fuscas 1967, com uma sirene
estridente). Não por ser meu Irmão (e Guru), mas Mohamed tinha um raciocínio eficiente
e uma capacidade de convencimento extraordinária. Até meu Pai, excelente para
debates, acabava perdendo para meu saudoso Irmão. Mas esse episódio derradeiro
nunca contara para a Família, talvez para evitar preocupação com ele, que era
autossuficiente.
Ano atípico, 1974 não
se encerra sem antes testemunhar a eternização de Mohamed, em circunstâncias
nunca elucidadas pelas autoridades da época. Aniversário de 196 anos da
fundação de Corumbá, 21 de setembro entra para nossa história familiar como o
fatídico dia em que o nosso Guru, nosso incansável Mestre, em meio a um
mistério sem fim (em minha modesta opinião, propositalmente, pois as
autoridades se omitiram flagrantemente), se eterniza e, embora em pensamento
sempre o tenhamos presente em todos os momentos de nossa Vida, a lacuna de sua
rica e fecunda convivência conosco marcou muito a nossa juventude e, sobretudo,
a Vida de nossos saudosos Pais, que se eternizaram sem terem podido encontrar a
resposta que tanto procuravam, pois sabiam que seu primogênito, além de
generoso e solidário, era um convicto ser vivente da e pela transformação da
humanidade.
Ahmad Schabib Hany
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
El Alto Bolivia. Proclaman a David Choquehuanca como vicepresidente - Am...
CANDIDATURAS REFERENDADAS -- As bases do Movimiento Al Socialismo (MAS), em El Alto (La Paz), proclamam David Choquehuanca candidato a Vice-Presidente, e manifestam apoio à candidatura de Luis Arce Catacora a Presidente da Bolívia. Um dia antes, o líder cocalero da região tropical Chapare, Andrónico Fernández (um dos cotados do MAS para presidente), também referendou o binômio do MAS nas eleições gerais de maio de 2020.
NO CENTENÁRIO DE FELLINI, AS TRAPA(ÇAS)LHADAS DE SERES GROTESCOS...
NO CENTENÁRIO DE FELLINI, AS TRAPA(ÇAS)LHADAS DE SERES GROTESCOS...
O
imortal cineasta Federico Fellini, que neste 20 de janeiro completaria 100 anos
de uma Vida fecunda e satírica, não só viu como viveu e recriou com genialidade
a decadente sociedade capitalista. Se estivesse entre nós, viveria intenso
estranhamento com seres grotescos como Berlusconi, Sarcozy, Trump, Johnson e...
Bolsonaro.
Pobre humanidade, tão longe da razão e tão perto dos criadores
de “fake news”...
Atrevo-me a tomar emprestadas, ao meu modo, as palavras do
caudilho mexicano anterior à Revolução Mexicana de Emiliano Zapata, Porfirio
Díaz, que sabiamente disse “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos
Estados Unidos...”
Dia 20 de janeiro de 2020, em meio ao início do encontro
anual das maiores economias do planeta conhecido como Fórum Econômico Mundial,
reúnem se, em Davos (Suíça), seres grotescos que poderiam ter saído da genial
produção cinematográfica do neorrealismo italiano que propiciou para gerações a
fio oportunidades de abrir seus horizontes. Irônica ou cinicamente, o tema
deste ano foi, imaginem, “meio ambiente e sustentabilidade”, 28 anos
depois da emblemática Carta da Terra, produzida em 1992, durante a Rio-92.
Também o Rio de Janeiro não é mais o mesmo. Além da
contaminação da água potável produzida pela Companhia Estadual de Água e Esgoto,
estatal do saneamento básico em fase de privatização -- logo no país das
maiores reservas de água doce do mundo --, aquela que já foi a Cidade
Maravilhosa hoje é um verdadeiro caos urbano, entre as ações de milicianos
protegidos por autoridades, inclusive da esfera federal (muitos dos quais
explicitamente fazendo apologia ao nazifascismo), e a guerra não declarada que
tornou refém a população, que se encontra sob fogo cruzado, em que diariamente
tem vítimas de balas perdidas.
Ainda por cima, Regina Duarte não é mais a mesma. Aquela que
já foi a Namoradinha do Brasil, a atriz global que interpretou em sua fase
áurea emblemáticas personagens como “Malu Mulher” e a “Viúva Porcina”, “aquela que era
sem nunca ter sido” (segundo o nosso Fellini brasileiro, o imortal Dias Gomes),
se presta ao papel de serviçal dos/as nazifascistas tupiniquins, enlameados/as
no laranjal impune, untados/as com o sangue valente de Marielle Franco cujos
facínoras continuam impunes, no desmonte criminoso do Estado de Direito
brasileiro, na entrega de lesa-pátria das riquezas nacionais e na disseminação
do ódio e da intolerância em nome de um suposto “cristianismo” sionista.
Se isso fosse pouco, na véspera, tanto em Pedro Juan
Caballero (Paraguai) como em Rio Branco (Acre), uma das organizações criminosas
mais estruturadas da América Latina -- que durante anos contou com a parcimônia
(ou cumplicidade institucional explícita?) dos tucanos de São Paulo, desde
1983, direta ou indiretamente, tomando conta do Executivo paulista --, realiza fuga
espetacular de presos sem que as autoridades penitenciárias e policiais
tivessem esboçado qualquer atitude preventiva, afinal são pagos para isso.
Como a América Latina também já não é mais a mesma, a Bolívia
recolonizada (“democratizada” pelo golpe “cívico”-policial-militar, segundo a
mídia mercenária) deverá ser o destino dos fugitivos dessa organização, para
ajudar a organizar os grupos paramilitares que farão a limpeza étnica no país,
a serviço dos amos e senhores dos/as fantoches que tomaram de assalto os
destinos da nação andina, conforme denuncia um veterano jornalista boliviano
que permanece na resistência, a despeito da censura truculenta sob o governo da
senadora-presidenta Jeanine Áñez, a mesma cujo sobrinho foi preso, em Tangará
da Serra (MT), ao tentar traficar para o Brasil 472 quilos de cocaína em um
avião.
