Cidadãos
em todo o Brasil apoiam criação da UFPantanal
Com mais de 5.500 adesões em menos de duas semanas, cresce o surpreendente apoio ao
movimento pela criação da UFPantanal em todo o Brasil. Em apenas um dia (13 de
novembro)
3.266 pessoas subscreveram a petição.
O Movimento UFPantanal, iniciado no fim de julho a
propósito da vinda do Presidente Lula a Corumbá com a entrega do manifesto pela
criação de universidade inovadora, inclusiva e integradora no coração do
Pantanal e da América do Sul, vem ganhando surpreendente adesão depois do lançamento
de abaixo-assinado em plataforma digital. Em pouco mais de 10 dias no ar, a petição passou
de 5.500 subscrições no dia 13, quando foi realizada a Audiência Pública
da Assembleia Legislativa, por iniciativa da Deputada Gleice Jane, sobre o surto
de incêndios na região e um dia depois da celebração do Dia do Pantanal.
O seu caráter inovador, inclusivo e integrador, em
consonância com a filosofia do governo federal no tocante às universidades
federais a serem criadas neste mandato do Presidente Lula, é um trunfo
determinante para a aceitação do projeto da UFPantanal. Assessores próximos do
presidente da República sinalizaram afirmativamente para alguns critérios
específicos da futura Universidade Federal do Pantanal, de cujo projeto
preliminar consta a ênfase à necessidade do desenvolvimento voltado para amplas
camadas da população, que vêm sendo forçadas a migrar a centros urbanos maiores
por falta de perspectivas para as novas gerações e de sobrevivência com
dignidade aos adultos de todas as faixas etárias.
EDUCAÇÃO LIBERTA, TRANSFORMA E SALVA
Uma fonte em Brasília revelou a satisfação de ver o
crescimento vertiginoso do apoio à iniciativa popular pela criação de um centro
de excelência em estudos, pesquisas, ensino e extensão em Corumbá, o maior
município em território pantaneiro. Analista experiente, declarou-se surpreendido
pelo grau de aceitação da proposta mantida discreta durante os três primeiros
meses para não ser confundida com a campanha eleitoral em curso, que, se mal conduzida,
poderia ter comprometido sua idoneidade.
A iniciativa de criação da UFPantanal vem ao
encontro da ação de importantes cientistas ligados ao emblemático Movimento da
Reforma Sanitária que na Constituinte de 1987-8 celebrou a criação do SUS
(Sistema Único de Saúde) e hoje,
depois do desmonte de políticas públicas consignadas na Constituição de 1988, vê-se
ameaçado ante propostas como a ‘saúde única, sistema híbrido’. Participantes do
controle social na área da Saúde já assumiram o compromisso de fortalecer a
luta em defesa do SUS com base na formação continuada de conselheiros não
governamentais com intervenção qualificada.
A demanda popular por
Hospital Universitário no coração do Pantanal -- que pressupõe a implantação do
curso de Medicina em Corumbá -- e a instalação do Centro Farmacológico e
Fitoterápico do Pantanal, propostas pelo superintendente do Ministério da Saúde
em MS, Ronaldo de Souza Costa, há poucos dias, foram assumidas por membros do Movimento
UFPantanal, que pretendem promover seminário participativo sobre propostas
inovadoras para a população de usuários e de trabalhadores do SUS em toda a
superfície territorial de Corumbá, que tem o tamanho do território do estado de
Sergipe e os povos originários, como os Guató, e tradicionais, como ribeirinhos
e quilombolas, não são atendidos em seus direitos em políticas de Saúde,
Educação, Assistência Social, Direitos Humanos etc.
Conhecido de muitos interlocutores do Movimento
UFPantanal, essa fonte tem convicção de que a Universidade Federal do Pantanal
-- efetivando hospital universitário e centro farmacológico -- poderá estar implantada
na região, até como uma resposta de governo às demandas por soluções
consistentes para a grave questão das urgências decorrentes dos eventos
extremos pelas mudanças climáticas. “O Presidente Lula sabe que não dá para
ficar enxugando gelo: as ações emergenciais, de combate a incêndios, são
imprescindíveis, mas é momento do conjunto de serviços, programas e políticas
de Estado de prevenção; e, o mais importante, a Educação, a Ciência &
Tecnologia e a Saúde estarão caminhando juntas nesse front -- daí que a
UFPantanal é fundamental nesse processo de transformação dessa realidade
insólita e perversa.”
INOVAÇÃO, INCLUSÃO, INTEGRAÇÃO
Elaborado a muitas mãos e com rigoroso critério
acadêmico, o conjunto de propostas que fundamentam o eixo-motriz da nova
universidade federal em construção leva em conta: a) relevância do Bioma Pantanal em risco por causa das mudanças
climáticas e do aumento dos incêndios em seu território; b) a urgência de pesquisas científicas para
prevenir e conservar a sociobiodiversidade existente em toda a região, cuja peculiaridade
exige um conjunto de medidas em sintonia com os saberes das populações
originárias e tradicionais; c) adoção de um modelo de desenvolvimento local e
regional que leve em conta a formação dos jovens que moram no Pantanal e sua legítima
busca de sobrevivência digna no contexto de uma região preterida nas últimas
décadas; d) o urgente investimento em um projeto inovador, inclusivo e
integrador em região estratégica para a conexão de duas, três nações que
dividem os mesmos anseios e cuidados com o Bioma Pantanal, e, e) a adoção dos
Espaços Comuns de Educação, conforme ensinado pelo Presidente Pepe Mujica em
seu legado de governo na República Oriental do Uruguai.
O processo de construção
do projeto da UFPantanal, a exemplo da mobilização, tem sido meticuloso, para
assegurar uma participação efetiva de amplos segmentos da sociedade, historicamente
não consultados. A tradição brasileira na criação de universidades, até por efeito
da Lei da Reforma Universitária de 1968, tem uma característica padrão, que
muitas vezes leva à exclusão de importantes atores sociais em sua construção.
Por tal razão, com base em estudos exaustivos, depois de definidos os
parâmetros gerais, o pré-projeto segue seu processo participativo, por meio de
comissões temáticas, até ser concluído, de forma aberta e democrática.
Fruto de demanda
histórica e da iniciativa popular, o processo de construção das bases do
projeto da UFPantanal é rigorosamente democrático e participativo: o momento
oportuno de ser enriquecido, fortalecido e aprimorado será por meio de
comissões temáticas, cujos integrantes são os protagonistas de sua realização,
a sociedade organizada e a sociedade científica. Essa, aliás, é a gênese das
universidades contemporâneas nos países em que a vanguarda científica produz as
bases transformadoras das condições fundamentais para o desenvolvimento efetivo
de toda a população, sem exclusão e com protagonismo cidadão.
Ahmad
Schabib Hany
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