‘As águas como caminho. Mato Grosso como destino’, lançamento em Campo Grande
O Professor Gilberto Luiz
Alves, pioneiro da docência universitária e da pesquisa histórica em Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, lança seu livro de memórias na livraria do
Shopping Campo Grande, nesta sexta-feira, dia 22 de novembro, às 19 horas.
As águas como caminho. Mato Grosso como destino.
Com esse sugestivo (e poético) título, o livro de memórias do Professor Gilberto Luiz Alves será
lançado nesta sexta-feira, dia 22, às 19 horas, na livraria do Shopping Campo
Grande, na capital de Mato Grosso do Sul. Pioneiro na docência universitária e
na pesquisa histórica, Alves é referência, ao lado de Dermeval Saviani, de
História da Educação, na linha histórico-crítica.
Também ao lado dos
pioneiros da pesquisa histórica regional, Professor Valmir Batista Corrêa e
Professora Lúcia Salsa Corrêa, o Professor Gilberto foi coautor da pesquisa que
fundamentou o tombamento do Casario do Porto de Corumbá em 1985. A publicação
foi feita pelo Senado, a pedido do Doutor Wilson Barbosa Martins, entusiástico
do preservação e conservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Corumbá,
que, além de democrata de fortes convicções sociais, foi também responsável
pelo início da luta pela conservação do Pantanal, a partir do Rio Paraguai.
Entre 1971 e 1986 o Professor Gilberto foi docente
e pesquisador do curso de Pedagogia do então Centro Universitário de Corumbá,
da UFMS. Na flor da juventude e com os ideais a impulsionar sua vocação para a
Educação, sob o regime de 1964, construiu uma carreira acadêmica profícua e consistente.
Em tempos de patrulhamento ideológico, quando as salas de aulas eram infestadas
de ‘alunos profissionais’ pagos com dinheiro público para espionar e coagir
quem ousasse falar a verdade, com coragem e convicção, foi envolvido em todo
tipo de polêmicas, tendo sido um verdadeiro sobrevivente dos anos de chumbo.
Tive a honra de conhecê-lo por puro acaso, em
Campo Grande, na saudosa e emblemática Livraria Guató, do querido e saudoso
Amigo-Camarada Manoel Sebastião da Costa Lima, o livreiro generoso e mais
socialista que conheci na Vida. Início da década de 1980, fazíamos atividades
formativas no Centro de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (CEPES), aos
fundos da livraria, e o Professor Gilberto estava comprando livros com a Amiga
Vera Lúcia, que ao me chamar pelo sobrenome, o fez aproximar-se de mim, pois ele
conhecera meu saudoso Irmão Mohamed e, anos depois, fora docente de minha Irmã caçula,
depois sua colega de docência no CEUC/UFMS.
A partir de 1981, os
Professores Gilberto Alves e Valmir Corrêa eram nossos ‘medalhões’ em todas as
Semanas de História, promovidas pelo saudoso Diretório Acadêmico Félix
Zavattaro (DAFEZ) e depois da derrota da chapa Debate & Ação, liderada pelo
querido Amigo-Camarada Professor Tito Carlos Machado de Oliveira, por nós
alunos do curso de História, pelo menos até 1984, quando saímos da
FADAFI/FUCMT. Em 1983, início do governo democrático do Doutor Wilson Martins,
a Fundação de Cultura, presidida pelo saudoso advogado e ativista cultural José
Octávio Guizzo, também realizou atividades das quais os Professores Gilberto e
Valmir foram destacados palestrantes/pesquisadores.
22 de novembro para os descendentes de libaneses
tem um sentido nostálgico, sobretudo nestes tempos em que a Miletos de Tales,
milênios atrás, e o Monte Líbano de Gibran, há um século apenas, hoje é alvo do
ódio do facínora sanguinário Benjamin Netanyahu, com o cínico apoio dos
autoproclamados paladinos da ‘civilização’, capitaneados pelos Estados Unidos,
Reino Unido e União Europeia.
E mais: no mesmo dia em que a imprensa divulga em
manchetes o indiciamento do núcleo de poder do desgoverno fascista que tratou
com desdém as vítimas da covid-19 e atentou contra o Estado Democrático de
Direito depois do ‘golpe branco’ contra a primeira mulher eleita e reeleita
Presidenta da República. Certos da impunidade, tramaram o assassinato do então
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior
Eleitoral).
A história, como a Vida
segue, a despeito do desvario dos viúvos e órfãos da (mal)ditadura que tentam
sofregamente nos submeter às mesmas trevas em que o nefasto Sílvio Frota e seus
asseclas impingiram seres iluminados como o Professor Anísio Teixeira (cujo
corpo foi achado, depois de torturado até a morte, no poço do elevador no
edifício em que morava) e o Deputado Rubens Paiva (líder do MDB, sequestrado
dentro da própria casa, torturado e morto, cujo corpo até hoje não foi
encontrado, enquanto muitos de seus atuais ‘correligionários’ se aliam
cinicamente aos cultores e seguidores dos chefes de seus torturadores e
matadores covardes).
Escolas, em vez de cadeias.
Livros, em vez de armas. Inteligência, em vez de prepotência. Liberdade, em vez
de opressão. Eis a generosidade de cidadãs e cidadãos como Gilberto Luiz Alves
e sua geração, que como luz nas trevas abrem caminhos para o conhecimento, a
ciência, as letras e as artes, tão temidas por quem vive no lúgubre lixo da
história, onde ratazanas e vermes disputam com os abutres nada mais que resíduos
fétidos descartados no devir da História, da Vida.
Parabéns, Professor Gilberto, pela generosidade intelectual
e, sobretudo, pelo sólido compromisso com a História, a Educação e a
transformação de nossa sociedade!
Ahmad
Schabib Hany
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