Pois, nesse mesmo dia, Federico (sem “r”) Fellini, um dos
expoentes do neorrealismo, estaria completando 100 anos de uma profícua, genial
e satírica existência, em que generosamente presenteou a humanidade com
memoráveis produções cinematográficas, como “La dolce vita” (1960), “Satiricon”
(1969), “Roma” (1973) e “E la nave va” (1983). Como pouquíssimos, soube
desnudar a hipocrisia e o parasitismo de uma sociedade decadente com elegante
ironia e uma inteligente dose de humor.
E é importante recordar que Fellini, embora fosse ímpar, não
esteve sozinho. Foi integrante de duas ou três gerações de sobreviventes da
barbárie do nazifascismo e dos horrores das investidas dos aliados ocidentais
na disputa pelo espólio do “Duce” (que em nome da liberdade e de uma democracia
branca promoveram verdadeiro terrorismo contra a população civil, vítima dos
fascistas e dos autoproclamados “libertadores” ocidentais). A genial
cinematografia italiana de seu tempo contou com gênios como Luchino Visconti, Vittorio
De Sicca, Roberto Rossellini, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Bernardo
Bertolucci e Roberto Benigni.
Fellini, com elegante ironia e singular genialidade, serviu
de abre-alas para o despertar de consciências a diversas gerações, bem como os
colegas citados: é que assistir à projeção de um de seus filmes geniais
representava uma oportunidade única para enxergar de outra maneira aquilo que aparentava
ser “natural”, o cotidiano de uma sociedade em franca decadência, a despeito
das sucessivas tentativas de postergar o momento fatídico de sua exaustão. E,
ao contrário da máquina de propaganda em que nazistas e fascistas sempre se
valeram para “doutrinar” (na verdade, alienar) o público, o cinema italiano é
um descortinador de horizontes, inclusive sob a direção de outros ícones, como
Massimo Troisi, Paolo Torrentino, Ettore Scolla, Mario Monicheli, Sergio Leone
e Franco Zeffirelli, entre outros/as igualmente dignos/as de menção.
Neste contexto de “líderes” grotescos -- entre aspas, porque
até eles sabem que nem a si mesmos eles representam, quanto mais lideram, reles
fantoches de interesses inconfessáveis que são --, Fellini e seus geniais
colegas da sétima arte teriam sido vítimas de “overdose” por causa do excesso
de seres grotescos que (des)grass(ç)am na política mundial (inclusive em nossa
cada vez mais depauperada América Latina), como os mefistofélicos Silvio Berlusconi, Nicolás Sarcozy, Boris Johnson, Donald Trump e Jair Bolsonaro e assemelhados/as. E fazemos questão de uma
urgente ressalva: todos eles não passam de marionetes de um capitalismo
decadente (e por isso desesperado), que recorre aos expedientes mais nefastos
para fazer valer seus mesquinhos e inconfessáveis interesses, sobretudo apossar-se
das reservas de água doce, petróleo, lítio e outras matérias-primas.
Embora neste momento não recorde o diálogo completo, em uma
lista de grandes diretores feita por Visconti (e ele se excluía), um dos
citados (creio que Fellini) acrescentava, com a irreverência peculiar, “... e
Viscontini” (porque da lista constavam só nomes finalizados em “ni”, como
Felini, Antonioni, Rossellini e Pasolini. Essa era a capacidade de resistência
e de criação das gerações que sobreviveram e derrotaram o fascismo que hoje teima
em voltar a oprimir a humanidade. Novamente ficarão na tentativa, pois não
passarão, até como tributo à memória de seres humanos da dimensão de Fellini.
Ahmad Schabib Hany
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
Cliente de Wajngarten recebeu 70 milhões em verbas publicitárias da Secom!
ESTE GOVERNO SE ELEGEU COM O DISCURSO CONTRA A CORRUPÇÃO. NO ENTANTO, CHAMARAM ASSALTANTES DE JOALHERIA, ASSALTANTES DE BANCOS, ASSALTANTES DE AEROPORTOS, PARA SUBSTITUIR UNS RELES LADRÕES DE GALINHAS... (Síntese da fala do Professor José)
Evo anuncia que Luis Arce y David Choquehuanca como elbinomio del MAS
Ex-ministros do Presidente Evo Morales, o economista Luis Arce e o líder originário David Choquehuanca são os candidatos a presidente e vice-presidente pelo MAS. A decisão, depois de uma reunião realizada em Buenos Aires neste domingo, dia 19 de janeiro, deu-se mediante uma avaliação de estratégia de campanha e de resgate do processo de transformação implementado nos últimos 14 anos.
Asesores de Evo Morales: en Bolivia hay un Estado de No Derecho
ADVOGADOS ARGENTINOS FARÃO A DEFESA DOS DIREITOS DO PRESIDENTE EVO MORALES, DEPOSTO DO CARGO POR UM GOLPE "CÍVICO"-POLICIAL-MILITAR DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019. São também denunciadas as violações sistemáticas aos Direitos Humanos e a proibição do acesso de deputados/as às instalações da Assembleia Legislativa Plurinacional, em La Paz, além das agressões a Jornalistas bolivianos/as e estrangeiros/as e à segurança das instalações e sedes de representações diplomáticas de países com representação na Bolívia, como México, Venezuela e Argentina.
domingo, 19 de janeiro de 2020
COMO SURGIU "NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM"
Bemvindo Sequeira revela a origem da consigna "ninguém solta a mão de ninguém": auge da repressão na (mal)ditadura de 1964, pelo Movimento Estudantil de então, com o objetivo de saber quem levou os/as que desapareceram...
sábado, 18 de janeiro de 2020
Taiguara - Entrevista Tércio de Lima - FIC 1968 - Completa
Entrevista reveladora em ambiente de Festival, quando Taiguara é revelado para o Mundo e desde então passa a ser acompanhado para toda a Vida... (Deduzo que tenha sido em 1968)
Dr. Alfredo Jalife habla del litio como petróleo del futuro
Doutor Alfredo Jalife-Rahme, pesquisador da geopolítica sediado no México, faz uma importante revelação dos passos mais recentes do xadrez político latino-americano durante uma palestra realizada em meados de novembro de 2019, poucos dias depois do golpe "cívico"-policial-militar contra o governo constitucional da Bolívia e os protestos disseminados por diversos países latino-americanos.
Sacro y Profano - La religión y el golpe de estado en Bolivia (25/11/2019)
Um lúcido debate realizado no México sobre o contexto histórico-político do golpe contra o governo constitucional do primeiro indígena presidente da Bolívia em novembro de 2019.
Sábado Profético: "O nazifascismo sombreia o Brasil, assustando os incau...
Dom Orvandil, membro da Igreja Anglicana no Brasil, faz uma importante reflexão sobre as últimas repercussões referentes ao ato falho do secretário de Cultura Roberto Alvim, destituído pela pressão da comunidade judaica por ter feito apologia ao discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do III Reich...
Taiguara em vídeo inédito com "Teu Sonho Não Acabou" (1973), no programa...
Belíssimo momento eternizado... Taiguara, o grande e eterno Taiguara, brilha e continuará a brilhar enquanto a sensibilidade e a racionalidade conseguirem sobreviver a tanto obscurantismo e prepotência de ignorantes e farsantes.
Entrevista CANSADO de atacar a Evo y defender a ÁÑEZ ALBARRACÍN TILDÓ DE...
Waldo Albarracín, ex-defensor do Povo e atual apoiador da autoproclamada Presidenta da Bolívia, não consegue argumentar as aberrações jurídicas e inconstitucionais dos/as delinquentes que tomaram de assalto o Poder Executivo boliviano e passa a atacar o próprio jornalista e a imprensa independente. Coincidência com os hitleristas daqui?
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
apostagem.com.br: VÍDEO MOSTRA QUE OS GRUPOS DO WHATSAPP DP BOLSONARO VÊ...
O vídeo, gravado em 2018, mostra como funcionou a "campanha barata" de Bol$oNero, desde os Estados Unidos (via Steve Bannon e Olavo de Carvalho), o que explica também a afinidade entre Moro e Dallagnol com aquele que veio convidar o juiz da Leva Jeito para o Ministério da Justiça. Moro e Jair, tudo a ver (ou haver?)...
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
�� Jair Bolsonaro mudou de ideia? - São Paulo gera cerca de 5 mil tonelad...
APLICATIVO CATAKI, EXISTENTE EM MAIS DE 500 MUNICÍPIOS BRASILEIROS, DINAMIZA O MERCADO DE MATERIAIS PARA RECICLAGEM E VISIBILIZA OS TRABALHADORES QUE RECOLHEM O MATERIAL (7MIN16SEG).
�� Jair Bolsonaro mudou de ideia? - São Paulo gera cerca de 5 mil tonelad...
FORMANDA DO CURSO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS LÊ SEU DISCURSO DIANTE DA PARANINFA TEREZA CRISTINA CORRÊA DA COSTA, MINISTRA DA AGRICULTURA DE BOL$ONERO, EM QUE DESTACA A TOTAL DISCORDÂNCIA COM OS RUMOS DESSE (DES)GOVERNO (33MIN13SEG)
E POR FALAR EM "CRIME DE SEDIÇÃO"...
E POR FALAR EM “CRIMEN DE SEDICIÓN”...
Os/as
golpistas da Bolívia, movidos/as pela certeza da impunidade e pela falta de
imaginação, repetem o discurso medieval dos/as reacionários/as da velha Europa
contra os/as próceres do Estado da Catalunha (e de seus amos e senhores do
império em decadência): o brilhante advogado de uma ex-integrante do governo
independentista catalão revelou, na defesa de sua cliente, a origem do tal
“crimen de sedición”, que remonta ao final dos tempos medievais quando reis e
rainhas perseguiam pessoas comuns que “ousavam” reivindicar direitos.
O medievalismo inerente à mentalidade e ao comportamento
destes/as fundamentalistas bizarros/as é tão sem criatividade que, com o perdão
da expressão, o arroto de um/a se transforma em regurgito do/a outro/a. Longe
de ser uma exceção a ocorrer no Brasil, trata-se de um comportamento coletivo,
desgraçadamente, generalizado.
Revelador é o caso da autoproclamada “presidenta” da
Bolívia, que mal “assumiu” a Presidência do Estado Plurinacional, começou o
período de “caça às bruxas”. Logo eles/as, que se diziam “vítimas” de uma
ditadura “comunista”. (Irei, brevemente, consultar os camaradas Professor
Fausto, Doutor Carmelino e Mestre Atayde para saber se eles concordam com essa
caracterização.)
Assim que tomaram de assalto os destinos do país andino --
porque não observaram os ritos constitucionais, e, em arrepio à lei, cometeram
os mais graves atropelos à conduta republicana --, os/as pretensos/as
democretinos/as, acintosamente, praticam, sem qualquer legitimidade, todas as
irregularidades que atribuíam, mas nunca conseguiram provar, ao comportamento
dos/as adversários/as cinicamente caluniados/as...
Mais que por extraordinária habilidade dos/as membros dos
sucessivos mandatos constitucionais do Presidente Evo Morales Ayma, está
ficando comprovado que a incompetência da ex-oposição (e hoje, pela via do
golpe, governo de exceção, não de direito) é que os/as impediu de ganhar
sucessivas eleições. Mais até: incapazes de fazer alianças e construir
programas de governo que incluíssem as pessoas do povo, nem usando o atalho do
golpismo conseguem governar enxergando a realidade.
Decorridos exatos dois meses de (des)governo (que já parecem
uma eternidade), os/as golpistas bolivianos/as de plantão, tal qual seus
paradigmas e cúmplices tupiniquins, até o momento só se dedicaram a destruir
toda a rede de proteção social que foi capaz de promover justiça social e
resgatar a dívida secular de exclusão e opressão dos povos originários, que
constituem as classes exploradas daquele país.
Nesse meio tempo -- e sem qualquer comedimento, prudência,
sensatez ou dissimulo --, passam mais tempo disseminando fake news,
amedrontando aguerridos/as dirigentes populares (que insistem em fazer a defesa
da revolução cultural e do processo de mudanças) e construindo verdadeiras
ficções, de fazer inveja ao gênio ficcionista H. G. Wells, para perseguir
ex-membros do governo deposto.
A de primeira hora, e tantas vezes reiteradas quanto podem
(até por falta de provas consistentes nessa e em outras denúncias), é a de
“crimen de sedición y terrorismo”. O “terrorismo” tem procedência certa, a Casa
Branca, cujo porta-voz é o fantoche cor laranja (vai ver que por isso é
idolatrado pelos maiores produtores de laranjas da história do Brasil). Agora,
“crimen de sedición”, logo que ouvi, me reportou ao século XVI, quando reis e
rainhas perseguiam cidadãos comuns que “ousavam” reivindicar direitos.
Pois é. Não existe nada mais medieval que uma acusação como
essas. E o resgate dessa acusação nasceu no reino da Espanha, cujo governo
central acusa de prática desse crime os governantes depostos da Catalunha por
terem proclamado sua independência em 2017, após realizar um plebiscito em que
a conquista de sua plena soberania foi francamente vencedora na consulta
popular.
Depois de procurar pacientemente, na mídia espanhola, essa
cantilena -- isto é, narrativa de arbítrio anacrônico e despudorado, própria das
elites que se enriqueceram às custas do saque, da escravidão, dos massacres e dos
crimes de lesa-humanidade --, encontrei a resposta no pedido de habeas corpus
do advogado Aamer Anwar, que faz a defesa da ex-conselheira de Educação Clara Ponsati,
do governo deposto da Catalunha.
Anwar diz textualmente que as acusações contra os membros do
governo catalão deposto se constituem em verdadeiros abusos, seja no tocante ao
processo de extradição, ou quanto à ordem europeia de prisão. E, a propósito,
esclarece o advogado: “O ‘crime de sedição’ é um delito do século XVI que foi
criado por reis e rainhas para deter a reação da gente comum que queria seus
direitos.”
Quanto à tipificação de terrorismo, nada de novo: é a
narrativa dos amos e senhores destes serviçais do império maldito que teima em
resistir à sua irreversível queda. Os primeiros a usar esse discurso, no tempo
da guerra fria, não foi ninguém menos que o vice conspirador de John Kennedy, o
abominável Lyndon Johnson, o mais desleal dos bizarros homens da chamada “comunidade
da informação” -- isto é, da espionagem -- dos Estados Unidos, e que não teve o
mínimo pudor de eliminar, a uma só vez, o senador (e irmão do presidente
assassinado) Robert Kennedy assim que iniciava sua candidatura vitoriosa, e o
iluminado Pastor Martin Luther King, esse sim um cristão de verdade, e que
jamais compartilharia das ideias obscurantistas dos impostores que se autoproclamam
sacerdotes de si mesmos.
Isto posto, o que esperar desses arremedos de espectros do
atraso, do fétido período da história em que seres humanos eram queimados vivos
pelo absurdo crime de lutar pela conquista ou defesa de direitos básicos, como
o direito à vida, à liberdade, à dignidade. E ainda por cima se dizem cristãos
-- só se forem detentores de crista grande...
Inicialmente as perseguições foram contra o Presidente Evo
Morales e seu leal e iluminado Vice-presidente Álvaro García Linera, um modesto
mas renomado professor universitário que não aceitou cair no canto da sereia
sinistra do maldito império, e em momento algum se vinculou a mais de uma
centena de conspirações desde 2005, quando se elegeram pela primeira vez. Na
medida em que a lealdade ao primeiro presidente indígena da história da Bolívia
foi se constatando em diferentes esferas da administração boliviana, a
perseguição se espalhou, sobretudo contra autênticas lideranças populares que
protagonizaram as históricas conquistas dos últimos 14 anos.
Como as pesquisas que eles/as, golpistas, mandam fazer
continuam a mostrar a maioria favorável ao Presidente Evo Morales e ao seu
partido, aumenta o desespero e a insana caçada a lideranças políticas que
participaram do governo boliviano recordista de estabilidade econômica,
política e social, como nunca antes visto. E sempre com a mesma acusação, tamanha
a sua criatividade: “terrorismo e crime de sedição”...
Agora, sobre o famigerado sobrinho da presidenta
autoproclamada, preso em Tangará da Serra (MT) com mais de 450 quilos de
cocaína, os membros golpistas e a imprensa chapa-branca se calam e tentam
apagar, inclusive recorrendo a poderosos comparsas, quaisquer registros na rede
mundial de computadores. Esqueceram-se, no entanto, de que os documentos do
processo (que são públicos) já foram escaneados e não há como apagá-los...
Ahmad Schabib Hany
sábado, 11 de janeiro de 2020
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
QUEM, AFINAL, É O "PRINCIPAL TERRORISTA"?
QUEM, AFINAL, É O “PRINCIPAL TERRORISTA”?
Na
fala em que arrogantemente anuncia o recuo na investida beligerante contra o
Irã, o (Pato) Donald Trump justifica o assassinato do general iraniano Qasem
Solaimeni com um discurso patrioteiro, de que “era preciso eliminar o principal
terrorista”...
Num tempo não tão distante, em que Hollywood ainda
não era refém do lobby sionista e o genial Marlon Brando podia estrelar
premiadíssimos filmes, lembro-me ter assistido a uma lendária produção em
tecnicolor da década de 1960 em que um imperador romano (não me lembro qual, pois era bem criança) adentrava a uma das majestosas salas do palácio
imperial acompanhado de um séquito de generais ou algo parecido, quando todos
se calavam em reverência ao poderosíssimo ser.
Foi ao que assisti, ao vivo e em cores, na
aguardadíssima fala do nada imponente nem magistral ser que atualmente preside
os Estados Unidos da América, dono de um topete démodé e um semblante de
anormal, isto é, psicopata. Com sua voz de taquara rachada, põe-se a falar,
tentando aparentar estar sendo clemente ou misericordioso, mas a arrogância
imanente lhe salta aos olhos e o trai fragorosamente. Orientado por
assessores/as qualificados/as, foi convencido a recuar, mas treinado para
aparentar estar sendo generoso, estar dando uma oportunidade aos inimigos
“inferiores”, “bárbaros”, e ele como (sic) “civilizado”, do alto de sua
superioridade infinita, a conceder uma chance aos pagãos.
