sexta-feira, 22 de novembro de 2024

"As águas como caminho. Mato Grosso como destino", lançamento em Campo Grande

‘As águas como caminho. Mato Grosso como destino’, lançamento em Campo Grande

O Professor Gilberto Luiz Alves, pioneiro da docência universitária e da pesquisa histórica em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, lança seu livro de memórias na livraria do Shopping Campo Grande, nesta sexta-feira, dia 22 de novembro, às 19 horas.

As águas como caminho. Mato Grosso como destino. Com esse sugestivo (e poético) título, o livro de memórias do Professor Gilberto Luiz Alves será lançado nesta sexta-feira, dia 22, às 19 horas, na livraria do Shopping Campo Grande, na capital de Mato Grosso do Sul. Pioneiro na docência universitária e na pesquisa histórica, Alves é referência, ao lado de Dermeval Saviani, de História da Educação, na linha histórico-crítica.

Também ao lado dos pioneiros da pesquisa histórica regional, Professor Valmir Batista Corrêa e Professora Lúcia Salsa Corrêa, o Professor Gilberto foi coautor da pesquisa que fundamentou o tombamento do Casario do Porto de Corumbá em 1985. A publicação foi feita pelo Senado, a pedido do Doutor Wilson Barbosa Martins, entusiástico do preservação e conservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Corumbá, que, além de democrata de fortes convicções sociais, foi também responsável pelo início da luta pela conservação do Pantanal, a partir do Rio Paraguai.

Entre 1971 e 1986 o Professor Gilberto foi docente e pesquisador do curso de Pedagogia do então Centro Universitário de Corumbá, da UFMS. Na flor da juventude e com os ideais a impulsionar sua vocação para a Educação, sob o regime de 1964, construiu uma carreira acadêmica profícua e consistente. Em tempos de patrulhamento ideológico, quando as salas de aulas eram infestadas de ‘alunos profissionais’ pagos com dinheiro público para espionar e coagir quem ousasse falar a verdade, com coragem e convicção, foi envolvido em todo tipo de polêmicas, tendo sido um verdadeiro sobrevivente dos anos de chumbo.

Tive a honra de conhecê-lo por puro acaso, em Campo Grande, na saudosa e emblemática Livraria Guató, do querido e saudoso Amigo-Camarada Manoel Sebastião da Costa Lima, o livreiro generoso e mais socialista que conheci na Vida. Início da década de 1980, fazíamos atividades formativas no Centro de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (CEPES), aos fundos da livraria, e o Professor Gilberto estava comprando livros com a Amiga Vera Lúcia, que ao me chamar pelo sobrenome, o fez aproximar-se de mim, pois ele conhecera meu saudoso Irmão Mohamed e, anos depois, fora docente de minha Irmã caçula, depois sua colega de docência no CEUC/UFMS.

A partir de 1981, os Professores Gilberto Alves e Valmir Corrêa eram nossos ‘medalhões’ em todas as Semanas de História, promovidas pelo saudoso Diretório Acadêmico Félix Zavattaro (DAFEZ) e depois da derrota da chapa Debate & Ação, liderada pelo querido Amigo-Camarada Professor Tito Carlos Machado de Oliveira, por nós alunos do curso de História, pelo menos até 1984, quando saímos da FADAFI/FUCMT. Em 1983, início do governo democrático do Doutor Wilson Martins, a Fundação de Cultura, presidida pelo saudoso advogado e ativista cultural José Octávio Guizzo, também realizou atividades das quais os Professores Gilberto e Valmir foram destacados palestrantes/pesquisadores.

22 de novembro para os descendentes de libaneses tem um sentido nostálgico, sobretudo nestes tempos em que a Miletos de Tales, milênios atrás, e o Monte Líbano de Gibran, há um século apenas, hoje é alvo do ódio do facínora sanguinário Benjamin Netanyahu, com o cínico apoio dos autoproclamados paladinos da ‘civilização’, capitaneados pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

E mais: no mesmo dia em que a imprensa divulga em manchetes o indiciamento do núcleo de poder do desgoverno fascista que tratou com desdém as vítimas da covid-19 e atentou contra o Estado Democrático de Direito depois do ‘golpe branco’ contra a primeira mulher eleita e reeleita Presidenta da República. Certos da impunidade, tramaram o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral).

A história, como a Vida segue, a despeito do desvario dos viúvos e órfãos da (mal)ditadura que tentam sofregamente nos submeter às mesmas trevas em que o nefasto Sílvio Frota e seus asseclas impingiram seres iluminados como o Professor Anísio Teixeira (cujo corpo foi achado, depois de torturado até a morte, no poço do elevador no edifício em que morava) e o Deputado Rubens Paiva (líder do MDB, sequestrado dentro da própria casa, torturado e morto, cujo corpo até hoje não foi encontrado, enquanto muitos de seus atuais ‘correligionários’ se aliam cinicamente aos cultores e seguidores dos chefes de seus torturadores e matadores covardes).

Escolas, em vez de cadeias. Livros, em vez de armas. Inteligência, em vez de prepotência. Liberdade, em vez de opressão. Eis a generosidade de cidadãs e cidadãos como Gilberto Luiz Alves e sua geração, que como luz nas trevas abrem caminhos para o conhecimento, a ciência, as letras e as artes, tão temidas por quem vive no lúgubre lixo da história, onde ratazanas e vermes disputam com os abutres nada mais que resíduos fétidos descartados no devir da História, da Vida.

Parabéns, Professor Gilberto, pela generosidade intelectual e, sobretudo, pelo sólido compromisso com a História, a Educação e a transformação de nossa sociedade!

Ahmad Schabib Hany

Nenhum comentário: