BOLSONAZI, O OVO DA SERPENTE NO
NINHO DOS GOLPISTAS
BolsoNazi,
o aprendiz de “presidenciável” que capitalizou o ódio e a intolerância
disseminados ao longo dos últimos cinco anos, é a materialização do “ovo da
serpente” há décadas remanescente dos tenebrosos tempos do regime de 1964. Obviamente,
a incompetência comprovada dos derrotados em sucessivos pleitos eleitorais
(2002, 2006, 2010 e 2014), que se aventuraram a fazer um golpe complexo (envolvendo
setores do Judiciário, do Parlamento, do empresariado rentista e da mídia empresária),
comprovaram a velha tese de que bom conspirador jamais será bom articulador. É
que “trabalhar contra” não é igual a “trabalhar a favor”, daí porque os
aventureiros do golpe de 2016 não conseguiram sequer se reunir para definir uma
candidatura de consenso entre eles.
Resultado:
ao disseminar ódio e intolerância para criar um “clima” para o golpe, os demotucanos
(PSDB e DEM) e comunistas arrependidos (PPS) e aliados de legendas de aluguel
não foram capazes de se unir e apoiar um mesmo candidato, permitindo que o
fantasma do nazifascismo subestimado durante a transição para a democracia, em
meados de 1980, como o ovo da serpente no ninho dos tucanos, viesse a lhes dar
o bote e, graças ao vácuo da desinteligência reinante desde 2013 (ardilosamente
planejado, treinado e financiado desde a metrópole do império decadente, por
meio de grupelhos autodenominados de “apolíticos”, como o MBL, MCC e VPR),
tomou a dianteira do antilulismo e hoje aglutina com certa folga o segundo
lugar nas pesquisas de intenção de votos, embora bem atrás do campeão
consagrado -- o ex-presidente perseguido e difamado Luiz Inácio Lula da Silva,
com mais do dobro sobre o segundo colocado, reiteramos, o ex-capitão e hoje
deputado federal Jair Messias Bolsonaro.
Mandado
para a reserva depois de ter respondido a processo em que era acusado de tentativa
de ato terrorista (explosão da adutora da cidade do Rio de Janeiro e atos de sabotagem
em quartéis situados na metrópole carioca) pelo então ministro do Exército, general
Leônidas Pires Gonçalves, ele vem sendo eleito e reeleito (sempre por um partido
diferente) deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro desde 1990, tendo
sido, em 1988, eleito vereador da cidade do Rio. No entanto, até a presente
data, em trinta anos de vida parlamentar, não apresentou sequer um projeto que
pudesse dar-lhe um mísero reconhecimento perante o conjunto da sociedade.
Alimenta
seus medíocres mandatos por meio de polêmicas bizarras de misoginia, homofobia,
intolerância e racismo cujos processos judiciais entopem os armários do Judiciário,
além do oportunista discurso recorrente de propor o fechamento do Congresso Nacional,
sob alegação de que o Legislativo só serve para onerar o País. Detalhe: não só
se vale da imunidade parlamentar para se proteger de sucessivas condenações,
como usa o parlamento como cabide de emprego para sua família -- seus três filhos
mais velhos, do primeiro de seus três casamentos, estão todos exercendo cargos
eletivos (um é vereador no Rio, outro é deputado estadual no Rio de Janeiro, e
o mais velho é deputado federal por São Paulo).
Poço de
contradições, BolsoNazi nem na caserna conta com expressivo apoio. Militares
com formação sólida não o veem com bons olhos pelo temperamento imprevisível e
pela conduta indisciplinada já demonstrada quando na ativa, afinal o respeito à
hierarquia é ponto de honra de todo integrante de uma organização castrense,
qualquer que seja sua graduação. Essa imprevisibilidade já lhe rendeu problemas
no convívio partidário, tanto que não parou em nenhuma legenda, sempre por
conta da postura pedante e troglodita. Seu discurso oportunista de defender a
família padece de coerência pela forma como dissolveu dois casamentos
anteriores. Nem entre seus familiares chega a ser um consenso, pois dizem as
más línguas que alguns membros mais distantes da família Bolsonaro nem querem entrar
no mérito da política para não passar vexame.
Esse é o
ovo da serpente que, como fruto da incompetência dos golpistas, acabou capitalizando
o discurso do ódio e da intolerância plantado a partir de 2013 pelos grupelhos
mercenários sobejamente financiados por grupos empresariais conhecidíssimos, do
porte do Habib’s, Riachuelo, Marisa e Fiesp com seu pato que virou sapo. A base
do aprendiz de presidenciável acabou sendo a dos (sic) “cançado(a)s” -- na grafia “original” do(a)s pouco afeito(a)s
à leitura e à reflexão, mas cheio(a)s de querer --, incomodado(a)s com a expansão
do mercado (para seus ideólogos, um “deus”) que incluiu milhões de brasileiro(a)s
à vida econômica, ocupando os mesmos espaços antes exclusivos à pretensiosa pequena
burguesia (aquela que consome farofa mas ostenta caviar), como shoppings, aeroportos,
universidades e até barzinhos e academias de musculação.
A
generosa realidade nos traz uma luz no fim desse túnel tenebroso e medonho -- não
nos esqueçamos de que o nazifascismo sempre deixa às nações vitimadas um rastro
trágico de caos, destruição e, sobretudo, genocídio --, pois a sabedoria
popular é maior que a mesquinhez das elites obtusas que sempre viveram da
corrupção e do tráfico de influências (desde os tempos coloniais, de triste memória).
O ódio e a intolerância disseminados não conseguem transpor os ambientes
fétidos da burguesia ignorante e anacrônica (que não se apercebeu de que não mais
vivemos no século XIX, mas no XXI), e mais uma vez o povo, em sua sábia
humildade, nos ensina que, parafraseando o poeta, o ódio não derrota o ódio; só
o amor derrota o ódio; seja abençoado o sândalo que derrota o ódio...
Ahmad Schabib Hany
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