Como bem revelou o seriíssimo analista
internacional mexicano Alejandro Jalife (que fez graduação em Psiquiatria), o
medíocre e imprevisível (Pato) Donald Trump, “é bipolar”, e ele explicou,
didaticamente: “Ele tem momentos de profunda depressão, mas de repente se
torna, como maníaco, imprevisível; verdadeiramente, como se dizia há algum
tempo, ‘maníaco-depressivo’, e isso é um perigo ainda maior quando se é chefe
de uma potência nuclear.” Depois dessa advertência, passei a ver o
“Fanta-laranja” com outros olhos, lembrando-me das recomendações de meu saudoso
e sábio Pai: “Nunca, mas nunca mesmo, contrarie uma pessoa fora de si...”
Aliás, um Amigo desses com letra maiúscula, cujo
nome prefiro não citar, já me havia dito que Trump parece ser um
“extraterrestre” com o nefasto propósito de destruir a Terra. O Professor
Valmir Batista Corrêa, Amigo há algumas décadas, por seu turno, me enviara uma mensagem, lacônica e explícita, advertindo-me quanto à saúde mental
do chefe da maior potência militar do Planeta. Não que eu divergisse ou não
levasse em conta a douta opinião deles, mas entendo que seja preciso insistir,
na tentativa de encontrar um lampejo de racionalidade para podermos dar rumo à
existência dos povos que queremos bem e das pessoas com quem convivemos e
amamos. Chega a ser surreal vermos pessoas que sempre respeitamos mas hoje
vemos como dopadas, ludibriadas, por dementes que manipulam a alma das pessoas,
impunemente.
Mas voltemos ao teor da fala do chefe do império em
franca decadência. Com o maior acinte, afirma que os Estados Unidos não
precisam mais de petróleo importado, pois eles são os “maiores produtores
mundiais” do óleo maldito, que leva desgraça, opressão e morte a todos os povos
onde se encontram as maiores reservas (a Venezuela, o Equador, o México, a
Bolívia e depois do pré-sal o Brasil são exemplos eloquentes disso em nosso
continente). Se isso fosse verdade, por que há dezenas de empresas
estadunidenses no Iraque e na Líbia depois da deposição de governos
nacionalistas, que não davam chance aos abutres americanos? Além do que, dentro
de uma análise histórica, a hegemonia global americana só se mantém se o
establishment estadunidense estiver presente, tomando conta das principais
reservas de petróleo do planeta, como um feitor, até para justificar seu papel
imperial, ou imperialista.
Ato contínuo, Trump refere-se ao general morto por
ordem expressa dele como “o principal terrorista”, aviltando a inteligência das
pessoas minimamente informadas. Sabe disso quem acompanha, pelo menos desde
1979 (quando o xá Reza Pahlevi foi deposto pela Revolução Iraniana liderada
pelo aiatolá Khomeini, então exilado na França), o conflito foi declarado entre
Estados Unidos e Irã. Há exatos 40 anos a maior superpotência mundial foi
vencida pela população persa, cinco anos depois de sofrer a acachapante derrota
do Vietnã, e isso as elites dirigentes estadunidenses não toleram, razão pela
qual, vira e mexe, voltam com o desbotado discurso da “luta contra o
terrorismo”.
Pois, na ânsia de depor o regime de Teerã, os
Estados Unidos patrocinaram a guerra Irã-Iraque entre 1980 e 1988, quando
Saddam Hussein, ditador iraquiano, vira amiguinho do governo do republicano
Ronald Reagan, um canastrão dedo-duro de Hollywood que no auge da guerra-fria
delatou, sem provas, estrelas de primeira grandeza como Charles Chaplin, quem
precisou ir embora para a Inglaterra, a despeito de ter-se naturalizado
estadunidense. Numa verdadeira operação macabra, o dinheiro obtido com a venda
clandestina e superfaturada de armas e munições dos Estados Unidos para o Irã
(cujo material bélico, de última geração, fora obtido pelo xá antes de ser deposto,
e depois das sanções econômicas contra o novo regime iraniano ficaram proibidas
as transações comerciais, inclusive com empresas privadas daquele país) era
desviado para financiar os “contras” da Nicarágua, que também em 1979 passara a
ser governada pelo governo sandinista, depois de derrotar a ditadura de 40 anos
de Anastacio Somoza, mantida pelos americanos, e que a partir de então passou a
eleger pelo voto direto, secreto e democraticamente, os membros dos Poderes
Executivo e Legislativo, mesmo assim o governo estadunidense conspirava (ou melhor,
conspira até hoje) contra eles.
Ao contrário do mito de que os Estados Unidos
apoiam democracias, a história prova que eles não só conspiram contra governos
democráticos (como no Brasil em 1964 e 2016, Chile em 1973, Bolívia em 1964,
1971 e 2019, Paraguai em 2012, Equador em 2018 e Venezuela desde 2002), como
fomentam tiranos/as marionetes de seus interesses, como os “reis” da Arábia
Saudita (o país mais medieval do planeta), Jordânia, Marrocos, Qatar, Omã,
Emirados Árabes Unidos etc, maldita herança do colonialismo britânico e
francês, que ao sair deixaram verdadeiros feitores para manter os interesses
inconfessáveis, quando na cultura árabe nunca houve reinado, com dinastias e
herdeiros. Saddam Hussein e Muammar Gaddafi, ex-colaboradores de diversos governos
americanos e europeus, depuseram reis, mas com o aval de governos do Ocidente
viraram caudilhos perpétuos, enquanto fossem convenientes para os interesses
deles.
Entre 1979 e 1990, grandes empreiteiras
brasileiras, como a Mendes Júnior e a Camargo Corrêa, levaram centenas (senão
alguns milhares) de trabalhadores brasileiros para o Iraque (já governado por
Saddam Hussein), além de ter sido um dos primeiros países árabes a importar
automóveis Passat fabricados no Brasil e carne bovina e de frango dentro de
critérios de abate adotados por eles. Embora a família detentora da maioria das
ações do grupo Globo hoje faça questão de não lembrar, o Banco Roma, do qual o
grupo era sócio, foi sociedade com o Banco do Iraque, estatal e sob as ordens
do governo de Saddam. Até então, os caudilhos árabes não eram (sic)
“terroristas” nem “homens fortes” ou “ditadores”, eram “parceiros”, até porque
era preciso competir com a União Soviética, que exercia uma hegemonia
inquestionável na região.
Como deve ser de conhecimento dos mais jovens, a
partir de 1990 o então presidente George Bush (pai) começa a hostilizar Saddam,
sob pretexto de ele ter “invadido” o Kuwait. Na verdade, o então assessor
especial de segurança e depois secretário de Defesa de Bush filho, Donald
Rumsfeld, visitava Bagdá com bastante frequência e, quando “se cansaram” do
ditador iraquiano, decidiram “puxar o tapete” dele, empurrando-o para uma
guerra contra a dinastia kuwaitiana, com cartas marcadas. Depois, virou o
“inimigo número 1” do Ocidente, não por ser ditador, mas por não ter conseguido
vencer o Irã. Quem puxou (literalmente) a corda da arapuca, ou melhor, da forca,
foi, a pedido do Bush filho, o mesmo Rumsfeld que visitava Bagdá
frequentemente.
Ser serviçal dos Estados Unidos é perigoso: depois
de ter sido usado, feito papel higiênico, é descartado (mas com requintes de
crueldade, basta lembrar da execução filmada do ex-ditador iraquiano, em que o
corpo se solta do pescoço sob risadas de soldados americanos e bajuladores
iraquianos). O mesmo aconteceu com Gaddafi, credor por ter financiado as
campanhas do presidente mais corrupto da história da França, Nicolás Sarkozy, e
do ex-primeiro-ministro da Itália e magnata igualmente corrupto Silvio
Berlusconi, que respiraram aliviados quando a então secretária de Estado de
Barak Obama (aquele que ganhou o Prêmio Nobel da Paz assim que foi eleito, não
ao concluir os dois mandatos), Hilary Clinton, decidiu unilateral e monocraticamente
a sina do ditador, de ser morto por linchamento por populares insuflados pelos
soldados americanos. Tanto Saddam quanto Gaddafi, que sabiam de muita coisa
(devidamente documentada) em caso de um julgamento civilizado, iriam
desmascarar muito “democrata” de araque...
O fato é que depois da “tempestade no deserto”, de
1990 e 2003, em que foram desovados muitos mísseis em fase de obsolescência e
experimentadas armas moderníssimas às custas dos petrodólares árabes, e da (sic)
“primavera árabe” (na verdade bandalheira ocidental), quando Steve Bannon e
seus sequazes experimentaram o uso de fake news em escala intercontinental para
abalar as estruturas de regimes fechados no Oriente Médio (sobretudo Tunísia,
Egito, Marrocos, Iêmen, Líbia e Síria) e criar as condições para colocar seus
fantoches (jamais democratas convictos), toda aquela região passou a viver um
verdadeiro pesadelo social, econômico, político e cultural. Além da crise
humanitária em toda a região, em particular Sudão, Quênia, Líbia, Iêmen e Síria
decorrente da guerra real promovida pelo chamado “Estado Islâmico” (grupo
terrorista formado por mercenários, criado pelo serviço secreto israelense em
conluio com os americanos), contra o qual as forças regulares da Rússia, Síria,
Irã, Iraque e Líbano se articularam, sob a importante orientação estratégica do
general Qasem Solaimeni, que derrotou Trump e Benjamin Netanyahu (premiê que
sofre processo de impeachment em Israel), e que por isso foi assassinado em
visita a outro país e na companhia de autoridades desse país soberano.
Os analistas mais respeitados do mundo são unânimes
em afirmar que Trump deu ordens expressas para matar Solaimeni, para atender
àquilo que sói se chamar de “Estado profundo” da maior potência militar: um
conjunto de interesses geopolíticos, militares, financeiros e religiosos, que
incluem os “falcões” do Pentágono, veteranos da CIA, grandes bancos,
petroleiras, indústrias bélicas, laboratórios farmacêuticos e de agrotóxicos,
mineradoras com tentáculos em todos os quadrantes do planeta, o lobby sionista
e, agora, os evangélicos neopentecostais que são linha auxiliar do chamado
sionismo cristão, responsável pela eleição de Trump em 2016. E o pior é que
esse esquema foi replicado em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil com
Jair Bolsonaro, que faz questão de mostrar que deve lealdade ao seu colega (ou
líder, tamanha a devoção).
Do alto de sua generosa sabedoria, o saudoso Professor
Octaviano Gonçalves da Silveira Junior (somente agora é que fui informado de
que o nome de registro dele é “Octaviano”, com “c”), que foi diretor de colégio
judaico na capital paulista e filho de coronel da Polícia Militar de São Paulo,
reiteradas vezes escreveu esta sentença como exercício de análise sintática,
mas também para nos abrir os horizontes: “Um tolo sempre encontra um mais tolo
que o admira.” À frente de seu tempo, esse querido Professor (com letra
maiúscula, a despeito de nossas diferenças conceituais), 46 anos atrás, em
plena ditadura, já nos chamava a atenção para compreendermos a realidade com
maior sentido crítico e profundidade.
Portanto, neste complexo cenário em que não há
“mocinhos” versus “bandidos” -- e sim jogos de interesses muitas vezes
legítimos e tantas outras inconfessáveis --, não podemos apequenar, isto é,
simplificar, a dura realidade e parecermos torcedores de times de futebol a
levantar bandeiras e repetir refrões desbotados, enquanto espertalhões,
sub-reptícia ou acintosamente, saqueiam o porvir das futuras gerações, a
esperança de nossos/as jovens e os direitos de todos os seres humanos. Charles
Chaplin, em “O grande ditador”, dá uma mensagem atualíssima e oportuna: “Mais
que de máquinas, precisamos de humanidade.”
Ou, como diziam nossos/as ancestrais, “pau que bate
em Chico bate em Francisco”...
PS: Cobertura vergonhosa, da fala de Trump e da
queda do avião ucraniano
Vergonhosa a nossa cada vez mais pobre “grande
imprensa” (“Estadão”, “Globo”, “Folha”, “Abril”). Primeiro cobre com parcimônia
e magnanimidade ímpar a fala bizarra de recuo de Trump, retirando-a do contexto
de beligerância que ele mesmo causou impunemente. Em seguida, passa a “cobrir”
(isto é, a reproduzir ipsis literis) a queda do avião de carreira da
Ucrânia em Teerã, minutos depois de levantar voo, com 167 passageiros/as (entre
os/as quais 87 iranianos/as, a maioria, seguidos/as de 63 canadenses, 10
suecos/as e sete de outras cinco nacionalidades) e nove tripulantes.
Sob a ótica (e interesses) da Casa Branca, antes
mesmo de ter sido iniciada a investigação por peritos, o achômetro dos
bajuladores/as da casa imperial, sem qualquer respeito pelas quase duas
centenas de vidas ceifadas, pauta os/as disseminadores/as de fake news (porque
isso é igual, ou pior, que um fake new quando partido de um profissional), e,
num piscar de olhos, os (sic) “terroristas iranianos” derrubaram o avião
ucraniano.
Então, a Casa Branca já ameaça que “se for
confirmada a queda do avião por míssil iraniano, os EUA responderão à altura”
(detalhe: não havia nenhum passageiro estadunidense).
A propósito, como é que foi mesmo a “cobertura” do
avião iraniano com 290 passageiros/as (66 crianças), atingido por míssil dos
Estados Unidos em julho de 1988? Ah, sim, foi um “erro”, pois a aeronave foi confundida
com um avião militar, como manchetou o portal UOL (da “Folha”) ao resgatar a
notícia de julho de 1988 (Parece até título de estagiário/a, longo e cheio de
preposições...): “Erro dos EUA derrubou com míssil avião do Irã com 66 crianças
em 1988”.
Deu para entender? O sujeito que praticou a ação de
derrubar com míssil é “erro”, substantivo abstrato (“dos EUA” é adjunto
adnominal, que não pratica a ação verbal), e o avião estava com “66 crianças”,
só no resumo da notícia, em letras menores, e no corpo do texto, lá pelo
segundo parágrafo, é que vamos ficar sabendo que o número total de vítimas era
de 290 pessoas. Dois pesos, duas medidas...
Ahmad Schabib Hany
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
Pepe Escobar: "Sanções 'atômicas' e fim da guerra do petróleo de Trump"
Sanções ‘atômicas’ e fim da guerra do petróleo de Trump
Em solo estrangeiro e como nação que ali estava como convidada, EUA assassinaram um enviado diplomático que trabalhava em missão que os EUA lhe solicitaram
6/1/2020, Pepe Escobar, Asia Times(*)
Os fatos-bomba foram trazidos à tona pelo primeiro-ministro interino do Iraque Adil Abdul-Mahdi, durante sessão parlamentar extraordinária, histórica, em Bagdá no domingo.
O major-general Qasem Soleimani voou para Bagdá em avião de carreira, com passaporte diplomático. Foi enviado por Teerã para entregar, pessoalmente, uma resposta a mensagem de Riad sobre desescalada em todo o Oriente Médio. Atendia a pedido do governo Trump.
Quer dizer: Bagdá estava fazendo oficialmente a mediação entre Teerã e Riad, a pedido de Trump. E Soleimani viajava como mensageiro. Adil Abdul-Mahdi esperava encontrar-se com Soleimani às 8h30, horário de Bagdá, na 6ª-feira passada. Poucas horas antes do horário marcado, contudo, Soleimani foi morto, alvo de assassinato premeditado no aeroporto de Bagdá.
É preciso tempo, para que a notícia penetre o pensamento – e entre para sempre para os anais da diplomacia do século 21. Repetindo: não importa se o assassinato foi ordenado pelo presidente Trump, pelo “Estado Profundo” dos EUA ou pelos suspeitos de sempre – nem quando. Afinal de contas, Soleimani era alvo preferencial do Pentágono há mundo tempo, mas ninguém jamais se atreveu antes a executá-lo, por medo de consequências devastadoras.
Agora, fato é que, em solo estrangeiro e como nação que ali estava como convidada, os EUA assassinaram um enviado diplomático que trabalhava em missão que o próprio governo dos EUA lhe solicitara.
Bagdá denunciará formalmente esse comportamento à ONU. Mas nem vale a pena esperar que a ONU proteste contra o assassinato de um enviado especial, sendo os EUA o assassino. A lei internacional já estava defunta mesmo antes do Choque e Pavor de 2003.
O Exército Mahdi está de volta
Nessas circunstâncias, não surpreende que o Parlamento iraquiano tenha aprovado resolução não cogente, em que solicita que o governo do Iraque expulse as tropas estrangeiras, cancelando o pedido para que os EUA garanta assistência militar ao Iraque.
Tradução: Yankee go home.
Deve-se prever que os Yankee recusarão tudo. Trump: “Se nos pedirem que saiamos, não o faremos em termos amigáveis, imporemos sanções como jamais viram antes. Cuidarei para que, na comparação, as sanções impostas ao Irã pareçam até suaves.”
Tropas dos EUA já se preparam para permanecer ilegalmente na Síria – para “tomar conta do petróleo”. O Iraque, com suas extraordinárias reservas de energia, é caso ainda mais sério. Sair do Iraque significa que Trump, neoconservadores dos EUA e o Estado Profundo perdem o controle, diretamente e indiretamente, de todo o petróleo, sem nada conseguir como ‘compensação’. E, principalmente, perdem a possibilidade de continuar a agir contra o Eixo da Resistência – Irã-Iraque-Síria-Hezbollah.
Com exceção dos curdos – comprados e pagos –, os iraquianos estão sintonizados com a opinião pública em todo o espectro político: essa ocupação está acabada. Aí se inclui Muqtada al-Sadr, que reativou o Exército Mahdi e quer que a embaixada dos EUA seja fechada, sem qualquer pagamento aos norte-americanos.
Como vi ao vivo à época, o Exército Mahdi era a nêmese do Pentágono, sobretudo por volta de 2003-04. O Exército Mahdi só foi contido, porque Washington ofereceu a Sadr Saddam Hussein, assassino do pai de Sadr, para execução sumária, sem julgamento. Apesar de muitas inconsistências políticas, Sadr é imensamente popular no Iraque.
Assassinato de Soleimani, como operação psicológica
O secretário-geral do Hezbollah, em discurso muito detalhado, vai à jugular do significado do assassinato de Soleimani.
Nasrallah conta como os EUA identificaram o papel estratégico de Soleimani no próprio campo de batalha – Gaza, Líbano, Síria, Iraque, Iêmen, Afeganistão, Irã. Fala de como Israel via Soleimani como “ameaça existencial”, mas “não se atreveu a matá-lo. Poderiam tê-lo matado na Síria, onde seus movimentos eram públicos.”
Tudo isso considerado, a decisão de assassinar Soleimani em público, pela leitura que faz Nasrallah, foi concebida como operação psicológica. E a “contrapartida justa” é “pôr fim à presença militar em nossa região.” Todos os militares norte-americanos passarão a viver sob ameaça permanente, obrigados a vigiar os próprios passos, a retaguarda, sem descanso. Isso nada tem a ver com cidadãos norte-americanos: “Não estou falando de atacar cidadãos, e atacar cidadãos é proibido para nós.”
Com um único golpe, o assassinato de Soleimani conseguiu unir não só os iraquianos, mas também os iranianos, e, de fato, todo o Eixo da Resistência. Em muitos e muitos níveis, pode-se descrever Soleimani como o Che Guevara persa do século 21: os norte-americanos conseguiram fazer dele um Che da Resistência Muçulmana.
Guerra do petróleo
Nem tsunamis de ‘ações’ de propaganda e ‘relações públicas’ da pedestre mídia comercial dominante conseguirão disfarçar a gigantesca ferida estratégica que se abriu no flanco dos EUA – para nem falar de mais um assassinato premeditado escandalosamente ilegal.
Mesmo assim, pode bem ser uma ferida não desperdiçada. Matar Soleimani prova que Trump, o Estado Profundo e os suspeitos de sempre estão perfeitamente de acordo quanto ao essencial: não se admite qualquer entente cordiale entre Arábia Saudita e Irã. Dividir para governar continua a ser regra.
Michael Hudson lança luz sobre o que, de fato, é uma guerra ‘democrática’ pelo petróleo: “O assassinato foi concebido para escalar a presença dos EUA no Iraque para manter o controle sobre as reservas de petróleo da região, e para apoiar as tropas wahhabistas da Arábia Saudita (Isis, Al Qaeda no Iraque, Al Nusra e outras divisões do que, na verdade, é a legião estrangeira dos EUA) como suporte do controle, pelos EUA do petróleo do Oriente Próximo, como espécie de ‘lastro’ para o dólar norte-americano. Esse é o elemento chave para compreender essa política, e motivo pelo qual está em processo de escalada, não de esvaziamento.”
Nem Trump nem o Estado Profundo deixariam de ver que Soleimani era ativo estratégico crucial para o Iraque, no projeto para o país controlar a própria riqueza em petróleo, ao mesmo tempo em que ia progressivamente derrotando a galáxia wahhabista/salafista/
‘Opção nuclear’
Apesar de toda a barulheira em torno de o Iraque dedicar-se a expulsar os soldados dos EUA e da promessa dos iranianos de que responderão ao assassinato de Soleimani em momento que escolherão, não há meio para fazer os senhores imperiais sem ataque financeiro.
Entra em cena o mercado mundial de derivativos, que todos os grandes players conhecem como Arma (financeira) de Destruição em Massa.
Os derivativos são usados para drenar um trilhão de dólares para fora do mercado, em lucros manipulados. Esses lucros, claro, são protegidos pela doutrina do “grande demais para processar e condenar”.
Tudo evidentemente é parasitário e ilegal. A beleza da coisa é que pode ser convertida em opção (financeira) nuclear contra os patrões imperiais.
Já escrevi longamente sobre isso. Conexões em New York dizem que as colunas pousam, todas, sobre a mesa de Trump. Obviamente ele nada lê – mas percebe a mensagem, que também lhe chega pessoalmente.
Na 6ª-feira passada, dois tradicionais fundos norte-americanos de porte médio foram à lona, porque estavam alavancados e derivativos ligados aos preços do petróleo.
Se Teerã algum dia decidir fechar o Estreito de Ormuz – pode-se chamar de opção nuclear –, a ação disparará uma depressão mundial, com trilhões de dólares em derivativos que implodirão.
O Banco Internacional de Compensações [ing. Bank for International Settlements, BIS] conta cerca de $600 bilhões em derivativos totais. Mentira. Fontes na suíça dizem que há no mínimo 1,2 quatrilhões, e há quem calcule que sejam 2,5 quatrilhões. Implica mercado de derivativos equivalente a 28 vezes o PIB mundial.
Sem Ormuz, o corte de 22% de toda a oferta mundial de petróleo simplesmente não pode ser mascarado. Detonaria um colapso e causaria quebradeira no mercado infinitamente pior que 1933 na Alemanha de Weimar.
O Pentágono simulou todos os cenários imagináveis de uma guerra contra o Irã – e os resultados foram macabros. Generais que pensam – sim, há alguns – sabem que a Marinha dos EUA não conseguiria manter aberto o Estreito de Ormuz: teria de escafeder-se de lá, ou, parada como pata choca, ser totalmente aniquilada.
Assim sendo, as ameaças de Trump, de que destruirá 52 sítios no Irã – inclusive locais da herança cultural da humanidade, de valor inestimável – é blefe. Pior: é conversa já reconhecível como zurros de bárbaros à moda ISIS. Os Talibã destruíram os Budas de Bamiyan. O ISIS quase destruiu Palmyra. Trump Bakr al-Mar-a-Lago quer unir-se à gangue, como destruidor da cultura persa.
(*) Esta reportagem, gentilmente enviada pelo Sociólogo Lejeune Mirhan, foi relizada pelo Jornalista brasileiro Pepe Escobar, especialista em geopolítica, e publicada originalmente em inglês pelo "Asia Times" (traduzida graciosamente pelo Coletivo de tradutores Vila Vudu), está disponível pelo link: <https://www.asiatimes.com/2020/01/article/financial-n-option-will-settle-trumps-oil-war/>.
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